Nada existe parado em toda a Existência. Ao morrerem, os chamados seres
vivos não ficam parados, mas logo iniciam o movimento da desconstrução ou decomposição,
que por sua vez participará no movimento ascendente de novos seres. A Morte de
Deus sobre a Cruz é deste fecundo movimento dito descendente o máximo exemplo:
nenhuma morte alimentou tão vasto movimento como aquela.
20/6/96– 9:33
– Não é possível regressar à inexistência.
– Não é possível? Porquê?
– Porque tudo o que Tu fazes é definitivo.
– E não
pode regressar ao Nada?
– Não.
– Porquê?
– Porque se regressasse, Tu não serias Deus.
– Diz porquê, Meu raio de Luz.
– Porque alguém teria podido mais que Tu.
– Como assim?
– Obrigar-Te-ia a desfazer aquilo que tinhas
feito.
– Sim. Mas então agora subsiste o outro
problema: Há morte em Deus?
– Há, meu Deus-Amor, há.
– Há??
– És tu que sustentas os seres em estado de
morte. Tu és o Senhor também da Morte.
– Para quê, Minha luzinha?
– Para que ela possa ainda um dia voltar à
vida. Para isso Tu esperas até ao Fim de Todos os Tempos.
– E entretanto…?
– Entretanto, nas Tuas Mãos nada pára.
– Também a Morte é movimento?
– Nas Tuas Mãos, é.
– E que faço Eu com a Morte nas Minhas Mãos?
– Reconstróis a vida dos mortos.
– Onde viste isso?
– Na Tua Cruz.
– Então na Cruz Eu não estava impotente?
– Impotente, Tu? Tu és o Pantocrator. Não há
sombra de impotência em Ti.
– Então, na Cruz, Eu não fiquei impotente?
Não fizeram de Mim o que quiseram? Absolutamente tudo o que quiseram? Não Me
deram a morte mais horrorosa que havia naquele tempo?
– Deram. Fizeram de Ti tudo o que quiseram,
Pantocrator!
– Então….?
– Então foi justamente aí que se manifestou
todo o Poder que Tu tens sobre tudo-tudo-tudo! Até sobre a Morte!
– A Minha impotência foi Poder, na Cruz?
– Foi sim, Senhor das galáxias, Senhor da
Infinitude, Senhor daquilo que ainda não existe! Foi, sim! Tu és o Senhor de
tudo, absolutamente tudo! Deixa-me gritar às pessoas de todo este planeta, a
tudo o que é pessoa no Universo: na Cruz Deus manifestou o Seu absoluto Poder
sobre tudo! Não há maior manifestação do Poder de Deus que a Cruz!
– Pára, Profeta. Deixa que o Céu olhe a
terra.
– Ah! Tu estás na Cruz, aqui, agora?
– Deixa que o Céu olhe a terra, Profeta.
Guarda silêncio.
Estou chorando. E não sei se é de dor, se é
de alegria. Grande Mistério é este! Um Mistério que nunca poderá ser reduzido a
cerimónia ou rito. Este não, gentes!
Este, não! Nenhum Mistério pode ser reduzido a rito. Mas Este…Este não,
povos todos de todas as galáxias, povos todos que habitais a imensidão por onde
se estende o Universo! Este Mistério, não! Este é maior Mistério do que a vossa
própria criação, do que a criação de todos os mundos que habitam o espaço. Este
Mistério é que é o verdadeiro “Big-Bang”, a Grande Explosão de que nasceu e se
está expandindo a Nova Harmonia! Não, gentes! Nunca ritualizeis este Mistério!
Se o fizerdes, ele mata-vos! Na Cruz Deus é outra vez o Deus Terrível que a
partir do bojo mais fundo do Abismo tudo faz explodir. E ai de quem se
encontrar sentado sobre este Mistério, à banca do seu negócio! Desta vez não
será de chicote, não! Desta vez sereis reduzidos a estilhaços e os vossos ritos
levantados em poeira, como o “cogumelo” da explosão nuclear!