No jardim da casa
Escrevendo ...
Breves dados biográficos

O meu nome é Salomão. De apelido Duarte Morgado.

Nasci no ano de 1940 em Portugal, na aldeia do Rossão, da freguesia de Gosende, do concelho de Castro Daire, do distrito de Viseu.

Doze anos depois, 1952, entrei no seminário menor franciscano: eu queria ser padre franciscano.

Doze anos depois, 1964, fiz votos perpétuos na Ordem dos Frades Menores de S. Francisco de Assis seguidos, ao fim desse ano lectivo, da ordenação sacerdotal: eu era o padre que tanto queria ser.

Doze anos depois, 1976, pedi ao Papa dispensa dos votos que era suposto serem perpétuos e do exercício do sacerdócio, que era suposto ser para sempre, casei e tornei-me pai de quatro filhas.

Doze anos depois, 1988, fiz uma tentativa extrema para salvar o meu casamento, saindo de casa. Mas o divórcio de facto consumou-se.

Doze anos depois, 2000, surgiu na minha vida o mais inesperado acontecimento, que começou a ser preparado, sem que eu disso tivesse consciência, no meio deste ciclo, 1994. Foi aqui que comecei a escrever a longa Mensagem que senti Deus pedir-me que escrevesse em Seu Nome e a que Ele próprio deu o título de Diálogos do Homem com o seu Deus no Tempo Novo. Os textos agora aqui publicados são excertos desta vasta Profecia preparando a sua divulgação integral, no tempo oportuno, que desconheço.


Moro há 30 anos em Leça do Balio, concelho de Matosinhos, distrito do Porto.


Não são estas palavras mais do que um testemunho daquilo que vi, ouvi, senti, toquei. Não estão por isso sujeitas a nenhuma polémica. Todos os comentários que se façam, ou pedidos que se queiram ver satisfeitos, sempre serão respondidos apenas com novos textos: de mim mesmo não tenho respostas.




Observações


Muitos e verdadeiros Profetas têm surgido nos nossos dias. Um deles é Vassula Ryden, cuja profecia, "A Verdadeira Vida em Deus", teve um decisivo relevo no meu chamamento a esta missão e revela uma estreita complementaridade com esta Mensagem que escrevo.

Os algarismos desempenham nesta Profecia um papel muito importante como Sinais. Foram adquirindo progressivamente significados diversos. Assim:

   0 – O Sopro da Vida. O Espírito Santo.

   1 – A Luz. A Unidade. O Pai.

   2 – A Testemunha.

   3 – O Deus Trino. A Diversidade.

   4 – O Mensageiro. O Profeta. O Anúncio. A Evangelização.

   5 – Jesus.

   6 – O Demónio.

   7 – O Sétimo Dia. A Paz. A Harmonia.

   8 – O Oitavo Dia – O Dia da Queda e da Redenção. O Homem caído e redimido. Maria de Nazaré.

   9 – A Plenitude de Deus. A Transcendência. A Perfeição. O Regresso de Jesus. O Nono Dia.

Alguns agrupamentos de algarismos adquiriram também um significado próprio. Os mais claramente definidos são estes:

   10 – Os Dez Mandamentos. A Lei. A Escritura.

   12 – O Povo de Deus. A Igreja.

   22 – As Duas Testemunhas de que fala o Apocalipse.

   25 – A Alma humana.

   27 – Salomão, o meu nome que, derivando do termo hebraico Shalom, significa o Pacífico, a Testemunha da Paz.

quinta-feira, 31 de julho de 2014

1369 — O Omnipotente fez-Se impotência


22/11/96 3:33

   Esta imagem determinou que me levantasse logo, tal como naquele Setembro de há dois anos. Mas não há dentro de mim nada da frescura e do entusiasmo de então. Era ela nessa altura o Sinal da Presença de Deus. Uma Presença viva e pessoal, que eu não conhecia e por isso me empolgava e alvoroçava todo o ser. Por isso agora fiquei triste: a imagem arrancou-me da cama, mas, para além deste movimento, pouco mais fez em mim; estou povoado de uma aridez tal, que é quase indiferença. Nenhuma ânsia e nenhuma expectativa: só a mágoa me enche o coração.

   Jesus, no entanto, veio mostrar que é o meu Amigo de sempre: logo que comecei a escrever Ele me disse, à Sua maneira, que esta frieza não é sinal de ausência de Deus e foi precisamente para me dizer isso que me trouxe aquele Sinal. Mas onde está Deus então, que O não sinto de forma nenhuma e só esta aridez e esta mágoa me enchem o coração?

   Fala comigo, Mestre. Ainda falta muito para chegarmos? Dói-me tanto esta ausência…

   Meu pobre companheiro, vê como estou, Eu também.

   Também Tu? Que ausência pode haver no Teu Coração? Custa-me tanto entender isso… E tenho medo, um teimoso medo de que, fazendo-Te assim tão humano, Te perca como Deus. Quem nos tirará daqui, se também Tu estás reduzido à minha impotência?

   Olha outra vez o Sinal que te trouxe hoje. Que diz ele?

   Que Deus é Três Vezes Trino.

   Que quer isso dizer?

   Que em cada Pessoa da Trindade está a Plenitude de Deus.

   Então olha agora de novo a nossa impotência, Meu amigo tão pequenino e tão frágil e diz-Me: quem nos tirará daqui?

   A nossa própria impotência, meu querido, meu pobrezinho Amigo.

   Porquê a nossa impotência? Como pode a impotência poder o que quer que seja?

   – Justamente porque nada pode, provocará a Ternura do Céu e todo ele descerá à terra! Ah, meu frágil Amor, nesse Dia a terra ficará irreconhecível, porque, de Deserto que era, virará Habitação da própria Vida. Uma estrela brilhará de novo no oriente e todos os povos acorrerão a ver o Prodígio: Deus fez-Se impotência por nosso amor! E por isso se encheu a nossa fragilidade da Omnipotência de Deus! Jesus!... Adormeceste? Olha, não adormeças agora…espera um pouco, diz-me primeiro que gostas de mim, que esta aridez não é ausência…

   Jesus adormeceu, de cansado. Tão querido o meu companheiro! Tão frágil o meu Amor! Só Deus pode amar assim!

quarta-feira, 30 de julho de 2014

1368 — O Espirito Santo e os raciocinadores


21/11/96 10:03:03

   Esta imagem fala-me muito intensamente da acção do Espírito Santo. Ele é a própria Presença Activa da Trindade Santíssima.

   Mas é uma Pessoa!

   Nunca entenderemos isto com a razão! Aliás nem com o coração entenderemos. O coração sente que é assim e pronto. Nunca ninguém conseguirá explicar a ninguém porque é que é assim. Mas o coração sente o Espírito Santo como uma Pessoa distinta das Outras Duas. A razão interroga-se como pode uma Presença em todo o imenso espaço existente e em todo o imedível tempo passado e futuro ser uma Pessoa. E não vai entender isto nunca. No entanto o Espírito é uma Pessoa autónoma e livre assim sente o coração purificado por Deus. A razão pergunta que é da Presença do Pai e do Filho em nós, se a própria Presença do Pai e do Filho é uma Pessoa distinta d’Eles. Mas vem o coração curado por Deus da sua cegueira e afirma com simplicidade infantil distinguir a Presença do Pai da Presença do Filho e estas Duas Presenças distingui-Las bem do Espírito Santo, Presença activa da Plenitude de Deus em nós, no Universo inteiro, no tempo todo. Meus bons amigos raciocinadores, eu conheço os becos a que vos conduziu a vossa Razão e os outros becos a que vos conduziu a tentativa racional de sair dos primeiros becos. Ouvi: não está na hora de vos perguntardes se não haverá outra fonte de conhecimento além da Razão? E se a Razão fosse mesmo a tábua de salvação a que o orgulho humano se agarra por ter temerariamente abandonado o navio largo e seguro que o estava conduzindo ao verdadeiro Conhecimento? Há momentos na vida em que é preciso fazer opções destas assim: opções radicais. Quanto mais não seja porque nada temos a perder. Vede: que produziu até agora a Razão? Intensificou a vida entre os homens e destes com a vida que os circunda? Não é fácil ver que quanto mais a Civilização cresce, mais a vida minga e morre? E não é a Cidade toda fruto da Razão? Vede se não diz a Cidade, quando as coisas correm mal, que o mal se elimina e as coisas se aperfeiçoam racionalizando. Vede então: aperfeiçoa-se a comunicação entre as pessoas construindo uma auto-estrada mais, fazendo mais aviões, pondo nas mãos de cada cidadão um automóvel, em todos os quartos uma televisão, em todos os desejos um computador. Fazei agora as contas, meus amigos da Razão e da Cidade: quantas ervas e árvores se mataram, quantos animais se impediram de correr no Verde, quantos pulmões se engelharam, quantos corações resfriaram?

terça-feira, 29 de julho de 2014

1367 — Uma inconsciente leviandade?


21/11/96 1:39

   O facto de o meu pensamento não ter ido para Jesus logo ao acordar alarmou-me: não era assim há uns tempos, não era certamente assim naqueles primeiros tempos em que, mal os meus olhos se abriam, já me acordava alvoroçado o coração, como nas primeiras paixões dos enamorados. Que quer então agora isto dizer?... E de novo estava divagando já! Que se passa? Eu estou fugindo de Deus? Estagnou o meu processo de conversão? Que consistência e que autenticidade têm tantas declarações de amor gravadas nestas páginas, ontem ainda por exemplo, se ao acordar o meu pensamento não vai para Aquele que digo amar?

   Que é isto, Mestre? Deixa-me entender o que se passa comigo. Explica-me este estranho comportamento da minha alma. Eu tenho sido falso?

   Se tens sido falso, são falsas todas estas quatro mil páginas manuscritas. Não podes ser falso quando dizes que Me amas e ser verdadeiro em tudo o resto que escreves. Tenta resumir numa palavra todos estes textos.

   Amor?

   Porque hesitaste? Pode ser outra coisa qualquer?

   Não. Se não for amor aquilo que aqui está escrito, então é tudo obra de Satanás.

   Porquê?

   Porque em cada página aqui se declara que tudo o que fica escrito vem de Deus; se for falsa esta declaração, só pode ser um sacrilégio.

   Mas não pode ser apenas uma inconsciente leviandade destinada ao cesto dos papéis?

   Sinto que não, mas não Te sei responder porquê.

   A que horas te levantaste?

   À 1:39.

   Há quanto tempo te levantas assim a meio da noite para escrever?

   Há dois anos e três meses.

   Faz a conta. Quantas noites dá?

   Mais de oitocentas.

   E quais foram os resultados destas oitocentas noites de escrita?

   Alguns insultos, muito cansaço, muitas lágrimas da minha parte, muitas dúvidas, muitos momentos de verdadeiro encanto e pasmo… Ah, e alguns milhares de escudos gastos. Para já foi só isto.

   E “só isto” pode ser “uma inconsciente leviandade”?

   Acho sinceramente que não. Mas a minha sinceridade não convence os sábios. Eles querem provas e eu não as tenho.

   E que te importa provar seja o que for aos sábios?

   Tu gostas deles tanto como de mim…

   E é com provas que eu os amo?

   Tu desces a toda a miséria em que nós nos encontramos.

   As provas são a miséria em que eles se encontram?

   Estou vendo assim. As provas, as demonstrações, as deduções lógicas, são o chiqueiro em que eles continuamente chafurdam.

   E para os trazer ao Meu Coração eu devo fazer-Me também para eles prova e demonstração e dedução lógica?

   Isso eu não sei, Mestre. Mas atrevo-me a pedir-Te que Te faças aquelas coisas todas que acima de tudo Te devem repugnar, se só assim lhes puderes ressuscitar os corações. Se quiseres serve-Te de mim, embora, como tu bem sabes, eu não tenha jeito para aquelas coisas. Mas olha, Mestre: talvez usando os sábios já convertidos pela via do coração… Desculpa… Porque Te estou eu a dar sugestões?

   E porque não?

   Tu sabes tudo, Mestre; não precisas de sugestões!

   Ah, Meu Profeta, não entendeste ainda a Minha Incarnação!...

   Estou vendo agora: ela não fez apenas de ti nosso Irmão; ela fez também de nós irmãos Teus! Meu querido Mestre! É por isso que Tu tantas vezes nos pedes, através da Vassula, que digamos “nós”?

   Ah, se soubésseis como Eu tenho sede de que sejais Meus irmãos…

segunda-feira, 28 de julho de 2014

1366 — Por favor!


20/11/96 11:50:11

   Mudos e frágeis embora, os Sinais que o Senhor me deu vão-me conduzindo de forma permanente e segura. Tal como esta noite, também agora se me realçam em luz forte o 5 e o 0 – Jesus e o Espírito. E eu sigo o caminho que eles apontam, de orelha afitada, de coração tenso. E progressivamente se me enche a alma da Vontade do meu Senhor: Ele é a Luz da Luz (11) que, pelo poder omnipotente do Espírito (0), Se fez Carne (5). O segundo conjunto 11 aponta-me para as Duas Testemunhas celestes – Jesus e Maria. Assim, toda a imagem me conduz ao Mistério da Incarnação, conforme mo tem mostrado o Mestre ultimamente; a Luz pura fez-Se, em Jesus, carne igualzinha à nossa; e a nossa carne fez-se, em Maria de Nazaré, pura Luz da Luz! Admirável Mistério do Amor do nosso Deus, que nem os homens, nem os anjos jamais entenderão e perante o qual o próprio Deus Se fez eterna Surpresa para Si mesmo!

   Nunca como agora senti Jesus tão próximo de mim como homem, como carne da minha carne! Deve ser heresia, porque se tornou para mim a grande revelação dos últimos tempos: Jesus é tão humano, que não só tem dúvidas como eu, não só Se cansa como eu, mas até tem preguiça como eu e Lhe falta a coragem, como a mim! E zanga-Se e irrita-Se, do mesmíssimo modo que eu. E boceja, de moleza, tal qual me acontece a mim! E se Lhe apetecer um bagacito, bebe o bagacito e, enquanto não vir razão para isso, não Se priva do copito de vinho à refeição e, embora interrogando sempre o Pai a saber da Sua Vontade, vai comendo sempre conforme o apetite que Lhe dá. Tal qualzinho eu! Ele é mesmo um Irmão muito querido. Por isso pede tantas vezes: Por favor, aceitem-me como um de vós!

domingo, 27 de julho de 2014

1365 — A Bíblia e as outras Profecias


19/11/96 14:41:43

   Quero ouvir-Te através da Bíblia, Mestre.

   Porquê através da Bíblia?

   Não sei. Mas Tu saberás; foi um desejo que me surgiu agora e os desejos bons vêm todos de Ti.

   Que te chamou a atenção naqueles Sinais acima?

   O 4.

   Que te diz ele?

   Assim de repente só me diz que anuncie, que escreva.

   E que poderás tu escrever? Tens algum assunto em mente?

   Nenhum. Apenas há pouco me estava maravilhando, porque se me tornou claro que Tu confirmas o que escrevo através de um dos três livros que sempre trago comigo: a Bíblia, a Vassula e um ou mais volumes destes próprios Escritos.

   Como confirmo Eu o que escreves?

   Abrindo-me, depois de cada texto registado, por mais estranho que me pareça, em páginas que ao mesmo assunto dos textos se referem.

   Em qualquer dos três Livros? – Isso, com maiúscula.

   Em qualquer deles. Mas de há uns tempos para cá mais frequentemente nestes Diálogos.

   Refere a objecção que está no teu espírito.

   É claro! – dirão muitos. – É natural que aquilo que tu próprio escreves confirme as tuas ideias.

   E tu que responderias a uma objecção dessas?

   Que aquilo que eu aqui escrevo não são as minhas ideias. Acresce que nem sequer são ideias o que aqui vai ficando escrito.

   Então o que são?

   Não sei como lhe hei-de chamar.

   Põe-lhe o primeiro nome que te ocorrer.

   Suspiros de Deus.

   Quem te sugeriu essa expressão?

   Não sei. Ocorreu-me, literalmente, sem nada procurar. Veio-me assim.

   Diz outra vez o que é um suspiro.

   É o ar impondo-se inesperadamente, sem que o programemos ou controlemos.

   Que revela o suspiro?

   Profunda emoção. Dependência do coração.

   Sabes agora porque chamaste a estes Escritos “Suspiros de Deus”?

   Porque são Mensageiros do Teu Coração?

   Como todos os escritos bíblicos. E toda “A Verdadeira Vida em Deus”, do Meu profeta Vassula.

   Jesus, vão-me chamar endemoninhado ou louco!

   Justamente o que Me chamaram a Mim.

   Insultos destes são o sinal de autenticidade das Tuas testemunhas?

   Sabes que em Mateus cinco estão as Bem-aventuranças. Lê o versículo nove.

   “Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus”

   Que significa o teu nome?

   Pacificador.

sábado, 26 de julho de 2014

1364 — Quanto mais humanos, mais divinos


19/11/96 9:18:12

   Quero conversar Contigo, Mãe.

   Aqui estou. Que Me queres dizer?

   Não sei.

   Não sabes o que queres conversar Comigo?

   Não. Só sei que o meu desejo neste momento é conversar Contigo.

   Não trazes nenhuma história para Me contar?

   História? Uma história assim… com enredo e tudo…não, acho que não tenho.

   Se alguém viesse agora ter contigo, com sede de Deus, de que lhe falavas?

   Talvez daquilo que me tem encantado nos últimos tempos: a humanidade do nosso Deus.

   Mas não dizes tu que é justamente a humanidade de Deus que ocupa estas quatro mil páginas?

   Pois é, Mãe. Desde a primeira página: aí declaro que estou “abananado” por Deus falar a minha linguagem.

   Então…?

   É que não pára de me surpreender a humanidade de Deus.

   Que te surpreendeu agora de forma especial?

   O facto de nós podermos satisfazê-Lo completamente na nossa solidariedade de companheiros.

   Não sabias isso já?

   Não. Julguei que Ele Se sentiria sempre muito superior a nós, que só por benevolência Se punha ao nosso nível, que necessariamente Se deveria sentir sempre diferente de nós, sempre terrivelmente só. Que nunca seria possível nós sermos inteiramente Seus irmãos.

   Olha: relata esse pequeno episódio que acabas de viver agora.

   Apareceu aqui o carro do peixe e eu interrompi o nosso diálogo para ir comprar peixe para o nosso jantar. E ia matutando se fiz bem, se fiz mal.

   E que concluíste?

   Para já, a dúvida não me angustiava, porque Tu me ensinaste que duvidar não é pecado. Fui levar o peixe a casa, arranjei-o, fiz a cama, sem pressa de voltar para continuar o nosso diálogo. Durante este tempo estava concluindo cada vez com maior tranquilidade, que Tu não Te importavas, pelo contrário, eu senti que foste comigo a casa e à vinda sentia-Te cada vez mais como alguém que se preocupou, tanto como eu, com o nosso jantar.

   E Eu era, durante este tempo todo em que te acompanhei, A Rainha do Céu?

   Eras.

   A Rainha do Céu esteve contigo na tua cozinha a preparar peixe para o jantar?

   Esteve. Foi a Rainha do Céu que andou sempre comigo.

   E sentiste-A superior a ti?

   De modo nenhum!

   Sentiste-A de qualquer forma contrariada por andar assim contigo nesta lida?

   Não! Reconheço que Ela andou comigo nestas coisas todas sempre com muito prazer, como uma amiga que tem muito interesse nas minhas coisas.

   E, mesmo assim amiga e companheira, não deixou de ser a Rainha do Céu?

   Não. E está aqui o meu pasmo e o meu encanto. Não sei explicar. Parece que o ser Rainha A torna mais Irmã e Amiga e Companheira. Mas olha, Mãe: porque permitiste que eu escrevesse esta parte do diálogo Contigo como se estivesse a falar de outra pessoa?

   Porque poderias lembrar-te de Me tratar por Vossa Majestade e esquecer-te de que sou tua Irmã, em tudo igual a ti.

   Excepto no pecado, Mãezinha. Aí não és igual a mim, não me posso esquecer disso.

   Esqueceste-te, por algum momento, de que Eu sou a Rainha do Céu?

   Do Céu e da Terra e do Universo inteiro! Ah, não! Não esqueci, não.

   Então continua sendo companheiro fiel do Meu Jesus e nunca te esquecerás de que Ele é o teu Deus e Senhor e de que Eu sou a Mãe de Deus e de que por isso Ele Me preservou de qualquer mancha o Coração.

   Ah, Mãe, grande Mistério é este, o da Incarnação! O ter-se feito Deus nosso Irmão em tudo, até ficar com este Coração assim pequenino como o nosso, a ponto de Se satisfazer com o consolo que Lhe podemos dar! Isto ninguém o poderá compreender, Mãe!

   Não, ninguém o poderá compreender, Meu pequerrucho.

   Vês? Agora ao falares assim, viraste minha Mãe!

   E deixei de ser tua Companheira e Amiga?

   Não.

   E deixei de ser Rainha?

   Não. Sinto que és sempre todas estas coisas ao mesmo tempo.

   Sabes porquê, Profeta pequenino?

   Porque tanto quanto o Pai do Céu fez descer o Filho à terra, tanto Te fez a Ti subir ao Céu, minha pequenina Irmã de Nazaré!

   Meu amor pequenino, vais proclamar este Mistério a todo o mundo, não vais?

   Vou, Mãe, vou! Por mim, passaria a minha vida toda a dizer à Humanidade que tem uma Mãe verdadeira no Céu nascida em Nazaré há dois mil anos!

sexta-feira, 25 de julho de 2014

1363 — Companheiros de Deus


19/11/96 0:19

   Que sentido tem o acordares-me a esta hora, Mestre?

   Estar contigo.

   Porquê, Mestre? Tinhas saudades? Tens algum problema?

   Muitas saudades e muitos problemas.

   E arranca-se assim um amigo da cama a esta hora?

   E há horas para ter saudades e problemas?

   Diz-me então porque tinhas saudades. Gostas assim tanto de estar comigo?

   Tenho tão poucos amigos com quem possa estar assim…

   Assim como, Companheiro?

   Assim precisamente como Companheiro.

   Porquê? Os outros Teus amigos não são companheiros?

   Caminham uns muito à frente, outros muito atrás. Assim quem caminhe ao Meu lado tenho muito pouquinhos.

   Que quer dizer caminhar à Tua frente?

   É estar feliz por ter sido curado por Mim. Tão felizes vão estes Meus amigos, que se esquecem de Mim.

   Como aqueles dez leprosos, dos quais só um voltou atrás para Te agradecer?

   Isso, Salomão. Há muitos que, na euforia da cura, se esquecem de que Eu continuo no Deserto.

   E quem são os Teus amigos que caminham atrás de Ti?

   São as multidões cheias de sede. Estes precisam de Mim mais do que Me amam.

   Estão presos a Ti uns porque já foram curados e outros porque ainda não foram curados, é isso?

   É, é isso, Meu querido Profeta: uns muito à frente, felizes; outros muito atrás, sedentos. Mas quem vai junto de Mim? Aqui mesmo ao Meu lado, carregando Comigo as Minhas dores todas, ouvindo-Me os lamentos, como um confidente incansável e fiel? Com quem posso verdadeiramente conversar, como com um igual?

   Ah, Mestre! E eu sou esse companheiro com quem Tu podes conversar como com alguém a Ti igual?

   Quantas páginas já escreveste aqui junto de Mim?

   Tenho que fazer contas… Quase quatro mil. Mas eu dou-Te algum gozo, ou alguma consolação, meu Senhor? Que companheiro pode ser quem apenas escreve Desejos Teus e tão lentamente, e tão friamente, às vezes?

   Lentamente e friamente é como eu caminho neste Deserto que fizestes e ninguém quer atravessá-lo Comigo, par e passo, ajudando-Me a levar este peso e esta dor e esta desolação.

   Agora disseste bem, Mestre: ninguém Te acompanha, certamente. Que natureza humana poderá suportar o que Tu suportas? Não me deixes escrever asneira, Mestre. Diz-me: quem sou eu, para Ti?

   Aquele que Me escreve os Sonhos e as Dores.

   E isso torna-me Teu igual nesta caminhada?

   Que mais posso Eu querer de um amigo, senão que Me deixe gravada neste Deserto cada Pegada e cada Dor?

   Mas como pode satisfazer-Te quem de Ti só aprende e nada Te pode ensinar?

   Enganas-te, Meu amigo; cada sonho teu e cada dor tua é voz da multidão conduzindo-Me à sua sede.

   Eu ensino-Te onde é a sede da multidão?

   Em ti Eu ouço a sede de cada um de vós e posso falar-vos da Minha Sede.

   E isso contenta-Te? Isso satisfaz-Te, meu Senhor?

   Como não poderia satisfazer, se foi para isso que Eu vim?

   Para saber da nossa sede?

   E para vos falar da Minha.

    Ah, meu Senhor…

   Diz antes como ias dizer.

   Ah, meu Amor, meu Amor, que coisas assombrosas Tu acabas de dizer da nossa humanidade!

   Que disse Eu da nossa humanidade?

   Disseste “nossa” e está aqui todo o amor que nos tens. Meu querido Jesus, gosto tanto de Ti, que não sei o que Te hei-de fazer…