No jardim da casa
Escrevendo ...
Breves dados biográficos

O meu nome é Salomão. De apelido Duarte Morgado.

Nasci no ano de 1940 em Portugal, na aldeia do Rossão, da freguesia de Gosende, do concelho de Castro Daire, do distrito de Viseu.

Doze anos depois, 1952, entrei no seminário menor franciscano: eu queria ser padre franciscano.

Doze anos depois, 1964, fiz votos perpétuos na Ordem dos Frades Menores de S. Francisco de Assis seguidos, ao fim desse ano lectivo, da ordenação sacerdotal: eu era o padre que tanto queria ser.

Doze anos depois, 1976, pedi ao Papa dispensa dos votos que era suposto serem perpétuos e do exercício do sacerdócio, que era suposto ser para sempre, casei e tornei-me pai de quatro filhas.

Doze anos depois, 1988, fiz uma tentativa extrema para salvar o meu casamento, saindo de casa. Mas o divórcio de facto consumou-se.

Doze anos depois, 2000, surgiu na minha vida o mais inesperado acontecimento, que começou a ser preparado, sem que eu disso tivesse consciência, no meio deste ciclo, 1994. Foi aqui que comecei a escrever a longa Mensagem que senti Deus pedir-me que escrevesse em Seu Nome e a que Ele próprio deu o título de Diálogos do Homem com o seu Deus no Tempo Novo. Os textos agora aqui publicados são excertos desta vasta Profecia preparando a sua divulgação integral, no tempo oportuno, que desconheço.


Moro há 30 anos em Leça do Balio, concelho de Matosinhos, distrito do Porto.


Não são estas palavras mais do que um testemunho daquilo que vi, ouvi, senti, toquei. Não estão por isso sujeitas a nenhuma polémica. Todos os comentários que se façam, ou pedidos que se queiram ver satisfeitos, sempre serão respondidos apenas com novos textos: de mim mesmo não tenho respostas.




Observações


Muitos e verdadeiros Profetas têm surgido nos nossos dias. Um deles é Vassula Ryden, cuja profecia, "A Verdadeira Vida em Deus", teve um decisivo relevo no meu chamamento a esta missão e revela uma estreita complementaridade com esta Mensagem que escrevo.

Os algarismos desempenham nesta Profecia um papel muito importante como Sinais. Foram adquirindo progressivamente significados diversos. Assim:

   0 – O Sopro da Vida. O Espírito Santo.

   1 – A Luz. A Unidade. O Pai.

   2 – A Testemunha.

   3 – O Deus Trino. A Diversidade.

   4 – O Mensageiro. O Profeta. O Anúncio. A Evangelização.

   5 – Jesus.

   6 – O Demónio.

   7 – O Sétimo Dia. A Paz. A Harmonia.

   8 – O Oitavo Dia – O Dia da Queda e da Redenção. O Homem caído e redimido. Maria de Nazaré.

   9 – A Plenitude de Deus. A Transcendência. A Perfeição. O Regresso de Jesus. O Nono Dia.

Alguns agrupamentos de algarismos adquiriram também um significado próprio. Os mais claramente definidos são estes:

   10 – Os Dez Mandamentos. A Lei. A Escritura.

   12 – O Povo de Deus. A Igreja.

   22 – As Duas Testemunhas de que fala o Apocalipse.

   25 – A Alma humana.

   27 – Salomão, o meu nome que, derivando do termo hebraico Shalom, significa o Pacífico, a Testemunha da Paz.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

71 — Meu Amor do Deserto, gosto tanto de Ti!

29/8/97      — 18:54:17

Vontade de escrever não tenho. Nunca. Seduz-me na escrita apenas o saber que Jesus me pede que escreva e eu ao meu Mestre dou tudo o que Ele quiser, com toda a alegria que me permite o meu ser impotente e cansado. Se Ele me pedisse para eu estar vinte e quatro horas seguidas escrevendo, eu estava. Seguro de que continuamente estaria revelando o Mistério de Deus e que quanto mais as minhas faculdades me faltassem, mais pura ficaria registada a Sua Voz.

— Meu Amor do Deserto, gosto tanto de Ti! Se as estrelas fossem minhas, eu dava-Tas todas! Se o Teu Poder fosse meu, eu havia de Te realizar todos os Sonhos no instante em que os sonhasses. Eu sei e só vou entendendo porque Tu não tens feito outra vida senão tentar explicar-mo: o Teu Poder tem-no o Pai e Tu continuas aqui no Deserto comigo, estás aqui há dois mil anos e nenhum dos sonhos que sonhaste em criança, em jovem, em adulto, nas noites silenciosas de Nazaré, depois nos caminhos todos da Galileia a Jerusalém, mesmo os que sonhaste depois de ressuscitado quando viste a Tua Igreja nascer — nenhum dos Teus lindos, loucos Sonhos o Pai, o Teu omnipotente Pai até hoje Te conseguiu realizar! E Tu voltaste aqui à nossa beira, continuas neste interminável Território de Desolação agarrado aos Teus Sonhos todos, embora tenhas a garganta seca como papelão, o Teu Coração todo transformado numa única chaga e os Teus pés incapazes já de se moverem. E acho que sei o que Te faz assim manter nesta teima absurda de veres os Teus Sonhos realizados: é que Tu acreditas em nós! Acreditas até esse absurdo que ninguém entende. Por isso Te amo assim com esta loucura que me vem não sei donde — esta loucura de andar aqui Contigo até que veja a Tua teimosa Fé em nós explodir na Festa dos Teus Sonhos todos brotando deste Deserto!

quinta-feira, 29 de abril de 2010

70 — Piores que os inquisidores

                   — 10:11:33

Sempre que as dúvidas me assaltam, logo o meu doce Amigo do Deserto me vem certificar da Presença abrangente e íntima da Plenitude de Deus (33), da Luz descida e surgida da terra (11) e da minha condição de Moisés do Tempo Novo, gravando o Seu Mandamento sempre antigo e sempre novo (10).

Foi um atrevimento enorme o que ficou escrito nesta vigília. Há ali afirmações que colidem frontalmente com aquilo que até agora nos foi ensinado acerca de Deus e dos Seus Caminhos. Não que seja mentira o que nos foi ensinado; apenas a nossa visão está ainda muito enevoada e reduzida. Jesus está-me levando a esta verificação fundamental: a Apostasia que fomos a pouco e pouco fabricando logo que Ele desapareceu da nossa vista carnal e em que agora vivemos mergulhados é tal que, em vez de crescermos na visão de Deus, mais se enegreceram as trevas à nossa volta. É verdade que fabricámos muitos livros e amontoámos colossais quantidades de conhecimento. Mas tudo isto o fizemos à revelia do Evangelho, que diz não nos devermos preocupar sequer com aquilo que havemos de comer ou de vestir.

Não levamos nada a sério do que os Profetas e o próprio Jesus nos disseram. Por isso quando o Verbo de Deus hoje fala de novo directamente e a partir da Sua Luz imordaçável, não só não O levamos a sério, como ostensivamente O ignoramos, banindo-O dos respeitáveis centros de doutrinação e decisão da nossa Babilónia. Gememos de dor e de impotência cada vez mais manifesta para ultrapassarmos os problemas que sucessivamente criamos, sempre mais graves; mas mantemo-nos de cerviz ridiculamente levantada, continuando a dispensar Deus nesta medonha Apostasia infiltrada já nas células do mais fundo do nosso ser.

Por isso afirmações como as desta vigília, se as ouvimos, rejeitamo-las logo à partida, sem sequer nos permitirmos escandalizar-nos com elas! É este o cume mais alto da Apostasia: ao menos a Inquisição levava a sério os Profetas — tanto assim que os condenava liminarmente à fogueira! O que Jesus nos veio dizer esta noite é que estavam mais próximos de Si os inquisidores no seu cruel zelo, do que nós, os insensíveis apóstatas de hoje, que Lhe custamos muito mais a suportar!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

69 — Tudo como nós

27/8/97 — 1:20 — Faro

— Olá, Mestre! Está-Te doendo muito a Tua Solidão, não está?

— Já tenho agora algum apoio, no teu ombro, em alguns outros ombros assim…

— Contentas-Te com pouco, Redentor. Mesmo que nós os Teus amigos fôssemos uma pequena multidão, o apoio que te daríamos estou-o comparando com o apoio que me dá a mim o Snupi: por mais fiel que me seja e me enterneça, nunca com ele eu poderei partilhar as minhas mais fundas e autênticas dores…

— Não é assim, Salomão…

— É, é, Mestre. Não tenhas medo de o dizer. Por mais pesaroso que eu fique, não posso deixar de reconhecer a distância que vai da Tua visão à minha, do Teu Coração ao meu.

— Não fales assim, Meu amigo, que Me pões mais triste e só… Se apenas me pudésseis dar o que o Snupi te dá a ti, achas que Eu teria percorrido todo este caminho, suportado toda esta dor?

— Ah, Mestre! Que entendimento é o nosso, perante a Tua Omnisciência, que amor poderá ser o nosso perante a Tua Loucura de por nós suportares há tantos milénios a nossa animalesca bruteza e cegueira de espírito?

— Não fales assim, Profeta, que Me estás magoando muito. É verdade que muitas vezes vos vejo mais insensíveis que animais, mas vejo também dentro de vós o Meu Espírito, ansiando por que O deixeis fazer de vós Meus perfeitos irmãos.

— Entretanto Tu é como se Te tivesses feito bicho, tão bruto e incapaz como nós, para tentares acordar a centelha do Teu Espírito que asfixiámos dentro de nós!?

— Sim, eu fiz-Me exactamente um de vós.

— Fizeste-Te, por nosso amor, assim bruto e incapaz!?

— Fiz.

— Vieste também revolver-Te na lixeira em que nos revolvemos, todos sujos e desatinados!?

— Vim.

— Fazes as mesmas figuras ridículas que nós fazemos só para que nos sintamos Teus iguais?

— Faço.

— Deixa-me que seja mais claro ainda a perguntar, Mestre: Tu também matas e roubas e violentas o nosso semelhante, com nós fazemos?

— Sim. Faço tudo isso, quando vós o fazeis!

— Agora então protege-me, senão matam-me! Defende-me, por exemplo, apontando-me casos em que assim estiveste connosco fazendo aquelas coisas.

— Matei e roubei convosco quando, comandados por Josué, conquistastes a terra de Canaan, a prometida…

— Estavas também connosco matando e pilhando quando foi da Inquisição?

— Estive sempre convosco naquilo que fizestes quando não vistes outra forma de servir o vosso Deus.

— Parece-me que fugiste um pouco agora à resposta directa, Mestre.

— Não, não fugi: respondi com a verdade total.

— Tu estavas torturando juntamente com aqueles que pensavam ser essa a única via para arrancar da Tua Igreja o erro e a corrupção?

— Estava.

— E como Te sentias Tu?

— Sofrendo mais do que aquele que estava a ser torturado.

— Então estavas também na fogueira sendo queimado vivo com aqueles que assim morreram julgando-se inocentes?

— Eu estou sempre sendo queimado vivo com todos os queimados vivos na fornalha deste mundo! Só não os posso nesse mesmo instante levar Comigo para o Paraíso se eles se recusarem a ir.

— Como o mau ladrão?

— Sim.

— Ah! É verdade que Tu estavas com Ele no mesmo sofrimento!… Bem hajas muito pelo que agora nos ensinaste. Mas creio que ficaram muitas coisas por entender…

— Podes apontar-Me uma?

— Tu estares ao mesmo tempo torturando e sendo torturado…

— Não há dois seres humanos numa posição e noutra?

— Há. Mas um é carrasco e o outro é vítima. Custa-nos muito entender que Tu possas estar com o carrasco fazendo sofrer assim.

— Não fiz eu sofrer com o Meu chicote, no templo?

— Sim, mas…

— Não foi o Meu Pai conivente com os Meus carrascos em toda a Minha vida, sobretudo nas horas da Minha Paixão?

— Custa-nos tanto entender isso que dizes…

— Não estou Eu todo o tempo repetindo-vos que amo tanto o carrasco como a vítima?

— Quem Te entenderá, meu louco Redentor?

— Tu entenderás. Eu creio em ti.

São 3:37!

terça-feira, 27 de abril de 2010

68 — Numa esplanada, em Faro

26/8/97 — 6:53 — Faro

Acabo de chegar para uma semana de férias aqui onde há três anos o Senhor me acordou para a Profecia do nosso tempo e com ela me seduziu. E nesta esplanada o que hoje me ocupa o espírito é justamente a mesma persistente interrogação que me vem desse Agosto distante sobre a Profecia – esta mesma que eu a partir daí sempre disse estar escrevendo: que tem este texto que agora escrevo de específico, que o possa distinguir de uma qualquer crónica de viagens ou de um vulgaríssimo diário pessoal?

Procuro e não encontro uma Profecia como esta. Aqui na mesa ao lado está um homem em manifesto estado de desarranjo mental. Come sandes de fiambre em série e discursa, desafogando provavelmente mágoas antigas – essas mágoas, talvez, que o puseram assim. Tenta prender-me a atenção com o seu discurso e, como eu continuo escrevendo, ele fala para um imaginário auditório. É em circunstâncias destas, às vezes piores ainda, que escrevo a minha Profecia. É com relatos destes que preencho a minha Profecia concebida aqui em Faro no Agosto de há três anos…

Que tem ela de profético, isto é, onde está nela a Voz do Céu, se relatos humanamente mais densos os há aos montes, em muitas crónicas e diários íntimos? Em ocasiões destas não sei e pergunto-me como foi possível eu convencer-me de que é o próprio Espírito de Deus que move e guia a minha caneta. Mas este homem doente que ao meu lado continua discursando, sempre com um indefinível sorriso, está querendo dar-me uma resposta a esta minha tão longa e funda interrogação: “Vai para a praia apanhar sol nos cornos, a ver se mudas o pensamento!” — diz o homem neste momento para o seu imaginário ouvinte. E misteriosamente é aqui que o homem começa a dar sentido a esta Profecia: ela quer ajudar os homens a mudar o “pensamento”, abrindo nas nuvens brechas por onde sobre eles caia o “Sol”.

Que impotência sinto perante este meu irmão doente! Quem me dera entender o seu sorriso, lavar-lhe do coração todas as mágoas! A Profecia que gravo é esta minha impotência à procura da Omnipotência de Deus: ela sabe onde está o Remédio para todas as mágoas…

São 8:09.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

67 — 25 de Abril

                     — 11:19:34
Celebra hoje o meu país uma revolução política. E eu chego a enternecer-me com a cegueira que esta revolução revela. Eu tinha 33 anos quando ela se deu e recordo a emoção que senti nessa altura. Uma verdadeira emoção de cego. Foi como se me tivessem mudado de uma cave bafienta e escura para uma cela cheia de ar e luz. Mas não me apercebi da verdade que agora vejo: eu continuei prisioneiro.

Enterneço-me, contudo, comigo e com os meus compatriotas, ao contemplar aquele momento, aquele dia, aqueles primeiros dias de ingénua alegria pelo espaço novo para onde nos estávamos mudando. Enterneço-me ao considerar como quem tão pouco tem, com tão pouco se contenta. Pobrezinhos de nós que gritamos a todo o mundo a nossa alegria quando nos mudam de uma masmorra para uma cela larga com porta de ferro e grandes janelas gradeadas!

Por isso os olhos novos que Jesus me deu não me deixam condenar ninguém; ficam, antes, humedecidos de teimosas lágrimas quando vêem alguém gastar as suas forças, ir às vezes até ao sacrifício da sua vida para mudar para melhor a nossa situação dentro do cárcere. Por isso me comovo com o risco que por nós correram os capitães do Movimento da Forças Armadas, há vinte e cinco anos. Por isso sinto um natural respeito por todos os chefes políticos que sinceramente procuram melhorar as condições da nossa existência neste mundo. Eu próprio fui um desses candidatos à chefia de uma cidade, cheio de ingénuas, boas intenções. Sem êxito, e ainda bem, porque o Pai do Céu me estava já orientando por outro caminho, radicalmente novo…

Entendo agora o distanciamento de Jesus em relação às coisas da Cidade: Ele não vinha alterar as nossas condições de vida dentro da prisão, mas, mais ainda do que libertar-nos da prisão, desfazer a própria prisão! Era preciso, não só que acabassem os prisioneiros, mas que a própria prisão desaparecesse, para que de todo fosse lavada da terra a memória da Iniquidade.

Deus não faz nada a meias.

Dê-se então a César o que é de César enquanto tiver que haver Césares para governar a Cidade. Mas todo o coração dos discípulos de Jesus estará cheio da ânsia de que a Polis, enfim, se desmorone e, como barro puro que é, se afunde na terra, de modo que nunca mais seja vista à superfície. É claro que esta ânsia vai fazer doer muito no coração do discípulo de Jesus, porque passará a ser um prisioneiro consciente de viver encarcerado. Mas a sua alegria será também muito funda ao saber do destino último da Prisão.

66 — Conversas piegas

25/4/99 — 4:33

Apareceu-me hoje já por três vezes o algarismo 6 — 666! — o que me remete para Satanás e seus anjos. Estranhamente este algarismo, que em princípio tem tantas possibilidades de me aparecer como os outros, já há muito tempo que parecia ausente do mostrador dos meus relógios. Porque apareceu então agora de novo e logo três vezes?

Nitidamente, Jesus não quer que eu facilite, esquecendo ou menosprezando a acção do Diabo, em mim e no mundo, especialmente na Igreja. Então eu paro, sondando todo o território da minha visão, a ver se entendo a mensagem que assim o Mestre me quer comunicar, porque há sempre uma mensagem do meu Amigo em tudo o que me prende a atenção neste Silêncio em que com Ele me encontro. Olho, pois, para mim em primeiro lugar e custa-me sempre muito pensar sequer que Ele possa estar magoado comigo. A vaidade, sobretudo, é uma contínua cilada, em face da missão que o senhor me confiou e dos tesouros que sobre mim tem despejado de forma tão louca. Por isso ainda agora me pus a considerar, ao jeito de um teste: e se Jesus me retirasse esta missão e me colocasse num canto qualquer, entre os Seus discípulos anónimos? E a minha resposta interior, muito sincera, foi esta: não me importava nada, contanto que a paixão que por Ele sinto se mantivesse viva. Ora — considerei eu logo a seguir — esta é uma condição que nem se pode colocar: seja qual for o lugar que ocupemos, Jesus sempre nos ama com esta mesma louca paixão.

E fiquei feliz ao constatar este facto: desde que esta ligação se mantenha, não importa o que Deus faça comigo. Está-se tornando, pois, esta minha relação com Jesus um acontecimento que se sobrepõe a tudo o resto. Amar Jesus basta-me. Estar assim com Ele partilhando todas as Suas dores e sonhos, transportar com Ele até à Cruz e ao Túmulo todo o sofrimento da Humanidade para a ver, enfim, ressuscitada, é para mim agora tudo. Que importa a missão ou o caminho por onde transporto esta Esperança de ver restaurado aqui o Paraíso?

É claro que o nosso lugar no Reino de Deus sobre a terra não é “um qualquer”, nem a nossa missão é fazer “qualquer coisa”: o lugar de cada um está preparado na Harmonia cósmica desde toda a eternidade e a nossa missão sobre a terra está determinada antes que a nossa mãe nos trouxesse ao mundo. Por isso não devemos descansar enquanto nos não sentirmos executando com a máxima precisão a Vontade de Deus a nosso respeito, no lugar e na missão a que ele nos chamou. Mas aquilo que acaba por nos seduzir o coração, de modo a vencê-lo completamente, é este assombro de vermos Deus feito nosso Irmão.

A partir daqui estamos então aptos a obedecer-Lhe em tudo, na total capacidade das nossas forças em cada momento. É mesmo este amor sem condições que nos conduz à nossa vocação. De facto, o nosso maior desejo passa a ser executar todos os Desejos do Coração do nosso Apaixonado.

É piegas, não é, esta conversa? Se assim sentes, meu irmão, experimenta dar passos, lentos ou rápidos, conforme as tuas posses, em direcção ao Carpinteiro de Nazaré, chamado Jesus. Ouve o que Ele diz, sem preconceitos nem resistências. Afianço-te que saberás pela primeira vez na tua vida o que é o Amor. O Amor puro, sem sombra de pieguice, muito mais forte que a morte. Porque este Amor vai levar-te à Paixão e uma Paixão não há força que a trave!

Vejo agora qual foi a finalidade do Sinal 6, desta vez: ele pretendeu testar a solidez do meu amor ao Rei. Perante Ele, não há lugar ou missão a que me apegue como propriedade minha!

Sã0 7:44!

sexta-feira, 23 de abril de 2010

65 — A transcendência de Jesus

20/6/99 — 2:49

Sempre de novo ronda o meu coração o receio de perder Jesus.

— Gostava que me dissesses se este receio é bom, Mestre.

— Em que medida poderia ser mau esse receio?

— Não revela uma Fé periclitante? Não pode significar uma falta de confiança no Teu Amor?

— Diz-Me antes agora em que se funda esse teu medo de Me perder.

— É óbvio, Mestre: na minha propensão para seguir caminhos cómodos e fáceis. É a tendência habitual de toda a carne…

— Relata o que se passou contigo agora.

— Foi tão estranho… Ao pedir-Te, como faço muitas vezes à medida que escrevo, que Te fizesses ouvir para que eu escreva sempre a Tua Vontade, tive de repente a sensação de que, se um dia Te visualizasses diante de mim, se me aparecesses como apareces aos videntes, eu ficaria decepcionado…

— Decepcionado? Com quê?

— Não sei… A sensação é a de que este tipo de convívio que tenho Contigo deixaria de existir.

— Este convívio sem Me veres nem ouvires?

— Sim. Esta sede de Te encontrar acabaria, porque Te teria encontrado.

— Eu perderia o interesse?

— Não sei… Imagino que não saberia lidar Contigo… que não estaria tão à vontade…que ficaria mais limitado, bloqueado…intimidado… Seria, enfim, uma situação completamente nova e acabaria a relação tão funda, tão espontânea, tão amiga, tão terna que venho tendo Contigo. Imagino que ficarias mais distante de mim… Tu muito lá em cima e eu muito cá em baixo…

— Queres então que o nosso convívio se mantenha sempre este até ao fim?

— Até à hora da minha morte?

— Sim, até que desapareças da vista carnal das pessoas.

— Não sei. Só não queria de maneira nenhuma que a amizade tão simples, tão natural que mantenho Contigo algum dia acabasse.

— Devo concluir que não Me queres ver?

— Não! Não concluas isso, Mestre. Toda a ânsia da minha vida é ver-Te.

— Devo concluir então que já Me vês?

— Ah, Mestre, acho que me apanhaste! Eu já Te vejo, sim! Não pode ser outra coisa esta admiração, esta confiança, esta ternura que sinto por Ti. És tão concreto, tão vivo dentro de mim, que não posso pensar outra coisa senão que Te vejo, que Te ouço, até que Te toco, Te cheiro, Te saboreio… Às vezes mexes-me tanto até com o corpo, com os nervos, com a sensibilidade física…

— Mas às vezes dizes que gostarias de que Eu Me visualizasse diante de Ti para Me poderes dar um abraço…

— Pois digo e é verdade. Mas continuo a imaginar-Te assim nesta relação habitual que tenho Contigo.

— Não foi assim que imaginaste aquela visão de há pouco, aquela que despoletou este texto?

— Não. Imaginei talvez uma visão como a do Tabor e que passasses depois a ser para mim Alguém inacessível, inatingível… Até a Tua figura física imaginei que, pelo seu esplendor, desfizesse a visão tão humana que tenho de Ti.

— Mas olha: não estás esquecido de que eu sou o Deus Altíssimo Três Vezes Santo, pois não?

— Não!… Acho que não… Agora fizeste-me vacilar, Mestre… E se eu estivesse a esquecer-me disso?

— Seria muito grave?

— Seria gravíssimo. Seria a minha perdição. Eu estaria a ser sacrílego. Isto que escrevo seria uma profecia não só falsa, mas tremendamente perversa! Se Satanás me levasse a esquecer-me de que Tu és Deus verdadeiro na plenitude de todos os Seus Atributos e se conseguisse que mesmo assim estes textos tivessem a adesão maciça do público, isso constituiria a sua maior vitória. Seria, na verdade, um horror.

— Estão querendo sair-te lágrimas dos olhos, não estão?

— Estão.

— Porquê?

— Porque não admito que me acusem de que não Te considero verdadeiro Deus! O que de todo me esmaga de assombro é exactamente o ver-Te Deus nesta tão simples, tão chã proximidade em que Te encontras comigo. É o seres tão meu Irmão que me não deixa esquecer de que és Deus, porque esta tua loucura de Te pores assim ao meu nível transcende tudo quanto se possa pensar e dizer e sentir acerca do Amor.

— A Minha Transcendência de Deus está no Amor que assim manifesto?

— Acho que é exactamente isso, Mestre! Deus é Amor puro e é em Ti só que O podemos conhecer como Amor.

— E conhecendo-O não O reduzis ou rebaixais?

— Ah, Mestre, Tu já me ensinaste que o verdadeiro Conhecimento não esteriliza as coisas conhecidas, como o nosso conhecimento; antes as exalta e nos prostra de pasmo e agradecimento perante o seu Mistério.

— Já não tens então medo de que Eu te apareça?

— Está bem. Mas vê lá, Mestre: eu não quero perder-Te como Irmão.

São 4:42!

64 — Há, na História, horas decisivas

                      — 11:50:39

Há, manifestamente, Horas especiais na História. Também, com toda a evidência, na História da nossa Libertação: o chamamento de Abraão; o chamamento de Moisés e o Êxodo; a chegada do Messias e a Igreja primitiva. Mas são, como se sabe, muito espaçadas estas Horas decisivas: passam-se muitos séculos entre cada uma delas. Em contrapartida, as próprias Horas parecem ser muito breves, autênticas horas, se confrontadas com os séculos que entre elas medeiam. Porquê? Que se passa nesses longos tempos em que não há Horas decisivas? Que relação têm eles com as Horas para onde se dirigem, ou de que nascem?

De facto aquelas Horas, inundadas de uma espectacular Manifestação de Deus, parece durarem muito pouco tempo: em breve Deus é de novo esquecido e a construção da Obra humana logo é retomada, parece até com novo fôlego! Veja-se: a descendência da Abraão vai viver para o Egipto, onde toma contacto e se deixa deslumbrar pelo esplendor da Obra humana, de cuja construção aprende os segredos, mesmo como escrava; o Povo que atravessa eufórico o Mar Vermelho, ainda no Deserto se revolta contra o Deus que o tirara do Egipto, e logo que conquista a Terra Prometida se lança na edificação de um verdadeiro reino deste mundo, que persegue os enviados de Deus, até que é disperso “pelas nações”; os Chamados pelo Messias através da intervenção do Espírito em breve se deixam absorver pelo Império e passam a servi-lo como o seu mais sólido sustentáculo! Porquê? Que se passa nestes longos tempos? A verdade é que Deus não desiste: na próxima Hora, Deus ficará aqui como Rei definitivo.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

63 — Não consigo converter ninguém

15/7/08 — 7:32


— Maria, que mais posso fazer para testemunhar Deus, conforme os meus Sinais me pedem?

— Porquê? Achas que já fizeste tudo?

— Não, não! Acho até que é bem raquítico o testemunho que dou de Deus; queria só que me ajudasses a ver como posso sair justamente desta impotência. É que não tenho levado ninguém até Deus com o meu testemunho, nem os meus mais próximos.

— Que próximos? Dá só um exemplo.

— As minhas filhas. Elas respeitam incondicionalmente o meu caminho, admitem até que os nossos Diálogos possam incendiar o mundo com o fogo da Verdade, mas Deus não é de todo uma preocupação das suas vidas, nem a Referência dos passos que dão; as ocupações e as preocupações do dia-a-dia enchem as suas vidas, e o tempo que sobra a Cidade encarrega-se de o preencher com diversões que põe à sua disposição.

— Um grande fracasso como pai e educador, não?

— Não sei. Na verdade, julgo que até hoje não levei ninguém à Fé verdadeira no Deus verdadeiro! Nem sequer quando pregava Deus perante vastas assembleias, no tempo em que era padre.

— Mas julgo saber que foi essa sempre a ânsia maior da tua vida, até hoje: dar a conhecer às pessoas o Deus que nas várias fases da tua vida captavas dentro de ti.

— Sem dúvida. Sempre Deus para mim foi uma Referência firme. Nunca nada nem ninguém me empolgou como Deus. Nunca tive, nem na adolescência, um outro Herói senão Jesus. Até que O encontrei como Pessoa viva aqui e agora e por Ele me apaixonei. Mas vê: a quem é que eu consegui mostrar este verdadeiro Centro de comando da minha vida?

— Isto é, o teu Deus é um Deus privado!?

— Até parece. Por mais que eu deseje dá-Lo a conhecer aos outros, pelo menos à vista desarmada os resultados são nulos.

— Ouve: tu achas que Jesus também ardia assim no desejo de dar a conhecer o Pai a todo o mundo?

— Tenho a certeza: esse depressa se tornou o grande desejo da Sua vida.

— E quando conseguiu ele realizar esse desejo?

— Acho que morreu sem o ter conseguido!

— Nem nos três anos da Sua vida pública?

— Ele bem tentou. Mas conhecer o Pai do Céu não estava entre os interesses prioritários das pessoas.

— Então esse foi o grande fracasso da Sua passagem pela terra!?

— Pelo menos até que morreu, o Seu esforço não teve qualquer resposta que O satisfizesse.

— Vamos então agora voltar-nos para o teu caso. Já vês o teu percurso na terra a uma Luz mais clara?

— Sim, fizeste-me ver com muita clareza que nada mudará neste mundo enquanto o Espírito não descer aos corações. Vejo que há uma Hora para tudo.

São 9:26!?

quarta-feira, 21 de abril de 2010

62 — A hora fatal de abrir os olhos

                     — 20:29:19


— Maria, achas que o mundo vai finalmente reconhecer que em toda a sua existência todas as suas energias foram aplicadas a construir, a conservar e a ampliar a Mentira?

— E tu tens a certeza daquilo que afirmas?

— Tenho, Maria. Cada vez mais. Parece que, ao longo destes doze anos de Deserto, foi esta, estranhamente, a única revelação de que nunca duvidei; pelo contrário, a cada passo que dou ela se me confirma diante dos olhos como uma evidência tal, que muitas vezes me interrogo, sem encontrar resposta, como foi possível até hoje ninguém ter visto tão impressionante evidência.

— Ninguém?

— Além de Jesus, claro. Duvido mesmo se Tu própria, enquanto aqui viveste, chegaste a esta tão óbvia constatação. Chegaste?

— Eu era, fui sempre uma mulher anónima, como tu sabes, sem nenhum estatuto de privilégio face às outras mulheres. Tinha apenas a notícia de que o meu Filho Me fora dado pelo Céu e trazia uma missão muito especial a realizar neste mundo. Limitei-Me, por isso, a confiar inteiramente n’Ele.

— Não era, talvez, uma questão que fosse oportuno colocar, naquele tempo…

— E achas que este é o tempo de a Humanidade abrir os olhos?

— Tudo me aponta para aí. Basta um pequeno Toque do Espírito nos nossos olhos, para eles de novo se abrirem.

terça-feira, 20 de abril de 2010

61 — A Verdade provoca o pânico

                      — 11:18:11


É muito oportuna a pergunta de Maria na vigília: Como é que Deus, nada impondo, cria tantos inimigos? Veja-se este Deus agindo como homem, entre nós: que meios tinha Jesus para impor o que quer que fosse? Os discípulos que Jesus escolheu vieram todos do lado contrário ao poder estabelecido, a tal ponto que, quando chegou a hora de este poder Lhe lançar a mão, todos O abandonaram, transidos de medo: Jesus nunca teve do Seu lado qualquer tipo de poder com que pudesse impor os Seus pontos de vista.

A não ser que a Luz meta medo. A não ser que a Verdade provoque o pânico generalizado e as pessoas sintam a necessidade de se defenderem dessa Força que as aterroriza. Sabemos que Deus é a Luz. E sabemos da afirmação insólita que Jesus proferiu sobre Si mesmo: A Verdade sou Eu! Como Luz que é, não há em Deus um único canto escuro supostamente vedado aos olhares de outrem. E, incarnando, Ele chamou-Se a Si mesmo, com toda a naturalidade de quem está afirmando o óbvio, A Verdade! E o que Ele fez foi mostrar-Se, simplesmente, servindo-Se, para isso, do que de mais eficaz encontrou para Se fazer entender por todos nós: vivendo a mesmíssima vida que nós vivemos, falando a mesmíssima linguagem que nós falamos. Ele foi, portanto, Verdade pura brilhando quanto foi possível brilhar na nossa natureza conforme a temos. Para que a víssemos e a pudéssemos, receber, obviamente. Ele veio para Se mostrar, sem nada esconder. Só pode, portanto, provocar terror e criar inimigos, se a situação em que vivermos for de Mentira pura e dela tivermos consciência, como o ladrão tem consciência de que o seu acto foi um roubo.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

60 — Criou inimigos porque nada impôs

6/9/06 — 5:43

— Maria, outra vez os Sinais me pedem que anuncie Jesus como Deus.

— E não tens nenhuma mensagem dentro de ti para anunciar!?

— Assim de repente, não sei que mais possa dizer sobre a divindade de Jesus.

— E nunca te ocorreu que a visão do que deves anunciar te seja dada só no próprio momento da escrita?

— Nunca adverti nisso, mas reconheço agora que foi de facto o que aconteceu muitas vezes.

— E como surge, nesses casos, a mensagem a anunciar?

— Ela aparece, vinda da minha Alma, como Luz que se vai intensificando, justamente nesta relação privilegiada com o Céu enquanto escrevo.

— E está-se já fazendo clara a mensagem que deves anunciar neste momento?

— Não. Parece que ainda a minha Alma se não abriu.

— E já lá está, a mensagem?

— Está, certamente. Jesus já me ensinou que Deus nunca faz de nós simples máquinas transmitindo coisas que lhe vieram de fora; tudo quanto fazemos está já na nossa Alma desde sempre e é de lá que tem que vir.

— E nunca pode ser de lá arrancada à força!?

— Claro! Por isso Deus pede; nunca impõe.

— Então a tua Alma já nasceu com o conhecimento de que Jesus é Deus!?

— Sem dúvida! E é isso mesmo que tenho anunciado sem descanso.

— É então por isso que tens a sensação, às vezes, de que tudo quanto deverias dizer de Jesus como Deus está dito!?

— Há-de ser, certamente. Eu funciono ainda segundo os esquemas da Carne moldada pelo Pecado.

— Mas está reaparecendo agora a tua Carne inocente… Procura senti-la. E vê se com ela tu não captas a mensagem da tua Alma.

— Estou vendo agora que, justamente por ser Deus, Jesus não impôs nada a ninguém; certamente por isso Lhe foi imposta a Ele a perseguição e a morte.

— Mas isso é estranho: como é que, nada impondo, ele criou inimigos?

— Foi assim desde o princípio: Lúcifer, Eva e Adão tornaram-se inimigos de Deus, porque Ele lhes não impôs nada; tudo lhes estava ingenuamente aberto, até a Fonte da Vida e da Harmonia, naquelas duas Árvores. Tudo em Deus é Luz transparente e Jesus é a Luz!

São 7:45!

domingo, 18 de abril de 2010

59 — Catequeses desnecessárias

                    — 20:21:42


— Maria, vê como está realçado, aqui, o Sinal 2!

— E, para além do 2, de que te falam os outros Sinais?

— Do Espírito, da Luz, da Profecia.

— Tenta então uma interpretação de toda a imagem.

— Toda a testemunha de Jesus deverá estar cheia do Espírito Santo, da Luz e da Força profética.

— E é de testemunhas assim que será feita a Igreja?

— Só destas Testemunhas deverá ela ser feita; excluído está qualquer outro tipo de Igreja.

— Tu costumas caracterizar de outra maneira os que vão ser chamados a formar o Povo de Deus…

— Sim, digo que ele deve ser formado exclusivamente por corações apaixonados.

— E é a mesma coisa? Um apaixonado é aquele que está cheio do Espírito, da Luz e de Força para anunciar?

— É isso mesmo! Ele será comandado exclusivamente pelo Espírito, será na terra a Luz que Jesus foi e não poderá calar o que vive no seu coração.

— Não precisará então de catequeses, nem de escolas dominicais, nem de estudos teológicos!?

— Não! Só há escolas e estudos quando há uma doutrina a aprender. E Jesus nunca mais será uma Doutrina!

sábado, 17 de abril de 2010

58 — O Deus Diverso

                     — 11:02:28
No conjunto 35 do fim da vigília li: Jesus é Deus! Ao lado, está o Sinal do Diabo, como que a contrariar esta afirmação.

Em todas as linhas destes Diálogos, à vista ou escondida, está esta mesma afirmação gravada. Como se explica então esta insistência em que de novo a proclame? À partida sabemos que nenhum dos Mistérios por onde caminhámos ficou visto: quando voltarmos a passar por ele, teremos sempre coisas novas a contemplar. Assim neste caso: agora o que contemplo em Jesus é o Deus Trino, isto é, Deus Diverso, impossível de definir, de enquadrar em qualquer tratado doutrinário. E mais especificamente agora vejo este Deus no próprio comportamento humano de Jesus: Ele era sempre inesperado nas Suas atitudes. Foi chamado Mestre, mas também foi chamado louco. Foi visto a derrubar, de chicote na mão, toda uma fiada de bancas de negócio, mas também foi visto a acariciar crianças. Foi visto gritando, mas também foi visto calando. Foi visto girando entre pessoas em grupo pequeno ou grande multidão, mas também foi visto retirar-Se do convívio e da agitação social para um ermo qualquer. Foi visto esmagado como um verme, mas também foi visto transfigurado em deslumbrante Figura divina. Foi visto entre pobres e pecadores, mas também foi visto entre ricaços e respeitáveis personalidades. Foi visto manso e irado. Foi visto como homem vulgar e como homem investido do poder de fazer milagres. Estilizar e encadernar Jesus numa Doutrina, como fizeram todas as igrejas, é um hediondo Crime, que só será perdoado, ou lavado, quando desaparecer de todo.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

57 — Os contrastes de Jesus

5/9/06 — 5:00

— Maria, vem comigo iluminar o que aquele Sinal aponta.

— E se o que virmos nada tiver a ver com aquilo que escreveste ontem?

— Estou admirado coma Tua preocupação! Desde quando Te interessas em dar uma sequência lógica às várias mensagens que registo?

— Tu não tens essa preocupação?

— Há muito tempo que a larguei; eu vi que a Lógica de Deus é outra e entreguei-me às surpresas que ela continuamente me faz.

— Uma, por exemplo.

— Imagina que atravesso um vale e encontro uma flor nunca vista onde menos esperava. O que a Lógica de Deus faz é isto.

— E a flor não destoa no conjunto da paisagem?

— Destoa! É justamente por isso que ela chama a atenção.

— Então estraga a paisagem!?

— Como pode estragar? Ela é uma surpresa! A paisagem torna-se, naquela flor, mais surpreendente ainda!

— Está bem. Vamos então caminhar na direcção que o Sinal aponta?

— Vamos! O que logo vi nele foi Jesus cheio do Espírito Santo.

— Mas isso é o Ser natural de Jesus.

— Pois é… Vês? Vês a surpresa aparecer?

— Diz-Me, diz-Me, a ver se é a mesma que me está aparecendo!

— Jesus só poderia ser inesperado no Seu comportamento!

— Ele é feito de flores e plantas que continuamente destoam da Paisagem!?

— Exactamente. Por isso Ele é Paisagem continuamente surpreendendo.

— Cheia de contrastes!?

— Violentos, muitas vezes: aqui Ele é uma flor delicada; além é um leão imponente rugindo.

— Ai a Paisagem de Jesus também tem leões!?

— Claro! Ela tem tudo o que o Universo tem e até o que ele ainda não tem!

— Vá, volta lá então ao teu tema preferido: é por isso que de Jesus nunca se pode fazer uma Doutrina, pois não?

— Pois não. Nunca. Doutrinizá-Lo e dogmatizá-Lo é retirar d’Ele o Espírito Santo, um crime tão monstruoso, que o próprio Jesus disse não poder ser perdoado!

— Pois não. A menos que o próprio Crime desapareça.

São 6:35!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

56 — A eficácia fulminante do Espírito

                    — 11:32:39


A Crosta terrestre está já sendo pressionada pelo tumulto da Vida que no Silêncio esteve avançando a partir do seu Centro…

As palavras desta Profecia são a voz desse Tumulto que em breve rasgará a Crosta e se ouvirá nos lugares certos, nos tempos certos, através dos Profetas certos. Que o Espírito é de uma eficácia fulminante já aqui o testemunhei várias vezes. E Ele está sempre agindo. Todas estas palavras Ele as esteve colocando naqueles lugares, naqueles tempos, naqueles Profetas, para que a sua proclamação seja ouvida por ouvidos tensos, de modo a que não percam um único som, por corações abrasados de ânsia, de modo a incendiarem-se instantaneamente. Veja-se o que agora mesmo acabo de ler, interrompendo até a escrita deste texto, num extracto da Profecia de J.N.S.R., que neste momento me chegou às mãos: “Uma vez que a cifra da Trindade Divina é 333 (1+1+1/3=333), eles mesmos se declararam duas vezes mais, e aí temos o 666 do trio infernal, com toda a sua força maligna, destruidora e dominadora” (18/7/06). Fiquei espantado: é esta justamente uma das revelações aqui gravadas há bastante tempo já – o significado do célebre número da Besta, o 666, não falando já do número de Deus, o 333, que desde o início desta escrita me pairou no espírito, até que rapidamente o vim a fixar como o Sinal de Deus Trino! E veja-se o que da minha missão de Pedro este humilde Profeta de Deus tem escrito, sem conhecer a minha existência! O Espírito está agindo com a eficácia que em breve se manifestará de forma espectacular em toda a terra!…

quarta-feira, 14 de abril de 2010

55 — Fruto, só no tempo do fruto

1/9/06 — 6:41

— Maria, é muito significativo este Sinal, não achas?

— Acho. E fico feliz por assim achares. Diz o que vês nele.

— Ele chama-me Profeta da Luz dissipando as Trevas.

— Não é significativo apenas por isso, pois não? Não é a primeira vez que o escreves…

— É que este é o primeiro dia de Setembro, o mês em que iniciei esta escrita, há doze anos!

— E foi isso que tu foste até hoje — uma Luz brilhando nas Trevas?

— A situação é muito estranha face à nossa visão terrena: aquilo que até hoje ficou escrito é, de facto, uma fortíssima Luz, que desmascarou inexoravelmente toda a Mentira que cobre o mundo. Mas por outro lado, depois de várias tentativas para fazer jorrar sobre a terra esta Luz, continua Noite cerrada à minha volta: nem eu, nem os dois ou três que me lêem conseguimos sair da nossa própria Alma!…

— Mas tu dizes sempre que a Palavra de Deus, uma vez pronunciada, começa logo a produzir o seu fruto…

— É aqui que a Fé manifesta toda a sua força: a sua lucidez trespassa a casca das coisas e vê onde os olhos do rosto nunca veriam.

— E que vê a Fé? Vê as palavras escritas e fechadas aqui no teu quarto já realizando-se em toda a sua amplidão?

— A Fé entra nesse mundo desconhecido em que a Vida ondeia e borbulha sem descanso, sempre avançando em direcção à flor e ao fruto.

— As palavras destes Diálogos, logo que as escreveste, começaram a germinar e a crescer em direcção ao fruto?

— Sim; só falta aparecer o fruto, para que as pessoas, provando-o, não mais o queiram perder, cultivando e guardando com muito carinho a árvore que os produziu.

— Mas onde estão as palavras já assim crescidas, que os olhos do rosto não vêem, mas a Fé vê?

— O Espírito logo colocou cada uma no lugar adequado à sua natureza por toda a terra, para que no tempo certo o seu fruto apareça perfeito.

São 8:57!!

segunda-feira, 12 de abril de 2010

54 — A cilada do “Jesus histórico”

                    — 11:52:50

Nunca mais a Igreja diga que Jesus viveu na terra incarnado há vinte séculos durante trinta e três anos. Este tem sido, excepto talvez para um ou outro coração crente, o resultado da pesquisa à volta do “Jesus histórico”. O que esta pesquisa nos diz é que o Jesus que viveu entre o ano 1 e o ano 33 da nossa era foi um homem sem importância histórica durante trinta anos, e durante os últimos três anos, por palavras e por atitudes, incomodou o Sistema, a ponto de por ele ter sido assassinado como criminoso, sem que para isso tivesse que fazer milagres, a maior parte deles, aliás, sem consistência histórica e aqueles que eventualmente a têm não são de facto verdadeiros milagres, mas fenómenos que a ciência explica, ou poderá vir a explicar naturalmente. O “Jesus histórico” torna-se assim um homem possuidor de um forte carisma como muitos outros, que soube ler as ânsias profundas de uma determinada época e que por isso deu origem a um movimento histórico que inteiramente O ultrapassa; o próprio Jesus, Esse, acabou com a Sua morte.

Foi por esta via que os nossos sábios teólogos conseguiram desincarnar Deus da nossa história quotidiana. Tudo em nome do rigor e de uma atitude mental sadia. Não entendem que rigoroso e sadio seria terem no seu corpo todo o Jesus histórico tão vivo, que O mantivessem incarnado, provocando hoje o mesmo incómodo ao Sistema que Jesus outrora provocou. Mas as suas pesquisas não provocam o mínimo abalo no Sistema; antes são por ele elogiadas como uma vistosa obra sua.

53 — O grande Pecado do Novo Testamento

26/8/06 — 3:45

— Maria, os Sinais insistem tanto em que sou o Mensageiro de Deus Incarnado…

— Sim. E tens alguma dúvida?

— Bem…dúvida, não: a grande surpresa da minha Conversão foi o ter sentido sempre Deus vivendo comigo tudo aquilo que eu vivo, seja dor, seja prazer, desde os mais loucos sonhos até à mais dolorosa secura deste Deserto. Mas porque insiste Ele tanto em me chamar Mensageiro desta tremenda Descoberta que Ele me levou a fazer?

— De repente viste dois motivos… Mostra-os.

— Sim: por um lado porque Ele está louco de felicidade por eu ter sido o Mensageiro que Ele desde sempre tanto desejou; por outro, porque logo depois da Sua subida ao Céu O desincarnámos, afastando-O das nossas vidas e esse foi o grande Pecado do Novo Testamento, que é necessário agora revelar.

— Mas parece lógico que, subindo Ele ao Céu, os Seus discípulos O passassem a ver distante, longe das suas vidas concretas…

— Foi o que eles pensaram, de facto: que Ele simplesmente Se tinha ido embora das suas vidas. Mas o Pentecostes revelou o contrário: que ele estava entrando nas suas vidas de forma avassaladora, fazendo deles reproduções vivas do que Ele próprio fora até à hora da Sua morte. Ele passou como que a habitar-lhes o corpo inteiro, tornando-Se neles muito mais vivo que antes.

— Então o pecado da Igreja consistiu não em ter rejeitado o Jesus histórico, mas o Jesus do Pentecostes!?

— Sim, e isso é hoje particularmente visível: a actual busca quase histérica do Jesus histórico tem acentuado muito o abandono do Jesus da Fé.

— Como? Procurar o Jesus histórico não é justamente querê-Lo incarnado de novo?

— Parece: o Jesus histórico mostra-O como um homem igualzinho a todos nós. Mas tira-Lhe a Sua dimensão de Deus justamente onde ela mais deveria estar presente. O Milagre está não no facto de Deus ter vivido no meio de nós há vinte séculos, mas no facto de Ele Se ter feito vida das nossas vidas concretas sempre, estejam elas no estado em que estiverem!

— Amo-te tanto, Meu querido Mensageiro de Deus!…

São 7:29!

domingo, 11 de abril de 2010

52 — Era tudo tão fácil…

                   — 19:55:01

Era tudo tão fácil se víssemos Deus como um Companheiro que está sempre onde nós estamos, que passa por tudo o que nos atinge a nós…

— Não era tudo tão fácil, Maria, se não tivéssemos expulsado Deus de junto de nós?

— Tu sabes bem que seria tudo fácil, sim. Mesmo o sofrimento que teríamos que passar seria fácil.

— Sem deixar de ser doloroso!?

— Obviamente. Doloroso, mas fácil.

— Julgo que ainda não vimos isso bem… O Getsémani de Jesus parece ter sido tudo menos fácil…

— Repara que se tratava do extremo absoluto do Horror. Mesmo assim, Jesus foi em frente com a leveza de uma criança. Bastou uma leve pergunta ao Pai e tudo ficou claro diante d’Ele: não havia outro caminho…

— Ser fácil significa estar aberto sempre diante de nós o caminho seguro para erradicar da terra toda a Dor!?

— E para gozar todo o Prazer sem que nenhum fantasma se pespegue diante de nós, de dedo acusador, mergulhando-nos na angústia. A Liberdade do Dia do Senhor esmagará todo o pecado.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

51 — É já Festa no Céu

                    — 11:42:57

Qualquer intervenção de Deus neste mundo constitui necessariamente uma novidade, uma vez que ele está todo programado para evitar qualquer possível intervenção de Deus. E já que não pode evitar a Presença de Deus como Referência nuclear de todos os corações porque eles O trazem gravado a fogo desde que surgiram no tempo, este mundo tenta afastá-Lo quanto possível da azáfama diária em que se levanta a Construção da sua glória. E de facto já hoje Deus, se continua Referência ainda algo sensível nos corações, está relegado para uma esfera de intervenção distante das preocupações do dia-a-dia, onde as pessoas se refugiam em efémeros momentos que a edificação da Cidade lhes concede. Deus tornou-se assim um dos lugares de descanso entre outros vários que este mundo oferece e que, devidamente controlados segundo a sua conveniência, considera necessários à recuperação de energias para conservar e alargar a sua criação, já hoje incontestavelmente mais visível na terra do que a do antigo Criador.

A entrada de Deus nos diários movimentos de todas as vidas, nesse mesmo generalizado e esgotante movimento em que se não descansa, só pode ser, quando se manifestar, a Grande Notícia, a que nenhum meio de comunicação social poderá ficar alheio. A Profecia que gravo está sendo este Regresso silencioso de Deus, do lugar de descanso que a Cidade Lhe atribuiu, à lida diária da Construção rebelde. Falta só manifestar-se, o que, segundo o novo aviso desta noite, está tão perto, que é já uma Festa no Céu.

50 — Deus aqui de novo

21/8/06 — 4:44

— Maria, repara no que estou sentindo perante aqueles Sinais.

— Sim. E acho muito bonito o que sentes. Mostra-o.

— Sinto que todo o Céu está possuído de uma enorme alegria pela minha missão de Profeta.

— E que tem a tua missão de Profeta que assim alegra tanto o Céu?

— O tríplice Sinal aproxima-o do Sinal de Deus Trino: eu sou Expressão de toda a Plenitude de Deus.

— Por serem muitas as palavras que já escreveste?

— Sim, mas sobretudo por serem novas.

— Novas? Mas são geralmente palavras vulgares, que todos usam no dia-a-dia.

— Por isso mesmo podem ser novas: Deus estava muito longe e muito alto e as palavras que uso trazem-No bem para junto de nós.

— A Novidade da tua Profecia está em encheres de Deus a vida vulgar de todas as pessoas?

— Julgo que sim, que é essa a maior riqueza desta Profecia: nela Deus volta a estar verdadeiramente incarnado.

— Aliás tu estás aproximando aquele Sinal de um outro…

— Sim, do sinal 5:55, aquele que justamente designa Deus incarnado.

— É por ser a Voz de Deus incarnado que esta Profecia é uma Voz nova?

— Sim: Deus ouvindo-se assim tão perto, tão no meio, tão dentro de nós, já há muito tempo que estava desaparecido deste mundo.

— E é por estar tão perto, tão dentro, que é tão diversa e imensa a Novidade?

— Assim estou agora vendo: Deus está sempre todo em tudo, excepto no coração do homem, porque este O rejeita; se puder de novo entrar no coração do homem, Deus entra todo e a Novidade não tem fim.

— Então espera: como pode esta Profecia alegrar tanto o Céu, se nem meia dúzia de pessoas dela tem conhecimento?

— É verdade que está ainda encerrada num espaço insignificante, na terra. Como o próprio Jesus esteve encerrado no espaço insignificante de uma família humilde de Nazaré, sem que da Sua natureza e da Sua missão talvez nem meia dúzia de pessoas tivessem conhecimento.

— Então a alegria do Céu deve-se ao facto de ele saber que muitos corações vão receber com sofreguidão estas palavras!?

— Sim, só pode ser porque o Céu sabe como a Voz de Deus é eficaz: se ela desceu, ela vai fatalmente ouvir-se.

— Então todo o Céu está suspenso de um momento que sabe estar bem próximo!?

— Sim!… Nunca senti tamanho jubilo no Céu!… Talvez o possa comparar àqueles momentos que precederam o Nascimento de Jesus, ou a Sua vida pública…

— Ah, Meu menino! A emoção com que relês estes textos será maior ainda, dentro em breve, na terra inteira!

São 6:03!

quinta-feira, 8 de abril de 2010

49 — A Vencedora do Dragão

                    — 12:08:06

O Sinal do fim da vigília parece estar advertindo-me de que esquecera a Senhora: regressar ao Centro será obra do Espírito e de Maria! E a imagem-título deste texto confirma-o, ao mesmo tempo que mostra a acção do Espírito perturbada pelo Dragão.

É muito insistente em todos os Profetas a revelação de que pertence ao Espírito desencadear a Hora. Mas está igualmente escrito que a Mulher-vestida-de-sol terá nessa Hora uma importância decisiva: é contra Ela que o Dragão se enfurece por saber que é a Ela que está cometida a missão de lhe esmagar a cabeça, é a Ela que o Dragão persegue e por isso o Espírito terá que A ocultar no Deserto durante um tempo determinado, é Ela o “grande sinal” da participação do todo o Céu na Hora, através dos símbolos do sol, da lua e das estrelas, que são, respectivamente, a Sua veste, o escabelo dos Seus pés e a Sua coroa, é, enfim, a Ela e à Sua Descendência que está confiada a Batalha Universal que precederá o Regresso de Jesus e permitirá que Ele regresse como o efectivo e definitivo Príncipe da Paz depois que o Dragão tiver esmagada a cabeça e estiver imobilizado no Abismo profundo por um longo, muito longo tempo. A importância de Maria é tal, no desencadear da Hora, que bem se poderá dizer que Ela será a especialíssima revelação de Deus neste Acontecimento nuclear da nossa História, como a Nova Eva, como a Mãe da Nova Humanidade, como Rainha, como Enamorada.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

48 — Bah! Mais um visionário!

15/6/08 — 4:47

— Ah, Maria, quando, quando descerá sobre nós a Paz?

— Porquê essa espécie de suspiro agora? Conta-nos a tua visão.

— É a visão de um mundo atolado em problemas sem solução.

— Desde sempre que assim é, não?

— É verdade: sempre o mundo amontoou problemas, sem que até hoje tenha encontrado uma verdadeira solução. O que vemos é o contrário: quanto mais evolui, mais problemas arranja.

— E então? Conta-nos o outro lado da tua visão! Tu já encontraste a saída?

— Já.

— Isso dito assim, com essa certeza, é de provocar um enorme alvoroço no mundo inteiro, não?

— Não. Se eu me acercasse de um microfone e de uma câmara de televisão transmitindo para todo o mundo e aí proclamasse esta minha certeza, ninguém me levaria a sério. Todos diriam: Bah! Mais um visionário! E todos retirariam a atenção do televisor, desiludidos mais uma vez.

— Mas não certamente antes de o entrevistador te perguntar onde estará, então, a saída!?

— Claro. Mas seria justamente a minha resposta que desiludiria toda a gente.

— E qual seria a tua resposta?

— Talvez esta, muito precisa: Jesus. Ou então outra, igualmente verdadeira, mas mais vaga: A saída está dentro de nós. Fosse qual fosse a resposta, as pessoas haveriam de voltar à sua vida, às soluções do costume.

— E quais são as soluções do costume?

— Mais iniciativas, mais obras, mais voluntariado, mais entrega…”pelos outros”. E estes seriam só uma parte dos desiludidos; todos os outros voltariam à sua vida, a safar-se conforme pudessem.

— Mas aqueles, os da entrega “aos outros”, seriam a parte ainda sã da Humanidade, não?

— Não posso julgar individualmente ninguém. Mas a entrega aos outros não revela, por si só, maior pureza de coração do que a simples gestão corrente da vida: o exercício da chamada “caridade” tornou-se hoje já uma das grandes glórias de Satanás.

— Como?

— Ele tornou-se o grande promotor da ajuda aos outros: ele descobriu nesta tão meritória actividade caritativa a melhor forma de afastar as pessoas da verdadeira Saída para a sua Libertação.

— A ajuda aos outros deixou então de ser, neste mundo, um bem e passou a ser um mal encapotado!?

— Sim. Trata-se de uma cilada extremamente eficaz, porque a capa da bondade é perfeita e torna-se assim particularmente difícil desmascará-la.

— Explica então melhor porque se trata de uma cilada.

— Porque por esta via afasta as pessoas de si mesmas, do seu próprio Centro onde, exclusivamente, está a porta de saída para a crescente Angústia que invade o mundo.

— E como se farão as pessoas regressar ao Centro?

— Ninguém o poderá fazer, mesmo que esta Verdade seja difundida por toda a terra! Só o Espírito o fará, na Hora oportuna.

São 7:18!?

terça-feira, 6 de abril de 2010

47 — Apostasia encapotada

29/7/00 — 5:27

No início deste meu decisivo encontro com Jesus, há precisamente seis anos, recordo-me que Lhe dizia frequentemente, como que formulando uma promessa inabalável: Desta vez não Te vou largar mais!

Eu tinha, portanto, a clara consciência de ter abandonado Deus. Justamente a partir do momento da minha ordenação sacerdotal, acontecida no verão seguinte àquela Páscoa em que vi a Luz! Foi um afastamento progressivo, lento mas contínuo, até ao ponto de ter o meu tempo todo ocupado, dia e noite, com os meus projectos. Passava dias, meses, sem sequer elevar o pensamento a Deus! Coincide este tempo claramente com a minha inserção na “vida activa”, em que as actividades que me eram distribuídas pela Instituição me davam cada vez mais largas possibilidades de iniciativa pessoal. Era, pois, possível fazer planos que implicassem o avanço para fora do estrito cumprimento mecânico de deveres. Estive assim sempre implicado em iniciativas originais, que levava a cabo invariavelmente sozinho ao nível da direcção. Eram tudo obras verdadeiramente minhas, em que me empenhava até ao esgotamento de todas as minhas forças. Normalmente não tinham sequência quando a Instituição me mudava de lugar. Às vezes terminavam em autêntico fracasso.

Mas eram obras minhas! - julgava e sentia eu. Não me lembro de alguma vez ter colaborado em iniciativas alheias. Mesmo nas actividades mais rigidamente normatizadas e ritualizadas eu introduzia desvios de cunho original. Eu tinha que tornar meu aquilo que me era imposto. E foi assim, servindo-se desta minha aversão natural a ritos e normas, originalmente um grande Dom de Deus, que o Diabo me foi inoculando o vírus da Rebeldia. Fazia tudo em Nome de Deus, claro! Mas eram tudo obras minhas, que me tiraram todo o tempo para ouvir Deus. Proclamava eu que tudo era feito por causa do Reino de Deus - a obra e o suor nela derramado. Mas nunca me dei ao incómodo de perguntar a Deus se era aquilo mesmo que Ele queria, se a minha obra Lhe interessava. Era portanto eu que determinava quais eram as obras que agradavam a Deus. Eu era verdadeiro Caim, acumulando diante dos Olhos de Deus ofertas e mais ofertas, sem procurar saber se Lhe agradavam.

É claro que Deus as rejeitou todas, como fez com a oferta de Caim. E só agora vejo o Seu Olhar triste, dizendo-me: Pára, Salomão! Nada disso Me interessa! Ouve-Me! Ouve-Me! Só quero que Me ouças!…

Então um dia Deus veio ter comigo e eu ouvi-O, finalmente. Ele ficou muito feliz, porque passara trinta anos a ver afastar-me e depois a esperar que eu voltasse. Sempre junto de mim. Até que O reconheci: era a Luz que eu tinha visto!

São 7:31.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

46 — Jesus, o único Libertador

10/8/00          — 10:18:35

Todos estes milhares de páginas fazem um único e mesmo apelo: procura Jesus, até O encontrares; tudo o resto te será dado por acréscimo. Sobretudo me arrebata o coração este segredo que nele tenho guardado: se todos procurarem Jesus e O encontrarem, cada um voltará diferente. Diferente do que era. E diferente de todos os outros!

Por isso nunca eu posso prescrever nenhuma norma de conduta para ninguém. Aquele que encontrou Jesus, encontrou a absoluta Liberdade - uma força tão poderosa, que nem as mais férreas leis da Cidade conseguirão manter dentro de qualquer limite que lhe possam estabelecer. Sentir-se único é o maior poder da nossa vida: sentimos que por onde passamos se abrem alas de olhos pasmados, os mesmos olhos que antes nem sequer poisavam em nós. Não tem nada a ver esta nossa situação com aquela que eventualmente já nos distinguia no mecanismo da Cidade: antes éramos especiais dentro da uniformidade; agora somos especiais dentro da diversidade.

Só em Jesus podemos readquirir o nosso carisma específico. Só n’Ele podemos descobrir e assumir a nossa vocação. Só n’Ele podemos saber quem verdadeiramente somos. Nenhum lugar na Cidade nos permite ser o que somos; antes nos violenta de forma dramática até reduzir a nossa inesgotável riqueza a uma peça incapaz de se renovar e portanto de se conhecer. Perdemos na Cidade completamente a noção de quem somos: somos nela só a peça que ela própria moldou, reduzindo toda a nossa variedade e força a um objecto de contornos geométricos, desvitalizado, inalterável. Podemos até ser diferentes de todos os outros elementos da engrenagem; somos, no entanto, sempre iguais, sem capacidade de surpreender ninguém para lá da primeira vista de olhos que sobre nós lancem. A maior parte de nós, na Cidade, nem sequer atrai o primeiro olhar dos transeuntes: somos só como parafusos que apenas despertam a atenção do dono da máquina e unicamente quando enferrujamos e ele tem que nos substituir.

Ninguém se “realiza” em nenhuma profissão da Cidade, mesmo que atinja aí o cume máximo da celebridade entre os seus concidadãos. Podem as palmas das multidões anestesiar por momentos ou até durante longos tempos a dor de se ver monstro; pode até a mutilação ter ido tão fundo, que lhe tivesse mesmo sugado a consciência da sua original grandeza divina; pode ele estar morto até ao cerne do seu coração: nos momentos de silêncio absoluto em que não há palmas nem olhares encandeados de nenhum espectador, o próprio movimento das células em decomposição falará, como em imensa catedral, da imortalidade perdida. E, nem que seja só um instante, um tremor de angústia abalará todo o corpo do herói.

Não, não há lugar na Cidade que favoreça o desabrochar da irrepetível individualidade de cada um. A Cidade profissionaliza todos os carismas e deste modo os reduz à função que lhes destina no seu próprio projecto, sempre efémero, sempre destinado à ruína. E com a ruína da obra projectada e até eventualmente realizada em amplitude superior ao previsto no projecto, morrem todos os profissionais que nela trabalharam, porque também as profissões pertencem à obra, como se fossem pedras ou pilares de cimento armado.

Isto que escrevo pode ser muito duro de ouvir, será até por toda a gente considerado como mera força de expressão. Mas o coração do filho de Deus que Jesus está erguendo em mim sente ainda muito frouxa a linguagem que usei para exprimir a realidade que ele está vendo: a Cidade destrói mesmo, até à ruína completa, a inexprimível diversidade e força dos carismas sonhados pelo Criador para cada uma das Suas criaturas. Quanto mais espectacular é o êxito da Cidade, mais profunda e trágica é a destruição da Variedade divina da Criação.

sábado, 3 de abril de 2010

45 — Escrevendo na Catedral do Silêncio

                     — 19:15:13

Não consigo agora escrever outra coisa que não seja a minha própria Desolação. Não sei por quanto tempo nela permanecerei. Mas se mais trinta anos eu viver e só esta secura habitar o meu coração e se o meu Mestre me não mandar parar de escrever, sempre e só esta Desolação ficará aqui escrita.

Nunca cairá nestas páginas uma única palavra que eu não tenha ouvido na minha Alma, nenhuma outra paisagem aqui alguém verá descrita senão a paisagem que em cada momento o meu coração estiver contemplando; se só o Vale da Desolação eu vir durante trinta anos, só o Vale da Desolação aqui ficará descrito, em todo o pormenor que eu puder captar, até que as minhas forças de todo se esgotem. Está combinado com o meu Mestre escrever tudo e só o que vejo e ouço na minha Alma e assim farei.

Não atinjo os desígnios de Deus, é claro, sou uma autêntica insignificância sentada no imenso Vale devastado. Mas posso ser caneta escrevendo em folhas também feitas do material do Deserto, esterilizado, liso. Para que quer Deus esta escrita, a quem servirá ela, onde irá ela parar, isso não o posso saber; sei apenas que tudo quanto na Catedral do Silêncio que nesta insignificância se levanta eu ouvir, o devo gravar em quantas folhas forem necessárias.

Porque Deus mo pediu.

O Silêncio é, de facto, agora muito alto e largo. Continuo sentado sobre o dique maciço que o homem construiu, a separá-lo de Deus. Uma estupidez que ninguém entende. Pode ser que agora o homem reconheça a sua estupidez e deixe a comporta abrir-se…

44 — A comporta vai abrir-se

                   — 10:09:49

Insiste o meu Companheiro em que anuncie o Nono Dia, que o Espírito está pronto e que Ele é o Senhor do Nono Dia. O conjunto 10 designa o Mandamento do Senhor, agora reescrito, como se fosse o próprio Mestre falando de novo pelas ruas da grande Cidade…

Que estranho está sendo para mim este final de Agosto!… A sensação é mesmo a de completo esgotamento do Mistério de Deus. Como se há seis anos para dentro dele tivesse sido conduzido e acabasse agora de o percorrer, prostrado de cansaço. Mas este ponto final constituiu, por outro lado, toda a sedução deste meu tempo de Deserto: é aqui que está a comporta da imensa albufeira que se foi enchendo, sem descanso… Diante de mim está uma região sem limite, inteiramente devastada. A comporta, negra e imóvel, aguenta, sem o mínimo sinal de cedência, a gigantesca pressão das águas. E eu outra coisa não posso fazer aqui senão sentar-me sobre o dique descomunal, olhos na comporta, à espera… É uma espera cheia do grito da terra que se estende diante de mim, pedindo Água, numa última convulsão que lhe agita o corpo gretado, como um estertor de morte; do outro lado as imensas Águas puras, ondeantes, prontas para descer ao Vale da Desolação.

Tudo está dependente de um misterioso Sinal do Pai, porque foi o homem que construiu este medonho dique e só quando ele o quiser aberto o Pai dará o Sinal. E só o Pai sabe quando o grito do Vale é sincero. E eu estou agora apenas à espera de um último alento do Espírito para correr o Vale avisando: É agora!

sexta-feira, 2 de abril de 2010

43 — Clima de despedida

30/8/00 — 2:00 — Faro

Um alerta ressoa por todo o meu ser quando o Sinal do Espírito me aparece com invulgar insistência. Será agora? - logo o meu coração pergunta, no meio do Silêncio tenso da minha catedral interior. É que eu sei do abalo que será em toda a terra quando Ele entrar em acção em obediência ao esperado Aceno do Pai!

Vivo, de facto, suspenso dessa Hora, como se tudo o que houvesse a fazer já tivesse sido feito e agora nada mais restasse senão esperar.

Mas desde este meu último e decisivo encontro com o Mestre eu passei a mover-me num Mundo todo outro e aqui as palavras adquiriram um significado muito mais amplo… Agora quando digo que vivo suspenso de um acontecimento futuro estou só caracterizando o meu momento presente e vivendo-o de forma intensa; quando afirmo que apenas estou esperando, não estou falando de inacção, mas apenas de um momento especial da minha caminhada. É que neste outro Mundo cada momento é sempre um momento cheio: há nele sempre tesouros novos a desenterrar e se o ultrapassamos olhando para um outro troço do caminho mais além supostamente mais rico, pode dar-se o caso de virmos a perder tudo, cá e lá, porque aqui pode estar enterrada a chave sem a qual não será possível abrir a arca enterrada além, onde estão encerrados os tesouros com que sempre sonhámos.

Por isso esta tensão só me põe agora muito atento ao território que atravesso: sei que ele é muito importante para o desencadear da Hora de que todo o Universo está suspenso. Assemelha-se aos momentos particularmente densos daquela Quinta-Feira antes da Páscoa decisiva. O clima é o de uma dolorosa despedida. Mas tudo nos parece absurdo, porque por um lado tudo está no seu lugar e por outro tudo se movimenta já para um outro lugar que desconhecemos.

É este o dia da entrega do nosso corpo para servir de alimento a quem dele tiver fome, da entrega do nosso sangue para ser bebido por quem dele tiver sede. É o dia de dizer: Podeis ficar com tudo o que de mais precioso tenho; eu sou imortal e desci do Céu; agora, ao voltar para lá, deixo-vos a minha vida que nunca mais morrerá, para que vos alimenteis dela.

Recordemos o que aconteceu com Jesus: efectivamente, a partir deste momento, parece que a Humanidade inteira, como uma alcateia de lobos esfomeados, se precipitou dobre o Corpo do Filho de Deus, como se ali encontrasse a carne saborosa que desde sempre lhe fora prometida. Estávamos nós todos ali: os Judas de todos os tempos tentaram ganhar dinheiro com Ele e os grandes a quem entregámos os nossos destinos satisfizeram n’Ele a sua fome de séculos, enquanto nós outros seguíamos o repasto de longe…

Também hoje assim será, para quem seguir o caminho do Mestre. Este é o tempo de dizer ao Pai que entregamos voluntariamente o nosso corpo para a vida do mundo.

São 3:37!

quinta-feira, 1 de abril de 2010

42 — Será a Civilização inevitável e necessária?

                     — 10:18:28/9

Esta imagem fala-me da importância de Maria de Nazaré no Regresso de Jesus. Ela será a Ternura de Deus derramada nos nossos corações, para que eles aceitem, agora, o Êxodo, sem retorno, da Escravidão.

— Mãezinha, vem falar comigo…

— Que Me queres hoje em especial, Meu pequenino?

— Queria que fizesses da minha Esperança uma autêntica fortaleza viva, inexpugnável.

— E que esperas tu, particularmente agora, Meu menino?

— Espero que os nossos corações reconheçam na Civilização o monstruoso Ídolo que nos esmaga de trabalho e sofrimento e consintam, serenamente, em deixá-lo cair.

— Julgas mesmo que toda a obra da Civilização deverá desaparecer?

— Sim, Mãe! Toda!

— Mas ela não manifesta a imensa riqueza de talentos depositada no homem?

— Sim, ela manifesta um pouco da grandeza do homem…

— Um pouco, apenas?

— Sim, só um pouco: a grandeza do homem aparece nela escondida debaixo de um mar de dor.

— Não seria possível uma Civilização sem dor?

— Não.

— Não?

— Não, Mamã: quando Deus disse “Comerás o pão com o suor do teu rosto”, isso não foi um castigo; foi só uma previsão do sofrimento que haveria de esmagar a criatura tornada rebelde. Deus estava só prevendo a Civilização como consequência do Pecado!

— Ena! Deus estava só prevendo que os talentos dados ao homem iriam ser utilizados contra si próprio provocando apenas canseira e dor?

— Assim vejo, minha querida Senhora. Foi assim que Jesus me ensinou.

— Que faria então o homem com tantos talentos, se não tivesse pecado?

— Se não tivesse pecado, o homem seria inteiramente comandado pelo Sopro da Vida, que o assemelharia ao próprio Deus. Seria, portanto, à Sua imagem, também criador.

— A Civilização não faz do homem um criador?

— Não; faz dele um destruidor: para fazer as suas obras, o homem destrói o que estava feito.

— Mas consegue assim condições de vida mais confortáveis, não?

— O conforto da obra humana é sempre falso e provisório.

— Falso porquê?

— Porque é conseguido com arremedos da Obra de Deus.

— Provisório porquê?

— Porque é feito de vida esterilizada: se não estiver sempre a ser vigiado, desfaz-se irremediavelmente, dentro de muito pouco tempo.

— Mas, Meu filho, se não fosse a Civilização, a vida do homem não seria um contínuo aborrecimento? Que faria ele, o dia inteiro?

— Faria o que Deus faz, a eternidade inteira: estaria sempre e só amando e sendo amado; ajoelharia, reverente, perante o Mistério de cada ser, numa contínua sedução, e estaria sendo permanente surpresa para todos os outros seres e para Deus…

— Quem te levará a sério, Meu amorzinho?

— Tu. Sei que Tu me levas a sério. Por isso Te peço para que prepares os corações para deixarem cair a Cidade.