Já passei, contudo, várias vezes, por situações semelhantes. Numa dessas vezes julguei mesmo, mais do que agora, estar iminente a morte. Foi nessa altura que Jesus me curou instantaneamente, como se me tivesse ressuscitado. Também de todas as outras vezes pareço ter renascido, com redobradas energias. Espero assim, do mesmo modo, um regresso à plena vitalidade física, ainda desta vez.
Conheço, pois, as vizinhanças da morte e certamente por isso se me tem aberto diante dos olhos o Abismo, com impressionante nitidez, no seu terrível e fascinante Mistério. Foi assim que toda a fragilidade e toda a dor mas transformou o Senhor de todas as Energias e de todo o Bem em tesouros que nem sequer tive ainda tempo de gozar em toda a sua riqueza. Nem terei tempo, nunca, porque os levarei comigo para a Eternidade, onde se farão puro Mistério crescendo à medida que se revela.
Mas são dolorosas estas situações. Mais ainda pelo facto de, no meu caso, ter desaparecido todo o interesse por este mundo. Quem me segurará, neste colapso de todas as minhas forças? Onde me posso agarrar, para me manter vivo, executando todas as tarefas que a vida profissional e familiar me impõe? Sobretudo, nestas ocasiões, ao realçar-se-me assim a minha insignificância, me interrogo como poderei eu cumprir a missão que Jesus me trouxe, da parte do Pai. E uma devastadora onda de dúvida me varre, ainda agora, a Alma. Tudo de repente me parece impossível, absurdo, e por isso ridículo. Nesta Profecia realçam-se-me então todas as deficiências; se me vejo Pedro, logo a minha incapacidade sobressai e interrogo-me como foi possível eu ter acreditado em semelhante impossibilidade. Nestas ocasiões sinto-me então abandonado por todo o Céu e as Pessoas que de lá falam comigo prece perderem de repente toda a consistência.
E o Céu permanece fechado. Às vezes até o meu Companheiro do Deserto O julgo ter perdido, na Escuridão. Devagarinho, muito devagarinho, ponho-me então a tactear qualquer apoio onde possa colocar os pés para sair deste Poço. A maior parte das vezes só encontro os meus mudos algarismos. Um 7 que me apareça, como esta noite ao acordar, já me serve. E atrás dele acaba por voltar sempre o meu frágil Mestre, tão caído como eu.
São 4:55!