A destruição
operada pelo Pecado em nós é de tal ordem, que o nosso Mestre Jesus é radial: não
é possível curarmo-nos; é necessário deixarmo-nos morrer, para podermos nascer
de novo. Por isso todas as nossas tentativas de nos curarmos a nós próprios mais
nos deformam. Só o Caminho de Jesus nos pode curar sem nos mutilar: só Deus
sabe como éramos no Seu Sonho.
17/3/96 – 2:47
Não, não é possível ninguém curar-se a si
próprio, nem ninguém curar ninguém! Assim como ao construirmos uma casa estamos
destruindo milhões de ervas, várias plantas, talvez até algumas árvores
frondosas e com elas a nossa capacidade de respirar, assim também ao tentarmos
curar-nos, a nossa medicina nos vai destruindo células aos milhões, alguns
tecidos vivos, às vezes órgãos inteiros, aumentando a nossa disformidade, a
nossa deficiência e a nossa dor. Querido Deus, como Ele deve ter pena de nós!
Por isso quando clamamos “Kyrie, eleison – Senhor, tem pena de nós”, estamos
todos a exprimir a mais crua realidade da nossa vida: metemos pena, somos
indigência e miséria pura.
Mas há outro motivo pelo qual ninguém se
pode curar a si próprio: é que ninguém sabe já como era! Tão deformados
estamos, que não conhecemos o nosso ser original, porque esse ficou lá, muito
longe, no Paraíso, e quando viemos a este mundo viemos já assim deformados e
foi esta disformidade que sempre vimos à nossa volta aumentando a nossa. Só
Deus sabe como somos, no Seu Sonho original. Só Deus conhece a nossa verdadeira
natureza e nos pode, por isso, reconstruir sem nos mutilar.
Usemos, pois, o nosso Livre Arbítrio apenas para isso:
para deixar Deus curar-nos. Se o inexplicável Dom da Liberdade o utilizarmos
apenas para livremente oferecermos ao nosso Criador tudo o que em cada momento
somos, nada mais Ele quer de nós e feliz Se põe a reconstruir-nos à Sua Imagem,
à Sua Dimensão, à Sua Beleza, Ele, louco de felicidade, ultrapassa o Sonho
inicial e faz de nós filhos! Como se, em vez de nos moldar com as Mãos, nos
gerasse no Seu Seio e nascêssemos em verdade do Seu próprio Ser.
– Diz Tu, Jesus, o que eu estou sentindo.
– O Pai do Céu ama-vos loucamente.
– Diz doutra maneira, Jesus, a ver se
entendemos um pouco melhor a Loucura do nosso Deus
– O Pai do Céu ama-vos tanto, que um dia Me
pediu, a Mim Seu Filho, que viesse assumir a vossa disformidade, a vossa
podridão, as vossas chagas, as vossas dores, o vosso nada, a vossa miséria
toda, a ver se, a partir de dentro, nascendo nessa vossa carne, no vosso seio
em decomposição, vos seduzia com a Sua Humildade, já que ao dar-vos a vossa
grandeza vos perdeu.
– Mestrezinho, inflama o meu coração com um
louco amor à Tua Humanidade. Se não for pedir muito, faz com que eu reproduza
em cada passo, em cada gesto, em cada palavra, a Tua Carne humilde anunciando
no meio de nós o Amor que o Pai nos tem. Ah, Jesus, se não for pedir muito, sê
outra vez Carne Viva em mim. Se não for pedir muito, concede-me a Tua Cruz,
também. Se não for pedir muito, sê Tudo, absolutamente Tudo em mim!
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