No jardim da casa
Escrevendo ...
Breves dados biográficos

O meu nome é Salomão. De apelido Duarte Morgado.

Nasci no ano de 1940 em Portugal, na aldeia do Rossão, da freguesia de Gosende, do concelho de Castro Daire, do distrito de Viseu.

Doze anos depois, 1952, entrei no seminário menor franciscano: eu queria ser padre franciscano.

Doze anos depois, 1964, fiz votos perpétuos na Ordem dos Frades Menores de S. Francisco de Assis seguidos, ao fim desse ano lectivo, da ordenação sacerdotal: eu era o padre que tanto queria ser.

Doze anos depois, 1976, pedi ao Papa dispensa dos votos que era suposto serem perpétuos e do exercício do sacerdócio, que era suposto ser para sempre, casei e tornei-me pai de quatro filhas.

Doze anos depois, 1988, fiz uma tentativa extrema para salvar o meu casamento, saindo de casa. Mas o divórcio de facto consumou-se.

Doze anos depois, 2000, surgiu na minha vida o mais inesperado acontecimento, que começou a ser preparado, sem que eu disso tivesse consciência, no meio deste ciclo, 1994. Foi aqui que comecei a escrever a longa Mensagem que senti Deus pedir-me que escrevesse em Seu Nome e a que Ele próprio deu o título de Diálogos do Homem com o seu Deus no Tempo Novo. Os textos agora aqui publicados são excertos desta vasta Profecia preparando a sua divulgação integral, no tempo oportuno, que desconheço.


Moro há 30 anos em Leça do Balio, concelho de Matosinhos, distrito do Porto.


Não são estas palavras mais do que um testemunho daquilo que vi, ouvi, senti, toquei. Não estão por isso sujeitas a nenhuma polémica. Todos os comentários que se façam, ou pedidos que se queiram ver satisfeitos, sempre serão respondidos apenas com novos textos: de mim mesmo não tenho respostas.




Observações


Muitos e verdadeiros Profetas têm surgido nos nossos dias. Um deles é Vassula Ryden, cuja profecia, "A Verdadeira Vida em Deus", teve um decisivo relevo no meu chamamento a esta missão e revela uma estreita complementaridade com esta Mensagem que escrevo.

Os algarismos desempenham nesta Profecia um papel muito importante como Sinais. Foram adquirindo progressivamente significados diversos. Assim:

   0 – O Sopro da Vida. O Espírito Santo.

   1 – A Luz. A Unidade. O Pai.

   2 – A Testemunha.

   3 – O Deus Trino. A Diversidade.

   4 – O Mensageiro. O Profeta. O Anúncio. A Evangelização.

   5 – Jesus.

   6 – O Demónio.

   7 – O Sétimo Dia. A Paz. A Harmonia.

   8 – O Oitavo Dia – O Dia da Queda e da Redenção. O Homem caído e redimido. Maria de Nazaré.

   9 – A Plenitude de Deus. A Transcendência. A Perfeição. O Regresso de Jesus. O Nono Dia.

Alguns agrupamentos de algarismos adquiriram também um significado próprio. Os mais claramente definidos são estes:

   10 – Os Dez Mandamentos. A Lei. A Escritura.

   12 – O Povo de Deus. A Igreja.

   22 – As Duas Testemunhas de que fala o Apocalipse.

   25 – A Alma humana.

   27 – Salomão, o meu nome que, derivando do termo hebraico Shalom, significa o Pacífico, a Testemunha da Paz.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

1143 — Uma só Páscoa


   Eu também não sabia que a Igreja Ortodoxa celebra a Páscoa em data diferente das Igrejas do Ocidente. E também não sabia que esse facto magoava tanto o nosso Irmão e Senhor Jesus. Quando soube disto, fiquei indignado até às lágrimas.

20/3/96 9:10:07

   Acabo de ler, conduzido pelo Dedo do Mestre, o que está escrito, em 21/12/92, no profeta Vassula. Mas o destaque vai para estas palavras que o meu dedo apontava: “A beleza, a glória e os frutos que (a Minha Vinha) tinha dado, agora caíram, como frutos gorados”. Depois os meus olhos poisaram sobre isto: “Aquilo que a Minha Mão Direita plantou foi partido em duas partes, depois em três, depois em pequenos pedaços; onde está agora a Vinha inteira que Eu mesmo tenho plantado?”.

   Jesus, desafoga comigo as Tuas mágoas. Queixa-Te, desabafa tudo quanto o teu coração necessitar.

   O que é que os impede de unificarem a data da Páscoa?

   Sim, meu Mestre: o que os impede? Até o Teu Profeta, depois de falar com eles, conclui: “Não é assim tão fácil como parece”! Que raiva sobe por mim! Apetecia-me chegar lá, colocar-me no meio da sala e com quanta força os meus pulmões e as minhas cordas vocais permitissem, gritar: “Unam a data da Páscoa, estúpidos! Não vêem que o Senhor está pedindo?” Acho que rebentava em lágrimas, depois. E assim, entre soluços, havia de lhes dizer: Desculpem ter-vos chamado estúpidos, mas é que não pode ser outra coisa senão estupidez o que vos impede de unir a data da Páscoa! Quem vos impede? Séculos de tradição? E é justo que a vossa tradição esmague o Desejo do vosso Mestre e Senhor? Impedem-vos os poderes e a ordem deste mundo? E que tendes vós a ver com este mundo, quando ireis este ano ver o vosso Mestre e Senhor morrer de novo duas vezes justamente às ordens dele, deste mundo que assim vos enche e comanda os corações? Não tendes medo da Ira de Deus? Não tendes pena dos gemidos do vosso Deus asfixiado debaixo da vossa prepotência? É possível não vos sentirdes tocados pela extrema Humildade do vosso Irmão e Senhor das Galáxias e do Abismo que com um piparote vos poderia reduzir a cinzas a vós e à vossa grotesca soberba e ao vosso ridículo medo das forças deste mundo? Não vedes que todo o poder deste mundo é construção de areia perante uma Humildade assim, é nada perante a Omnipotência deste inexplicável Amor? Vinde cá. Não sacudais já as cabeças desta vez e ouvi um pouco com toda a atenção de que o vosso coração for capaz. Reparai na interrogação magoada, cansada, suplicante que o nosso impotente Senhor dirige ao Seu impotente Profeta. Vede como é ingénuo, simplório como um leigo, como um pobre, como uma criança o nosso Mestre de Quem todo o Ensinamento recebemos. Ouvi bem: “Quando, pois, e com um voto unânime, aprovarão um decreto para celebrarem todos, na mesma data, a festa da Páscoa?”.

   Não é preciso mais nada. É só preciso, “com um voto unânime”, aprovar “um decreto”. O próprio Jesus, a Quem pertence a Vinha, fará o resto. Está escrito também aqui, para quem ainda não tenha ouvido: “Não sereis vós que unireis o Meu Reino”!

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

1142 — Dei-vos um exemplo


   Todos os passos de Jesus relatados nos Evangelhos são paradigmáticos. São exemplificativos, apenas. Valem, portanto, como poderoso incentivo para nos levar à acção. É o caso de que aqui se vai falar. Jesus violou o Sábado. Foi um crime religioso grave. Mas Jesus ousou este crime. E não para Se destacar e ser admirado, mas para nos incentivar a fazer hoje a mesma coisa. Não há sábado a violar, mas há muitos outros crimes religiosos que é preciso ousar cometer. Em nome da Liberdade que Jesus nos trouxe.

20/3/96 1:39
 
   “Hoje é sábado, não te é permitido levar o catre”. Trata-se da cura do paralítico na piscina de Betsaida. Neste passo os judeus procuram identificar este Homem que assim se atreve a violar o Sábado de forma tão descarada: “Quem é o homem que te disse: Toma o teu catre e anda?”. Mas era um Poder novo que estava irrompendo e por isso “o que tinha sido curado não sabia quem era, pois Jesus havia-Se afastado, por haver muita gente naquele local”. Isto é, Jesus curou e andou: este Poder novo não se publicita a si próprio; são as suas obras que dele dão testemunho. Jesus deixou-o bem claro: é pelos frutos que se conhece a árvore. E a obra, neste caso como em tudo o que Jesus fazia, era de conteúdo tão intenso e gritante, que era impossível calá-la: uma cura milagrosa e uma violação ostensiva da lei. Por outro lado a obra deste novo Poder nascente, pela sua gratuidade e excelência, confere uma tal autoridade ao seu Autor, que o ex-paralítico, conhecedor certamente da transgressão que estava cometendo ao transportar o catre ao sábado, não hesitou em fazê-lo, como se a obra nele acontecida de repente adquirisse prioridade absoluta sobre toda a lei. Por isso o miraculado responde com toda a segurança aos zelosos guardiães da lei: “Aquele que me curou, disse-me: Toma o teu catre e anda”. Jesus e a Sua obra estão, a partir de agora, para este homem, acima de toda a lei! E tão grande é o alvoroço da descoberta que, depois de, mais tarde, ter identificado o Autor da sua cura, ingenuamente, empolgado com o seu herói, como quem dá a grande notícia da sua vida, “o homem foi dizer aos judeus ter sido Jesus Quem o curara”. É claro que este pobre não sabia da dificuldade dos ricos em se converterem à Liberdade. Por isso, julgando estar a anunciar-lhes a Salvação acabada de chegar, entregou Jesus aos Seus inimigos.

    Foi-me dado este alimento no contexto da Misericórdia de Deus contraposta ao sacrifício que a lei gera, multiplica e impõe. Os Sinais do início deste texto falam-me do Mistério dos Mistérios, o da Unidade na Trindade, que será aberto como comporta de imenso rio, no Nono Dia. Seremos então aí inundados com as insondáveis riquezas da Misericórdia do nosso Deus. Sim, porque Ele vai ter pena de nós e nesse Dia curará as nossas chagas. E será o Prodígio tão grande, que todos os pobres, toda a multidão dos que tiverem sido curados avançará por cima de todas as leis e ingenuamente gritará que a Salvação chegou. Porventura os guardiães da Lei tentarão afogar este entusiasmo louco num mar de sangue. Mas muitos deles, por este mesmo sangue, serão curados e se reunirão à multidão imparável.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

1141 — José


   Nada sabemos da relação de Jesus com o Seu pai José. Neste diálogo, o próprio “filho do carpinteiro” fala-nos dos traços mais marcantes deste homem, de quem não se conhece uma única palavra.

19/3/96 15:08:18

   Fala comigo, Jesus, meu querido Filho do Carpinteiro, e faz esta caneta escrever com exactidão o nosso diálogo.

   Como te lembraste do dia do Meu pai adoptivo?

   Não me lembrava. Tinha uma série de projectos à minha frente e não sabia qual era o Teu projecto.

   Algum deles era José, o Meu pai segundo os olhos e a lei deste mundo?

   Não. José, o Teu pai carpinteiro, nada tinha a ver com estes projectos.

   Como chegaste a ele, ao Meu pai carpinteiro?

   Não cheguei. Tu mo deste, de surpresa. E foi mais outro projecto a juntar àqueles que me ocupavam o espírito. Então pedi-Te que escolhesses Tu. Sinto que tens coisas para nos dizer acerca do Teu bom pai carpinteiro, de quem só quase sabemos o nome.

   E ouvistes também falar da sua obediência.

   Sim. Obediência pronta e total.

   E da sua humildade.

   Sim. E que difícil era ser humilde nas circunstâncias em que o Plano de Deus o apanhou! Fala-nos, Mestre, do Teu pai José.

   Tinha um coração silencioso e profundo, o Meu pai José.

   Falava pouco?

   Parava muitas vezes olhando-Me em silêncio.

   Ele sabia o que se passava Contigo?

   Ele viveu sempre de coração ajoelhado perante o Mistério que Eu era para ele.

   Mistério que quer dizer, neste caso?

   Coisa grande e insondável que só de Deus pode vir e só a Deus conduz.

   Ele ralhava-Te?

   Quantas vezes!

   Tu eras traquinas, em miúdo?

   Eu era como todos os miúdos.

   Fazias asneiras?

   Na ordem da Cidade, quanto mais natural se é, mais asneiras se fazem.

   Gostavas muito dele?

   Aprendi a gostar muito daquele silêncio sereno que o rodeava.

   Ele falava-Te no Demónio?

   Falava. Ele tinha uma especial sensibilidade frente às forças do Mal. Ele tinha a consciência bem clara de que era sua missão especial proteger-Me.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

1140 — Maria


   Sabemos que Maria de Nazaré, a Mãe de Jesus, se tornou, há muito tempo, um factor de divisão entre os cristãos. Este verdadeiro absurdo dói muito no Coração de Deus, conforme Jesus nos revela, sobretudo nos Profetas mais recentes. A visão do nascimento de Maria que aqui é revelada, não é só simbólica; é a tentativa possível de visualizar um facto invisível.

17/3/96 2:47

   Maria é um vulgaríssimo nome de mulher que tanto encobre como descobre o Milagre maior de Deus: o ter podido manter, dentro e no próprio âmago da podridão em que o Pecado transformou a natureza humana, o Seu Sémen incorrupto que, na plenitude dos tempos, Se desenvolveu em feto onde logo se fez sentir um coraçãozito pum-pum!, pum-pum! batendo furiosamente, muito vivo, muito vigoroso, muito puro, incorrupto no seio da podridão transformada em matéria orgânica, em prodigioso útero protegendo e alimentando o luminoso feto em que o coração pum-pum!, pum-pum! incansável e forte e imaculado como o de uma gazela da floresta, comandava toda a vida daquele Corpito que por fim nasceu. Era uma Menina. E todo o Céu baixou à terra contemplando o Milagre. Ali estava o Pai, enternecido. Ali estava o Filho que se chamava ainda apenas Verbo de Deus, contemplando com surpresa agradecida a Morada nova que o Pai Lhe preparara. Ali estava o Espírito suspenso de encanto perante o delicado e frágil Ser feito da mesma matéria que Ele próprio arrancara do Caos com titânica força, lá nas Origens e que o Pai Lhe entregava agora como Noiva, uma sensação nova para a própria Pessoa que se chama Omnisciência de Deus. Ali estava Miguel e todo o exército celeste, de espadas suspensas, paralisados de espanto. Ali estava Gabriel, o Arcanjo-Força de Deus, deslumbrado, sem saber ainda da inaudita missão que o Pai lhe iria entregar, a maior da sua vida de Arcanjo. Ali estavam Moisés e todos os Profetas de coração tenso, reconhecendo lentamente naquela Pequenina a Flor que todos eles viram em sonhos levantando-se da terra e donde viam nascer o Redentor que anunciaram e teimosamente esperaram. Estava ali, pois, o Céu todo. Tão querida, Ela, a Menina! E tudo isto estava acontecendo numa casita muito pequenina na sua pobreza, em Nazaré da Galileia, num planeta muito pequenino chamado Terra, no ano setecentos e quatenta da fundação de Roma, há dois mil anos. Tão transparente era a Menina que, de qualquer ângulo que se contemplasse, se Lhe via directamente o Coração vigoroso e puro, palpitando, palpitando. Maria foi só um nome humano com que se designou e encobriu a Rainha do Céu e da Terra, que acabava de nascer. Maria veio directamente do Coração de Deus!

domingo, 27 de outubro de 2013

1139 — Ninguém sabe já como era


   A destruição operada pelo Pecado em nós é de tal ordem, que o nosso Mestre Jesus é radial: não é possível curarmo-nos; é necessário deixarmo-nos morrer, para podermos nascer de novo. Por isso todas as nossas tentativas de nos curarmos a nós próprios mais nos deformam. Só o Caminho de Jesus nos pode curar sem nos mutilar: só Deus sabe como éramos no Seu Sonho.

17/3/96 2:47

   Não, não é possível ninguém curar-se a si próprio, nem ninguém curar ninguém! Assim como ao construirmos uma casa estamos destruindo milhões de ervas, várias plantas, talvez até algumas árvores frondosas e com elas a nossa capacidade de respirar, assim também ao tentarmos curar-nos, a nossa medicina nos vai destruindo células aos milhões, alguns tecidos vivos, às vezes órgãos inteiros, aumentando a nossa disformidade, a nossa deficiência e a nossa dor. Querido Deus, como Ele deve ter pena de nós! Por isso quando clamamos “Kyrie, eleison – Senhor, tem pena de nós”, estamos todos a exprimir a mais crua realidade da nossa vida: metemos pena, somos indigência e miséria pura.

   Mas há outro motivo pelo qual ninguém se pode curar a si próprio: é que ninguém sabe já como era! Tão deformados estamos, que não conhecemos o nosso ser original, porque esse ficou lá, muito longe, no Paraíso, e quando viemos a este mundo viemos já assim deformados e foi esta disformidade que sempre vimos à nossa volta aumentando a nossa. Só Deus sabe como somos, no Seu Sonho original. Só Deus conhece a nossa verdadeira natureza e nos pode, por isso, reconstruir sem nos mutilar.

  Usemos, pois, o nosso Livre Arbítrio apenas para isso: para deixar Deus curar-nos. Se o inexplicável Dom da Liberdade o utilizarmos apenas para livremente oferecermos ao nosso Criador tudo o que em cada momento somos, nada mais Ele quer de nós e feliz Se põe a reconstruir-nos à Sua Imagem, à Sua Dimensão, à Sua Beleza, Ele, louco de felicidade, ultrapassa o Sonho inicial e faz de nós filhos! Como se, em vez de nos moldar com as Mãos, nos gerasse no Seu Seio e nascêssemos em verdade do Seu próprio Ser.

   Diz Tu, Jesus, o que eu estou sentindo.

   O Pai do Céu ama-vos loucamente.

   Diz doutra maneira, Jesus, a ver se entendemos um pouco melhor a Loucura do nosso Deus

   O Pai do Céu ama-vos tanto, que um dia Me pediu, a Mim Seu Filho, que viesse assumir a vossa disformidade, a vossa podridão, as vossas chagas, as vossas dores, o vosso nada, a vossa miséria toda, a ver se, a partir de dentro, nascendo nessa vossa carne, no vosso seio em decomposição, vos seduzia com a Sua Humildade, já que ao dar-vos a vossa grandeza vos perdeu.

   Mestrezinho, inflama o meu coração com um louco amor à Tua Humanidade. Se não for pedir muito, faz com que eu reproduza em cada passo, em cada gesto, em cada palavra, a Tua Carne humilde anunciando no meio de nós o Amor que o Pai nos tem. Ah, Jesus, se não for pedir muito, sê outra vez Carne Viva em mim. Se não for pedir muito, concede-me a Tua Cruz, também. Se não for pedir muito, sê Tudo, absolutamente Tudo em mim!

sábado, 26 de outubro de 2013

1138 — Simão, o meu anjo da guarda

                                                               Um dia, de repente, Jesus disse-me que o meu anjo da guarda se chamava Simão. Foi uma surpresa totalmente inesperada. Só depois, pouco a pouco, me foi identificado aquele Simão como Simão Pedro, o Apóstolo pescador: eu não sabia que as pessoas como nós, depois de recebidas no Céu, podiam tornar-se Anjos da Guarda no nosso percurso terreno…

9/3/96 4:06

   É assim mesmo, neste estado, que vou rezar, ainda que as minhas palavras sejam como folhas secas que no Outono caem, porque mesmo assim elas fazem parte de um processo natural e necessário à árvore, a criar espaço para a próxima Primavera.

   Simão, meu Anjo bom a quem o Senhor entregou a guarda da minha alma, olha o estado em que ela se encontra e pede ao teu e meu Senhor que ma encha do Seu Fogo. Mas, se é necessário que seja assim, que então a Fé se me robusteça até à consistência do rochedo. Fala comigo, Simão. Olha: tu és o Pedro, o meu querido Pedro do Evangelho de Jesus?

   Sou. Porque duvidas?

   Não sei. Talvez porque ache demasiado o Dom de te ter como anjo da minha guarda…

   Se não sou eu o teu anjo, nada nestes Escritos tem consistência: foi com o mesmo ouvido que ouviste todas as outras coisas, não foi?

   Foi.

   Olha, Salomão, o Senhor pôs-me junto de ti, porque de ti quer fazer neste Tempo de Graça o Apóstolo da Fé, da Fé maior, aquela que acredita sem ver. Não ouviste o que o nosso Deus ainda agora te disse através da Vassula?

   Sim, que o mundo se tornou uma réplica de Sodoma.

   E sabes porquê, Salomão?

   Porque perdeu a Fé?

    Porque só acredita no que vê. É preciso desbravar de novo o caminho para as coisas invisíveis.

   Tu vias o Coração do teu Mestre, não vias?

   Eu gostava muito d’Ele e a afeição que Lhe tinha levava-me a ultrapassar os espantosos prodígios que com os olhos via.

   É então possível ver hoje os prodígios que tu viste e não amar o Mestre que os realiza?

   Oh, sim! Amar o Mestre é diferente de admirá-Lo. Muitos O admiravam naquele tempo e tão pouquinhos O amavam!

   Olha, Pedro, diz-me como se ama Jesus sempre mais. Eu gosto muito d’Ele e este amor só me diz que é possível amá-Lo ainda muito mais. Como se ama mais Jesus, Pedro?

   Quem é Jesus, para ti?

   É Deus meu Irmão. É o Senhor do Universo feito um de nós. É o Omnipotente encerrado na impotência da nossa carne. É Tudo, Pedro! Jesus é Tudo para mim.

   Sabes porque choras agora?

   Porque Jesus é muito bom.

   Sim, Jesus é só Amor.

   Olha, Simão, meu querido pescador da Galileia, tu estás a par da Promessa que o Senhor me fez, não estás?

   Estou, é claro. Justamente por causa da Missão que o Senhor te entregou fui eu designado, desde o seio da tua mãe, para te proteger, de modo que não fosse frustrado o Desígnio de Deus.

   É tão difícil acreditar neste autêntico absurdo, Pedro!

   E não era um absurdo acreditar que naquele carpinteiro de Nazaré estava o Messias?

   Duvidaste também, Pedro?

   Quantas vezes!

   Foi por teres duvidado que O negaste naquela hora, não foi?

   Foi: era um total absurdo o Messias fracassar assim…

   Quando Ele ressuscitou, que sentiste, Pedro?

   Senti-me o maior pecador do mundo.

   Só? Que sentiste mais, meu Pedro?

   Senti-me o homem mais feliz do mundo!

   Eu sei já que o teu Carpinteiro é o Messias. Ajuda-me a anunciá-Lo como Messias a toda a terra. Pede-Lhe que me permita anunciá-Lo como Messias duma forma muito especial ao Seu e teu Povo, sobre os terraços de Jerusalém. O Senhor deu-me um nome judeu, Pedro! Pede-Lhe que dê significado e força a este nome. Pede-Lhe o absurdo de eu poder guiar de novo o Seu Povo como Salomão, rei de Israel…. Não sei o que peço, pois não, Pedro?

   Não, não sabes o que pedes. Mas Ele é o Senhor do absurdo e do impossível.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

1137 — O Mistério da Dor


   Se Deus é Pai e nos ama, porque não acabou já com toda a nossa dor, já que é omnipotente? É esta uma questão muito nossa, de todos os dias. Era também uma questão minha e coloquei-a a Jesus, o Mestre. Eis a Sua resposta. Pertinente, mas sempre aberta a novas perguntas, como sempre, é claro.

8/3/96 1:36

   Que está aqui a fazer o Demónio, Mestre?

   O mesmo de sempre: destruir a ligação entre a criatura e o Criador e, uma vez destruída, impedir que ela se restabeleça.

   E porque o deixas fazer isto?

   Pelo mesmo motivo por que o deixo, a ele e a vós, fabricar a gigantesca chaga que cobre a terra.

   E não sabias Tu que isto ia acontecer?… Desculpa, Jesus. Porque me deixaste escrever esta pergunta?

   Para ficar escrita a resposta: Eu vim para responder a todas as perguntas do coração humano. Eu vim para religar a Deus toda a criatura e lavar da terra toda a dor. Só não respondo às perguntas que não vêm do coração.

   Responde então, Mestre, se for do Teu agrado; é esta uma pergunta que a nossa dor eleva ao Céu tantas vezes! Se Tu sabias da nossa Desgraça, porque a não evitaste?

   A vossa Desgraça dói infinitamente mais ao vosso Deus do que a vós próprios.

   Porque a não evitaste, Senhor Omnisciente e Bom?

   Porque vos quisemos à Nossa Imagem e Semelhança! Nunca entendereis o tamanho do Amor do vosso Deus nesse Momento Supremo da Criação.

   O meu coração não entende ainda: precisamente porque nesse Momento Supremo nos amaste acima de toda a explicação, não podias ter evitado a Dor?

   Não!!!

   A sensação foi tremenda: pareceu-me estarem presentes em Jesus as Três Pessoas da Trindade soltando aquele Não! como um espantoso grito! Mas eu atrevo-me a insistir, porque sinto que o Mestre não Se foi embora, sinto que Ele quer continuar esta aula.

   Porque não evitou Deus a Dor do Homem, querido Mestre?

   Porque Deus é Amor.

   Por isso mesmo, Mestre: porque consentiu o Amor neste mar de sofrimento que se vem sempre alargando desde que o Homem pecou a primeira vez?

   Não entendes ainda? Não entendeis todos vós, Meus filhos? Nós criámo-vos à Nossa Imagem.

   Justamente: Tu não pecas nem sofres. Manda-me parar, Jesus: eu sinto que Te estou a fazer sofrer com estas perguntas, com esta insistência…

   Acabas de afirmar que Eu sofro.

   Pois…

   Ouve bem: Deus não pode pecar, porque o faria contra Si Mesmo. Mas criou Alguém tão a 
Si semelhante, tão livre, tão independente, tão como Deus, que constituiu nesse Momento Supremo a Possibilidade de ser rejeitado pela portentosa Criatura que formara. Não entendestes ainda o ponto a que chegou o Amor do vosso Deus?

   Não, certamente que não, meu Senhor! Acabaste ainda agora de dizer que o Amor com que Deus nos ama suplanta toda a capacidade de entender do coração humano.

   Bastaria a Deus que O amásseis com todas as forças, com todo o entendimento do vosso coração em cada momento.

   Será sempre tão pequenino o nosso amor…

   Se Mo derdes todo, Eu elevo-o à dimensão de Deus.

   Meu pobre Jesus, meu doce Mestre, como deves estar cansado de ensinar entendimentos tão duros! Se eu Te pudesse ajudar… Eu sei um pouco do que isso é: também eu, como professor, me canso de repetir coisas que na semana seguinte já esqueceram de novo. Se esta experiência Te servir… Não sei que mais possa fazer para que Tu descanses um pouco da Tua Solidão. Olha, Mestre, eu vou onde Tu quiseres…. Não fiques aí assim sentado com esse ar de desânimo no Teu Rosto humano. Eleva então o meu pequenino amor à Tua dimensão e envia-me a anunciá-lo a toda a criatura.

   Jejuarias hoje, por Mim?

   Sentiste o choque, no meu coração, perante esta Tua pergunta? Vês como me custa tanto desprender-me de mim? É claro que jejuo, Mestre, se Tu mo pedes.

   Jesus calou-Se, como se tivesse ido embora, como se tivesse receio de que eu Lhe pedisse para reconsiderar o pedido que me fez e Ele fosse tentado a ceder, por pena de mim. Que querido é o nosso Deus! Sei já qual é o jejum que Ele quer: o que mais me custa – não tomar o pequeno-almoço e não beber vinho à refeição.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

1136 — Ciclone Divino


   Desde o início desta escrita o Espírito de Deus me foi revelado com uma Pessoa bem distinta das outras duas Pessoas da Trindade divina. Raramente dialogo com Ele. Mas sempre a Sua Subtileza e sobretudo o Seu Poder, me empolgam até às lágrimas. Não sei explicar este fenómeno; sei apenas que, mal ponho n’Ele a atenção, uma tão forte emoção se desencadeia dentro de mim, que não consigo segurar as lágrimas. E vejo-O mesmo realizar, como neste caso, aquilo a que o texto seguinte se refere. Muito mais depressa do que possamos imaginar.

7/3/96 – 3:03

   – Excita o Teu Poder, Ciclone Divino, e vem! Arrasa a Cidade, Turbilhão de Deus! Alevanta, desde os fundamentos, a Construção de Satanás, de sorte que não fique pedra sobre pedra! Vem, Furacão Omnipotente, e varre da terra todo o Mal! Irrompe, Vulcão de Amor, do âmago da terra, e queima toda a Iniquidade! Vem, Senhor do Abismo, escancarar as portas do Inferno à vista dos nossos olhos mortiços e do nosso coração cansado, para que lhe vejamos as entranhas de falsidade e de podridão e assim fique desmascarado o Pai da Mentira! Desce depois do Céu como Chuva lavando e regando a superfície da terra outra vez fofa e sedenta. Vem, finalmente, numa bela Madrugada, como Doce Brisa vinda do longínquo horizonte, acordar, na terra orvalhada, todas as Sementes que, sem darmos conta, no Silêncio da Noite havias semeado. E veremos, meu Bom e Omnipotente Senhor, outra vez a deslumbrante Variedade das Origens e do Sonho do Pai do Céu. Chamar-Te-emos Harmonia. E saberemos que acabam de pisar a Terra a Rainha e o Príncipe da Paz! Vem, Espírito Santo, vem! Vem, Amor! Amen.

   Foram os meus frágeis Sinais que desencadearam esta oração e foi o próprio Espírito que a rezou, em mim. Senti-O pela veemência do impulso interior, pelos suspiros que agora, a espaços, irrompem como gostosa Novidade e pelo vivo Encanto que inundou o meu coração. Foi este justamente o meu grande pedido do dia de ontem: que o Espírito do Senhor arrasasse a Cidade. Apeteceu-me fazer-Lhe este pedido perante os alunos, ao falar-lhes de como o Império Romano foi literalmente arrasado pelas invasões bárbaras e de como assim toda a nossa terra virou outra vez campo imenso, Natureza pura. Cada vez é mais intensa e clara em mim a visão da pura Iniquidade que a Civilização representa. A Cidade é só mal. A Cidade é toda de Satanás. A Cidade é para abolir inteira! Só o que Deus faz é que está bem feito! Só Ele poderá, pois, abolir a Cidade!

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

1135 — Deus é Um porque é Três


   Um dia alguém, membro de um dos muitos grupos em que dividimos a Igreja com que Jesus sonhou e fundou sobre a Fé de Pedro, disse-me que a sua “congregação” não aceitava a Trindade em Deus, porque é uma coisa totalmente irracional e absurda: ou bem que é Um, ou bem que é Três. E eu respondi-lhe: É por isso mesmo que eu creio; para admitir o que é racional e lógico não é preciso fé nenhuma. O Mistério da Altíssima Trindade é, de facto, o Mistério dos Mistérios. Mas, como todos os Mistérios, também este nos está completamente aberto, seduzindo-nos irresistivelmente. E podemos, é claro, avançar por ele dentro, contanto que o façamos conduzidos pela Mão do Mestre Jesus. Tiremos então as sandálias, porque a terra que vamos pisar é santa…

 
5/3/96 – 1:31 1:33

   Não me recordo de ter visto no mostrador aqueles algarismos. Penso que os não vi mesmo: eles foram-me dados pelo ouvido! E eram tão insistentes que, ao olhar o relógio, uns minutos depois, já acordado, não fixei a imagem que vi, mas aquelas, que se repetiam, alternadas, dentro de mim. Mas o  mais estranho é que, pela imagem que vi depois, aqueles algarismos devem ter correspondido à hora objectiva do relógio! São, pois, Sinais a que o Senhor quer dar uma importância especial, que desconheço ainda. Eles falam-me da Luz e do Mistério da Altíssima Trindade.

   Diz-me o que me queres com estes Sinais, Mestre.

   Que te fixes na Luz.

   Como posso fixar-me na Luz sem ficar encandeado?

   Eu protejo os teus olhos.

   E a Trindade? Que me queres com o Sinal 3?

   Que proclames que a Luz é Três.

   Mas já toda a gente sabe.

   Não com o coração.

   Dá-me, então, Mestre, um coração puro, para que veja o que queres mostrar.

   Que estás sentindo?

   Que me queres falar da Autonomia de cada uma dasTrês Pessoas em Deus.

   Desde o início deste nosso Encontro, não te lembras?

   Sim. Insistias muito na Distinção  das Três Pessoas Divinas.

   Quero agora que consideres a Sua Autonomia.

   No sentido de Independência?

   Há, em cada uma das Três Pessoas, uma total Independência em relação às outras.

   Foi irresistível o impulso interior para escrever e sublinhar total, tendo-se-me bloqueado todas as outras formulações, perante a minha surpresa. Devo dizer ainda que no coração tenho a frieza costumada e a sensação é que só a cabeça funciona. Mas, assim mesmo, continuo perguntando perante um Mestre que desta vez me parece até impaciente…

   Independência total, Mestre?

   Total.

   Mas isso é inaudito!

   Mas é a Verdade: sem esta Total Independência, não poderia haver Amor Total em Deus!

   Deus não poderia ser AMOR?

   Sim. Deus não seria AMOR.

   Que quer dizer, então, Independência, Mestre? Nós aqui temos os conceitos todos baralhados e distorcidos…

   Diz então tu devagarinho, a ver se endireitamos o que o Pecado entorta em vós: o que é a independência?

   É não ter que dar contas a ninguém dos nossos actos.

   É agir sem que o outro tenha interferido no movimento de cada um?

   É. Acho que é. É tão difícil definir coisas… Estou até estranhando que me queiras assim definindo…

   Eu só quero atingir corações; se para isso for necessário definir… Não te importas?

   Não, Mestre, não me importo: toma o meu cérebro, que para a Cidade ele já trabalhou demais!

   Diz então: só no agir, no mover-se, se nota a independência?

   Acho que é. Mas agora reparo: não há ser que não seja ao mesmo tempo acção, movimento. As próprias pedras, sabemo-lo nós até pela nossa ciência, são feitas e subsistem mercê do impressionante movimento dos seus átomos.

   Em Deus também é assim.

   Assim…como, Mestre?

   O Ser de Deus é Movimento.

   Mas não me querias falar de Independência, em Deus?

   É disso que estou falando.

   Não entendo.

   Só se é independente porque se vive.

   Sim. E…?

   E cada uma das Pessoas da Trindade é Viva em Si.

   O Seu “Movimento” não depende de nenhuma das Outras Duas?

   Não.

   Mestre, eu tenho uma pergunta a fazer-Te, Tu sabes…

   Faz.

   Na Tua Paixão e Morte, onde esteve a Tua Independência?

   A Minha Independência, ainda aí, foi total. Lembra: “A Minha vida ninguém Ma tira; sou Eu que a dou”

   Mas o Teu Pedido ao Pai, no Getsémani…?

   Só pode pedir quem é livre!

   Estás identificando Independência com Liberdade!?

   Estou. Recorda a criação do Homem.

   Criaste-o independente!?

   O Dom da Liberdade que lhe oferecemos constituiu-o em independência total face a Nós, seu Deus.

   Até nisso ele deveria ser Vossa Imagem?

   Sobretudo nisso.

   É por isso que Tu dizes que o Pai governa tudo, menos a nossa Liberdade?

   Sim. Como acontece no seio da Trindade: nenhuma das Três Pessoas governa as Outras.

   E por isso pode amar!?

   Sim, Salomão, por isso Deus é AMOR.

   Ah! Amar é todo o Movimento de Deus!?

   Sim. Toda a acção, em Deus, é Amor

   Deus ama-Se e ama porque é Três totalmente independentes Uns dos Outros?

   Sim, Salomão. Eu conheço os teus receios. Não tenhas medo, escreve. É preciso ir à raiz da verdadeira Independência que perdestes. É preciso que, à Nossa Imagem, volteis a ser totalmente independentes uns dos outros e totalmente independentes de Nós, vosso Deus, para poderdes voltar a amar.

   Jesus! O que dizes é tremendo.

   E fascinante. Como todo o Mistério.

   Então o Pecado consistiu e consiste na perda da Independência!?

   Sim. O Pecado é a única escravidão que existe.

   Então converter-se não é voltar a depender de Ti?

   Não; é voltar a ser independente, em Mim.

   Então fala-me agora da Unidade, Mestre. Tem que ser, senão…

   Foi de Unidade que estivemos falando até agora.

   És um espanto, Mestre! Eu já estou vendo: só sendo independente se pode amar e só o Amor une.

   Sede um só, em Mim. Une a Minha Igreja, Salomão!

   Então sê um só comigo, Mestre!