No jardim da casa
Escrevendo ...
Breves dados biográficos

O meu nome é Salomão. De apelido Duarte Morgado.

Nasci no ano de 1940 em Portugal, na aldeia do Rossão, da freguesia de Gosende, do concelho de Castro Daire, do distrito de Viseu.

Doze anos depois, 1952, entrei no seminário menor franciscano: eu queria ser padre franciscano.

Doze anos depois, 1964, fiz votos perpétuos na Ordem dos Frades Menores de S. Francisco de Assis seguidos, ao fim desse ano lectivo, da ordenação sacerdotal: eu era o padre que tanto queria ser.

Doze anos depois, 1976, pedi ao Papa dispensa dos votos que era suposto serem perpétuos e do exercício do sacerdócio, que era suposto ser para sempre, casei e tornei-me pai de quatro filhas.

Doze anos depois, 1988, fiz uma tentativa extrema para salvar o meu casamento, saindo de casa. Mas o divórcio de facto consumou-se.

Doze anos depois, 2000, surgiu na minha vida o mais inesperado acontecimento, que começou a ser preparado, sem que eu disso tivesse consciência, no meio deste ciclo, 1994. Foi aqui que comecei a escrever a longa Mensagem que senti Deus pedir-me que escrevesse em Seu Nome e a que Ele próprio deu o título de Diálogos do Homem com o seu Deus no Tempo Novo. Os textos agora aqui publicados são excertos desta vasta Profecia preparando a sua divulgação integral, no tempo oportuno, que desconheço.


Moro há 30 anos em Leça do Balio, concelho de Matosinhos, distrito do Porto.


Não são estas palavras mais do que um testemunho daquilo que vi, ouvi, senti, toquei. Não estão por isso sujeitas a nenhuma polémica. Todos os comentários que se façam, ou pedidos que se queiram ver satisfeitos, sempre serão respondidos apenas com novos textos: de mim mesmo não tenho respostas.




Observações


Muitos e verdadeiros Profetas têm surgido nos nossos dias. Um deles é Vassula Ryden, cuja profecia, "A Verdadeira Vida em Deus", teve um decisivo relevo no meu chamamento a esta missão e revela uma estreita complementaridade com esta Mensagem que escrevo.

Os algarismos desempenham nesta Profecia um papel muito importante como Sinais. Foram adquirindo progressivamente significados diversos. Assim:

   0 – O Sopro da Vida. O Espírito Santo.

   1 – A Luz. A Unidade. O Pai.

   2 – A Testemunha.

   3 – O Deus Trino. A Diversidade.

   4 – O Mensageiro. O Profeta. O Anúncio. A Evangelização.

   5 – Jesus.

   6 – O Demónio.

   7 – O Sétimo Dia. A Paz. A Harmonia.

   8 – O Oitavo Dia – O Dia da Queda e da Redenção. O Homem caído e redimido. Maria de Nazaré.

   9 – A Plenitude de Deus. A Transcendência. A Perfeição. O Regresso de Jesus. O Nono Dia.

Alguns agrupamentos de algarismos adquiriram também um significado próprio. Os mais claramente definidos são estes:

   10 – Os Dez Mandamentos. A Lei. A Escritura.

   12 – O Povo de Deus. A Igreja.

   22 – As Duas Testemunhas de que fala o Apocalipse.

   25 – A Alma humana.

   27 – Salomão, o meu nome que, derivando do termo hebraico Shalom, significa o Pacífico, a Testemunha da Paz.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

608 — Para que, vendo, não vejam e, ouvindo, não entendam

            - 17:05:47
    Continuo rude no trato com os meus semelhantes. E ao mesmo tempo continuo pedindo ao meu Companheiro, todos os dias, que me conforme inteiramente Consigo. Creio na eficácia da minha oração, porque rezo sempre com toda a Fé que tenho. Ora nós sabemos que Deus satisfaz todos os nossos pedidos inocentes e eu não sei que mancha possa ter o meu pedido para ser uma cópia perfeita de Jesus. Sabemos, por outro lado, que Deus nos satisfaz os nossos pedidos no próprio momento em que Lhos fazemos, estendendo a eficácia do Seu Poder para o próprio tempo passado, de modo que até as manchas caídas na nossa Alma num tempo que nós não podemos já agarrar, Ele as lava e as transforma em energia construtiva do Bem em cada presente.

   Tudo se passa, no entanto, muitas vezes, sem que desta construção autenticamente divina nos apercebamos, por causa do estrondo em que a nossa carne vive mergulhada e por causa do espalhafato da Superfície em que o Inimigo nos fixou todos os olhares e atenções. Não se passam as coisas, pois, no Reino dos Céus, como no mundo dos negócios a que podemos resumir aquele em que vivemos: pedido feito - pedido satisfeito, com dinheiro à vista; a satisfação do nosso pedido inocente segue as rotas da Vida, que só Deus conhece.

   Mas há um outro motivo pelo qual Deus, satisfazendo o nosso pedido instantaneamente, quase sempre conserva a aparência inalterada: é que a Sua Obra deve germinar no Silêncio, para que os olhos gulosos do mundo, vendo, não vejam e, ouvindo, não entendam. Assim guarda intacto o Tesouro que vai acumulando em nós, até à hora de ser manifestado, no tempo da máxima eficácia.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

607  O rastilho já foi acendido

            - 11:31:43

    Contra todo o meu apetite natural, uma força estranha impele-me a escrever. Exprimo-me assim, porque não sei Quem este sacrifício me está pedindo, uma vez que todas as Vozes do Céu emudeceram. Contra o que é costume, eu sei da Presença de Deus, mas não ouço agora, bem distinta, nenhuma das Pessoas, bem individualizadas, que do Céu me costumam falar. É só assim esta Força, quase sempre muito subtil, outras vezes um pouco mais forte, que me impele a fazer o que faço. Diria que todo o Céu junto, unido num mesmo Coração e numa mesma Ternura, me está agora guiando, com extremo cuidado, a atenção.

   Mas oculto, como se me tivesse abandonado!

   Não sei porque faz o Céu isto comigo. Olho os meus Sinais e verifico que está aparecendo, com estranha insistência agora, o Sinal da Besta. Concluo que é natural: o rastilho que vai inflamar a bomba de extermínio do seu reino foi já acendido e as chispas encaminham-se, imparáveis, para a explosão fatal. Mas seria legítimo perguntar: não deveria, precisamente nesta altura, o Céu todo colocar-Se mais próximo e mais audível junto de mim? Mas eu já sei a resposta: não foi o próprio Jesus abandonado por todos os Seus amigos, inclusivamente pelo Pai e pelo Espírito, na hora em que mais precisava de consolação?

   Estou, portanto, muito tranquilo: eu sei que os caminhos de Deus arrasam completamente a nossa lógica e por isso me seduziram. Por isso pedi sempre ao meu Mestre que mos fizesse seguir com absoluta precisão. E sei que o que sofro não é nada comparado com o Sacrifício do meu Redentor.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

606 — Era por Ele ser assim louco que eu O amava

23/10/00 - 4:30

    Continuo sem entender esta ausência de Jesus. Também a Senhora, depois da última vivência, tão estranha, tão arrebatadora, parece ter-Se de novo ausentado. O Pai e o Espírito estão também de todo silenciosos e parece haver uma placa de gelo à volta do globo terrestre, a separá-lo do Céu…

   Não é possível, sem qualquer ajuda, aguentar por muito tempo esta situação. Já muitas vezes aconteceu ter-se fechado o Céu todo sobre mim. Mas aqui, bem perto, acabava por encontrar sempre Jesus, o meu indefectível Companheiro, vivendo a mesma situação que eu, em grau sempre mais intenso. Tão intenso, que por último O vi reduzido a bolor, a folhas de Outono arrastadas pelo vento, a cinza. A restos mortais.

   Mas agora também Ele me foi tirado e fiquei aqui sozinho, sentado na imensidão das areias e destas fantasmagóricas construções de barro esboroando-se… Não há nada aqui que me possa interessar. Vou com Jesus à procura da minha verdadeira Pátria, porque acreditei n’Ele às cegas e Ele, pelo caminho, conseguiu contagiar-me com todos os seus loucos Sonhos. Contra toda a lógica e todas as evidências, eu acreditei sempre em que este caminho por onde Ele me guiava, sempre cada vez mais para o centro desta Devastação, era o caminho certo para a terra dos meus Sonhos que cada vez mais se foram tornando os Seus. Sempre sonhei alto e largo, mas o meu Companheiro conseguiu ampliar-me os sonhos até ao Impossível e ao Absurdo e foi isto que n’Ele inteiramente me fascinou.

   Agora Ele desapareceu como desaparecem, com um golpe de vento, o bolor, as folhas secas, a cinza. E deixou-me aqui, em pleno território do Impossível e do Absurdo: não há, para o mais agudo e ousado raciocínio humano, a mínima hipótese de aqui acontecer o que quer que seja de bom, de ter sido certo o caminho que os dois seguimos. Mas o meu Amigo nunca me enganou. Ele sempre me disse que o caminho era ao contrário dos caminhos do mundo e foi justamente isso que me seduziu. E depois, quando eu Lhe perguntava se ainda faltava muito para chegar ao fim do Deserto e ver, diante dos olhos deslumbrados, de repente, o Vale Verdejante que os meus sonhos iam pintando, Ele lentamente me foi explicando que os nossos Sonhos não eram para ser realizados depois, quando acabasse o Deserto. E de facto eu verificava que, para lá de cada horizonte que alcançávamos, sempre mais Deserto se estendia. E quando eu Lhe observei que desse modo iríamos morrer aqui, irremediavelmente, Ele acenou que sim, com um olhar muito firme, mas muito sereno e doce, como se dissesse: Estou só realizando o que Me pediste. Não Me disseste sempre que és homem de tudo ou nada? Não acabou por ser o Impossível e o Absurdo que te seduziram?

   E também eu acenei que sim, muito feliz. E Ele, o meu Mestre, deve ter notado nos meus olhos um brilho invencível: era por Ele ser assim louco que eu O amava. É verdade: quero tudo ou nada; não suporto as meias medidas. O meu Companheiro nunca me enganou, nem eu a Ele. Agora sinto os nossos Sonhos já realizando-se aqui mesmo, neste lugar. E aqui espero Tudo Novo!

   São 5:46!?

domingo, 27 de novembro de 2011

605 — Mais livros lançados às ruas

           - 19:26:19

    Acabo de regressar de um giro que dei com o meu neto, à cidade do Porto, a distribuir estes Diálogos literalmente pelas ruas. Cinco deixámo-los em dois enormes shoppings e outros cinco metemo-los em comboios que iam viajar para longe, como no domingo passado…

   Havia desta vez alguma névoa toldando-me o espírito: eu não sabia bem como fazer, eu punha a hipótese de todos os livros irem parar ao lixo. Mas continuava. Feliz ia sempre o meu neto. Então entreguei-lhe a ele a iniciativa de colocar os livros onde quisesse. Ele, nos shoppings, deixou dois literalmente no chão, nos vastos corredores atulhados de gente alheia ao que se passava. Um deles deixou-o num carrinho de compras, á entrada do shopping; á saída, perante o nosso espanto, estava justamente alguém a folheá-lo, levando-o por fim consigo. Dos trinta livros que já distribuímos os dois, foi o único que vimos ser levado por alguém… Os olhos do Z. D. brilhavam de emoção. Nos comboios, ele deixou um outro exemplar no lugar das bagagens… Eu acabava por aprovar sempre o que ele fazia.

   E por momentos me voltava para dentro de mim, numa oração muito breve, pedindo a Jesus que abençoasse todos aqueles passos, todos aqueles gestos, e ao Espírito que fizesse avançar a Voz do meu Jesus deixada no chão, no lugar das bagagens, no carrinho de compras para um lugar confortável, no coração de alguém… Mas, no meu relógio, frequentemente me aparecia o Sinal do Demónio. Numa das imagens, 18:26:21, vi a Rainha do Céu encandeando em mim a Besta, com a Luz. E repare-se nos Sinais do início deste texto.

sábado, 26 de novembro de 2011

604 — Até os guardiães desta Espiral da Dor se converterão

           - 10:27:10/1

   A verdadeira Paz só em Jesus se pode encontrar. Ao dar-me o meu nome, Jesus manifestou o Seu desejo de que eu fosse Sua Testemunha como o Príncipe da Paz enfim regressada à terra agora, no Seu Regresso.

   Por isso o Mestre fez desta Sua Mensagem que me pediu para escrever a Profecia da Paz e de mim o Rochedo da Paz sobre o qual refundará agora a Sua Igreja. E há em mim uma ardente Esperança de que a ingenuidade com que todos os alvéolos da Maldade aqui são revelados provoque uma generalizada Fé na possibilidade de sermos enfim libertos deste Círculo Vicioso do Sofrimento para que ninguém conseguiu ainda arranjar solução. E com a mesma ingenuidade acredito na conversão dos próprios guardiães desta medonha Espiral da Dor. Parece-me agora impossível não vermos a imensa Armadilha em que até agora temos sido sucessivamente aprisionados e a que, numa confrangedora cegueira, chamamos, inchados de orgulho, Civilização! Tão grande é a Luz com que o Mestre iluminou já nestas páginas a Masmorra em que vivemos, que uma incontável multidão não hesitará em empreender, agora, a sempre sonhada Libertação.

   Olhei agora os meus Sinais, sem saber porquê. E vi 10:52:07: outra vez esta Mensagem. E agora eu feito com Jesus um só e o mesmo como a Paz trazida à Terra nas Asas imensas e robustas do Espírito!

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

603 — Ele é a única e perfeita Solução

22/10/00 - 3:07

    Julgo que estou agora preparado para a missão que Jesus me confiou, de ser o Seu Pedro do Tempo Novo. Não porque esteja apetrechado com todos os conhecimentos necessários, mas porque Ele Se fez para mim o único Mestre, em Quem confio às cegas. É verdade que muita coisa Ele me vai ensinar ainda, mas o Caminho que já comigo percorreu irá sendo agora rasgado diante de mim pela Profecia que escrevo. Deste modo, será Jesus o próprio Caminho e será Ele também, justamente por isso, o único Pastor, que sempre caminhará à frente do Rebanho.

   Ele foi, para mim, de facto, o Mestre perfeito. Reconheço agora que Ele foi verdadeiramente magistral em tudo o que fez, particularmente em me ter sequestrado Consigo neste Deserto onde se pôde alargar em mim o Seu Silêncio e assim Ele pôde abrir-me toda a Abundância do Seu Coração que agora, inesgotável, eu posso levar a todas as bocas sedentas e famintas. Fico feliz quando agora reparo em que às dúvidas, às expectativas, aos conflitos e aos sonhos desencadeados por esta Mensagem eu poderei responder sempre com o volume seguinte.

   Certamente que situações insólitas, inteiramente inesperadas, hão-de surgir, mas para todas elas eu tenho agora a resposta que antes deste tempo de Deserto não teria: ouvir Jesus. Sempre. Não há outra forma de solucionar seja que problema for. À frente do Rebanho irá sempre Jesus e é a Ele que todas as perguntas deverão ser feitas. E como se ouve Jesus? Como se ouve toda a gente: prestando-Lhe atenção. Atenção exclusiva. Passar o dia e todos os dias tentando captar a Sua Voz. Se assim fizermos, é impossível que Ele não responda: a Sua maior alegria é, obviamente, encontrar-Se, na intimidade do coração, com aqueles por quem deu a vida e está continuamente dando.

   Ouvir Jesus. Deixar-se guiar por Ele. Não há outra hipótese de resolver nenhum conflito, nenhum problema na Igreja. Foi aqui que vim parar eu próprio, guiado pela Mão segura do Mestre. Agora ninguém me conseguirá fazer sair daqui, arrastar para qualquer discussão, envolver em qualquer conflito que não tenha como objectivo apenas levar os corações a ouvir Jesus. Toda a guerra que eu vier a provocar terá sempre como causa esta tentativa de abrir os corações à Voz de Jesus.

  Tudo, tudo mesmo, nos será dado por acréscimo.

   Posso dizer que foi só isto que eu aprendi estes anos todos de convívio íntimo com o Mestre. Custou-me muito: eu era um intelectual, habituado a debater ideias, a fazer deduções, a arquitectar projectos. Por esse caminho nunca eu poderia ser o Pedro de que Jesus precisava. Mas Jesus conduziu-me para o Deserto, para que O pudesse ouvir a Ele só. E não foi preciso mais nada: Ele é a única e perfeita Solução.

   São 5:26!?

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

602 — Nenhuma voz do Céu, outra vez

21/10/00 - 4:59

    Nenhuma Voz do Céu, outra vez. Nenhuma Presença sensível. Olhei já de novo os meus mudos Sinais: eram 6:06 horas. Mais de uma hora, portanto, sem que nenhuma Fonte se abra à minha sede. Os algarismos confirmam: a Besta tentando asfixiar o Espírito. A minha atenção desvia-se continuamente da escrita. Todos os canais da Vida me parecem cortados.

   Como faço? Tento o diálogo com o meu empolgante Arcanjo Miguel, com o meu discreto e fiel Anjo da Guarda Simão Pedro e vejo-os firmes no seu posto, prontos também para o Acontecimento que todos esperamos, mas mudos. Procuro um Salmo para me ajudar em tamanha aridez e cai-me de repente no espírito, vindo não sei de onde, “vinte e seis”. Ora pela nossa lógica esta indicação não poderia ter vindo do Céu: acabo de declarar que todo ele está quieto e mudo. Também não tem lógica que tenha vindo do Demónio: não é próprio dele indicar-nos orações para rezarmos, em especial num caso destes em que todo o meu desejo é unir-me a Deus. É verdade que ele também utiliza a Bíblia para sorrateiramente desviar as pessoas de Deus, como fez com o próprio Jesus no Deserto. Mas aí ele não indicou a Jesus as palavras da Bíblia para servirem de oração, mas para justificar o acto de rebeldia contra Deus que ele estava manhosamente insinuando a Jesus. Também a mim já o Demónio me indicou palavras da Bíblia, mas para me massacrar ou baralhar. Sempre, é claro, lhe foram trocadas as voltas pelo meu Amigo do Deserto. Só pode, portanto, ter sido trazida pelo Demónio aquela indicação se ela me deixar perplexo, ou confuso, se ela, enfim, em vez de me levar à oração, me desviar dela por qualquer sentimento negativo que consiga instalar dentro de mim, como seja o caso da angústia ou da frustração. Mas a minha Fé diz-me que ele nunca o conseguiria, porque Deus sabe da sinceridade com que eu quero seguir os Seus caminhos. Sei, pois, que foi puro Amor do Céu para com a minha Alma dorida aquela citação, mesmo que fosse o Demónio a trazer-ma. Por isso a vou realçar, com toda a confiança:

                                                             Sl 26 (25)
 
  Não sei se alguém sabe o que seja dar um sincero abraço muito apertado sem nenhuma chama ou qualquer pequena vibração no coração. Mas é isso o que me apetece fazer: dar a Deus o maior abraço da minha vida, embora nada sinta no coração. Não poderia haver resposta mais amorosa do Céu para a situação em que me encontro do que este Salmo. Eis algumas palavras, a esmo: “Fazei-me justiça, Senhor, porque tenho caminhado na minha perfeição; no Senhor tenho confiado, não me desviarei. Examinai-me, Senhor e provai-me (…). Tenho diante dos meus olhos o Vosso Amor e caminho na Vossa Verdade (…). Na inocência lavo as minhas mãos e ando ao redor do Vosso altar, Senhor, para anunciar publicamente a acção de graças e narrar todas as Vossas Maravilhas”…

   São 7:31!

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

601 — A Profecia que escrevo é um grito, a dizer que chegou a Hora

           - 9:22:03
    Não encontro nesta Mensagem nada que possa ferir Deus ou o Homem. Mas encontro em cada página uma coisa que pode ferir, não raro violentamente, a moral reinante, o dogma, enfim, todas as doutrinas, a ocidente e a oriente, donde nascem todas as leis.
   Que faço então? Poderei eu algum dia asfixiar este Deus que de dentro de mim irrompe assim luminoso, este Homem que dentro de mim se agigantou até se estender pela Dimensão de Deus, para servir as leis e as doutrinas? Não, não vou ter alternativa: já nenhum poder deste mundo conseguirá calar o irreprimível grito que me sai, puro, da Alegria que me inunda as raízes da Alma. É um grito cristalino, sem uma reserva, que proclama, no meio do Deserto: Não precisamos de nenhuma lei, de nenhuma doutrina, de nenhum dogma! Não precisamos de que ninguém nos diga nada! Nenhuma voz vinda de fora do nosso coração será ouvida, a partir de agora. A Lei do Amor é a minha única Lei. E esta Lei está toda, viva, dentro de mim!
   Eu sei: se por palavras ou por atitudes eu exteriorizar este meu grito na praça pública, ele poderá provocar um mar de sangue. Mas ele corresponderá de tal maneira à mais funda e genuína ânsia do nosso coração, que poderá, do mesmo modo, desencadear o maior movimento de Libertação até hoje registado na História dos homens. É que ninguém até hoje soltou ainda este grito assim aberto, assim escancarado, assim transparente. Sinto agora ser necessário apenas que alguém o solte, porque a universal Chantagem do Pecado não permitiu que até hoje ele fosse solto por nenhuma boca, sob a ameaça de uma catástrofe planetária; se alguém o soltar, isso significará uma ousadia tal, que rasgará de alto a baixo uma fenda na Chantagem e uma multidão incontável saberá que chegou, enfim, à terra, a Hora da Libertação.
   A Profecia que escrevo é, toda ela, este Grito. Saiu à rua no passado dia sete, mas foi ainda só à procura de corações que o pudessem ouvir. Não sei se encontrou algum coração atento e disponível, em algum beco mais silencioso da nossa barulhenta Babilónia. Sei, no entanto, que é só uma questão de tempo: quando menos o esperarmos, ele surgirá, o Grito inevitável, na praça pública. Talvez gritado por um só coração. Ou por muitos corações, talvez, ao mesmo tempo. E quando isto acontecer, tornar-se-á imparável o rasgão no edifício da Lei deste mundo: quando os guardiães da Moral e da Doutrina derem conta, já as multidões se estarão encaminhando para a brecha dilatada por novos gritos e muitos dos próprios doutores da Lei se deixarão seduzir pelo fulgor da Verdade saída, enfim, das masmorras do Medo.
   Sairão, é claro, em força, também todos os proprietários do Labirinto, para tentar ainda entulhar, de qualquer forma, a enorme brecha. E será esta a causa da Grande Tribulação que nos está profetizada. Mas quer-me romper o coração uma expectativa singular: como irão reagir estes brutamontes quando souberem que este Grito é alimentado pelo Coração da Rainha do Céu?

terça-feira, 22 de novembro de 2011

600 — A Batalha, agora, será comandada pela Rainha da Paz

20/10/00 - 4:32

    A minha alegria é muito discreta, mas é muito profunda: eu sei que o Céu está contente comigo e que todas as promessas e profecias destes Diálogos se vão realizar mais depressa do que julgamos. É certo que a Paz aqui visionada só será solidamente estabelecida em todo o Universo na Consumação dos Séculos, quando todo o tempo for assumido na Eternidade. Mas agora esse Dia longínquo será diante dos nossos olhos tão verdade, estará tão seguro no nosso coração, que o viveremos agora como se estivesse já realizado!

   Esse mesmo Dia Final sinto-o já tão próximo… É que não é outro o Dia que virá agora ao nosso encontro. Ele é como uma enorme árvore que, semeada há dois mil anos, surgisse agora da terra, no encanto da sua fragilidade inocente. É verdade que ainda a não veremos no esplendor do Verão, carregada dos seus frutos, mas é já ela mesma que agora veremos nascida. E será esta a luminosa Paz que brilhará no nosso olhar!

   Mesmo no meio da guerra. Sobretudo no meio da guerra: a Paz que transportaremos será tão pura e tão forte, que todos se interrogarão se não seremos já cidadãos de um Mundo que há-de vir e com que todos já um dia sonharam e talvez agora ainda, a espaços, se lhes alumie, em clarões fugidios. É que a guerra, agora, será comandada, do lado da Luz, pela Rainha da Paz. E mesmo que Ela Se vista de Guerreira, todos reconhecerão, por detrás da armadura cintilante, o feminino Encanto do Amor, que nunca vimos em nenhuma doutrina, talvez até sobretudo nas doutrinas religiosas.

   Será sobretudo, desde agora, invencível a Liberdade. Porque deixaremos de ser manada ou produto industrializado, fabricado em série, e será cada um único, desabrochando na surpresa do seu inesgotável Carisma. Os discípulos de Jesus, guiados pela mão da Rainha, nunca condenarão ninguém e será isso justamente que enfurecerá o Inimigo: ele vai tentar puxá-los para o seu terreno, o do ódio, mas não conseguirá. E, corroído pela raiva, ficará paralisado dentro de si próprio. Será essa a corrente que o amarrará ao Abismo por mil anos. O rito dará lugar então à narração viva das Maravilhas de Deus e os dogmas serão substituídos pela própria Verdade viva que cada um encontrará exclusivamente dentro de si e ternamente chamará Jesus.

   Os meus Sinais, mais uma vez, me chamam Mensageiro e Testemunha de Deus e mais tarde, inesperadamente, observei o Sinal que costuma indicar-me esta própria Profecia: 4:44. Ora, numa das mais arrebatadoras surpresas do caminho por onde estou sendo guiado, eu fui entregue à Comandante dos Exércitos Celestes como se fosse um livro vivo, que Ela sofregamente devorou. Agora é ao Seu ritmo que eu e esta Profecia avançaremos, até que a Paz floresça.

   São 6:40!

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

599 — Já se faz Festa no Céu

19/10/00 - 4:17

    Estes momentos iniciais das vigílias, em que quase sempre divago pelos mais disparatados assuntos e regiões, são o Dom do meu Senhor a lembrar-me a distância a que viemos parar relativamente ao Lugar da nossa inteira felicidade. E ao fazer-me viver assim neste País da Dispersão, Jesus coloca-me bem junto dos meus irmãos, como que a dizer-me que me não quer no Céu sem todos eles.

   - Ah, se realizasses breve nos corações o Sonho que temos sonhado juntos, meu Amor! Vês? Ainda agora vacila, a espaços, a minha Fé, por ser tão desmedido o Sonho com que me contagiaste, meu Grãozinho de Pó omnipotente! Dá-me a Tua própria Fé no Pai, no Espírito e na Fragilidade da nossa Rainha! Eu sei que Te foste embora depois de Te teres reduzido ao nível do bolor, das folhas mortas dispersas e da cinza, para voltares como o Rei que no fundo do coração todos nós esperamos. Daí donde estás, regressa com todos aqueles que até hoje Te seguiram ou Te estão seguindo penosamente ainda no Lugar da Purificação. Regressa em todos os que, ainda na terra, manifestam qualquer leve saudade da Casa do nosso Pai. Fala, da minha parte, ao Espírito, para que Ele seja, agora, a própria Força inexorável dos Exércitos da nossa Rainha. A partir daí, donde estás, arromba agora e reduz a pó as fronteiras entre os três mundos - o Céu, a Terra e o Inferno - e põe-nos todos em contacto. Sim, que até o Inferno nos fique escancarado, para que lhe vejamos as mais fundas entranhas e nunca mais nos possa enganar, nem aterrorizar. Deixa-nos ver como ele Te serve com a precisão e a força de uma catapulta que lança para o alto as Ondas da Vida! Ah, meu querido Pantocrator, que Te vejo já vestido com a Tua luminosa veste de Vencedor!

   Sinto que o maior desejo de Jesus neste momento seria responder-me, abraçar-me. Não o faz só porque o Pai Lhe diz que não é ainda o momento. Mas sinto-O tão próximo, tão próximo… Já se faz Festa no Céu, porque a Rainha tem já vestida a Sua veste de Guerreira e eu estou chorando de alegria, uma Alegria vasta e funda como um mar, porque sei que ninguém Lhe resistirá! Se pudésseis ver as minhas lágrimas, meus irmãos, como são muitas e grandes… Esta é a Batalha d’Ela! Foi-Lhe entregue a missão de abrir caminho ao Seu Jesus, agora em toda a nossa Esfera verde-azul, Ela que há dois mil anos Se abriu como uma Flor no Silêncio para nos trazer o Messias esperado desde o princípio do mundo! A Profecia que escrevo já Ela a assumiu, bem como todo o meu corpo, no seu gesto, na sua voz, nos seus passos, com a louca sofreguidão de uma noite de núpcias. Ela sabe que o manjar assim recebido com tanto prazer, dentro em breve se tornará amargo nas Suas entranhas. Mas tem que ser! - diz Ela, com um brilho no olhar…

   São 6:38!!

domingo, 20 de novembro de 2011

598 — O Escândalo amplia-se e a Batalha aproxima-se

           - 9:43:44

    Estes Sinais dizem-me que eu sou Deus Trino tornado Mensagem no nosso tempo, fazendo romper o Dia Nono.

   Quem não acompanhou até agora as espantosas coisas que me têm acontecido neste longo tempo de Deserto, ficará certamente escandalizado com a afirmação que acabo de fazer. Ele só lerá a primeira parte: “Eu sou Deus Trino”. E não poderá, de modo nenhum, digerir tão sacrílega barbaridade. Parará aí e proclamar-me-á herege. Nos tempos da Inquisição eu iria parar irremediavelmente à fogueira. E não sei se o fogo que também hoje me queimará não será mais cruel do que o das antigas piras que rapidamente asfixiavam o condenado: agora o fogo poderá ir e vir em ondas, tornando a tortura mais lenta, mais cínica, mais cruel.

   Mas quando o Inimigo assim se começar a encarniçar, já este e outros muitos escândalos tamanhos estarão escritos e não vai ser já possível travá-los: a Avalanche do Espírito fará desabar, sobre um escândalo, logo um outro escândalo maior, sem que o Dragão consiga já manter o controle sobre o seu tenebroso reino. Enormes coisas estão já, de facto, escritas, não só de mim, mas de toda a Alma humana, todas resumindo-se numa só: ela, de criatura que era, pode renascer filha de Deus! Possuirá, portanto, todos os Atributos de Deus. Será Trina, como Deus. Será, em verdade, Deus!

   Mas a segunda parte daquela afirmação escandalosa que atrás ficou gravada, tanto pode atenuar como agravar o escândalo: por um lado parece delimitar-me à efémera missão de um mensageiro; por outro, parece identificar-me com o próprio Deus Incarnado, Jesus, o Enviado do Pai, há dois mil anos. Considerações destas, porém, só são possíveis porque a nossa Rebelião tudo pretende sujeitar ao ridículo espartilho da nossa lógica, naturalmente, como tudo o que fizemos, mascarada de clareza, de ciência, de majestosa respeitabilidade.

   É tudo muito simples e natural, agora, o que estou vendo. Também eu era um intelectual, sempre aflito em arranjar justificações para tudo quanto me acontecia a mim e ao mundo. Era uma trabalheira e uma seca. Nem sei como aguentei tanto tempo sem ver a estupidez em que vivia emaranhado. Agora apenas vejo acontecerem grandes coisas em mim, como uma árvore vê acontecerem nela as sucessivas estações como um contínuo fluxo de surpresas. Surpresas consistentes, é claro, porque são feitas de vida juntando-se ao seu corpo vivo, que assim cresce, numa espantosa espiral de surpresas.

   Estou agora entendendo a Virgem de Nazaré quando Ela, com uma inocência de criança, proclama que o Omnipotente n’Ela fez grandes coisas. Por isso não tenho já receio de avançar com um novo escândalo que arde como um fogo vivo dentro de mim todas as vezes que tenho oportunidade de me recolher neste Silêncio interior em que ouço e vivo o Céu: o Anjo Gabriel acaba de anunciar à Rainha do Céu e Comandante dos Exércitos Celestes agora no Regresso de Jesus mais esta Dádiva do omnipotente Senhor dos Exércitos: o “livrinho” que eu sou. Com ele, Ela alimentará os Seus Exércitos. Agora Ela está ainda comendo-o com a volúpia de quem come a própria felicidade, mas em breve as Suas entranhas ficarão cheias de amargura: é a hora da Batalha!

sábado, 19 de novembro de 2011

597 — Abandonando os primeiros livros em comboios e shoppings

16/10/00 - 2:43

    Sinto que todo o Céu está muito contente comigo. O próprio Jesus, quando há pouco, perante aqueles Sinais, Lhe perguntei porque me chamava tantas vezes Testemunha e Mensageiro de Deus, me respondeu: Porque te amo. E eu entendi: é como se deste modo me estivesse continuamente abraçando e repetindo que está muito contente comigo, que gosta muito de mim, porque eu estou finalmente cumprindo aquilo para que nasci.

   Andei ontem toda a tarde com o meu neto a distribuir exemplares do primeiro volume destes Diálogos. Eu tinha dado anteontem à minha irmã, que me visitou, dois livros, recomendando-lhe que abandonasse um deles num qualquer lugar público. Mal chegou a Castro Daire, onde mora, telefonou-me, manifestamente feliz, dizendo-me: Sabes onde abandonei o livro? No comboio! E insistia, surpreendida, em que o fez levada por um repentino e exaltante impulso interior. Ora eu, que estava justamente preocupado com a forma de fazer avançar os livros para fora do Porto, logo vi aí um Sinal indicando-me a forma de solucionar o meu problema. E éramos ontem um velho e uma criança felizes entrando e saindo de comboios estacionados nas três estações ferroviárias do Porto, à procura de lugares onde pudéssemos deixar os livros sem que ninguém notasse o que fazíamos. Fomos, só então, a uma igreja, a grande igreja da Trindade, donde saía, justamente naquele momento, uma multidão interminável. Por isso a igreja ficou deserta e pudemos então deixar lá tranquilamente um livro, um único livro, a contrastar com os vinte que despachámos pelos comboios para norte, leste e sul. Seguimos, finalmente, para o maior shopping do Porto onde, apesar da multidão, numa aventura inesquecível, conseguimos deixar, em bancos no meio dos enormes corredores, três livros. Éramos, na verdade, duas crianças, que passámos uma tarde de domingo brincando.

   Por isso, mal tinha tempo de elevar o pensamento ao Céu. Nem me preocupei com isso: eu sabia que todo o Céu estava abençoando aquela aventura de duas crianças. Mas agora começa a pular-me o coração, de expectativa. Admito que todos os livros assim abandonados possam ir parar a contentores do lixo. Mas a minha Fé diz-me que era assim que eu deveria proceder e que o Céu tomará conta da Sua Obra. Sei que o Espírito tomou conta de todos os livros e a cada um está desenhando o seu trajecto com a Sua subtil visão, com a Sua espectacular eficácia. E a nossa Mãe então, ah, a nossa Mãe estão-Lhe já os Anjos colocando a armadura de Guerreira, depois que o Anjo Gabriel Lhe veio entregar, da parte do Seu Filho, o “livrinho” que eu sou, para que Ela o “comesse” e assim o assumisse no Seu Corpo de Fogo e Luz, na Batalha que se vai iniciar, e fizesse dele o que Lhe aprouvesse.

   Jesus está na verdade agora a caminho do Seu Regresso, sentado sobre o Dilúvio que a Sua Mãe e Rainha do Céu guiará com mão firme e braço forte…

   São 5:02!

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

596 — O mais mortífero de todos os venenos

14/10/00 - 2:53

    “Apocalipse dez, nove” - é esta a misteriosa Voz que me conduz ao Livro onde estão gravadas as mais conhecidas palavras pronunciadas por esta mesma misteriosa Voz.

   Misteriosa não quer dizer enigmática; quer dizer sedutora. E uma das grandes razões do seu fascínio é o facto de se encontrar dentro de nós. É mesmo o que há de mais íntimo, mais pessoal, mais característico da nossa irrepetível individualidade. Repare-se: a que outra pessoa falou, neste momento, a Voz que disse “Apocalipse dez, nove”? Não deve haver ninguém, no mundo inteiro, que tenha ouvido o que eu ouvi. Mas mesmo admitindo que essa pessoa exista, quem poderá afirmar que aquelas palavras despoletaram nela os mesmos sentimentos que em mim?

   Ouvir a nossa própria Alma é o acto mais individualizante e personalizante que podemos executar. Mas é obviamente necessário ter muito cuidado: podem vir de dentro de nós vozes falsas, isto é, vozes que verdadeiramente não vêm da nossa Alma. Não passamos nós o dia e às vezes até a noite a ouvir vozes que provêm de fora de nós? Ora nós sabemos que estas vozes se nos podem colar ao núcleo do ser e sair depois de nós como sendo nossas, enganando-nos a nós próprios e aos outros. Quando isto acontece, estamos sendo verdadeiramente manipulados por mãos alheias. Podemos assim ser conduzidos a uma completa despersonalização.

   É este o mais mortífero de todos os venenos: uma vez instalado à volta da nossa intimidade, asfixia-a e alastra depois a todo o nosso ser, contagiando-o com as suas várias e díspares identidades, até que o desagrega e mata. Não somos depois mais do que cadáveres ambulantes, isto é, máscaras de vida representando a peça que outros nos destinaram.

   Cada vez mais veio o mundo enchendo de vozes a nossa intimidade, até que hoje, para qualquer lado para onde nos voltemos, lá está o universal berreiro a meter-se-nos pelos ouvidos dentro. Não é, por isso, nada fácil reencontrarmos a nossa intimidade. Tem, por isso, toda a legitimidade e toda a desculpa aquele que me vier perguntar: Quem te disse que as palavras “Apocalipse dez, nove” vieram mesmo da tua mais funda intimidade? Não podiam elas ter sido qualquer voz exterior que por dentro de ti andasse, esvoaçante?

   Eu sei que não é uma voz esvoaçante, mas não sei certamente responder a este meu irmão com argumentos aceitáveis para ele. Pois se eu próprio tantas dúvidas ponho… tantas vezes falo da leveza e fragilidade desta minha Voz interior, tantas vezes desconfio da fiabilidade do meu ouvido… Mas por entre as objecções próprias de quem vive neste mundo sujeito a tantas vozes, há uma coisa de que eu nunca verdadeiramente desconfiei: de que Deus me criou e me ama loucamente, que deu a vida por mim. E é este sempre o único argumento que eu tenho para me manter a mim na permanente descoberta da Verdade e para apresentar às pessoas: se eu despertar para este Amor de Deus e sempre com todas as minhas forças lhe tentar corresponder, eu caminharei sempre, fatalmente, pelo caminho da Verdade, através de toda a possível falsidade que me rodeie. Foi assim que se me fez este enorme Silêncio interior. Foi aqui que pude avaliar a falsidade das vozes em que longo tempo vivi emaranhado. E foi aqui que me descobri Filho de Deus!

   Por isso agora me recolho sempre a este Silêncio. E sei que tudo o que nele ouço vem cheio do Amor e da infalibilidade do meu Amigo Deus. Mesmo que O ouça ainda com a minha carne envenenada pelas vozes que me estavam desagregando e secando todo o ser. Vou, pois, confiante, ao local onde me vai falar o meu Amor Infalível. Em

                                                 Ap 10, 9

está escrito assim:

Fui ter com o anjo, pedindo-lhe que me desse o livrinho. Disse-me ele: Toma, come-o; encher-te-á as entranhas de amargura, mas na tua boca será doce como o mel”.

    Não entendo ainda o alcance destas palavras. Mas a minha Fé no meu Amigo diz-me que Ele as está pronunciando agora especialmente para mim. Vou continuar procurando neste meu Silêncio. E ao fazer isto estou afastando todas as vozes exteriores. E cresço. E personalizo-me. Vou só descansar um pouco…

   São 5:36!?

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

595 — Tu ainda só esperaste sete anos

24/1/02 - 4:14

    Como uma vaga que tivesse vindo do fundo de mim, impôs-se-me a citação “Deuteronómio quatro, sete”. E vou obedecer a esta estranha Voz, que eu creio vir do Céu e que me diz isto:

Não há, com efeito, nenhum povo tão grande que tenha deuses como o Senhor, nosso Deus, sempre pronto a atender-nos, quando O invocamos”.
   Está, pois, esta Voz gravada em

                                                 Dt 4, 7
                                                                 
para se tornar viva sempre que um coração a encontre e a ouça. E isso aconteceu esta noite. Vou, pois, deixar-me alimentar por ela, permitindo assim que ela inunde todo o meu corpo. Se isso acontecer, o meu corpo se transformará naquilo que recebeu e se tornará portanto Voz de Deus revelando o Seu Mistério.

   - Maria, vem confirmar aquilo que mesmo agora escrevi, porque me esmagaria se o Deserto não tivesse tirado do meu coração toda a sensibilidade.

   - Precisa bem o que assim vês tão grande.

   - Eu disse que, se me deixar alimentar por aquelas palavras, o meu corpo se tornará pura Voz de Deus.

   - E crês de todo o coração nisto que gravaste?

   - Sim, com todas as forças que neste momento consigo reunir: creio em que a Voz de Deus alimenta e transforma na própria Vida que transporta todo o nosso ser.

   - Todo o outro alimento também assim faz?

   - Julgo que sim, mas o seu efeito é efémero, porque todo o outro alimento é perecível. A Voz de Deus, porém, vem carregada de Vida imperecível. Ela é a própria Vida sem princípio e sem fim, capaz de inundar todo o Tempo como um mar.

   - Vê então agora a esta Luz a palavra que te foi dada e que tu sentiste como uma vaga vinda das profundezas.

   - É justamente por isto que o nosso Deus é incomparável, frente a todos os deuses que se possam levantar em toda a superfície da terra: o nosso Deus é Palavra que não falha nunca; os outros deuses debitam doutrinas que falham ao virar da primeira esquina. O nosso Deus é Palavra que, recebida no nosso corpo, lhe transforma as células em Vida inesgotável e imorredoira; os outros deuses são címbalos ocos que nos ensurdecem os ouvidos e nos atrofiam todas as células.

   - Quem está transmitindo, no Deuteronómio, aquelas palavras?

   - É Moisés chamando a atenção para a Fidelidade do Deus de Israel, que até ali cumprira todas as Suas promessas.

   - É por ter cumprido tudo quanto prometeu que Moisés O considera diferente de todos os outros deuses?

   - Sim. Yahveh é apresentado perante o povo como Palavra eficaz e infalível.

   - Poderás tu, que foste já pelo teu Mestre comparado a Moisés, testemunhar perante o povo esta mesma eficácia e infalibilidade da Voz de Deus?

   - Moisés fala já depois dos factos. Ele pode apresentá-los como prova de que vale a pena esperar pelo tempo de Deus; eu posso dar ainda apenas o testemunho da minha vida pessoal, que me leva a esperar firme, como Moisés esperou no Deserto durante quarenta anos, sem que nada ainda do que eu ouvi e proclamei esteja cumprido à vista do povo.

   - Esse testemunho é o mais importante. Vê: tu ainda só esperaste sete anos!

   São 7:59!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

594 — Garabandal

23/1/02 - 2:35 - Palencia - Espanha

    Garabandal lá ficou escondida no fundo das montanhas. Estava um lindo dia de sol, ontem. E não sei se foi este sol sem névoas que mais contribuiu para acentuar a terrível sensação que me percorria, durante a visita: o sol punha a nu a desolação que se estendia diante dos meus olhos, desmascarava a patorra enorme de Satanás esmagando tudo naquela encosta e carregando ainda, pesada, sobre toda a aldeia de Garabandal. Parecia que a presença do Monstro enchia todo o vale e se elevava acima dos montes, sobre as nossas cabeças, em todo o espaço recortado pelo horizonte.

   Uma opressiva sensação de abandono e de devastação! Um silêncio gélido cobrindo tudo, emudecendo completamente as Vozes do Céu que ali num dia já muito longínquo se fizeram ouvir, quer a do Arcanjo Miguel, quer a da própria Rainha do Céu! As próprias construções ali levantadas, pesadonas e tímidas, mais revelavam a garra esterilizante da Besta, ali cravada. No alto, uma Cruz de Amor de Dozulé estava reduzida quase só ao esqueleto interior. Uma outra cruz da mesma altura, com as mesmas cores, azul e branca, estava também degradada, com os cabos da iluminação eléctrica cortados. Na pequena capela, com grades de ferro que pareciam de prisão, o altar estava rodeado de toda a sorte de imagens e de trastes, dispostos de forma anárquica. Via-se que ali talvez nunca se tivesse celebrado a Eucaristia, para que o Arcanjo Miguel viera chamar as atenções e os corações.

   Neste clima, os quadros das estações da Via-Sacra revelavam bem o sofrimento do nosso Redentor, obrigado, talvez, a deixar abater sobre a terra o Castigo que a Mãe ali viera anunciar e que ali mesmo ficou gravado sobre pedra e mais abaixo na aldeia, na casa de artigos religiosos, em todas as estampas à venda. Em todos os lugares em que havia uma qualquer imagem ou construção havia flores - murchas as naturais, e caídas juntamente com os respectivos vasos as de plástico. Havia ali nitidamente algumas mãos resistentes tentando contrariar a força e o peso da garra devastadora. Até que, no alto, em frente dos pinheiros encontrámos, de facto, algumas dessas mãos trémulas: eram duas senhoras vindas do outro lado do mar, da Colômbia, que contemplavam, mudas, o abandono em que se encontravam todos os objectos pessoais colocados junto dos pinheiros, sobretudo junto de um deles. Alguns eram cartas ainda fechadas, engelhadas e desbotadas pelo gelo e pela chuva, contendo provavelmente pedidos que ninguém leu e só a Mãe certamente levou, como se estivesse executando uma missão clandestina, até ao Coração do Seu Filho…

   Na aldeia, as pessoas dizem que o pároco nunca se refere às Aparições, “porque não estão aprovadas”. E parece que evitam falar dos misteriosos acontecimentos de há quarenta anos. Das quatro pequeninas videntes, nenhuma mais vive ali: todas casaram e estão espalhadas pelo mundo. E é neste silêncio tenebroso que se abateu sobre Garabandal que os crentes esperam o dia em que, enfim, Conchita anuncie o Milagre ali mesmo profetizado.

   São 4:22:22!!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

593 — Em viagem para Garabandal

22/1/02 3:35 Aguilar de Campoo Espanha

    Estou em viagem para Garabandal. E mais uma vez nenhuma emoção especial arde dentro de mim. Só os meus Sinais, reduzidos a braços descarnados no Deserto, me apontam uma Presença forte de Deus incarnado…

   Maria, como vou aguentar tamanha devastação? Não é Garabandal um outro momento importante da Tua descida à terra, a anunciar o Regresso do nosso Príncipe? Porque me não enches o coração com a Luz que aqui Contigo desceu? Não vês que estou quase desfalecido na subida a uma montanha de que nunca mais vejo sequer o cume?

   Tenta então apenas conversar Comigo daquilo que se passa dentro de ti. Por exemplo, diz o que te aconteceu ao acordar.

   Estava já presente um intenso prazer físico que também nem forças tenho para gozar e logo murchou.

   Recordas-te de Jesus te ter dado este prazer como um novo Sinal da Sua Presença?

   Sim, numa das maiores surpresas da minha conversão.

   E não sentiste que Ele te estava falando hoje, também por este meio, da Sua Presença eficaz?

   Sim, mas Tu sabes que as minhas sensações estão agora todas reduzidas a ramos secos, a folhas mortas…

   Mesmo assim, não desprezes nada do que em cada momento te é dado. Acredita na força omnipotente de cada momento, se o deixares assumir livremente no Tempo de Deus.

   Eu quero acreditar, sim, minha querida Irmã e Companheira tão fiel. Não sei com que mais forças possa acreditar.

   Isso é tudo. Continua esperando firme o Tempo de Deus, aceitando-o em cada momento com o que ele te trouxer. Nada tentes esconder ou abafar daquilo que em cada momento te acontece, ou apenas te cai no espírito, mesmo que te pareça impossível ou absurdo.

   Estás referindo-te àquele outro pensamento, ao acordar…?

   Sim, escreve-o.

   Ele apareceu-me em forma de apelo. Dizia assim: “Manda construir uma igreja naquele lugar”. Sei que se referia a Garabandal.

   E tu como reagiste?

   Tentei afastar aquela voz, que ainda agora não tenho a certeza que tivesse vindo do Céu: além de muito leve, ela pedia uma coisa impossível neste momento.

   Não estás habituado a que Jesus te arrebate para o território do Impossível?

   Sim, mas creio que nunca o fez desta maneira.

   Que maneira?

   Num clima assim desinteressado e frio. Parecia só um qualquer pensamento esvoaçante. Achei que, se Jesus me estivesse mesmo pedindo uma impossibilidade destas, o haveria de fazer num clima de intensa emoção. Ele haveria, de qualquer forma, de excitar todas as minhas capacidades e eu permaneci completamente frio.

   Não foi bem assim…

   Bem, eu não consegui esquecer aquelas palavras.

   Porquê?

   Julgo que foi pelo cuidado que eu tenho em não desprezar nem sequer uma hipótese, em mil, de determinada palavra poder ser de Jesus.

   E então? Já alguma Luz te clareou o entendimento?

   Devo confessar que a minha dúvida é ainda a mesma.

   Em que condições poderias corresponder ao pedido de Jesus, supondo que ele é autêntico?

   Quando eu estivesse investido da missão de Pedro… Ah, Maria, vê como tenho o coração!… Vejo tudo tão frágil, tão incerto, tão inseguro… Segura a minha Fé, querida Rainha da Paz!

   Sim, Eu dou-te a Paz do nosso Jesus. Não esqueças este diálogo. Lembra-te de que os momentos mais escuros do teu caminho são aqueles de que surgirá uma maior explosão de Luz!

   São 5:48!!