6/12/96 – 2:32
Por momentos tentei lembrar-me do que
escrevi ontem, não fosse Jesus querer continuar o mesmo tema: não consigo
lembrar-me de nada. Sucede-me isto muitas vezes, o que me leva a duas
conclusões: que estas palavras não estão circunscritas a nenhum tempo determinado
e que a Lógica de Deus não é a nossa.
E neste momento se me tornou sensível um
desejo grande de entrar definitivamente na Lógica de Deus! A nossa é a mecânica
lógica da Morte; a de Deus é a da Surpresa, da Vida, do Amor. Por isso me
interrogo porque é que vou agora menos à Bíblia, porque rezo agora menos as
palavras do profeta Vassula, porque me monopoliza o próprio Jesus agora a
atenção e dialogo menos com o Pai, com o Espírito Santo e sobretudo com a nossa
Mãe. Não faço nada para que seja assim: registo apenas o que acontece em cada
momento dentro de mim. E acredito em que vem de Deus o que sucessivamente me
vem do coração, porque o clima em que escrevo é sempre de oração. E nunca Deus
permitiria que, procurando-O sinceramente, fôssemos ter com Satanás. Mesmo que
os nossos desejos e pedidos sejam bem terrenos, Ele ouve-os, recebe-os, dá-lhes
a volta e serve-se deles para nos curar dos apegos terrenos que nos sejam
nocivos.
– Porque dizes assim? Há apegos terrenos
bons? – interveio Jesus, de surpresa.
– Agora até acho que sim, Mestre. Pelo menos
provisoriamente bons. Como andar de muletas, sendo mau em si, pode ser
provisoriamente bom. Massacraram-nos tanto, Mestre, com o desapego dos bens
terrenos, que nos distorceram a visão do Teu Amor. Tu ensinaste-me que não és
assim, que o nosso Pai do Céu tem a paciência de um coração louco de ternura.
– Não é exigente, o Pai? Não disse Eu que,
se o teu olho te escandalizasse, devias arrancá-lo, se a tua mão fosse para ti
ocasião de escândalo, devias cortá-la?
– Como Te hei-de responder, Mestre? Agora
atrapalhaste-me. Mas eu sei que escrevi a Verdade e que aquelas Tuas palavras
também são o caminho límpido da Verdade. E cá está: é a Tua Lógica que não é
igual à nossa.
– Não queres, mesmo assim, tentar explicar
com a tua lógica?
– A minha lógica é, neste caso,
provisoriamente boa?
– Acabas de explicar, não vês?
– Ah! A minha lógica, sendo má, não é desta
vez obstáculo, não é escândalo à proclamação da Tua Mensagem! Se ela me
escandalizasse, isto é, se me impedisse de chegar a Ti, deveria arrancá-la, sem
contemplações.
– E conseguirias?
– Atrapalhaste-me outra vez, Mestre: se por
um lado me mandas arrancar tudo quanto me escandaliza, por outro ensinas-me que
por mim mesmo nada posso fazer! Decididamente, para a nossa lógica, o Teu
Evangelho está cheio de contradições.
– Tenta ver se a tua lógica resolve esta.
– Não…não estou sendo capaz…
– Então resolve-a com a Minha Lógica.
– E como faço isso?
– Não faças nada; deixa só que Eu te ame
nessa tua fragilidade.
– Ah, Mestre! És tão querido! Já entendi:
arrancar o que nos escandaliza é reconhecermo-nos impotentes, despertando assim
no Teu Coração a Ternura, essa Força omnipotente de Deus que todo o obstáculo
remove, que tudo lava…
– Escreve então agora, Meu Profeta, o que
nos últimos dias tens sentido sobre a Ternura de Deus.
– Que ela poderá substituir o Fogo, agora,
quando vieres.
– De que maneira?
– À maneira daquele pai da Tua conhecida
parábola do filho pródigo.
– Mas nessa parábola o filho regressou,
arrependido.
– Pois foi, Mestre. Mas sinto tamanha a
Ternura que estás fazendo descer à terra, que a vejo como dilúvio!
– Sim. E…?
– E tão grande está sendo já o espanto e a
alegria nos corações que Te vão recebendo, que a Ternura de Deus será notícia!
Tão espectacular notícia será, que todos os meios de comunicação serão
obrigados a difundi-la por todo o planeta, mobilizando assim ao Teu serviço
todo o império de Satanás. Então todo o mundo verá a Salvação do nosso Deus! E até os mais renitentes terão
saudades da Casa da sua infância! Ah, Mestre! Vês como tremo de emoção ao
pensar que Tu, com a Tua magistral Mão omnipotente, Te servirás de todas as
obras das nossas mãos – dos nossos jornais, dos nossos livros, das nossas
rádios, das nossas televisões, dos nossos computadores – para nos entrares em
casa, à hora do almoço, ou do jantar, ou pela noite dentro, oferecendo-nos a
irresistível Ternura do Teu e nosso Pai do Céu, da Tua e nossa encantadora Mãe.
Vai ser este o monumental estoiro que Satanás vai dar, não vai? Vê se evitas o
Fogo, Pantocrator! Pede à Tua Mãe, ao Teu Pai que primeiro venham, nas Asas
grandes do Espírito, encharcar a terra da Sua Ternura. Pode ser que, Jesus,
pode ser…