No jardim da casa
Escrevendo ...
Breves dados biográficos

O meu nome é Salomão. De apelido Duarte Morgado.

Nasci no ano de 1940 em Portugal, na aldeia do Rossão, da freguesia de Gosende, do concelho de Castro Daire, do distrito de Viseu.

Doze anos depois, 1952, entrei no seminário menor franciscano: eu queria ser padre franciscano.

Doze anos depois, 1964, fiz votos perpétuos na Ordem dos Frades Menores de S. Francisco de Assis seguidos, ao fim desse ano lectivo, da ordenação sacerdotal: eu era o padre que tanto queria ser.

Doze anos depois, 1976, pedi ao Papa dispensa dos votos que era suposto serem perpétuos e do exercício do sacerdócio, que era suposto ser para sempre, casei e tornei-me pai de quatro filhas.

Doze anos depois, 1988, fiz uma tentativa extrema para salvar o meu casamento, saindo de casa. Mas o divórcio de facto consumou-se.

Doze anos depois, 2000, surgiu na minha vida o mais inesperado acontecimento, que começou a ser preparado, sem que eu disso tivesse consciência, no meio deste ciclo, 1994. Foi aqui que comecei a escrever a longa Mensagem que senti Deus pedir-me que escrevesse em Seu Nome e a que Ele próprio deu o título de Diálogos do Homem com o seu Deus no Tempo Novo. Os textos agora aqui publicados são excertos desta vasta Profecia preparando a sua divulgação integral, no tempo oportuno, que desconheço.


Moro há 30 anos em Leça do Balio, concelho de Matosinhos, distrito do Porto.


Não são estas palavras mais do que um testemunho daquilo que vi, ouvi, senti, toquei. Não estão por isso sujeitas a nenhuma polémica. Todos os comentários que se façam, ou pedidos que se queiram ver satisfeitos, sempre serão respondidos apenas com novos textos: de mim mesmo não tenho respostas.




Observações


Muitos e verdadeiros Profetas têm surgido nos nossos dias. Um deles é Vassula Ryden, cuja profecia, "A Verdadeira Vida em Deus", teve um decisivo relevo no meu chamamento a esta missão e revela uma estreita complementaridade com esta Mensagem que escrevo.

Os algarismos desempenham nesta Profecia um papel muito importante como Sinais. Foram adquirindo progressivamente significados diversos. Assim:

   0 – O Sopro da Vida. O Espírito Santo.

   1 – A Luz. A Unidade. O Pai.

   2 – A Testemunha.

   3 – O Deus Trino. A Diversidade.

   4 – O Mensageiro. O Profeta. O Anúncio. A Evangelização.

   5 – Jesus.

   6 – O Demónio.

   7 – O Sétimo Dia. A Paz. A Harmonia.

   8 – O Oitavo Dia – O Dia da Queda e da Redenção. O Homem caído e redimido. Maria de Nazaré.

   9 – A Plenitude de Deus. A Transcendência. A Perfeição. O Regresso de Jesus. O Nono Dia.

Alguns agrupamentos de algarismos adquiriram também um significado próprio. Os mais claramente definidos são estes:

   10 – Os Dez Mandamentos. A Lei. A Escritura.

   12 – O Povo de Deus. A Igreja.

   22 – As Duas Testemunhas de que fala o Apocalipse.

   25 – A Alma humana.

   27 – Salomão, o meu nome que, derivando do termo hebraico Shalom, significa o Pacífico, a Testemunha da Paz.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

209 — As ondas da Paz

                        — 11:42:44

Dizem-me estes Sinais que é urgente, que é mesmo prioritário testemunhar e anunciar o que contemplámos esta noite: a segurança que neste mundo sofregamente procuramos é falsa, a verdadeira segurança está na Vida, que nem por um momento pára de oscilar!

A segurança verdadeira está no movimento; nunca na imobilidade. Não há imobilidade em lugar nenhum do Universo. Desde os gigantescos corpos celestes até aos átomos, tudo mexe. Só somos, portanto, possuídos de uma tranquila segurança quando nos deixamos inserir, sem desconfianças, neste imenso e diversificado Movimento.

Quando, portanto, falamos da Paz de Deus, ou da Harmonia cósmica, é deste Movimento que estamos falando. E nós próprios também só fruiremos a verdadeira Paz quando não houver em nós uma única partícula do nosso ser imobilizada. Uma das mensagens mais insistentes desta Profecia é a de que toda a acção do homem esteriliza e portanto imobiliza a vida. Falo, naturalmente, da acção ao serviço do nosso megalómano Projecto de levantarmos a nossa própria criação. E é preciso advertirmos em que toda a nossa vida está entregue à execução deste medonho empreendimento ou, pelo menos, está toda condicionada por ele. A verdadeira insegurança está, portanto, em atrapalharmos continuamente o movimento da Harmonia com o assassínio permanente da Vida.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

208 — O fascínio da insegurança

15/4/08 — 7:43

— Proclama que Deus é a Paz! — é assim, Maria, que, inseguro ainda, estou lendo nos Sinais.

— Porque falaste na tua insegurança?

— Porque acho importante revelar que nunca é completa a minha segurança.

— Primeiro diz às pessoas então porque é que avanças sempre inseguro.

— Porque o meu caminho é sempre em território desconhecido.

— E diz agora às pessoas porque é que achas que elas se deixarão fascinar por este caminho inseguro.

— Porque só o inseguro fascina; o seguro imobiliza a vida, esteriliza.

— Julgo que falta agora esclareceres às pessoas porque as baralhas assim, já que lhes dizes muitas vezes que só o caminho que segues é seguro e apresentas como um dos grandes Atributos de Deus a Segurança.

— É que eu só estou verdadeiramente seguro quando me sinto viver. Convido toda a gente a olhar comigo. O mar: que segurança tem o mar? Está ele porventura quieto? O vento: que segurança mostra o vento? Sabe alguém porventura de onde vem, para onde vai, como surge, com que força vai soprar?

— Também foste logo escolher em toda a Natureza os dois elementos mais instáveis. Ou não?

— Escolhi justamente aqueles sem os quais seria instantânea a nossa morte. Basta imaginar que toda a atmosfera de repente desaparecia e que a Natureza ficava de repente sem uma pinga de água.

— Queres tu dizer que justamente os elementos que são o mais imprescindível e portanto o mais firme sustentáculo da nossa vida são os mais instáveis!?

— Quero dizer apenas que a Vida é instável.

— Os rochedos, pelo menos…

— Parecem parados, eu sei. Mas Satanás já se encarregou de nos mostrar, pela sua ciência, que por dentro dos rochedos tudo mexe.

— Tu dizes no entanto, com muita frequência, que a segurança é fundamental para uma vida intensa, tranquila e feliz!

— Falo assim porque levo uma vida intensa, tranquila e feliz.

— Portanto vives em plena segurança!?

— Era aqui que eu queria chegar. Vim sempre de coração aos pulos. Mas é este pular contínuo do meu coração entre surpresas e sustos que me diz que estou vivo.

— Sim, mas inseguro sempre!?

— Sentir-se vivo é a única segurança verdadeira que podemos ter; se tentarmos eliminar tudo quanto não controlamos porque mexe, veremos a nossa segurança tornar-se uma verdadeira doença.

— Doença? A segurança pode ser uma doença?

— Das mais graves. Seca tudo. Produz uma terrível sensação de asfixia. Como se nos faltasse a água e nos faltasse o ar…

São 9:51!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

207 — O sentido dos momentos maus

                   — 12:16:34

Tenho o espírito embotado, estou possuído de uma má disposição estranha, não me apetece nada de nada, muito menos escrever, já que a busca das palavras me está sendo particularmente penosa. Isto é, eu não tenho a mínima notícia, ou sequer sensação do Homem Novo que dentro de mim, segundo a minha Fé, se está formando; o que me domina, portanto, é a sensação do Homem velho desagregando-se.

Mas, conforme a mensagem da vigília apontava, faz sentido que eu passe por estes momentos, porque também eles fazem parte da minha história. Sobretudo estes porque, afinal, toda a nossa História é a História da permanente Desagregação! Faz sentido que nada do que se passou comigo se perca, porque também a desagregação é um movimento que só pode acontecer porque Deus lhe dá a existência! Mesmo desagregando-se, é no Corpo de Deus que o Homem velho se desagrega e morre, porque fora do Corpo de Deus não há sequer existência possível. Por isso, aceitando a nossa própria desagregação, nós estamos participando na Transubstanciação de toda a Natureza, purificando-a de todas as feridas e deficiências adquiridas pelo Pecado. É este o sentido dos momentos maus que abundam na nossa vida. Não sendo possível evitá-los, é necessário fazê-los participar na edificação do novo Homem, assumindo-os e transformando-os assim em Luz, a fim de que, com plena Lucidez, adquiramos a Ciência do Bem e do Mal, como é próprio de Filhos de Deus!

domingo, 26 de setembro de 2010

206 — A memória do velho Homem

7/4/08 — 6:43

— Maria, mais uma vez não sei o que sinto…

— Sabes pelo menos se é bom, se é agradável, ou se preferias não sentir assim…

— Há, a esse respeito, uma coisa de que não tenho dúvidas: o que eu quero mesmo é sentir aquilo que em cada momento a construção do Homem Novo em mim precise que eu sinta.

— Seja agradável ou desagradável?

— Sim. Seja bom, ou seja mau.

— Imagina então que esse novo Homem precisa que tu vejas justamente isso: que não consegues determinar o que sentes. És capaz de ver algum sentido nessa necessidade do novo Homem em formação

— Julgo que sim… Este Homem não vem do Nada, como veio o primeiro, que não podia ter a consciência do que estava acontecendo nele. Este vem de uma Semente que traz inscrita em si a memória de tudo quanto ao primeiro Homem aconteceu.

— Sim. Que sentido fazem então agora as sensações desagradáveis?

— Elas despertam no novo Homem a consciência da trágica História do primeiro Homem que, morrendo, se condensou todo na Semente agora purificada.

— Essa consciência do desagradável, do mal, da dor, não é uma mancha na perfeição, na inocência da Semente?

— Vejo que não: imperfeito estaria nascendo o novo Homem se não trouxesse em si a consciência da sua Origem e de toda a sua História.

— Conhecer o passado é então necessário para se conhecer o presente!?

— O novo Homem é Filho de Deus: na Semente de que está nascendo vem condensado o Atributo divino da intemporalidade, da eternidade. Ele deverá conhecer tudo, mesmo que o desvende progressivamente, como acontece com todos os Mistérios.

— Aos Filhos de Deus está então destinado um doloroso nascimento!?

— Sim, enquanto na sua História como criaturas houver uma qualquer mancha de sofrimento para conhecer. Assim aconteceu com o próprio Verbo, o Filho Unigénito de Deus: Ele teve que tomar consciência da Iniquidade de todos os tempos, transportando-a no Seu corpo até à morte!

— É por isso que Ele nos pede que incarnemos!?

— Sim, é por isso que Ele é para todos nós O Caminho.

São 8:37!

sábado, 25 de setembro de 2010

205 — O último diálogo na Confeitaria Márcio

Confeitaria “Márcio”, 22/4/95                  — DL

(Já há muito tempo que não escrevo nenhum “Diálogo”; pelo contrário, tenho escrito nas marcas, tanto na da Bíblia como na da Vassula, focando essencialmente o meu processo de conversão interior, registando o trabalho de “moldagem” que Jesus está fazendo em mim. Mas hoje, sábado, ou porque era costume ou por qualquer outra forma de que não me apercebi, Jesus fez-me parar a atenção nos “Diálogos”. Então perguntei-Lhe se queria que eu escrevesse hoje um novo Diálogo. Como que insensivelmente, vi-me de Bíblia aberta com o dedo apontando com extrema precisão a seguinte frase:

“Quem vos ouve é a Mim que ouve, e quem vos rejeita é a Mim que rejeita; mas quem Me rejeita, rejeita Aquele que Me enviou”!

É o v. 16 do cap. 10 de Lucas.)

— Viste ali um Desejo Meu de que escrevesses um novo Diálogo. Porquê?

— É verdade que não falas em escrever, mas avisas as pessoas de que me devem ouvir e eu não vejo outra forma de elas me ouvirem senão falar escrevendo.

— Como chegaste à conclusão de que Eu quero que as pessoas te ouçam a ti?

— Nem hesitei: o dedo apontou aquelas palavras em resposta a um pedido meu. E Tu disseste que um pedido nosso, feito com Fé, já está atendido mesmo antes de ser formulado. Ora eu pedi com Fé. Com a minha ainda frágil Fé, mas com toda a Fé que eu tenho, toda a Fé que o trambolho do meu ser permitiu que Tu lhe desses. E fiquei muito feliz, porque aquelas palavras saíram directamente da Tua boca.

— Acreditas no Meu Evangelho, Salomão?

— Acredito. Em cada frase, em cada palavra, em cada pintinha de cada i! Acredito. Acredito, sim, Mestre! Sei que me vão chamar fraco de espírito, “pobre de espírito” em sentido pejorativo, louco, fundamentalista. Mas eu não me importo. Que vão todos dar uma curva! Estou-me nas tintas para todos os intelectuais, para todos os sábios deste mundo. Também eu já fui um deles: conheço-os muito bem. Por isso não os condeno, não, Jesus; tenho-lhes só uma raiva momentânea, porque são petulantes, mas no fundo eu tenho é pena deles, porque são cegos e eu sei agora que tipo de peste é aquela cegueira… Fala, Jesus, dialoga comigo; se me dás corda, eu nunca mais paro e isto é capaz de se tornar enfadonho.

— Não confias então, verdadeiramente, em Mim!?

— Pois… se calhar não. Mas já perdi o medo, pelo menos já não tenho aquele antigo medo de distorcer o Teu Evangelho.

— Como o perdeste, o medo?

— Olha, Jesus: de várias formas. Uma delas foi… apanhando sustos, vários sustos… Mas quem sabe mesmo és Tu. Não queres explicar como se tira aos Teus discípulos o medo?

— Não tens medo nem sequer de pôr agora na Minha boca palavras puramente tuas?

— Não. Não, Mestre! É tão grande a minha confiança na Tua Presença em mim que perdi todo o medo de errar. Erros autênticos, entenda-se! Porque deficiências eu sei que tenho. Às vezes sinto-me um autêntico calhau com dois olhos. Mas eu tenho-Te pedido tanto que trabalhes esta pedra, que não tenho mais medo de nada: eu sei que Tu até do pedregulho Te estás servindo para fazer a Tua Vontade enquanto vais trabalhando sempre por dentro…

— Por dentro… por onde?

— Já deu para perceber que o Teu trabalho de moldagem, de restauração da Imagem de Deus em nós é feito sempre a partir de dentro. Gostas de silêncio. Lá andas Tu, com muita calma mas eficiente e rápido, mexendo, mexendo, raspando, cortando, desfazendo, refazendo, reparando, reajustando, colorindo, ordenando, desmantelando, avivando, limpando, reacendendo, desentulhando, iluminando, num frenesim que só um louco, sôfrego Desejo de nos reencontrar, de nos rever, poderá justificar! A gente sente isto sob a forma de um Amor tão louco que não acha possível encontrar para Ele explicação em mente humana! Entretanto, enquanto esta obra assim dentro avança, frenética, minuciosa, atingindo desde o bruto osso até ao código genético distorcido, às vezes totalmente destruído pela Queda, cá fora tudo parece manter-se igual, assim grosso, assim desajeitado, assim com esta pose artificial e este verniz com que nos tentamos esconder, como se por fora isto fosse só a placenta… Por vezes estala o verniz, vai caindo aqui e ali uma máscara, um emplastro; só no fim, quando estivermos totalmente reconstruídos e chegar a hora do parto, se revelará esta carcaça exterior como placenta, se lançará em lugar adequado e todos verão o recém-nascido, tão belo, tão Imagem de Deus, que todos se esquecerão de quem fora, e só Deus ali brilhará muito nítido, só Deus ali se verá presente. Mas enquanto este parto não acontecer, é com esta coisa informe que Jesus vai buscar fora meios, os mais variados, os mais esquisitos meios para dentro trabalhar, é através desta coisa abrutalhada que Ele vai mexendo também fora, no corpo da “mãe” para que ela lhe forneça o alimento adequado, alimentos variadíssimos, substâncias por vezes esquisitíssimas, tão ácidas por exemplo, que o corpo placentário os sente passar por si em forma de dor, aguda ou grossa… Desculpa, Jesus, até me esqueci de que estava dialogando Contigo… Também ficaste aí tão calado, com esses braços assim cruzados…

— Era preciso que falasse?

— Tu é que sabes. Mas se queres que as pessoas me ouçam, como me disseste no início deste Escrito através da Bíblia, não era melhor que estas palavras aparecessem colocadas na Tua própria boca? Sempre lhes dava mais autoridade…

— Não andam sempre os teus amigos intelectuais, os teus colegas sábios dizendo que é através de pessoas, de sinais, enfim, de meios indirectos e nunca directamente que Deus se manifesta, que Deus fala?

— É verdade, Jesus! É absoluta verdade! Quando se lhes diz que o Céu falou directamente com a Terra, que Deus se manifestou de forma mais sensível, mais inesperada, mais claramente anormal – e mesmo assim ainda não de forma inteiramente directa porque isso, como sabemos, só mesmo no Céu! – quando os meus amigos sábios ouvem falar por exemplo de Fátima, de Garabandal, de Medugorje, da Vassula por exemplo, daquele mais recente caso, de que tomei conhecimento pela televisão, da imagem, algures na Itália, que chora sangue… ui!, isso, estas coisas, soam para eles como umas autênticas blasfémias ou, no mínimo, como manifestação de um estranho “Inconsciente” que eles descobriram ninguém sabe como nem onde, mas que é a moda mais recente e que está funcionando como a panaceia que tudo explica, que a todas as suas incapacidades e impotências traz o reconfortante remédio… Olha, Jesus, estás-me a dar cá uma corda hoje…

— Gostas desta “corda” que te dou?

— Gosto sim, Jesus! Pois se ela até vem de encontro à minha vaidade…

— O que escreveste foi então vaidade tua!?

— Olha, não sei, Jesus. Mas uma coisa eu sei: mesmo que fosse vaidade minha, ela, exactamente a minha vaidade, está neste momento nas Tuas Mãos e foi com ela que Tu acabaste de transmitir uma Mensagem Tua! Tua, sim, sem erro nem desvio! Era exactamente isto que Tu querias dizer às pessoas que me estão ouvindo! Eu sei, eu sei, Mestre, não Te aflijas: eu vou continuar a pedir-Te que removas de mim toda a vaidade, toda a ambição. Mas enquanto estas coisas horrorosas ainda por aqui se arrastarem , de vez em quando avivadas por Satanás numa desesperada tentativa de as reerguer, eu sei que até delas Tu te serves para me reconstruíres a mim e para fazeres aos outros sinais que os levem a aceitar-Te como seu único Reconstrutor — o Salvador de que tanto falamos nós, mas a Quem retirámos a Cruz, o profundo Significado, cheios de medo, de um terrível medo da Dor.

— E não é de ter medo, medo da Dor?

— É. É sim, Jesus. Tu tiveste medo da Dor. É lógico que se tenha medo da Dor. Mas Tu vieste ainda há poucos dias dizer-nos, fez anteontem oito dias, naquela Quinta-Feira à noite, no silêncio e no Abandono do Getsémani, que não há outro meio de curar as nossas chagas, que só o Amor as cura e que ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos… Oh, Jesus, vem dizer-nos isto outra vez hoje que a gente estava a dormir naquela Quinta-Feira e não ouviu. Continuamos todos a fugir a sete pés da Dor, a amontoar conforto sobre conforto, a rodearmo-nos de facilidades, de abundância material, andam até muitos a pregar em Teu Nome que nos deixemos de cruzes, que Tu és bom, que não nos queres sofrendo, que até bebias uns copos, que até foste a festas rijas, a bodas como por exemplo as de Caná, das bodas de Caná nunca mais se esqueceram, que Tu ressuscitaste e que por isso haja alegria, que um santo triste é um triste santo! E pronto: vai de fazer bonitas cruzes, prateadas, doiradas, esmeraldadas; vai de fazer procissões com a Tua Cruz no meio de um imenso colorido de criancinhas, de bandeiras, de bandas de música, de vistosos cavalos e cavaleiros abrindo caminho, abrindo a procissão.

— E não é verdade, Salomão, que é certeiro o adágio do vosso povo - um santo triste é um triste santo?

— Pura verdade, Senhor! Mas eles torcem tudo! Pudera, eles conseguem até torcer o Teu Evangelho! Virá-lo exactamente do avesso! É claro que Tu vieste trazer-nos a Alegria e não a tristeza; a Felicidade e não a dor. Mas revelaste-nos também a Tua Grande Descoberta: é preciso morrer para nascer de novo; só morrendo ressuscitamos. A nossa alegria não é uma alegria qualquer: é a de um ressuscitado!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

204 — O poder curativo de meio copo de vinho

22/4/95 — 7:00             —  MB

Sinto-me mesmo nas Mãos de Deus! E é muito bom saber-se a gente assim protegida e moldada nestas Mãos tão robustas, tão delicadas! Hoje deixou-me o Senhor dormir a noite inteirinha, oito horas seguidas! É do vinho! — anda-me aqui ao ouvido buzinando o Tentador. Bebi, de facto, meio copo de vinho ao jantar e meio cálice de vinho do Porto depois.

E eu respondo assim ao Tentador e a todos os seus lacaios: Não é muito provável que o vinho tenha alguma coisa a ver com isto; mas se tivesse, se fosse mesmo do vinho, eu continuaria afirmando que Deus é muito bom para comigo que à refeição simpaticamente me ofereceu vinho e dele se serviu para me oferecer amorosamente uma longa noite de descanso! Já aqui referi uma vez o que o Senhor me ensinou: Ele só se serve de processos e meios excepcionais em momentos e situações excepcionais; mas estar connosco Ele está sempre, em cada segundo da nossa vida; se Lhe dermos atenção, se Lhe permitirmos que nos refaça inteiramente à Sua Imagem, Ele põe-se a trabalhar-nos com espantosa Sabedoria e Carinho, às vezes com violentos safanões, porque é preciso, mas outras vezes com tão subtis toques da Sua Mão, que parece estar a recompor uma, uma só célula ou, dentro desta, um só dos genes que o Pecado afectara! Não damos então conta de nada assim como, no caso do violento safanão, temos dificuldade em identificar a Sua Mão de Artista. Mas é, é sempre Ele que está trabalhando, se O deixarmos trabalhar, Ele não se importa, o maior Gosto d’Ele é poder andar assim absorvido neste trabalho de nos restaurar — trabalho complicadíssimo, muito mais minucioso e moroso do que o trabalho inicial de Criação! Quanto mais não preferiria um pintor criar uma nova imagem, do que restaurar uma imagem velha, danificada pelo tempo! Mas Ele, o Artista do Amor, não Se importa, pelo contrário, anda todo feliz ao nosso lado, à volta de nós, dentro de nós mexendo sempre. Serve-se então de todos os meios, de normalíssimos meios ou de sofisticados instrumentos, de meios naturais ou dos próprios meios que o homem desnaturalizou.

Pode servir-Se, por exemplo, de meio copo de vinho que pediu ao cérebro Lhe fosse buscar; o cérebro accionou o braço, a mão, os dedos, e prontamente Lhe veio parar às Mãos este estranho instrumento de curar!

Pode, por exemplo, servir-Se dos naturais meios de captação da Sua Voz mesmo assim degradados conforme nós os temos, enquanto os não restaura por completo — e isto de Ele ter começado a restaurar por outro lado e não por aqui obedece a um plano e podemos ter a certeza de que é o mais perfeito plano de restauro para este caso; noutros casos começará exactamente pelo ouvido… enfim, para cada Imagem Ele traça um plano diferente!

Grandioso Deus! Querido Senhor! Ao olhar os algarismos da hora a que me levantei (7:00) uma preocupação pousou dentro de mim: o 7 é o Sétimo Dia, o Dia da Plenitude, o Dia em que toda a Criação, ainda sem mancha, deu Glória ao Criador; o 7 fala-me em dar Glória a Deus, eu leio muitas vezes na Bíblia que se deve dar Glória a Deus, mas eu acho este termo estereotipado, sem vida, sem fogo, não o entendo bem, enfim, eu não sei “dar Glória a Deus”. Ainda por cima aqueles zeros falam-me do Espírito de uma forma muito clara e tudo isto me pôs tenso: que me quer Jesus com estes algarismos, com este Sinal?

Pois sei agora – só agora! – a resposta: o que eu estive a fazer foi exactamente dar Glória a Deus!!! E mais: tal como antes da queda, foi o Espírito que, livre, esteve falando em mim!!! “Dar Glória a Deus” é, então, sob a acção do Espírito, pasmar perante as Suas Maravilhas!

São 8:23.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

203 — Coincidências

                        — 8:41              — MV

Duas vezes seguidas, ao fim da vigília, ontem e hoje, antes de me “virar para o outro lado” para tentar readormecer, dou com os olhos no mostrador do relógio e vejo lá esta imagem: 4:44! Interpreto isto como uma coincidência no sentido que me foi ensinado pelo Mestre: uma incidência da Luz solicitando também para ali uma incidência da minha atenção. Uma co-incidência destas realçando determinada zona, determinado objecto, determinado conteúdo, pretende obviamente chamar a atenção para ele, transmitindo deste modo uma Mensagem. Neste caso o conteúdo realçado de forma tão intensa, é 4 ventos, 4 cavaleiros, 4 viventes, 4 evangelistas; anúncio, proclamação, execução de Ordens, evangelização. Mas só por si o 4 não me diz como, quando, onde, a quem. Mas chamou-me a atenção, acrescentando um outro aspecto: intensidade, premência, urgência. Todavia, associando estes elementos à Mensagem deste dia transmitida através dos textos espectacularmente coincidentes na Bíblia e na Vassula, eu posso avançar mais na captação da Vontade de Deus: o anúncio deverá ser feito de modo a atingir o que no Povo de Deus é “convencional e rotineiro” (Is. 29, 13), de modo a fazer “perecer” a “sabedoria dos sábios” e a “confundir” a “prudência dos prudentes” (Is. 29, 14), de modo a “tirar” o “Reino” a todos aqueles que “rejeitaram”, que “simplesmente ignoraram” o “convite” do Senhor e a “dar” o reino a “um povo” que aqueles consideram “desprezível e louco”, a “escória” da sua “sociedade”, para que a “Casa” do Senhor seja “reedificada e restaurada” por aqueles que esses tais “chamam uns simplórios” (20/10/90).

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

202 — Apurando a audição

21/4/95 — 2:46                     —  MB

Chama-me a atenção a ausência de Sinais de Deus naqueles algarismos; só eu, como testemunha e executor de Ordens e… o Diabo!

Desta vez acordei de um sonho em que só muito vagamente me lembro de que eu marrava teimosamente numas quaisquer palavras que recebera de Deus contra várias pessoas que queriam que eu alterasse aquela formulação. Sei que o cerne da questão era este: eu não me atrevia a alterar nada, porque acreditava vir de Deus, isto apesar das pressões que sobre mim faziam… Esta situação é revelada exactamente por aqueles algarismos: eu ostento teimosamente a Mensagem que recebi, contra o Inimigo que ma quer manchar ou distorcer; por isso me impressionaram.

E aqui estou eu, tenso de expectativa pelo que o Senhor me irá dizer nesta vigília e ao mesmo tempo tenso pelo receio de que mais uma vez o Tentador se intrometa. Por isso rezo:

— Jesus, Tu sabes tudo, Tu sabes que eu Te amo muito e que só tenho pena de não saber amar-Te mais, muito mais. Sabes também que em ninguém mais confio senão em Ti. Sabes ainda do meu permanente desejo de conhecer a Tua Vontade para A poder executar como um instrumento de alta precisão. Por isso, Jesus, meu querido Amigo, eu queria ouvir-Te mais nitidamente e muitas vezes to tenho pedido. Mas até hoje tens-me recusado esta Graça e por isso eu sofro muitas vezes de insegurança, como cego que tivesse que se guiar apenas pelo tacto, como aqueles que a gente vê nas ruas caminhando apenas confiados na varinha típica deles tacteando, tacteando. Nunca te levei a mal, Jesus, também isso Tu sabes; apenas Te tenho manifestado a minha mágoa, porque, caramba, era muito melhor ver o caminho do que apenas tacteá-lo na escuridão. Mas eu espero, espero, sabendo que tudo o que Tu fazes o fazes perfeito e reconhecendo que, apesar da minha cegueira, me tens conduzido de forma admiravelmente segura até aqui. Se é assim que queres, assim seja. Aumenta então a minha Fé, já que chamaste bem-aventurados àqueles que crêem sem ver. Guia-me mais uma vez até à Tua Palavra da forma que mais Te agradar… Vá… Queres que tacteie a Tua Voz?… Vou parar e escutar… Isaías?… Quantos? Vinte e nove? Como? Vinte e nove, treze, dezoito? É isto que queres? Fixo esta citação?… Não tenho a certeza, Jesus… Porque não dizes nada? Está tudo tão silencioso dentro de mim… Que Isaías tem vinte e nove capítulos e muito mais, eu sei. Mas se aqueles versículos não têm sentido ou até nem sequer o capítulo vinte e nove chega ao versículo treze? Vês, Jesus? Assim estou eu ainda na minha audição, na minha Fé! Sinto-me ainda muito frágil, muito permeável às intromissões de Satanás. Só uma coisa eu sei: gosto muito, muito de Ti e Tu mesmo das malandrices de Satanás Te serves para me construir segundo o Teu Desejo e o Teu Plano, porque também Tu, Tu então, gostas loucamente de mim! Por isso é já com muito ânimo que vou fixar definitivamente a citação e vou abrir o Teu Livro:

                                                                                 Is 29, 13-18

És muito querido, meu Senhor! Bem hajas, meu Bom Mestre! Na impossibilidade de Te dar um abraço, beijei o Teu Livro sobre o versículo 18, o último que me indicaste e que diz assim – transcrevo para que o mundo veja e pasme perante a Tua Fidelidade e o Teu Amor: “Nesse dia os surdos ouvirão as palavras do livro; e, livres de obscuridade e de trevas os olhos dos cegos verão”!

Dizei, gentes: não é mesmo um assombro o nosso Deus? Mas é que todo, todo o texto que Ele me deu a ler tem uma admirável coerência interna e um profundo sentido! O Próprio versículo inicial, o 13, não precisa de qualquer contexto anterior para se entender! Diz assim:

“O Senhor disse: ‘Este povo aproxima-se de Mim só com palavras e honra-Me só com os lábios, enquanto o seu coração está longe de Mim, visto que o temor que ele Me testemunha é convencional e rotineiro”!

É claro que, embora eu seja um membro deste povo “convencional e rotineiro”, tenho que reconhecer que a Graça está trabalhando em mim. Seria muito ingrato para com o Senhor se o não sentisse. E por isso eu sinto – e neste momento Jesus está-mo inculcando de forma intensa no coração – que se pode aplicar ao meu caso, que de facto se aplica – insiste Ele, pedindo mesmo para sublinhar! – o que vem a seguir, no v. 14:

“Por causa disto continuarei a usar com este povo de prodígios estranhos, diante dos quais perecerá a sabedoria dos sábios e será confundida a prudência dos prudentes”!

Na verdade, se tivermos em conta a missão que o Senhor prometeu dar-me e em que está sempre insistindo, o que em mim está para acontecer e vai já acontecendo é, mais do que um “prodígio estranho”, um espectacular milagre da Misericórdia e da Bondade de Deus que confundirá de forma brutal todos os sábios e prudentes!

A minha expectativa é, obviamente, enorme, relativamente ao pequenino coração que é ainda o meu.

São 4:39

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

201 — Eu estou a ficar um parasita?

                        — 14:43                        —  MB
                                                                   I Tess. 2, 9

Um impulso forte pedia-me que abrisse a Bíblia no Novo Testamento. Assim o fiz. O dedo apontou com muita precisão o v. 9, que diz assim:

“Lembrai-vos, irmãos, dos nossos trabalhos e da nossa fadiga. Trabalhámos de noite e de dia, para não sermos pesados a nenhum de vós, enquanto vos anunciávamos o Evangelho de Deus”.

Há dias que, a espaços, me vem ao coração este impulso, que inicialmente me alarmava: eu estou a ficar um parasita; de facto eu ocupo a maior parte do meu dia lendo, meditando, escrevendo coisas que nada têm a ver com a minha actividade profissional. Tão absorvente tem sido esta ocupação que, como ontem deixei testemunhado, de quando em quando sou possuído de um cansaço que me assusta. E o pior é que não faço nada, a não ser escrever, que é uma actividade “parada” para que nunca tive verdadeira vocação: só um dever ou uma motivação muito forte me levam a escrever. Sempre todos me conheceram como aluado, despassarado, idealista, é certo, mas sempre agindo, fazendo coisas, provocando acontecimentos que mexem com o meio em que me movo. Este activismo adquiriu mesmo progressivamente uma feição cada vez mais concreta, passando da actividade mental para a actividade manual: eu faço trabalho de cozinheiro, agricultor, trolha, pintor, carpinteiro, electricista, sonoplasta, cenógrafo, coreógrafo , não falando já da autêntica mania da encenação. E o mais estranho, mesmo para mim próprio, é que eu adquiri uma capacidade de trabalho e uma eficiência que os meus pontuais colaboradores consideram invulgares. Eu andava pasmado comigo próprio.

Mas desde o espectacular encontro com o Profeta Vassula, em Agosto, as coisas mudaram de forma rápida e progressiva: adiei a pintura da casa que andava fazendo no verão, passei a dedicar menos tempo às aulas, desacelerei as actividades do GEL. Até no Grupo Promotor as pessoas me foram retirando trabalho. Faço, contudo, uma verificação curiosa: a nível de resultados concretos nenhuma das actividades parece ter sido prejudicada; pelo contrário, continuo atento a tudo, nada está dado ao abandono, tudo se realiza no tempo oportuno e em termos de cômputo final admito que se venha a verificar até, ao fim deste ano lectivo, uma melhoria quer em qualidade, quer em quantidade.

Então passa pelo meu coração um grande assombro: tudo isto o Senhor o vem fazendo em mim, com Mão de Mestre, sem que eu disso me tivesse apercebido! E agora mais isto: todo o tempo que passei a ocupar assim com o Mestre neste ler, neste meditar, neste rezar, neste escrever, estou-o sentindo agora, não como passividade, nem sequer como parasitismo, mas como verdadeiro trabalho. Um trabalho intensivo e exigente, tanto que me cansa, que parece por vezes esgotar-me! Posso, pois, dizer como Paulo: trabalho de noite e de dia! Não sei se alguma vez trabalhei assim tanto! Mais: começo a tomar consciência de que este é que é, em verdade, o trabalho no seu puro sentido, porque só ele é necessário, é o único trabalho que verdadeiramente constrói; tudo o resto lhe deverá estar subordinado, tudo o resto virá por acréscimo! Trata-se de um trabalho com duas vertentes: desconstrução da Cidade e construção do Reino de Deus. Este é mesmo o meu trabalho de evangelização neste momento: ler, meditar, rezar, escrever!

200 — Aprendendo a ouvir

20/4/95 — 2:32 MB
                                                  IIPar 1, 5-20
Assim mesmo. Inicialmente ouvi “…cinco e seguintes”, mas pedi ao Senhor que me assinalasse o final do texto com precisão; rápido e determinado, ouvi: “Vinte”. Ainda não abri o Livro e há um receio em mim: e se, por exemplo, o cap. 1 não tem 20 versículos? E se o v. 20 não é final de frase e consequentemente de sentido? É que ontem à tarde estive a observar todo o contexto da citação que me foi dada. Soube então que os Livros dos Paralipómenos ou das Crónicas inicialmente eram um só e portanto, assim considerados, a citação até estaria correcta. Mas não me saía da cabeça a possibilidade de eu apenas não ter ouvido “segundo”: seria então, correctamente e de forma completa, “Segundo dos Paralipómenos, cinco, dezanove”. Era enorme a tentação de ir verificar. Mas eu tinha receio: podia ser pura curiosidade minha, podia estar a pôr Deus à prova, sei lá… No entanto a tensão aumentava de forma estranha. Pedi ao Senhor: Deixa-me ir ver. E a sensação que obtive como resposta, foi esta: vai verificar, se é isso que queres… Fui verificar: o cap. 5 do segundo Livro dos Paralipómenos não chega ao versículo dezanove! Fiquei feliz e agradeci ao Senhor: acabou, em verdade, por estar correcta a citação e o contexto por me remeter para o cuidado de Deus com o Seu Povo, o prodigioso crescimento da Descendência de Abraão e a Fé deste Povo no Seu Deus. Associei isto então à Igreja renovada segundo a Vontade do Senhor que está para vir.

O cap. 1 de II Par já sei, do estudo que fiz ontem, que fala do rei Salomão. É, pois, com expectativa que vou, só agora, abrir o Livro.

– Jesus, que me estás a fazer? Porque permites uma coisa destas? O cap. 1 do Segundo Livro dos Paralipómenos não chega a ter 20 versículos! Termina no 17!!! Não é possível, Jesus! Isto põe em causa todos estes Escritos! Porque deixas o Demónio fazer-me isto? Sabes o que estou pensando: se eu, neste caso, posso verificar o erro, quem me garante que não há outros erros que eu não posso verificar?

— Eu. Eu, Salomão. Não to garanti ontem?

— Mas porque o permitiste hoje? É que hoje não há sequer imprecisão: é mesmo um erro!

— Não é um erro; é só uma deficiência de audição.

— Mas eu acreditei no que ouvi; eu acreditei numa “deficiência”!

— Tu acreditaste em Mim; não na deficiência.

— Não entendo.

— A deficiência é tua; a Fé é Dom Meu.

— Mas isto põe em causa estes Escritos! Não há “deficiências” também nas Palavras que ponho na Tua Boca, até nas que ponho na minha boca e que igualmente creio terem vindo do Espírito?

— Há, sim, há várias deficiências de audição: o teu ouvido é ainda imperfeito e o demónio aproveita-se desse facto.

— Mas então?…

— Então quê, Salomão?

— Então se há deficiências de audição…

— …

— Responde, Jesus! Que me estás a fazer? Não me deixes assim…

— É a Fé que salva.

— Sim. E…?

— E nada do que ficou escrito te condena.

— Mas… e as deficiências?

— São tuas. Estas e todas as outras. Não é só ao escrever que mostras deficiências.

— Eu sei, meu Senhor, mas então onde está a Verdade destes Escritos?

— Em Mim!

— Não entendo.

— Que te diz o texto que há pouco te dei a ler?

— Começa com o rei Salomão oferecendo sobre o altar em Gabaon um sacrifício de “mil holocaustos”. Diz depois que “durante a noite Deus apareceu ao rei e disse-lhe: ‘Pede o que desejares, Eu to darei’”. Foi então que Salomão fez ao Senhor o célebre pedido que levou o meu pai a pôr-me também a mim o nome de Salomão: “Concedei-me a sabedoria e a inteligência, a fim de que saiba conduzir este povo; porque, quem poderá governar este tão grande povo?”(v. 10).

— Continua. Que leste mais?

— O Teu Dom: “Já que este é o desejo do teu coração e não pediste riquezas, nem tesouros, nem glória, nem a morte dos teus inimigos, nem uma vida longa, antes pediste sabedoria e inteligência, a fim de bem governar o povo do qual te fiz rei, concedo-te a sabedoria e a inteligência; além disso dar-te-ei também riquezas, tesouros e glória tais, como jamais possuíram os reis teus predecessores e jamais possuirão os sucessores”(vs. 11-12). Pronto, Jesus. E agora?

— Agora que me queres pedir?

— Que me resolvas o problema do versículo vinte.

— Qual é o teu problema?

— Não há nenhum versículo vinte neste capítulo!

— E precisas dele, do versículo vinte?

— Não!

Respondi tão rápido que fiquei especado: não esperava aquela pergunta de Jesus. Com ela, Ele disse tudo. Está-mo dizendo, aliás, já quase desde o início do meu “problema”, mas eu queria que Ele mo explicasse melhor, que me tranquilizasse completamente.

— E estás completamente tranquilo, agora?

— Acho que sim…

— Achas?

— Eu sou muito frágil… Tenho sempre alguma dúvida… Leva a minha Fé à perfeição, Jesus!

— Qual é a tua dúvida?

— Não é nenhuma, agora. Sinto-Te aqui pertinho de mim e que me amas muito.

— Então quanto às deficiências…

— Já percebi… julgo que já percebi: as minhas deficiências não atingem, nunca atingiram o essencial. Aquilo que é objecto de Fé não contém erro. Tu amas-nos com as nossas deficiências. A Bíblia está cheia de deficiências humanas! Gostei tanto daquela, Jesus!: “Precisas dele, do versículo vinte?”! Não, não faz falta nenhuma, meu incrível Mestre! Acabas de me dar uma lição sobre a inspiração bíblica, sobre o Teu admirável Amor que não espera que estejamos perfeitos para vir até nós, que consegue comunicar, límpida, a Verdade, através das nossas deficiências! Ah, Jesus, Tu nunca falhas, meu Senhor! Olha, deixa-me dizer-Te: eu estou à espera que me faças uma pergunta.

— Então responde.

— Sim. Só Te peço sabedoria e inteligência para governar o Teu Povo.

— O rei Salomão contentou-se em “conduzir”…

— Perdoa, Jesus. Estás a brincar!

São 4:28!

domingo, 19 de setembro de 2010

199 — Vai ao psiquiatra!

                     — 15:21                     MV

Estou cansado, Jesus. Apetece-me chorar! Dura há muito tempo já este deserto, este silêncio, esta solidão, esta noite, esta série de barrancos e precipícios, esta série de dúvidas e de sustos, esta dor, este peso, esta tristeza. É certo que nunca me abandonaste, eu sinto sempre a Tua Mão quando vou abaixo, eu sinto que Tu me amas como ninguém, que és o Único Amor que me enche todas as medidas, que fora de Ti nada há que possa dar-nos a todos, a mim e a toda a gente, uma migalha de felicidade que seja. Mas estou cansado, Jesus. Sinto o meu coração pesado, tenso. A minha atitude em relação aos outros não revela serenidade, alegria, boa disposição. Toda minha acção é lenta e pesada e parece que fugiu de mim toda a leveza e vivacidade. Então, ou me dá para assumir uma atitude de resistência passiva ou me apetece explodir — e às vezes isso acontece! — perante o comportamento dos meus semelhantes. Olha, Jesus: se eu for ter com um psiquiatra, se lhe for contar tim-tim por tim-tim como passo o meu dia e a minha noite, Tu sabes o que ele me vai dizer, não sabes? No mínimo vai chamar a isto esquizofrenia, vai mandar-me parar com tudo, comer e beber bem, divertir-me. Vai aconselhar-me a arranjar uma mulher com quem me entenda… Vai escarafunchar no meu passado, vai dizer que tudo se deve a uma propensão hereditária para a introspecção, a uma ambiência religiosa tendencialmente (no mínimo) doentia envolvendo a minha infância e a minha adolescência, a uma carência afectiva na infância, a uma castração afectiva no seminário… Enfim, o psiquiatra vai-me convencer de que com esta idade já não tenho conserto: é que ele vai dizer-me tudo isto e vai finalmente medicar-me com aquele ar típico dos psiquiatras, que são os mais frustrados doutores do nosso mundo, do nosso tempo. Mas não são só psiquiatras a não acreditar na minha cura; todos os que me rodeiam notam “qualquer coisa”, torcem o nariz, desconfiados. Quando lhes conto o que se passa comigo, dizem: cá está, é disso! Fitam-me a seguir com um ar de quem aconselha, sem convicção: vai ao psiquiatra. Se eu mostrar que lhes adivinhei o conselho e respondo que não, que não vou ao psiquiatra nem sequer ao psicólogo, então eles fazem aquela expressão de quem pensa: é um caso perdido! Estou cansado, Jesus! A minha Fé está aqui dentro, luminosa e viva, mas eu estou cansado, que queres!? Mais do que nunca, acredito em Ti, só em Ti. Mas estou cansado, meu querido Herói, meu espectacular Mestre, meu incomparável Artista! É a minha bruteza, são as minhas deficiências, é a tacanhez dos outros, é sobretudo o Dono deste Mundo, o Patrão da Maldade que me não larga um momento, que me tem atazanado a vida inteira servindo-se da minha bruteza e da bruteza dos outros, dos meus aleijões e dos aleijões dos outros, da minha tacanhez e da tacanhez de todo o mundo, uma tacanhez, que Satanás está continuamente injectando e mantendo com o manto das Suas Trevas! Ah, Jesus, quando vens? Parece-me que a Tua descida aos Infernos se está prolongando, prolongando… Desta vez a Tua Ressurreição não aconteceu ao Terceiro Dia, pois não, Jesus? Desculpa-me, isto é só gente a falar. Eu sei que Tu entendes este desabafo: só Tu sabes como eu estou cansado! Para cúmulo, aquela citação desta noite! Eu sei, eu sei: foi um golpe de Mestre, um golpe dos Teus. Pode ser que leve o seu tempo a curar, o golpe, mas foi uma operação bem feita, disso não tenho dúvida: quando curar, nem sombra de cicatriz se vai notar. Olha, Jesus, deixa-me perguntar-Te só uma coisa. Se não quiseres responder não respondas: só quero que se faça exactamente a Tua Vontade. Aqui vai a pergunta: foi a única vez que o demónio conseguiu que ficasse registada nestes Escritos a sua acção perturbadora, não foi? Há mais alguma marca de Satanás nestes Escritos, além desta?

— Não!

Quase ouvi o tom de voz de Jesus! Aquele “Não!”, foi como se o ouvisse numa catedral ou numa enorme gruta: redondo, quente, vibrante, firme. Seguro e terno ao mesmo tempo!

É o que te convinha que Ele dissesse – dizem-me todas as vozes do mundo ao mesmo tempo, em grande manifestação, Satanás à frente, como no pretório de Pilatos. Crucifica-o! Crucifica-o — gritam todos, comandados pela batuta do mestre de todas as minas e armadilhas.

— E eu estou cansado, Jesus. “Fala-Me” — disseste-me Tu através da nossa querida Vassula. Já falei. Nunca registei oração tão longa como hoje, Mestre. Falar contigo descansa. Pronto, vamos. Eu aguento, Jesus. Se Tu me fores dizendo coisas… eu nem vou sentir as dores.

Jesus não diz nada. Só o Diabo se nota, ridículo, asneando…

sábado, 18 de setembro de 2010

198 — Mestre, não deixes o Teu trabalho a meio

                       — 8:28!           MV

Estou interpretando assim estes algarismos, desta vez: no mundo do Oitavo Dia, o da Queda e da Redenção, eu, ainda que fosse a única testemunha, deveria permanecer firme.

— Não tenhas medo, Jesus: eu não me afasto de Ti! “Nem a morte nem a vida, nem os Anjos, nem os Principados, nem o presente, nem o futuro, nem as Potestades, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá alguma vez separar-me de Ti”! (28/9/90). Sei que esta coisa opaca e bruta que eu sou precisa de muito tempo para ser moldada e que a Fé que Tu queres em mim tem que ser muito forte e firme. Molda, Senhor, corta, torce, desfaz, refaz! Leva o tempo que quiseres! Manda todas as provações que achares necessárias! Mas não deixes o Teu trabalho a meio, Mestre! Isso não! Isso não, meu querido Senhor. Desculpa tudo o que em mim não Te agrada, mas tu sabes que ao menos isto é verdade: eu não quero desagradar-Te de forma nenhuma, nenhuma, nenhuma!

Jesus é mesmo muito meu Amigo: para que eu me não fosse abaixo, mal abri a Vassula, dei com os olhos nisto:

“Alma, reza; e isto significa: fala-Me! Não ignores a Minha Omnipotência, apenas porque o Tentador continua a tentar-te. Escuta-Me: resiste, opõe-te a ele. Agora, vem; Eu manifestar-Me-ei uma vez mais por meio de ti, se humildemente te submeteres a Mim e permitires ao Meu Espírito que repouse em ti, nas horas da Minha Paixão”(28/9/90).

Veja-se a marca da Bíblia: aquilo era então mesmo só uma tentação! Jesus é mesmo Amigo!

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

197 — Pela primeira vez ouvi mal

19/4/95 — 5:39 MB

Há, nos últimos tempos, uma estranha insistência no 9. Este algarismo é, para mim, o Sinal do Deus Absoluto, do Altíssimo, do Santo dos Santos. Vejo nele a absoluta Transcendência de Deus, a Quem toda a Glória e todo o Louvor se deve, perante o Qual, como dizia S. Francisco, todos nós somos indignos sequer de O invocar. Mas porque me aparece ele agora tão insistentemente, nas citações, nas horas que registo? Quer o Mestre que não me esqueça, a par da Humanidade de Deus, também da Sua Grandeza, da Sua Omnipotência, da Sua Santidade? Quer fazer-me do 9 sinal ainda de outra coisa qualquer ? Quer ensinar-me apenas o temor de Deus, princípio da Sabedoria? Quer dizer-me que não posso apoucar Deus, atribuindo-Lhe quaisquer palavras ou imaginações que me venham à cabeça? Esta última hipótese claro que me aflige muito. Mas ela parece ganhar relevo perante a citação que “ouvi”:

                                                                  Par 5, 19

Ora repare-se: neste preciso momento, e só agora, reparo que há dois Livros dos Paralipómenos e o versículo 19 do primeiro destes Livros, que foi onde abri, diz isto: “Fizeram guerra aos agareus, em Jetur, em Nafis e em Nodab”. Apenas isto . O contexto geral é o cômputo dos descendentes das várias tribos de Israel e os seus sucessos guerreiros que lhes permitiram fixar-se na Terra Prometida. Neste caso trata-se da tribo de Gad e dela se diz: “Durante o combate eles invocaram a Deus, que os ouviu, porque puseram n’Ele a sua confiança”(v. 20). E no v. 22: “Muitos caíram mortos, porque o Senhor tomara esta guerra por sua conta”.

Aqui estou, pois, perpassado de uma grande mágoa: aquela citação está imprecisa e não contém, como a entendi, nenhuma mensagem! Já ontem, contudo, no meio da diversidade de citações, em confusão, eu me apercebia, de forma estranha porque insistente, de “Paralipómenos! Paralipómenos!”. Mas usei o dedo, porque era mesmo grande a confusão. Por isso estou atribuindo o caso de hoje a precipitação e a leviandade. Mas uma voz, em forma de sensação forte em mim, me está dizendo, sobrepondo-se a todas as outras vozes, que tudo isto aconteceu por permissão do Mestre para me formar na audição e na Fé. Sinto Jesus pondo-me a Mão sobre o ombro a dizer-me que não tenha medo, que se trata só de um processo de crescimento, que me não leva a mal, nunca me leva nada a mal desde que eu O continue procurando de coração sincero, que nunca Se zanga comigo, que nunca tenha medo d’Ele.

A verdade é que a presente provação está sendo muito dura. Sinto-me manietado, inoperante, pareço-me um lacaio sentado à porta do patrão, espapaçado ao sol, cansado de esperar ordens que nunca mais vêem. Neste momento a sensação é de cansaço. São já 7:23 e aqui estou, três dias depois da Páscoa, sem nada ter sentido que se pareça com uma ressurreição. Ainda por cima, pela primeira vez, “ouvi” mal, ouvi levianamente e precipitei-me, o que me leva à pergunta se não terá isto já acontecido outras vezes! Que sensação!

— Acode aqui, Jesus!

— Eu amo-te muito.

São 7:33.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

196 — Divagação sobre a escolha de um bispo

                      
                        — 15:59                MV

Nem homem, nem demónio está presente nestes algarismos; só Deus: o Pai, o Filho de forma mais nítida, enfim, o Deus Três Vezes Santo. Invisível sempre, é claro, o Espírito. E este Presença assim tão clara do meu Deus, em especial do meu bom e omnisciente Mestre, dá-me coragem para registar o que acaba de me passar pelo espírito, naquilo que se costuma considerar uma divagação. Neste caso uma divagação em que dificilmente alguém verá um natural processo pedagógico do Mestre Jesus ou, enfim, de qualquer forma o Dedo de Deus guiando-me. Fácil será, pelo contrário, ver aqui um adiantadíssimo estado de delírio megalómano. Aqui vai a história, para que fique, mais uma vez e sempre, escancarada a minha alma, juntamente com o testemunho de que pedi ao Senhor que, pelo Seu ilimitado Poder, transforme em Força luminosa ao serviço da construção do Seu Reino, em especial da Reconstrução da Sua Igreja, toda a ambição ou vaidade ou simples doença psíquica que aqui possa estar presente:

Eu sou Papa e tenho conhecimento, porque o solicitei à respectiva congregação ou departamento, de que numa pobre diocese de um anónimo pais a sede episcopal vagou por um motivo qualquer. É preciso escolher um novo bispo. Então eu, numa qualquer cerimónia ou audiência televisionada para todo o mundo, revestido de toda a minha autoridade papal, inesperadamente, de sorte que até para os meus mais próximos colaboradores seja surpresa, desato a dizer isto: É preciso escolher, para a diocese tal um novo bispo. Vamos escolhê-lo todos, meus queridos amigos cristãos. Como? Pedindo ao Senhor que nos mostre a Sua Vontade, porque só a Ele pertence designar os pastores do Seu Rebanho. De forma muito especial peço aos cristãos de X (nome do País) que se mantenham em oração até que cada uma das igrejas cristãs encontre um seu membro apto a desempenhar o múnus de pastor da Diocese de N (nome da diocese em questão). Lembro que o critério de escolha deve ser apenas o do Evangelho do Senhor: a fé do candidato, independentemente da sua sabedoria, da sua categoria social, da sua origem, ou da sua capacidade para falar ou convencer. Tende presente, meus queridos cristãos, o próprio critério de escolha do nosso Mestre, quando entregou a Pedro o pastoreio do Seu Rebanho. Dê-se preferência aos candidatos oriundos da Diocese N. Seguidamente, perante pelo menos um responsável das várias igrejas cristãs do país, em cerimónia condigna e depois de mais uma vez se pedir ao Senhor que manifeste a Sua Vontade, peça-se a uma criança que avance para uma urna onde previamente foram colocados, cada um em seu boletim, os nomes dos candidatos, e dela retire um, um só dos boletins. Alguém se aproxime então da criança, peça-lhe com muita ternura o boletim e anuncie aos presentes, ao país, à Igreja inteira o nome do novo bispo da Diocese N. Que este anúncio seja coroado com uma fortíssima salva de palmas. Que o novo bispo avance então para o centro e logo ali todos os bispos presentes sobre ele estendam as mãos e peçam ao Senhor faça descer ao novo Pastor o Seu Espírito. Desde já peço a todos os cristãos católicos que, se a escolha recair num bispo não católico, se ajoelhem humildemente, na pessoa de quantos católicos estiverem presentes na cerimónia, frente ao novo bispo, lhe prometam obediência e docilidade no Senhor e lhe peçam a sua bênção.

Pronto. Fim da divagação. Eu sei: para além das características inicialmente apontadas, tem uma outra: ingenuidade. Mas declaro solenemente que até aqui vai a minha Fé. Quero dizer: acho isto possível .

terça-feira, 14 de setembro de 2010

195 — Como os rebanhos, no Rossão

18/4/95 — 6:40        — MB

                                   Gen. 35, 18-26

Não conseguia receber nenhuma informação precisa pela via da audição: as indicações eram várias e díspares. Usei então o dedo, que apontou com muita precisão o nascimento do último filho de Jacob — Benjamim: “Ora, no momento de entregar a sua alma – pois estava a morrer — chamou-o Ben-Oni; mas seu pai chamou-o Benjamim”. Em seguida o texto fala da morte e sepultura de Raquel e faz o registo dos doze filhos de Jacob.

Não sei ainda o que o Senhor me quer dizer. Sei apenas da sua Vontade em que eu continue escutando-O a qualquer hora da noite a que acorde. Isto disse-mo Ele ontem antes de me deitar, de duas maneiras: uma, através da Vassula, ao fazer-me fixar a atenção nisto: “Não temas a Minha Disciplina, que te orientará na Minha direcção”; a outra, logo a seguir, levando-me a considerar o treino dos jogadores de futebol e dos atletas em geral: eles, que lutam por uma coroa perecível, não param; com maioria de razão não posso parar eu, que busco uma coroa incorruptível. E uma alegria grande inunda o meu coração, a confirmar que estou cumprindo os Desejos do meu Senhor, que até me deixou dormir hoje toda a noite seguidinha, mostrando-me assim o Seu cuidado e a Sua simpatia.

São já… 7:40! Vou levantar-me para sair.

                     — 8:48!      — MB

Estes algarismos vieram juntar-se a uma série de associações que estava já fazendo a propósito do texto que esta manhã o Senhor me deu a ler e que, como é costume, na altura em que o leio, nada me diz.

Estou “em baixa forma”, as energias anímicas parecendo em vias de se esgotar. É por isso lenta e penosamente, como vindo do deserto e entrando agora em floresta densa em noite ainda escura, é cansado, quase desfalecido, que vou avançando, vendo espantosas maravilhas, mas sem forças para saltar de alegria ou sequer para as saborear. Tenho a percepção de que tudo isto é para ver agora, mas para viver só depois. Como se a fase que atravesso fosse apenas a de exploração do território virgem que depois será inundado de gentes de vários povos e línguas a viverem, extasiadas, a espantosa Riqueza que diante dos seus olhos se irá desenrolar. Como se o Senhor, junto a mim, me fosse dizendo olha isto, fixa aquilo, não te esqueças daquela colina além, aquele vale ali ao fundo é também extremamente importante. Conduzirás depois aqui as Minhas doze tribos e dessedentarás o Meu Povo. E eu vou dizendo sim, sim, Mestre, sim, sim, meu querido Senhor, estou a ver, eu fixo, sim, não me vou esquecer de nada, eu vou aqui trazer toda a gente, eu vou recordar então tudo o que me estás a apontar, não Te aflijas, eu vou ser um instrumento Teu, de alta precisão, meu Senhor e meu Deus! E vou olhando tudo, com os meus olhos piscos, sei que tudo é maravilhoso mas eu não consigo ver bem, dos olhos e da pressa, apenas fixo com toda a atenção que posso, bloco de notas na mão, caneta em punho sempre, traçando coordenadas, registando características do local, identificando conteúdos gerais apenas, porque é forçoso continuar, o Mestre diz que não, que não posso parar ali, há muita coisa ainda para anotar, para fixar, o tempo urge, paragens só para dormir quanto baste para recuperar forças, em breve voltarás — diz Ele — acompanhado de uma multidão, um fabuloso rebanho de que não verás o fim e nessa altura então, então sim, depois de te assegurares de que o rebanho todo chegou já ao Vale Verdejante e se alimenta, seguro e feliz, então sim, poderás também tu descansar sobre a colina, beber da Minha Fonte até te saciares. Lembras-te do Rossão, dos enormes rebanhos que ali vias passar na tua infância?— continua Ele. — Lembras-te daqueles cães enormes com as suas coleiras eriçadas de picos por causa dos lobos? Lembras-te de como os próprios cães vigiavam as bordas dos caminhos e das canadas para que nenhuma ovelha se extraviasse, quando em trânsito de monte para monte? Lembras-te de como ficavas parado à borda do caminho até que os vários milhares de ovelhas passassem, até perderes de vista todo o rebanho, como admiravas os cães e os pastores com os seus assobios, as suas vozes, a sua autoridade, a sua figura sólida, manta às costas, cajado na mão? Lembras-te, Salomão, da disciplina, da ordem que envolvia e reinava em tudo aquilo? Não o esqueças nunca, meu querido pastorinho que fui buscar ao Rossão para apascentar o Meu Rebanho. Fixa esta terra que te estou mostrando, regista tudo. É para aqui que terás de conduzir as Minhas ovelhas e os Meus cordeiros. Quero que sejas feliz vendo o Meu Rebanho farto ao fim do dia, ruminando à noite à vota do rodeio. Eu próprio virei então ter contigo, para conversarmos, sob as estrelas…

Pergunto-me agora eu, pergunta-me toda a gente: como me atrevo a escrever tudo isto? E a minha resposta é esta: foi uma Alegria dentro de mim que o escreveu. Uma Alegria muito serena, uma Paz sem mancha. Uma Alegria que só pode vir do Coração de Deus, uma Paz que só pode ser o próprio Deus.

Sei que vou dentro em breve ter que me levantar de novo, porque o meu Guia diz que o tempo urge, aproxima-se a hora de para aqui conduzir o Seu Rebanho e ainda falta muita coisa para olhar, para provar, para anotar. Diz que, na impossibilidade de olhar o chão onde piso, terei que sofrer ainda vários arranhões, ferimentos, quedas e sustos, porque até de noite será necessário caminhar. Mas diz-me também que não se afastará nunca para fora do alcance do meu grito, sempre que me julgue perdido. E que nesses momentos me responderá sempre localizando-me a Sua Presença, acorrendo até onde eu estou, colocando a Sua Grande Mão sobre a minha aflição, metendo-me no coração sempre de novo a Sua Grande Paz.

Como neste caso, por exemplo em que eu, por causa do cansaço, por causa da noite, me julguei perdido, sem caminho, gemi, e Ele logo acorreu ao meu quase desânimo, levantou-me suavemente e com terna Voz me foi dizendo: tem calma, Meu pequeno… Vês? Acaba de nascer o último filho de Jacob, o progenitor das Minhas doze tribos, de todo o Meu Povo. Este nascimento é envolvido de grande dor: Raquel morre de parto, Jacob sofre a sua ausência, o desaparecimento da sua esposa querida por quem serviu Labão sete anos e tem depois que sofrer o incesto do seu primogénito com uma das suas mulheres (v. 22). Raquel é sepultada em Belém, onde Eu nasci d’Aquela cujo Sinal te dei no início deste Escrito. Compreendes agora a Minha pressa?

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

194 — Chega o Rei e não O reconhecemos

                      — 11:37          —   MB

No meio do barulho do Clube, pedi ao Senhor que me dissesse uma Palavra neste Seu Dia, só uma que fosse. Se O não conseguisse ouvir, que me guiasse pelo menos o dedo. Concentrei-me um pouco, como pude, e o que me apareceu no espírito, envolvido em barulho e em dúvida, foi isto:

                                                              Jo 19, 21
A dúvida vinha-me do facto de ser já a terceira vez consecutiva que me é indicado o capítulo 19 de João. Mas mesmo assim abro o Livro, porque sei que mesmo Satanás está ao serviço do Rei Vencedor, hoje de forma especial, e depois porque o versículo 21 me foi apontado com muita clareza. Pois o v. 21 diz: “Disseram então os príncipes dos sacerdotes a Pilatos: ‘Não escrevas: O Rei dos Judeus, mas que Ele disse: Eu sou o Rei dos Judeus’”.

                       — 23:55          —  MB
Só agora pude sentar-me de novo para escrever. E aquele v. 21 é a única Palavra da Escritura que neste Dia me foi dada. De facto passei este Dia confrontando-me com esta realidade que obsessivamente me cercou: estamos tão longe de Deus, de tal maneira nos instalámos neste reino que com as nossas próprias mãos criámos, que quando o nosso Rei vem até nós, não O reconhecemos, não O aceitamos, rejeitamo-Lo como corpo estranho e perigoso! É esta a figura em que nos aparecem os príncipes dos sacerdotes: Jesus só poderia ser para eles um intruso neste seu reino donde expulsaram Deus! A Páscoa tornou-se então um rito que afasta dos corações o Deus Vivo. Assim em cada Dia de Páscoa Jesus não ressuscita: o Jesus ressuscitado só se encontra com o coração e esse está mirrado, doente, morto.

Perante este deserto, o Coração do Rei Vitorioso que vinha tomar posse do Seu Reino, encontra-o devastado e sofre. Porventura a frieza que se manteve dentro de mim ao longo de todo este Dia foi-me dada pelo Ressuscitado para que eu partilhasse da Sua Desilusão. Foi este certamente o Seu Grande Dom à minha alma esta Páscoa. Por isso Lhe agradeci aquilo que só agora entendo: eu sou só um instrumento em formação; não tenho que ter vontade própria, pois até a minha vontade está sendo ainda moldada à feição do seu Senhor. Foi, por isso, a Vontade do Pai que se fez em mim!

domingo, 12 de setembro de 2010

193 — Podes desistir, Assassino!

                      — 6:06                —  MB

Creio estar perante a Grande Tentação e também perante o Grande Dom do meu Senhor. Como se Satanás tivesse dito: É agora ou nunca! Então será nunca! — respondo eu aqui prostrado, ajoelhado nesta madrugada de Páscoa, imagem pura da Desilusão.

Nem sequer atino com a escrita, estou demorando tempos infinitos a formar uma frase. É como se eu tivesse sido literalmente abandonado ao Poder das Trevas e Satanás em pessoa me estivesse torturando. Mas eu, nesta câmara de tortura, repito: Então é nunca! Então Satanás aperta mais as paredes da câmara, feitas de gelo. E conseguiu já, durante meio segundo, introduzir no meu coração a revolta.

Uma sensação de revolta contra Deus, que assim me não dá o que me prometeu, que assim me não paga toda a dedicação que para com Ele tenho tido! Isto é, Deus enganou-me, como um comerciante que me tivesse vigarizado! Isto é, eu merecia, eu acumulara méritos que mereciam uma recompensa! Uma recompensa proporcional: uma recompensa bem gorda, bem boa!

Satanás pára por momentos o avanço das paredes geladas e cruza os braços, a pensar noutra. Bem podes matutar! — respondo-lhe eu na minha luta. — Se desta vez te dei só meio segundo de atenção, desconfio que para a próxima nem sequer chegarás à minha beira. Não, ele não desistiu ainda e matuta, matuta. Os blocos de gelo manifestamente não resultam — deve estar ele concluindo.

E não resultam! — digo eu, introvertendo-me, teimoso, olhando a luzinha da minha Fé que se mantém acesa, e é agora mais uma brasa que eu tento isolar do gelo que me rodeia, uma brasa de um vermelho dolorido, mas muito vivo… Ela não se vai apagar, não, a brasa viva da minha Fé! Podes ir buscar mais gelo, podes ir buscar todo o gelo do mundo, podes cerrar ainda mais a tua noite, Satanás: quanto mais negrura puseres à minha volta, mais viva brilhará a brasa da minha Fé! Podes desistir, Assassino: estás já desmascarado. Poderias ter alguma chance, se eu não soubesse que eras tu; mas agora… bem podes espolinhar-te de raiva, Mentiroso!

— Jesus, perdoa eu ter estado a dialogar com Satanás. Eu sei que não se lhe deve passar cartão, porque isso é o que ele quer: puxar-nos para o seu terreno, levar-nos a fazer o seu jogo. Mas desta vez sinto que foi necessário e que Tu o permitiste para que fique registado o testemunho desta luta, para que fiquem desmascaradas as tácticas do Teu Inimigo e para que Tu possas assim triunfar por completo em mim, em todos aqueles que através de mim ouvirem a Tua Voz! Se for do Teu agrado, Senhor, deixa-o continuar a acarretar gelo, a ver se ele esmurra o nariz e desiste desta grotesca empreitada em que se meteu. Não Te peço, meu Jesus, que me livres da tentação, mas só que me não deixes cair em nenhuma cilada do Tentador. Bem hajas pelo aviso dos algarismos. Quero que esta Noite da Tua Ressurreição fique bem assinalada em mim pela Tua completa Vitória!

São 7:27!

sábado, 11 de setembro de 2010

192 — Vigília pascal vazia

16/4/95 — 1:35 — Rossão            — MB

Acabo de chegar da Vigília Pascal, de Castro Daire. Escrevo sentado à mesa da cozinha dominado por um enorme, estranho vazio. A Vigília vivi-a sem emoção especial. Ao passar pela capelinha da Cruz, onde me prendia uma grande expectativa, parei, fui ao postigo falar para dentro qualquer coisa que já não me lembro e… nada: a mesma indiferença. Pelo caminho pensei que isto se devesse apenas a um estado biológico de “ressaca”, depois de vários dias intensamente vividos. Mas isso, em vez de me consolar, aumenta a minha tristeza: Deus não pode estar dependente de “estados biológicos”! — digo eu cá comigo.

Os “Diálogos” entreguei-os à Ag., conforme o “combinado” com o Mestre… Vou-me deitar.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

191 — Os padres recusaram comparecer

                      — 10:36     —  MV
Estou agora, devagarinho, caminhando para onde a Luz me guia: o Mistério da Descida aos Infernos não tem tanto a ver com a morte física, mas sobretudo com a morte do coração, o lugar onde o Espírito mora. É este o Mistério que me chama, creio que precisamente a partir da hora em que celebramos a morte de Jesus na Cruz. Já esta madrugada, em resposta ao meu pedido de que me deixasse penetrar um pouco este tão silenciado Mistério, Ele me indicou o momento da Sua Paixão em que os sacerdotes pediam a Sua crucifixão e o pagão Pilatos proclamava a Sua inocência.

Agora, mais uma vez depois de Lhe pedir que me guiasse neste Mistério através da Vassula, Jesus, o meu Deus Sempre Vivo, mostrou-me, no dia 17/8/90, entre outras passagens que falam de perdão e de libertação das “garras” do “Inimigo”, esta que surgiu a propósito da recusa de “padres e arquimandritas conhecidos” em comparecer no grupo de oração: “Por isso, digo-vos: agora ide ter com o pobre! Ide ter com o cego! Alguns, encontrá-los-eis já mortos, mas Eu ressuscitá-los-ei. Reergui-vos a vós e reerguerei muitos outros. Deste modo, ide ter com o pobre e com o sofredor e assegurai-vos de que a Minha Casa fique bem cheia! Aqueles que foram convidados, em primeiro lugar, para o Meu Banquete, mas acabaram por se recusar a vir, ficarão surpreendidos ao verem o cego a readquirir a vista; o pobre a ficar rico do Meu Conhecimento; e o morto, ressuscitado para a Vida”.

Jesus anda neste momento nos Infernos chamando os mortos à ressurreição!

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

190 — Ai de vós, sacerdotes!

                      — 4:00        — MB

                                                             Jo 19, 6

Foi, estranhamente, no meio de grande alarido perturbador que aquela citação me foi comunicada. Por isso eu hesitava. Então decidi: mesmo que a citação provenha de Satanás, Deus pode transformá-la em Luz para mim, pondo Satanás ao Seu Serviço! Mas a Voz mantinha-se, insistente, no meio dos protestos. E quando eu perguntei: E seguintes?, a resposta foi, peremptória: Não; só o versículo 6!

Leio então tenso de expectativa:

“Assim que O viram, os príncipes dos sacerdotes e os guardas gritaram: ‘Crucifica-O! Crucifica-O!’. Tornou Pilatos a dizer: ‘Tomai-O vós e crucificai-O, que eu não encontro n’Ele culpa alguma’”.

Só agora, ao transcrever, tomo consciência de que se trata do v. 6, um algarismo que me remete para o Demónio. E a mensagem que o senhor me traz não me parece neste momento ser outra senão esta: os príncipes dos sacerdotes (com os seus guardas) estão do lado das trevas, enquanto que o pagão Pilatos se encontra do lado da Luz! Os sacerdotes do Povo de Deus condenam Jesus, o seu Messias, enquanto o pagão proclama a Sua inocência!

Estão também em mim presentes os algarismos da hora a que olhei o relógio e que me pedem que anuncie, na Força do Espírito. Assim: Ai de vós, sacerdotes da Igreja de Jesus, porque os pagãos vos precederão no Regresso do Senhor!

Mas eu tinha pedido a Jesus que me guiasse até ao Mistério da Descida aos Infernos. E neste momento é como se me dissesse: Aqui, nos Infernos onde Me encontro, o que vejo são os Meus sacerdotes que hoje voltaram a crucificar-Me. Como se lá, no reino das trevas, ao passar, Jesus apenas visse sacerdotes, que deveriam ser os seus grandes amigos, gritando: “Crucifica-O! Crucifica-O!”, enquanto os pagãos olham para Ele espantados com aqueles gritos, porque não encontram n’Ele culpa alguma! E neste momento rezo:

— Nesta Tua Viagem ao mais fundo das Trevas, traz contigo todos os mortos do nosso tempo, em especial os Teus sacerdotes! Ressuscita-os, Senhor, pela força da Tua Cruz que agora estou vendo em todo o Seu Poder de curar! A Tua Cruz é como Remédio que instantaneamente curasse as nossas chagas, qualquer uma das nossas chagas, por mais funda e mortífera que seja! A Tua Cruz, ah, Senhor, a Tua Cruz é um Remédio tão bom! É como se Ela fosse a própria Ternura jorrando sobre a nossa Dor, eliminando-a!

São 5:14.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

189 — O profeta Vassula

15/4/95 — 0:10 — Rossão    — MV

Não, não acordei a esta hora; não me deitei ainda. Está sendo, para mim, ainda o final do dia 14, Sexta-Feira-Santa. Quis viver par e passo as várias fases do processo de Jesus, mas não foi isso que aconteceu: tive quase sempre gente à minha volta e passei todo o tempo da manhã, até à “hora nona”, ou seja, até por volta das três da tarde, a hora em que Jesus expirou, conversando com pessoas. E os assuntos que ocupam a mente das pessoas quase nunca têm a ver com Jesus, nem mesmo no aniversário da Sua Morte, o maior espectáculo de Amor de toda a História da Humanidade!

De tarde fui até ao aglomerado de penedos que se encontram a caminho do Brejo, onde tanta coisa boa me aconteceu em Agosto. Foi aí que li, na Vassula, o comentário de Deus aos Seus Dez Mandamentos (Agosto 1990) e se agigantou em mim este Profeta do nosso tempo que Deus escolheu para confundir toda a ciência com que os homens se mantêm inchados e doentes. Fico literalmente empolgado com a tremenda Voz do nosso Deus que assim ressoa poderosa através deste frágil instrumento. Sobretudo a limpidez com que, neste caso, o próprio Deus nos conduz à Essência de cada um dos Seus Mandamentos, actualizando-Os e dando-Lhes uma Força Nova! Como é Sábio e Bom o nosso Deus!

Mas hoje um outro Mistério me está querendo abrir as suas portas: a Descida aos Infernos. Nestes momentos tão tensos de expectativa que decorrem entre a Sua Morte e a Sua Ressurreição que fez Jesus? Que fez o Pai com o Seu Único Filho? Está ardendo dentro de mim já este Mistério. Se ao Senhor assim aprouver, ele há-de inundar-me o coração.

São 0:32.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

188 — A túnica do sacerdote

                      — 9:58 — MB

E aqui estou eu, às voltas com o Dom que esta noite recebi: Jesus deu-me a Sua túnica. A veste do meu sacerdócio foi-me entregue da Cruz no auge da Dor de Deus! Estou relacionando esta dádiva com a Eucaristia, já que me foi oferecida por aquele Corpo entregue por mim e por todos os homens, para remissão dos pecados. E Jesus está-mo confirmando com aqueles algarismos: o Deus Altíssimo, Três Vezes Santo (9) oferecendo Jesus (5) para salvação deste mundo doente pelo Pecado (8). Está-me presente no espírito também, de forma insistente, a Mãe de Jesus, de que João fala logo a seguir ao episódio da túnica, oferecendo-nos a Sua Mãe como nossa Mãe. Ela é o corpo de que Jesus recebeu o Seu Corpo naquele momento entregue no auge da Sua Dor. O corpo da Mãe sofria horrorosamente também. Ela era ali a porção da nossa humanidade já resgatada formando no Dor um só Corpo com o corpo de Deus.

A Eucaristia é amar com toda a nossa humanidade. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida. A Eucaristia é Deus amando com toda a Humanidade que de nós recebeu através da Virgem de Nazaré. Jesus é em verdade Vítima Humana e Sacerdote Supremo ao mesmo tempo, ali na Cruz. A Humanidade recebeu-A da Virgem-Vítima; o Sacerdócio recebeu-O do Pai, cujo Coração, no Alto, sangra.

Eis o Mistério da Fé, que eu apenas vislumbro. Sei apenas que deste Sacerdote assim sangrando recebi a túnica.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

187 — O soldado a quem coube a Sua túnica

14/4/95 — 2:53 — Rossão     MB

                                                       Jo 19, 23ss

Duas horas depois de me ter deitado. Eu tinha ido à capelinha da Cruz. Estava um luar tão brilhante, que eu podia ler. Creio que foi o Senhor que para lá dirigiu os meus passos por volta das 23 horas. Fui sempre rezando ao mesmo tempo que ia lendo, na Vassula, o dia… 5 a 29 de Agosto de 1990, em que o próprio Deus faz um comentário aos Seus Dez Mandamentos e ao comportamento dos homens perante Eles. Pedi ao Senhor muitas coisas, neste aniversário da noite em que Ele foi entregue, disse-Lhe que gosto muito d’Ele, que me fizesse participar na Sua agonia desta noite.. Lá em cima, junto à capelinha, pedi-Lhe, ajoelhado, que me desse Sabedoria para governar o Seu Povo conforme a Sua exacta Vontade. E pedi-Lhe muitas coisas mais. Sobretudo que aumentasse a minha Fé. Foi até esse o motivo que me fez meter ao caminho, àquela hora da noite, sozinho: eu queria que a minha Fé superasse todos os medos. Dizia-Lhe eu que, se O sentisse em verdade junto de mim, nenhum medo me entraria no coração. Como nenhum medo há numa criança que caminha junto do seu pai. Fui, pois, tranquilo. Mas não aconteceu ainda aquilo que eu desejaria: sentir o sofrimento do meu Senhor no Getsémani. Então oferecia-Lhe toda a minha frieza e incapacidade, a minha vaidade e ambição. Regressei cerca da meia-noite, perguntando-Lhe ainda porque me não falou do Mistério da Eucaristia esta noite instituído. Mas abria os braços, respirava fundo e pedia ao Espírito que encharcasse de Vida todas as células do meu ser. Perguntei-Lhe, por fim, como queria que passasse esta noite. E Ele acordou-me à hora que assinalei, talvez servindo-se de um forte vento que sopra na janela e faz bater a porta.

São agora 3:51. Continuo lento, pesadão, o espírito como que embotado, envolvido em névoa. Por isso não consigo perceber o que me quer o Senhor com o texto que me indicou. Trata-se, de facto, de um dos episódios da Sua Paixão, mas tão marginal, que nem sei porque é que o Apóstolo João o assinalou; é a referência às vestes de Jesus: “Tendo os soldados crucificado Jesus, tomaram as Suas vestes – de que fizeram quatro partes, uma para cada soldado – e também a túnica. A túnica, toda tecida de alto a baixo, não tinha costura”.

A minha Bíblia tem uma nota a este v. 23: “Talvez João queira revelar que Jesus é o nosso Sumo Sacerdote. A túnica dos sacerdotes devia ser sem costura”.

– Tu és o soldado a quem coube em sorte a Minha túnica – diz-me agora Jesus – Veste-a e não a manches!

E o meu coração parece não ter força nenhuma para vibrar com o Dom que me está sendo entregue. Recebo a túnica sem a emoção que seria de esperar, meio aparvalhado, bronco. Meto-a debaixo do braço e vou-me embora, olhando para ela com olhos lassos e baços, meditando vagamente no seu significado, sem ter verdadeira noção do que aqui levo. Mas agarro-a bem, ai isso agarro. Vou guardá-la em sítio escondido e digno quanto possa ser.

E só agora, lentamente, pasma o meu coração grosso, amorrinhado. Nunca me poderia passar pela cabeça que um episódio “tão marginal”, se pudesse tornar para mim tão fulcral!

– Jesus: Do fundo da minha letargia, através do meu ser tão opaco ainda, eu, como posso, queria dizer-Te que Te amo. A sério: amo-Te muito. Não tenho mesmo mais nenhum amor sobre a terra. Tenho é algumas fixações ainda, a isto e àquilo, umas menos, outras mais fortes, mas Tu vais, à Tua maneira, segundo a Tua espectacular Pedagogia, cortar-me todas as amarras que me prendem ainda ao cais. Não, não é para fugir da terra; é para ir ao mar recolher todos os náufragos, reunir todos os que há muito sonham, percorrendo a Tua Imensidão. Depois quero voltar e hei-de voltar, meu Senhor. Falarei às gentes da Tua Imensidão, porei à disposição das multidões a minha vida para encaminhar para Ti todos os corações que quiserem encontrar-Te. Faremos depois a Grande Festa, meu querido Senhor! E Tu estarás ali no meio de nós sem que ninguém pergunte mais por mim, por nenhum dos corações que Te encontraram: só Tu serás centro e alvo de todos os olhares. Porque Tu serás a Felicidade de todos os corações!

São 4:41!

domingo, 5 de setembro de 2010

186 — Um novo Resto está em formação

13/4/95 — 4:13   —  MB

Levantei-me com esta interrogação dentro de mim, tão insistente que ainda agora perdura:

“Porque procurais entre os mortos o que está vivo?”

E era como se eu devesse anunciar esta Mensagem sobre os telhados, tal era a força e a insistência. Também, de tantas vezes e tão energicamente repetida, quase me parecia inculcar que deverá ser este o cerne da minha pregação. O 4 da hora a que olhei o relógio manda-me efectivamente pregar.

Mas vamos ver se o Senhor me vai confirmar isto, ou se me quer a atenção e o coração noutro assunto.

                                                                       Miq 4, 7ss

É assim que eu ouço. E vou ler o que a minha Fé me mandou… E eis aqui a Bondade do meu Senhor:

“Dos estropiados farei um resto, e dos afastados um povo poderoso. O Senhor reinará sobre eles no monte Sião, desde agora e para sempre”.

Não sei se alguém imaginará a alegria que eu sinto por o Senhor assim me falar como um Amigo muito querido e muito sábio, que ensina sem impor e guia sem empurrar. Não sei se alguém conseguirá medir a confiança que eu tenho n’Ele. Que admira que o meu maior gosto seja executar-Lhe os Desejos todos, todinhos?

É, pois, dos “estropiados” e dos “afastados” que a Mão do Senhor fará “um resto” crescendo até se tornar “um povo poderoso”. Os versículos seguintes confirmam: “Sairás da cidade e habitarás nos campos; irás até Babilónia e lá serás livre”(v. 10). É, portanto, entre os excluídos que germinará o Novo Céu e a Nova Terra que aí vem. A maioria não é o terreno de eleição do Senhor. Mas entre a minoria que o velho céu e a velha terra desprezaram será de novo Rei o próprio Senhor da Vida: “O Senhor reinará sobre eles no monte Sião” e este reinado será firme e irreversível, será “desde agora e para sempre”! Nós até já o vimos e se maravilharam os nossos olhos e se encantou o nosso coração. Mas esquecemo-lo, deixamo-lo devastar e secar o País do nosso Deus. Mas um novo Resto está em formação e dele jorrarão rios que acordarão todas as sementes na terra árida, como outrora: “E tu, torre do rebanho, fortaleza da filha de Sião, virá até junto de ti a soberania de outrora”.

Havemos de tê-Lo então vivo e forte entre nós, o nosso Rei e não mais O procuraremos entre os mortos!

Meu querido Senhor, como és bom!

São 5:32.

sábado, 4 de setembro de 2010

185 — A potencialidade e a expectativa

                      — 15:38 — MV

Uma dúzia de coisas deveria ser registada. Várias vezes empreguei o termo “catadupa” ou “avalanche” para designar situações iguais a esta. O Dom do Senhor, quando irrompe, é torrencial. Diríamos que afoga ou que esmaga. Sentimo-Lo então Deus. E agora me lembro: hoje de madrugada eu referi esta mesma sensação no contexto da nossa indigência e incapacidade; agora estou vendo-a no contexto da Abundância. Em ambos os casos está implícita a sensação de gratuidade: o Dom de Deus aparece-nos gratuito porque nada temos para dar em troca ou porque é excessivo relativamente a qualquer limite até onde poderia ir o nosso desejo e a nossa ambição.

Mas a característica comum a todas as coisas que eu gostaria de registar é agora a potencialidade e a expectativa. É como se me tivessem sido mostradas desta vez só em semente e tivessem sido logo enterradas para começarem já a germinar. É o caso dos três quatros desta madrugada: eu paro, tenso, à espera da ordem concreta para anunciar, para passar à execução; é o caso do 8 que me aparece no início deste texto: o Mistério da Mãe de Deus está germinando em mim; é o caso — a propósito do 8 — de um telefonema recebido de Sabrosa para ir lá falar sobre “O Oitavo Dia” num encontro de professores e logo a seguir, consultado o relógio, me ter aparecido 18:11: que Luz (três uns!) posso eu transmitir, com base naquele trabalho, em encontros deste género?; é o caso — e este realça-se sobre todos os outros — do texto bíblico desta madrugada que eu estou relacionando com o de ontem (Ez 3, 1ss): comer o rolo da Palavra e beber o Sangue em que se funda a Nova Aliança… isto não é uma espectacular Semente cheia de insuspeitadas riquezas?

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

184 — Não sei ensinar como o meu Mestre

12/4/95 — 9:56 — MV

“Sou uma pobre infeliz” — lamenta-se a Vassula, em 28/7/90. É esta precisamente a situação em que muitas vezes me encontro. Um pobre infeliz. Sem ninguém, sem forças, sem nada, sem saídas, sem caminho. Só uma completa indigência. Só uma inultrapassável impotência. E quando actuo, sempre o senso comum me aponta erros, erros em todos os campos, em todas as situações. Definitivamente, eu sou, onde quer que esteja, um enorme pedregulho de tropeço, uma autêntica pedra de escândalo. Nunca tive onde reclinar a cabeça descansado. Como frade, como padre, como marido, como pai. Fui um permanente desinstalado sempre. E parece que o meu trabalho tem sido sempre desinstalar os outros. Ainda assim, onde os estragos são menos notórios é no exercício da minha profissão de professor. Mas mesmo aí nunca estou quieto e tento introduzir factores de desvio da rotina, de desinstalação, quer nas aulas, quer em actividades circum-escolares. Até agora isso ainda não provocou nenhuma explosão, mas cheira-me já a pólvora e não me admira nada que um dia destes haja, também neste terreno, um rebentamento. E, se houver, nesta ponta final a culpa é toda do meu Mestre, que me retém horas seguidas a ensinar-me coisas, muitas coisas insuspeitadas e a ensinar-me como é que se ensina. Acontece apenas que aprender com Ele, ai lá isso tenho aprendido; mas ensinar como Ele, isso é que eu ainda não sei: estou dando só alguns primeiros passos. Estou ainda longe de entrar em estágio…

Um pobre infeliz. E quando, numa situação destas, caído, ferido, abandonado, me confronto com a missão que Jesus insistentemente me diz e confirma ser a minha na Sua Igreja, no Seu Mundo, que sensação posso eu ter senão a de um absurdo completo, a de uma total impossibilidade? Que admiração, pois, de que por instantes eu duvide, eu ponha tudo em causa? Sinto que Ele me tem perdoado sempre estes momentos, colocando a Sua Grande Mão sobre a minha cabeça, como quem diz que sossegue, que não está admirado, que me não leva a mal, que compreende inteiramente. Porque a Fé logo volta, às vezes frágil outras vezes muito forte, exaltante, como um enorme rochedo, como uma árvore secular.

Um pobre infeliz. E é sempre aqui que sinto também da forma mais nítida, a Omnipotência do meu Mestre e O sinto como verdadeiro Deus, consubstancial ao Pai, por Quem todas as coisas foram feitas! É sempre aqui que Lhe digo, com total consciência do que estou a dizer, com total sinceridade de coração: Se não fores Tu a fazer as coisas, todas as coisas, ninguém as fará! Eu não posso fazê-las por impotência; os que as tentam fazer por si mesmos sinto que estão construindo uma ruína. Como aquele destituído mental que, tendo-lhe a casa sempre caído a meio da construção, mesmo assim teima em recomeçar sempre de novo.

E aqui estou eu guardando todas estas coisas que não entendo, meditando-as no meu coração. A leitura desta madrugada por exemplo. E ouvindo Jesus através da Vassula dizer-me: “Tu és pobre, mas Eu posso tratar de ti. Basta-Me dizer-te: Cresce! Floresce!”.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

183 — O executor fulminante das ordens de Deus

12/4/95 — 4:44!   MB

É claro que me impressionaram aqueles algarismos. Mas não sei em concreto mais nada, a não ser que devo anunciar, evangelizar, executar ordens. Mas anuncio o quê? Como? Onde? Procuro dentro de mim e não encontro resposta. Só um grande reboliço. Como uma luta. Luta, reboliço – dois termos que remetem para Satanás. E é lógico que ele ande por aqui: está-se aproximando a largos passos – sinto-o de forma muito intensa – a Luz que brilhará nas suas trevas e desmantelará o seu reino. Ora eu tenho nesta Vinda um papel a desempenhar e para isso estou sendo preparado com rapidez e eficiência, apesar do bloco informe que eu era, sou ainda certamente. Por isso o Intrometido(= Diabo) deve andar furioso. Mas eu confio na Bondade do meu Senhor e sei que Ele vai levar a bom termo a Sua Obra em mim; porque eu Lho pedi com Fé e Ele é fiel e persistente e paciente.

— Miguel, meu querido Arcanjo, eu gosto muito de ti. Sinto-me empolgado com a tua missão de executor fulminante das Ordens do nosso Deus, o Senhor dos Exércitos. Pede-Lhe, pois, ao teu e meu Chefe, que te permita vir expulsar Satanás das redondezas do meu coração. Eu sei que, se tu vieres, o Mentiroso foge a sete pés, acagaçadinho de todo. Vem, Miguel — Quem-Como-Deus?!

Sinto que Satanás opõe desta vez muita resistência. É uma luta feroz, mas Quem-Como-Deus vencerá irremediavelmente, pondo Satanás ao serviço de Deus. Mas que me quer o meu Senhor? Há em mim uma ânsia grande de evangelizar, de falar daquilo que vi e ouvi, de proclamar as Maravilhas do nosso Deus, contudo sei que cada coisa tem o seu tempo e que tudo deve ser feito na hora exacta que o Seu Plano prevê. Quero é estar preparado como cão perdigueiro atento ao menor sinal do dono. Quem me dera ouvir, nítida , a Sua Voz! : correria logo a executar a Sua Vontade, como perdigueiro. Vou à procura dela, da Sua Voz, pela via costumada, porque, estranhamente, a minha frágil audição interior, até essa, está sendo perturbada ainda, de forma insistente… O Demónio parece resistir desta vez para além do que costumam ser as suas forças perante o Arcanjo da Luz. Mas eu creio, e a minha Fé sempre me salva. Abro o Grande Livro da Vida e…

“Este cálice é a Nova Aliança no Meu sangue; todas as vezes que o beberdes, fazei-o em Minha memória”!

O dedo apontou com extrema precisão o início desta frase. E creio que devo delimitar, como contexto, apenas

                                                               I Cor. II, 23-27

O versículo apontado é o 25 e nem sequer é o início. A precisão do dedo-seta fez-me concentrar a atenção precisamente lá onde o dedo apontou: “Este cálice é a Nova Aliança”. O contexto é o relato da instituição da Eucaristia feito por Paulo. Mas porque apontou o dedo ali e não no início? Insiste-me e realça-se-me no coração a expressão “Nova Aliança”. Mais ainda do que “cálice”. Mas não deixo de fixar que esta Nova Aliança é “no Meu sangue” – diz o Senhor. Sintetizando, o que aqui me sobressai é a ideia de Novo associada à Cruz. Que quer o Senhor que eu anuncie? Ele vai dizer-mo com precisão, tenho a certeza!

São 6:24.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

182 — A Heresia de Jesus

                      — 9:34:13

Não sei se o exército infernal se retirou para longe, ou se está só projectando nova investida. Atravesso um momento de alguma acalmia, mas o que me rodeia são destroços, como acontece depois de qualquer combate, ou depois da passagem de um tornado.

Como é possível acontecer um abalo destes na minha Alma, ainda agora? Não deveria ela ser já a Alma de um Filho de Deus, robusta, omnipotente, de visão clara, intemporal? E Jesus, com o luminoso exemplo da Sua própria vida terrena, responde-me que a minha Alma, desde que O encontrou e por Ele se apaixonou, recebeu um irrecusável convite: segui-Lo pelos Seus exactos passos, até finalizar o curso da sua vida terrena. E nós sabemos todos que os mais devastadores ataques de Satanás se situaram precisamente no fim da vida terrena de Jesus. Não posso eu, portanto, querer que seja comigo de outra maneira.

Mas nós estamos acostumados a pensar que os ataques do Inimigo a Jesus, embora O tivessem feito sofrer muito no corpo e no espírito, nunca O atingiram nas Suas convicções interiores, na inabalável robustez da Sua Fé, na imanchável Certeza da Sua Missão, no Seu Amor, que sempre supomos ardente e límpido como o Amor do próprio Coração de Deus. Ele nunca teve dúvidas, Ele nunca vacilou em nenhum passo que deu, Ele estava sempre possuído da “visão beatífica” própria da Sua condição de Deus que nunca deixou de ser - dizemos nós, porventura possuídos de sincera intenção de enaltecer o nosso Redentor.

Ora aquilo que Jesus me tem feito escrever contraria frontalmente esta visão de um Jesus apenas dorido com as nossas dores, mas não tendo que suportar nunca as Suas próprias deficiências como nós suportamos as nossas. Muitas vezes, perante esta visão que era também a minha e perante a minha resistência em aceitar as Suas deficiências tão graves e diversificadas como as minhas, eu O ouvi gritar, ou gemer, numa atitude de confrangedora impotência: “Por favor, aceitai a Minha Incarnação!”.

E foi assim que Ele me levou a escrever as heresias que por todo o lado sarapintam esta Profecia. Elas são todas filhas daquela monstruosa Heresia gritada pelo Filho do Carpinteiro na Sua retinta linguagem humana, tão concreta, tão carnal, que ficou gravada para todos os séculos futuros sem tradução, na própria língua que a Sua Mãe e o Seu Pai Lhe haviam ensinado, igual à do povo em que viveu incarnado: “Eli, Eli, lamma sabactani?”! Agora todos sabemos papaguear a tradução: “Meu Deus, Meu Deus, porque Me abandonaste?”. Mas não vemos nunca com o coração o que estamos dizendo: que Deus abandonou Jesus! Que Deus abandonou o próprio Filho! Que Deus abandonou Deus!

Será que nunca mais ouviremos o nosso Irmão Jesus pronunciar esta gigantesca Heresia? Deus abandonou Jesus a todas as dúvidas, a todos os temores, a toda a escuridão que nos atinge a nós nesta Desolação! E Jesus nunca deixou de ser Deus! Deus, portanto, conheceu a Ausência de Deus!

Como eu conheço, a espaços. Como eu tenho conhecido de forma brutal, nestes últimos dias. Sei, por isso, que vou chegar à Ressurreição.