Estamos convencidos de que a Civilização tem desenvolvido em progressão
acelerada as nossas capacidades. Há, no entanto, uma outra forma de ver as
coisas: a Civilização não tem feito outra coisa senão embrutecer-nos; se não
fosse ela, já hoje seríamos quase-omnipresentes, quase-omniscientes,
quase-omnipotentes.
19/4/96 – 4:29
– Espírito de Paz, meu bom Senhor, vem ser a
Seiva que me percorra as células deste corpo velho, para que ele sirva com
docilidade e prontidão o Corpo Novo que estás formando dentro de mim. Vem hoje
falar comigo, como fizeste no princípio deste nosso reencontro tão pessoal. Vem
dizer-me Quem és, vem ser Desejo e Vontade de Deus em mim.
– Eu sou o Mistério da Presença de Deus
Criador em toda a criatura.
– Sem Ti, nada poderia existir?
– Nada. Eu sou Deus continuamente agindo em
cada uma das Suas criaturas.
– Tudo o que existe é acção?
– Eu sou a Palpitação da Vida em cada ser.
– Nos rochedos também?
– No próprio sol, nas estrelas todas.
– Eu queria ir ao interior de um rochedo
para assistir à harmonia rolante de todos aqueles biliões e biliões de átomos!
Deve aquele movimento produzir uma música de encantar! Levas-me ao centro dos
rochedos, meu Senhor, um dia, para eu Te sentir o Grande Artista da Paz?
– E da Segurança. A Criação é segura, porque
é feita de movimento e vida.
– Ah! Se parasse…
– Se parasse, deixava de existir. Nada
existe parado.
– Levas-me ao interior dos rochedos, um dia,
não levas?
– Levo. Diz-Me porque queres lá ir.
– Para ouvir música verdadeira.
– A música que tendes não é verdadeira?
– Não. Tudo o que fazemos é só uma imitação
muito rudimentar do verdadeiro ser das coisas. A nossa música é só uma diluída
saudade do Paraíso. Leva-me ao interior dos rochedos, leva!
– Que música lá esperas ouvir?
– O tema de fundo do Universo.
– Nos rochedos?
– Os rochedos são a memória do fogo que saiu
do Abismo aquando da Criação. Eles são fogo pacificado. Eles devem tocar o
ritmo-base da Sinfonia universal, não tocam?
– E para quê mais querias tu ir ao interior
dos rochedos?
– Para mostrar aos meus amigos sábios que
todas as suas aparelhagens e toda a sua canseira é inútil. Que se Te amássemos
veríamos directamente as coisas por dentro.
– Hei-de levar-te ao centro dos rochedos,
sim, Meu amor, hei-de levar-te a ver o sol por dentro, hei-de levar-te ao
interior do próprio Abismo.
– Traz-me então do Céu a humildade, meu
Senhor, a mesma humildade do Teu Jesus, porque eu ainda quero ir mais longe.
– Aonde?
– Ao céu, ao centro da Via Láctea, sei lá…
Quero ouvir a sinfonia das galáxias! Deve ser uma felicidade insuportável ouvir
a música dos mundos rolando no Espaço!
– Eu te abençoo, pequenina vida da Minha
Vida.