9/3/96 –
4:06
É
assim mesmo, neste estado, que vou rezar, ainda que as minhas palavras sejam
como folhas secas que no Outono caem, porque mesmo assim elas fazem parte de um
processo natural e necessário à árvore, a criar espaço para a próxima
Primavera.
– Simão, meu Anjo bom a quem o Senhor
entregou a guarda da minha alma, olha o estado em que ela se encontra e pede ao
teu e meu Senhor que ma encha do Seu Fogo. Mas, se é necessário que seja assim,
que então a Fé se me robusteça até à consistência do rochedo. Fala comigo,
Simão. Olha: tu és o Pedro, o meu querido Pedro do Evangelho de Jesus?
– Sou. Porque duvidas?
– Não sei. Talvez porque ache demasiado o
Dom de te ter como anjo da minha guarda…
– Se não sou eu o teu anjo, nada nestes
Escritos tem consistência: foi com o mesmo ouvido que ouviste todas as outras
coisas, não foi?
– Foi.
– Olha, Salomão, o Senhor pôs-me junto de
ti, porque de ti quer fazer neste Tempo de Graça o Apóstolo da Fé, da Fé maior,
aquela que acredita sem ver. Não ouviste o que o nosso Deus ainda agora te
disse através da Vassula?
– Sim, que o mundo se tornou uma réplica de
Sodoma.
– E sabes porquê, Salomão?
– Porque perdeu a Fé?
–
Porque só acredita no que vê. É preciso desbravar de novo o caminho para as
coisas invisíveis.
– Tu vias o Coração do teu Mestre, não vias?
– Eu gostava muito d’Ele e a afeição que Lhe
tinha levava-me a ultrapassar os espantosos prodígios que com os olhos via.
– É então possível ver hoje os prodígios que
tu viste e não amar o Mestre que os realiza?
– Oh, sim! Amar o Mestre é diferente de
admirá-Lo. Muitos O admiravam naquele tempo e tão pouquinhos O amavam!
– Olha, Pedro, diz-me como se ama Jesus
sempre mais. Eu gosto muito d’Ele e este amor só me diz que é possível amá-Lo
ainda muito mais. Como se ama mais Jesus, Pedro?
– Quem é Jesus, para ti?
– É Deus meu Irmão. É o Senhor do Universo
feito um de nós. É o Omnipotente encerrado na impotência da nossa carne. É
Tudo, Pedro! Jesus é Tudo para mim.
– Sabes porque choras agora?
– Porque Jesus é muito bom.
– Sim, Jesus é só Amor.
– Olha, Simão, meu querido pescador da
Galileia, tu estás a par da Promessa que o Senhor me fez, não estás?
– Estou, é claro. Justamente por causa da
Missão que o Senhor te entregou fui eu designado, desde o seio da tua mãe, para
te proteger, de modo que não fosse frustrado o Desígnio de Deus.
– É tão difícil acreditar neste autêntico
absurdo, Pedro!
– E não era um absurdo acreditar que naquele
carpinteiro de Nazaré estava o Messias?
– Duvidaste também, Pedro?
– Quantas vezes!
– Foi por teres duvidado que O negaste
naquela hora, não foi?
– Foi: era um total absurdo o Messias
fracassar assim…
– Quando Ele ressuscitou, que sentiste,
Pedro?
– Senti-me o maior pecador do mundo.
– Só? Que sentiste mais, meu Pedro?
– Senti-me o homem mais feliz do mundo!
– Eu sei já que o teu Carpinteiro é o
Messias. Ajuda-me a anunciá-Lo como Messias a toda a terra. Pede-Lhe que me
permita anunciá-Lo como Messias duma forma muito especial ao Seu e teu Povo,
sobre os terraços de Jerusalém. O Senhor deu-me um nome judeu, Pedro! Pede-Lhe
que dê significado e força a este nome. Pede-Lhe o absurdo de eu poder guiar de
novo o Seu Povo como Salomão, rei de Israel…. Não sei o que peço, pois não,
Pedro?
– Não, não sabes o que pedes. Mas Ele é o
Senhor do absurdo e do impossível.
Sem comentários:
Enviar um comentário