Muitos, ao longo da História, olharam para “esta Igreja” e, cheios de razões e argumentos, separaram-se dela e fundaram outras. E o “Corpo de Cristo” ficou assim dividido, esquartejado. Façam, pois, os homens o que fizerem, sempre nesta Igreja viverá Jesus como Corpo Seu. Dói-Lhe, é claro. Muito. E de vez em quando grita de dor, a ver se identificamos e erradicamos a causa do Mal.
11/2/96 – 6:10
Uma voz em mim dizia que não fizesse hoje a
vigília, que não se justificava, que as coisas também não podem ser assim com
este rigor todo que às tantas vira rito. Muito lógica, esta voz. Mas a
verdadeira Lógica não quis assim ao acordar-me quatro horas depois de me ter
deitado. E não foi uma violência que me fez: ficou combinado já há muito tempo
com o meu Mestre levantar-me e vigiar escrevendo ou rezando à hora em que eu
acordar, seja ela qual for. Também o fim da vigília é só quando o Mestre
quiser. Considero, pois, que todo eu, nestas vigílias, dependo da Vontade do
meu Senhor. E como é possível saber assim a Vontade do Senhor? – é este sempre
o argumento fatal dos sensatos e razoáveis. E como lhes hei-de explicar que
estão a chamar mentiroso a Deus? Toda a Revelação, de facto, se funda nesta
Verdade primordial: Deus manifesta-Se ao homem. E como se manifestaria, se não
fosse possível conhecermos a Sua Vontade a nosso respeito? Mas eles objectam:
está na Bíblia e na Tradição tudo o que Deus revelou e é lá e só lá que se deve
procurar a Vontade de Deus. A Bíblia e a Tradição – insistem – interpretadas
pelo magistério da Igreja e nunca pela cabeça de cada um! E eu, fraco a
argumentar, só me ocorre responder-lhes assim: a Bíblia e a Tradição são só
palavras que, interpretadas pelo magistério da Igreja, levaram já ao massacre
de milhões de filhos de Deus e à asfixia do Espírito através de instituições e
leis e tabus e dogmas que outra coisa não são senão uma outra forma de
massacre. E foi ao escrever esta afirmação final que senti de forma muito
intensa Jesus pedindo-me primeiro que a não escrevesse, mas depois que,
escrevendo-a, a explicasse. Foi a primeira vez que isto me aconteceu. Jesus
pedia num tom impressionante, aquele tom de quem está dividido no coração entre
duas gigantescas forças: era, por um lado, indescritível a Dor de Jesus perante
o que eu estava escrevendo e pedia-me que o não escrevesse; mas era, por outro
lado, a Verdade daquelas palavras como que impondo-se-Lhe no Coração sobre o
mar de Dor a exigir ficar escrita. É indescritível este comportamento de Jesus:
apetece-nos só ter um coração do tamanho do d’Ele para O podermos consolar. Tão
homem e tão Deus este Jesus! E foi ainda com este Coração assim possuído de
titânica emoção que Ele me pediu, como um amigo muito querido, com uma simpatia
que não posso explicar, que eu não deixasse as coisas assim. Que desse a
explicação mais que justa. Que proclamasse a Verdade inteira: esta Igreja,
assim coberta de aleijões e chagas, é o Corpo de Jesus, em que nunca faltou o
Espírito, este Piloto de Olhar penetrante guiando-A, sem um único desvio, pela
rota que o Pai lhe traçou.
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