No jardim da casa
Escrevendo ...
Breves dados biográficos

O meu nome é Salomão. De apelido Duarte Morgado.

Nasci no ano de 1940 em Portugal, na aldeia do Rossão, da freguesia de Gosende, do concelho de Castro Daire, do distrito de Viseu.

Doze anos depois, 1952, entrei no seminário menor franciscano: eu queria ser padre franciscano.

Doze anos depois, 1964, fiz votos perpétuos na Ordem dos Frades Menores de S. Francisco de Assis seguidos, ao fim desse ano lectivo, da ordenação sacerdotal: eu era o padre que tanto queria ser.

Doze anos depois, 1976, pedi ao Papa dispensa dos votos que era suposto serem perpétuos e do exercício do sacerdócio, que era suposto ser para sempre, casei e tornei-me pai de quatro filhas.

Doze anos depois, 1988, fiz uma tentativa extrema para salvar o meu casamento, saindo de casa. Mas o divórcio de facto consumou-se.

Doze anos depois, 2000, surgiu na minha vida o mais inesperado acontecimento, que começou a ser preparado, sem que eu disso tivesse consciência, no meio deste ciclo, 1994. Foi aqui que comecei a escrever a longa Mensagem que senti Deus pedir-me que escrevesse em Seu Nome e a que Ele próprio deu o título de Diálogos do Homem com o seu Deus no Tempo Novo. Os textos agora aqui publicados são excertos desta vasta Profecia preparando a sua divulgação integral, no tempo oportuno, que desconheço.


Moro há 30 anos em Leça do Balio, concelho de Matosinhos, distrito do Porto.


Não são estas palavras mais do que um testemunho daquilo que vi, ouvi, senti, toquei. Não estão por isso sujeitas a nenhuma polémica. Todos os comentários que se façam, ou pedidos que se queiram ver satisfeitos, sempre serão respondidos apenas com novos textos: de mim mesmo não tenho respostas.




Observações


Muitos e verdadeiros Profetas têm surgido nos nossos dias. Um deles é Vassula Ryden, cuja profecia, "A Verdadeira Vida em Deus", teve um decisivo relevo no meu chamamento a esta missão e revela uma estreita complementaridade com esta Mensagem que escrevo.

Os algarismos desempenham nesta Profecia um papel muito importante como Sinais. Foram adquirindo progressivamente significados diversos. Assim:

   0 – O Sopro da Vida. O Espírito Santo.

   1 – A Luz. A Unidade. O Pai.

   2 – A Testemunha.

   3 – O Deus Trino. A Diversidade.

   4 – O Mensageiro. O Profeta. O Anúncio. A Evangelização.

   5 – Jesus.

   6 – O Demónio.

   7 – O Sétimo Dia. A Paz. A Harmonia.

   8 – O Oitavo Dia – O Dia da Queda e da Redenção. O Homem caído e redimido. Maria de Nazaré.

   9 – A Plenitude de Deus. A Transcendência. A Perfeição. O Regresso de Jesus. O Nono Dia.

Alguns agrupamentos de algarismos adquiriram também um significado próprio. Os mais claramente definidos são estes:

   10 – Os Dez Mandamentos. A Lei. A Escritura.

   12 – O Povo de Deus. A Igreja.

   22 – As Duas Testemunhas de que fala o Apocalipse.

   25 – A Alma humana.

   27 – Salomão, o meu nome que, derivando do termo hebraico Shalom, significa o Pacífico, a Testemunha da Paz.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

1009 — As estranhas cores do Amor


   Um dos mais célebres episódios da vida de Jesus é o da expulsão dos vendilhões do templo, à chicotada, aos empurrões, aos berros. Jesus estava manifestamente furioso, com uma arrasadora raiva dentro de Si. Antes d’Ele, no Testamento Antigo, muitas vezes se fala da Ira de Deus e vê-se Yahveh encolerizado, levando tudo à Sua frente. A Raiva, ou Cólera, ou Ira é, conforme se vê, uma Energia divina. Uma Energia do Amor. Foi isto que vi neste convívio com Jesus, aqui no Silêncio do Deserto.

3/3/95 16:00
 
 
   Remoo raivas no meu coração. Se essas raivas explodissem, escaqueiravam tudo à volta!

   Mas neste momento uma pergunta se eleva em mim: serão estas raivas necessárias? Não serão elas tempestades que vêm agitar, purificar e robustecer as raízes da alma, como as tempestades do inverno? Há uma energia em mim que tende a partir tudo à minha volta. Que é isto? Porquê isto agora?

   E o estranho é que a considero uma energia positiva. Mais: estou considerando-a como uma pequena parcela da Raiva do Criador, da mesma natureza da Ira de Deus! Parece feita de fogo ou de vento ciclónico. Feita para queimar, para abalar fortemente ou mesmo para arrancar tudo o que não resistir ao seu ímpeto! É uma energia a que só o metal nobre resistirá, como no caso do fogo, a que só a árvore de fundas raízes oporá resistência eficaz, como no caso do vento tempestuoso. Só fica depois o que for nobre e sólido!

   Foi isto que fez Jesus em Cafarnanm com o discurso sobre a Eucaristia: varreu uma multidão inteira e pôs em perigo a estabilidade dos próprios apóstolos. Ora isto aconteceu num contexto muito significativo: Jesus acabara de realizar o prodígio da multiplicação dos pães; o povo, atónito, quis aclamá-Lo rei, um rei ao jeito deste mundo, claro; Jesus, então, fugiu à multidão e retirou-se “sozinho para o monte”. Nesse dia o tempo estava tempestuoso e as ondas do lago estavam encrespadas. O Coração de Jesus deveria estar profundamente magoado com a dureza dos corações daquele povo que O não entendia. E a mágoa deve ter virado ira: Ele quis nitidamente abalar os corações dos que O seguiam, porque sabia perfeitamente o efeito devastador que iria provocar com as Suas palavras. Ele escandalizou de propósito. Veja-se todo o cap. 6 do Evangelho de João. A Ira de Deus arrasa indiscriminadamente multidões, ou abala até ao âmago o indivíduo isolado, como fez ao Pedro ao chamar-lhe Satanás, exactamente pelo mesmo motivo: ele não estava entendendo e opunha-se mesmo expressamente aos Caminhos de Deus! Muitos inocentes perecem nas razias que a Ira de Deus faz entre os homens. Mas nem uma gota de Inocência se perderá. Nem mesmo os pecadores se perderão, se aceitarem de coração a Justiça e a Misericórdia de Deus, como o bom ladrão. Nas razias da Cólera de Deus todo o Sofrimento é Dom purificador para aqueles que o aceitarem de coração contrito. A alegria que a seguir experimentarão, é indizível.

   É do Espírito que Jesus me fala hoje, o Espírito que vai irromper, imparável, no Pentecostes que aí vem. Mas é também de Cólera divina que tudo me fala hoje.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

1008 — Getsémani


   É vital não cair na cilada de retirar a Jesus a dor daquela Sua última Pascoa, que foi só o auge do sofrimento de toda a Sua Incarnação no nosso Vale de Lágrimas. Foi-me isto ensinado pelo próprio Jesus neste Deserto aonde Ele me conduziu para o viver comigo. E ninguém tenha medo: é por aqui o caminho da Perfeita Alegria.

1/3/95 9:55

   Do sofrimento de um discípulo de Cristo nem uma gota se deve perder! Deus precisa dele todo, como precisou de todo o Sofrimento do Filho, naquele tempo! Jesus sofreu tudo sempre em resposta ao Pedido do Pai. No Getsémani, perante a visão do Sofrimento que estava para vir, fez também o célebre Pedido ao Pai: “Se é possível, afasta de Mim este cálice”. Era horroroso o que estava para acontecer e Jesus sabia-o, via-o, sentia-o a ponto de suar sangue! Jesus é muito nosso, muito humano. Qualquer pessoa nas mesmas circunstâncias, teria reagido da mesma maneira. Teria feito a natural pergunta: é mesmo-mesmo necessário tudo isto? Não há hipótese de conseguir o mesmo efeito doutra maneira? Não? Não há, Pai? Olha: se há, Pai, livra-me deste horror!

   E Jesus deve ter esperado um pouco, no silêncio da noite, uma resposta do Pai, cujo Coração e Omnisciência Ele conhecia, a dizer: Pronto, Filho. Basta assim. Já sofreste que chegasse. Havemos de encontrar outro processo de curar a Humanidade! Mas só o silêncio continuava rodeando Jesus. Um silêncio na terra e um silêncio incompreensível nos corações dos Seus amigos, que dormiam, totalmente alheios a esta Hora. Mas não só: houve também silêncio no Céu! E foi aqui que Jesus se deu conta da Absoluta Solidão em que tudo se iria desenrolar. Ele compreendera neste momento que o Pai O abandonara totalmente ao Reino da Ausência que é o domínio de Satanás. Foi então que Jesus começou suando sangue. E disse, voltado para o Silêncio do Céu: Pronto, Pai. Faça-se a Tua Vontade.

   O Silêncio do Pai neste momento deveria ser todo feito de Lágrimas, como dizendo que procurou em todos os íntimos fundamentos do Seu Ser e não encontrou outra hipótese, não viu mais nenhuma possibilidade de salvar a Humanidade e estas Lágrimas assim foram a única Resposta que pôde dar ao Filho. E estas Lágrimas assim silenciosas escorrendo a fio pela Face de Deus foram o mais amoroso Pedido de toda a História do Universo.

   E foi assim que o Sofrimento de Jesus se fez Dom Total de Deus ao Homem!

 

quarta-feira, 29 de maio de 2013

1007 — Ele procurou a Cruz


   Está sendo moda substituir, nas igrejas, a cruz por um Jesus ressuscitado. Mas estes Diálogos, não vão em modas. Há um Caminho e há Princípios de que Deus não Se desvia um milímetro, até que a nossa Libertação seja plena e definitiva.

    “A minha vida ninguém ma tira; sou Eu que a dou” – dissera o Mestre. E como Lhe custou dá-la! É estúpido para o mundo procurar o sofrimento. Mas Jesus procurou-o! Toda a sua vida se dirigiu para a Cruz: ela era fundamental no Plano do Pai. Como se, dentre todas as hipóteses que a Omnisciência de Deus pudesse levantar, esta fosse a única capaz de curar os homens! De tal maneira que, se por absurdo ou por puro sarcasmo alguém perguntasse a Jesus naquela tarde, no auge da Sua dor: Estás sofrendo?, Ele responderia, devolvendo o absurdo e o sarcasmo: Não; estou curando a Humanidade! É por isso que S. Francisco proclamava que a perfeita alegria está em sofrer. Dir-me-ão todos que o sofrimento não é um fim; é só um meio. E eu apetece-me dizer que é, é um fim. E este fim parece que Jesus o perseguiu obsessivamente. Como se tivesse vindo à terra só para isso: para morrer na Cruz! Como se nada mais Lhe interessasse: tudo o resto são só naturais consequências desse Objectivo final e único para onde se dirige toda a vida de Jesus! A Ressurreição, para Deus, é coisa fácil: à Sua Voz, ao Seu Sopro, tudo renasce. O Sofrimento, não: o Sofrimento é-Lhe anti-natural; é preciso ser planeado e perseguido como Objectivo. Deus teve que violentar-Se desde a Incarnação. Toda a vida de Jesus foi uma violência progressiva encaminhando-se para a Cruz. Tudo, então, ficou “consumado”! Daí em diante é outra vez Deus, natural, vivendo o Seu Dia-a-Dia de Criador e Vivificador eterno!

terça-feira, 28 de maio de 2013

1006 — Não corras tanto


   A construção da nossa mastodôntica Obra, a que aqui se costuma chamar a Cidade ou a Civilização, não nos desenvolveu capacidades; embruteceu-nos. Por isso entre a atarefada Marta e a contemplativa Maria, Jesus diz que Maria é a que está certa. E Jesus é que sabe.

28/2/95

   É isso, Jesus, que me põe assarapantado, literalmente suspenso no meio deste Mistério! Nunca supus que pudesse ser assim! Os homens meus irmãos ensinaram-me que eu deveria ser autónomo, independente. E tanto me repetiram isto, que eu julguei que até de Ti eu deveria ser independente! Mais: eu cheguei a pregar com todo o fervor esta independência de Ti. Alinhando na multidão instruída e manipulada por Satanás, eu proclamava com a maioria dos padres que era até pecado pedirmos-Te para resolveres Tu os nossos problemas! Como foi isto possível? Como foi possível pensarmos, nós os Teus pastores, que era possível fazermos alguma coisa sem Ti?

   Vê, Salomão, mostra ao mundo inteiro o que Satanás conseguiu fazer de vós!

   E vai continuar a conseguir. Ele vai dizer-nos que estamos a pregar a resignação e a fuga do mundo que Tu amas e por que morreste na Cruz passando horas Contigo em vez de irmos “para a luta”, em vez de nos “empenharmos concretamente” nas “tarefas”, tarefas, tarefas, tarefas, tarefas, tarefas, tarefas! Ele encheu-nos os ouvidos com esta palavra, repete-no-la até à exaustão, até nos fazer crer que rezar é estar parado, retirar-se para orar é perder tempo, o mundo precisa de nós, precisa, precisa, precisa, precisa, precisa, precisa, precisa. E nós, desvertinados, lançamo-nos na acção, a fazer coisas, fazer, fazer, fazer, chegamos à noite cansados e deitamo-nos sem sequer Te dizermos boa noite. Dormimos melhor ou pior, mas de manhã acordamos já com todas as nossas tarefas à espera, não temos tempo para mais nada senão para fazer, fazer, fazer.

   E Eu como digo, como digo Eu, Salomão, tu que já Me conheces um pouco?

   Tu sempre a dizer-nos assim: “Calma, calma! Devagar! Ouve! Ouve! Espera! Não corras tanto! Ouve: planeia Comigo… Eu sei… Eu é que sei como essas coisas têm que ser feitas… Olha: Eu sou!… Eu sou o teu Criador, o Criador de todas as coisas! Só Eu sei toda a dimensão dos estragos que vós fizestes comandados pelo Mentiroso! Pára um pouco! Isso não é assim que se faz! Deixa-Me ensinar-te! Não vês que até agora o que tens conseguido com tanta correria  e tanto cansaço é tão pouco? E ainda não descobriste porquê? Pára! Vá, calma, calma! Olha: Eu com um sopro resolvo o que tu nem na tua vida inteira consegues resolver! Dá-Me o teu corpo! Só te peço que Me deixes utilizar por um pouco o teu corpo, as tuas mãos… e vais ver! Pára! Pára! Dá-me uma chance! Só uma oportunidadezinha e vais ver!” É assim, Jesus, que Tu nos andas dizendo, eu sei, mas Satanás – zás! – Satanás aproveita e bufa assim: “Era bom, não? Tudo como por magia! Deitavas-te a dormir e as coisas apareciam-te feitas ao acordar!” E ri-se com um sorriso alarve, triunfante. Demasiado alarve para esconder a manha que lá tem escondida não sei onde, porque coração ele não deve ter!

   E tu, Salomão, que respondes tu para lhe tirares aquele sorriso da cara do bom senso e da lógica?

   Que a figura que está a fazer é ridícula e que está a fazer de todos nós parvos!

   Porquê parvos?

   Porque nós sabemos todos ler. E está escrito que o Reino dos Céus sofre violência e só os violentos é que o arrebatam! Ora isto quer dizer tudo menos deitar-se a dormir! Que o diga eu! Todas as noites, cheio de sono, me pedes para vigiar Contigo uma hora, às vezes duas e mais, como esta noite, em posição incómoda, escrevendo…

   Deixa-me fazer de Diabo, Salomão: e isso de que serve aos outros? Levantas-te mal disposto e o que consegues é descarregar a má disposição nos outros!

   Apetecia-me dar-Te um abraço, Jesus, por aquela de Te prestares a fazer de Diabo! És tão querido, tão próximo, tão nosso!

   Está bem. Mas então vá: que respondes tu ao Diabo?

   Que é estúpido.

   Estúpido… com tanta lógica? Não é verdade o que ele diz?

   Não, não é verdade! Estar Contigo dá paz, serenidade, harmonia; não dá má disposição!

   Olha para ti: não tens tido ultimamente atitudes agressivas, comportamentos irritadiços?

   Sim, e que quer o Diabo? Que eu fique anjo por um passe de magia? É mesmo isso que ele diz, através de toda a gente: “E tu? E tu? Que exemplo dás tu?” E é assim que me lixam! Que se lixam! Porque pretendem assim calar a voz que lhes atinge o coração com a Verdade. Ajuda aqui, Jesus!

segunda-feira, 27 de maio de 2013

1005 — Que deixássemos de ser crianças


   É muito fácil desviarmo-nos do Caminho, que Jesus diz ser Ele próprio, quando somos elogiados, quando nos dizem que somos importantes e capazes, que é tempo de nos emanciparmos de todas as dependências, que, enfim, temos que ser senhores absolutos do nosso próprio destino. A mensagem seguinte procura mostrar qual é o resultado desta tão típica tentação satânica.

   Querido Jesus! Tu é que tens a Chave do Segredo da Origem! És tu que sabes todo o Passado e todo o Futuro. Tu és em verdade o Alfa e o Omega, o Princípio e o Fim! Vem ensinar-nos isto hoje de novo! Vem sobre as nuvens do Céu, vem como fogo devorador, vem como tempestade, vem como luz subtil iluminando por dentro o nosso coração, abrindo a partir de dentro os nossos olhos. Vem como quiseres, mas vem! Tu estiveste sempre, estás e estarás sempre connosco, eu sei. Tu és o Imanu-El, o Deus-Connosco! Eu sei, nós sabemos, o Firmamento proclama-o desde sempre perante os nossos olhos, vimo-lo naquela Cruz, está escrito. Estamos afogados em Sinais Teus, em Palavras Tuas mostrando, dizendo, diríamos que encandeando-nos com tanta Luz! Mas o Tentador disse-nos um dia que Tu nos criaste, sim, criaste o Universo, sim, isso ele disse-no-lo para não nos chocar muito na altura que ele é sabido e manhoso! mas que nos fizeste reis de tudo, entregaste-nos assim tudo de mão beijada como se tivesses feito uma brincadeira qualquer para Te distraíres… e depois nos abandonaste nesta ilhotazita perdida na imensidão de que não vemos o fim, com estes brinquedos todos nas mãos. Depois foi-nos dizendo que crescêssemos, que deixássemos de ser crianças, que nos emancipássemos do nosso infantilismo e nós fomos sempre dizendo tem lógica, tem lógica, até que agora, Jesus, o Tentador nos anda insinuando, cada vez mais afoito, bufando mesmo descaradamente aos ouvidos que isso da Criação nem sequer existiu, que o Universo é que é tudo, que é, ele próprio, inteligente de si mesmo, em si mesmo, por si mesmo e pronto, que o homem é a expressão máxima desta inteligência e que portanto Tu não és, nunca foste preciso para nada, que Tu, portanto, simplesmente não existes! Vês, Jesus!? Se não vieres agora, o nosso Pecado vai esmagar-nos! Até os que falam em Teu Nome andam a dizer que “Deus é isto tudo”, que é a nós-homens que compete resolver os problemas e andam, como toda a gente, muito empenhados em consolidar e aperfeiçoar a cidade dos homens, pondo a Criação ao seu serviço! Se não vens, Jesus, morremos asfixiados no vento quente deste deserto que fabricámos. Se não vens, Jesus, a nossa dor tornar-se-á insuportável e morreremos assim contorcendo-nos e blasfemando, nesta cruz em que o Pai da Mentira nos pregou, contra o Céu e contra Ti. Vem, Jesus, e dá-nos ao menos neste sofrimento o coração e as palavras do bom ladrão ao repararmos que estás também aqui ao lado, pregado na mesma cruz! Vem, Jesus, lavar-nos com o Teu Sangue, alimentar-nos com o Teu Corpo Inocente!

   Virei, Salomão! Virei, povos todos da Terra! Estou já a caminho e muito perto. Quem quer ser Corpo Meu entregue por todos vós? Quem quer ser Sangue Meu que se derrame sobre todos vós para vos lavar a alma? Quem quer seguir-me na Minha renovada Morte? Quem quer ressuscitar Comigo? Meu querido Restozinho, Pobres do mundo, reuni-vos aqui junto de Mim! Sede outra vez os Meus Apóstolos para sobre vós refundar a Minha Igreja e nela reunir os Povos todos à volta da Árvore da Vida!

   Eu quero, Jesus! Eu largo tudo, se for preciso! Diz-me só o que queres que eu faça! Chama os outros, Mestre. Chama para aqui todos os que quiserem tomar a Tua Cruz e seguir-Te. Abençoa-nos a todos para nunca Te negarmos e envia-nos, como naquele tempo, dois a dois, às aldeias vizinhas, às cidades mais longe, a todos os povos, a todos os reis! Tira-nos o medo do coração e faz-nos pequenininhos, pequenininhos! Tão pequenininhos que confundamos toda a grandeza!

   É disso que se trata, é mesmo disso que se trata, Salomão, meus queridos Pobres. É preciso que Me recebais de novo e Me deixeis regar o vosso deserto, matar a vossa sede, saciar a vossa fome! É preciso dizer de novo a toda a gente que o Pai não se foi embora, não, que vos ama com Amor louco, mas que se sente cansado de segurar com a Sua Mão omnipotente a gigantesca bomba de extermínio que andais fabricando e que está suspensa sobre as vossas cabeças! É preciso dizer de novo a toda a gente que Eu sou a Ressurreição e a Vida e que sem Mim nada podeis fazer!

   Assim seja, meu Senhor e meu Deus!

domingo, 26 de maio de 2013

1004 — Agarraram-se à Razão


   Está escrito que o Regresso de Jesus será precedido de uma vasta Apostasia, isto é, de um generalizado abandono de Deus, ao mesmo tempo que a obra do homem é exaltada, no meio de uma desenfreada euforia. Será que não estaremos vivendo justamente esses tempos?

Confeitaria “Márcio”, 25/2/95

   (Sei que devo, que é bom escrever este diálogo, por variadíssimos motivos, mas precisamente por isso não sei o que escrever. Há várias coisas em mim dignas de registo e por isso fica a caneta e a mão e a cabeça, tudo suspenso neste tumulto).

   –vEscreve Tu, Jesus!

   Sou sempre Eu que escrevo.

   Vai ser difícil as pessoas entenderem isso que dizes.

   Eu virei e serei a sua Luz.

   Estás próximo, não estás?

   Eu estou sempre. Sempre estive. E sempre estarei, até ao Fim dos Tempos. E depois só existirei Eu, por toda a Eternidade!

   Serás “Tudo em todos”!?

   Sim. É a isso que venho. A dizer que Sou Tudo. Porque o esquecestes. A vossa geração é filha daqueles que pensaram e proclamaram ter Eu dito: “Criei-vos. O Meu trabalho acabou. Agora desenrascai-vos sozinhos”! Proclamaram e assim passaram a ensinar: o homem é o centro! Assim se foram desligando, um após o outro, da Fonte da Vida. Resfriado o coração, agarraram-se à razão. Fizeram deduções sobre deduções, a partir de si próprios. Construíram sistemas a partir de sistemas. Construíram a partir de si próprios todo um mundo que fizeram avançar sobre a Criação, destruindo-a na exacta progressão deste avanço. Estenderam-Lhe por cima cidades e manipularam-Lhe os campos! Não há sítio nenhum da Terra que o homem não tenha já enquadrado neste outro mundo só seu, sem Mim. Acabada esta tarefa de prospecção na Terra, avança já para o Céu. Admite e proclama que há-de descobrir e dominar todos os segredos do Universo. E quando o tiver feito poderá – pensa assim o homem – apoderar-se do próprio Segredo da Origem e então reestruturar tudo segundo a sua vontade. Em verdade vos digo: nesse dia, atónito, desesperado, rendido, rezará assim de novo, como antes do Pecado: “Pai, Paizinho, seja feita a Tua Vontade”!

sábado, 25 de maio de 2013

1003 — A omnipotente fragilidade da Fé


   Reli muitas vezes já estas palavras escritas há dezoito anos! Conseguirá o leitor perceber porquê?

23/2/95– 10:09

   Sou extremamente frágil. Como se caminhasse sempre na corda bamba, sobre um precipício. Mantém-me em equilíbrio apenas a vara que os trapezistas costumam usar, esta vara que o Senhor pôs nas minhas mãos, dizendo: Vá, não tenhas medo; com esta vara conseguirás chegar ao outro lado! E assim caminho sobre a fina corda, descalço, pés doendo, devagar, vacilando, reequilibrando-me, o precipício sempre lá no fundo de bocarra escancarada pronto a devorar-me, e eu caminho de olhar na outra margem, mente concentrada, coração pulando tenso, de medo e de desejo de chegar, agarrado só à vara que em lado nenhum se apoia, sentidos todos atentos a esse misterioso equilíbrio, a força invisível, mas a única que me pode levar à outra margem!

   Esta vara é a minha Fé, toda a Fé que o Senhor meu Amigo até agora me deu. Caminho progressivamente mais afoito, é verdade, do treino que já levo de caminhar sobre a corda, de tentear a vara. Mas é ainda sobre a corda que caminho, o precipício em baixo, só a vara oscilando, a manter-me de pé, a manter-me caminhando.

   É esta ainda e só a minha Fé. Uma Fé vacilante, tensa de inseguranças e de medos. Mas mesmo assim leve, assim frágil, é a única coisa que me mantém vivo! Se ela me abandonasse agora, morreria irremediavelmente. Nem sequer poderia já voltar para trás. Nem quero: o que deixei nesta margem acabou por esgotar o seu interesse para mim. Desde que aceitei dar os primeiros passos na corda, eu sabia que começava a pisar um caminho sem regresso. Mas não foi por fatalidade que o iniciei; foi por pura sedução do Mistério da Outra Margem. Uma sedução tal, que o abismo, roncando a meus pés, contra todas as previsões da razão humana, ultrapassando todas as medidas da coragem humana, deixou de constituir para mim um obstáculo intransponível!

   Por isso a minha Fé, esta mesmíssima frágil Fé que tenho, é já indestrutível Força em mim. Indestrutível porque é a única coisa em mim que é inteiramente Obra de Deus, deste meu Deus-Irmão que se chama Jesus e por Quem estou literalmente apaixonado.

   É por isso que confio em que tudo quanto aqui escrevo vem desta Fé. Que oscila, mas não parte. Que me sustentará na caminhada até à Outra Margem! Como a vara do trapezista. É por isso que as minhas palavras oscilantes, excessivas para mim como a vara para o tamanho do trapezista, são só tão seguras, para já, como esta vara na primeira viagem do trapezista. Mas são, mesmo assim, tão seguras como é segura toda a Obra de Deus!

sexta-feira, 24 de maio de 2013

1002 — Como se chega até Ele?


   Não há quem não admire Jesus. Mas são muito raros os que O amam. Mesmo estes, no entanto, estão sujeitos à comum indiferença perante Aquele que os redimiu. Como se poderá então manter este Amor-paixão, sem o qual ninguém é verdadeiro discípulo de Jesus?

   Só me quero deitar. Quase adormeço aqui assim encostado à cama, de caneta suspensa.

   Vês, Jesus? Que se passa? Fiz-Te algum mal? É o Diabo que me está bloqueando a torrente do Teu Amor? Se é, expulsa-o: só Tu és capaz de o fazer.

   Meu pobre Salomão, como tu és frágil!

   A quem o dizes, Jesus!

   Porque passaste ao diálogo Comigo?

   Não sei. Talvez porque o diálogo me aproxima mais de Ti. E quando o meu coração está frio…

   Como se aquece o coração?

   Não sei. Não sei mesmo. Só sei que só o Teu Amor o aquece. Mas como se chega ao Teu Amor?

   Não sabes como se chega até Mim?

   Andando. Caminhando sempre, mesmo que apeteça desistir. Tu estás sempre lá à nossa frente, à nossa espera. Por isso fala-me e o meu coração será incendiado.

   Queres um incêndio no teu coração?

   Permanente!

   Então reza. Não só por ti, mas pelo Povo todo. Como Azarias, como Daniel. Como todos os Profetas. Constituí-te Profeta para todo o Meu Povo. Para falares a ele e para Me falares dele. No meio de todas as chamas em que te colocarem, rezarás pelo Meu Povo e nenhuma chama te atingirá.

   Eu sou Azarias, Daniel?

   Já te disse mais do que uma vez que te quero Profeta para o Meu Povo.

   Olha, Jesus: não deveria eu ouvir isto e desfalecer de pasmo e gratidão? Como fico assim indiferente?

   Não estás indiferente, se estás caminhando. Olha as horas.

   5:20.

   Vês? Há quanto tempo estás ajoelhado?

   Deixa-me ir ver… há uma hora e vinte e seis minutos.

   Vês? Vieste andando. Chega-se ao Meu Coração andando.

   Mas eu queria sentir e não sinto nada.

   Olha as horas.

   5:26.

   Interpreta.

   Tu estás aqui. Eu sou a Tua testemunha no mundo dominado pela Besta.

   Vês? Quero-te caminhando sempre entre o Meu Povo que nada sente, a quem a Besta roubou o Amor.

   –v Sim, Jesus. Recebe o meu frio.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

1001 — Volta, Jesus, com aquela força toda!


   É este um momento em que, depois de ter lido um documento papal recente, eu contemplava esta Igreja que está diante dos nossos olhos – a Igreja-instituição, e a confrontava com a Igreja com que todos sonhamos, a Igreja primitiva, assim liberta, assim apaixonada, assim com aquela fé que tudo vencia. É esta a Igreja em que eu creio e sei que voltará. Mas sentia-me tão impotente…

13/2/95 19:09!

    A Igreja não tem leveza: é um montão gigantesco de tralha humana onde é muito difícil o Espírito respirar! Apetece-me ir fazer a Igreja para outro lado! Esta que aqui (no documento papal) vi é para deitar abaixo!

   Não é presunção, não, Jesus! Ajuda-me; que faço eu numa Igreja destas? Como se reconstrói, isto?

   Entendo o teu sentir, Salomão! Mas lembra-te: “isto” é a Minha Igreja! É esta Carne assim como ela está que tem que ser ressuscitada, purificada, curada.

   Mas muita coisa terá que ser posta de lado, não é, Jesus?

   Tudo o que Eu ressuscito e renovo é para ser em verdade novo! Tudo o que é velho está destinado à corrupção.

   Sinto-me mesmo incapaz, Jesus! Se não fores Tu a reconstruir a Tua Igreja, ninguém o poderá fazer! A renovação que eu estou vendo necessária e irreversível só o Teu Espírito a pode levar a cabo! Suscita entre nós muitos “nadas” que Tu utilizes como instrumentos totalmente dóceis e eficazes! Eu queria ser um deles, se me deres essa Graça! Tenho-to pedido várias vezes: faz de mim um instrumento de alta precisão nas Tuas Mãos de Mestre, um sopro leve completamente à mercê do Teu Espírito, que acaricie e que vire Tempestade se e quando for necessário! Faz-me desaparecer, para que só Tu sejas visto em mim! Se fores Tu a reconstruir a Tua Casa, ah!, isso sim: em dois tempos a Tua Casa ficará irreconhecível!

   Que dizes tu, Salomão?

   É o entusiasmo, Jesus. Desculpa.

   Que queres dizer? Não precisas de pôr de lado o entusiamo.

   Quero dizer que, se Tu vieres – e estás já às nossas portas! – a Tua Igreja brilhará num esplendor tão novo, tão espectacularmente novo, que todos os povos ficarão estupefactos! Tu podes, com um simples sopro, arrasar esta tralha com que encobrimos, quase enterrámos o Teu Espírito!

   Crês mesmo no que afirmas?

   Se creio, Jesus! Tu podes tudo! TUDO! Não há limite nenhum para o Teu Poder!

   Há. A Liberdade que vos deu o Pai ao criar-vos.

   Ah, não, Jesus! Mas Tu farás as coisas sem violentares essa Coisa Incompreensível que é a nossa Liberdade! Tu hás-de arranjar maneira de fazer tudo perfeito. A Tua Misericórdia tem um poder inventivo incomensurável, inesgotável! Não irrompeste daquela maneira pelo Império, há dois mil anos? Não conseguiste pôr de pé a Tua Igreja Primitiva sem violares o nosso Livre Arbítrio? Faz isso de novo, Pantocrator! Vem de novo assim, com aquela força toda. Porque é que a geração de há dois mil anos há-de ser privilegiada em relação à nossa?

   Eu te abençoo, Salomão!

terça-feira, 21 de maio de 2013

1000 — O misterioso poder da Bíblia


   Jesus serve-Se de um texto da Bíblia, a cura de um cego em Marcos 8, 22-38, para me ensinar, aqui no Silêncio do Deserto, coisas que a Teologia não me ensinou…

3/2/95 8:28:00

   Jesus apontou-me o v. 25 como se me tivesse imposto “as mãos sobre os olhos”, tal como fez ao cego, e eu passasse a ver “perfeitamente”,  “distinguindo tudo com nitidez”! E está assim Jesus chamando-me a atenção para o fim de um processo que se tem repetido nestes últimos dias e que está reproduzido de forma espectacularmente exacta na cura do cego do texto: Jesus “tomou o cego pela mão e conduziu-o para fora da aldeia” – exactamente o que me fez a mim! De facto, esta cura que em mim aconteceu foi feita longe dos olhos da “povoação”: por um lado sinto-me afastado do mundo e por outro sinto que o mundo não se apercebe do que em mim está acontecendo. Em seguida Jesus passou a uma segunda fase: “deitou-lhe saliva nos olhos e, impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe: ‘Vês alguma coisa?’ Ele ergueu os olhos e respondeu: ‘Vejo os homens; vejo-os como árvores a andar’.” – Jesus toca os olhos do cego mas o cego não vê ainda nitidamente, vê de maneira confusa, exactamente como me aconteceu a mim, no princípio, como me acontece a mim em cada novo processo de esclarecimento, em cada aula deste meu assombroso Mestre! A Luz plena veio, para o cego, só na terceira fase e foi esta terceira fase que Jesus me apontou agora. Porquê? Para me dizer que agora vejo distintamente? De facto, sinto mesmo que Jesus me ilumina e me faz ver de forma nítida a Sua Vontade.

   – Nítida? Não andas sempre a queixar-te de que não Me manifesto claramente?

   – Estou aparvalhado de todo, Jesus! Queres dizer que a forma como me tens guiado para o sentido profundo dos textos, especialmente nos últimos dias…

   – Especialmente em todos os dias.

   – Ah! Sim, esta forma como me consegues desvendar progressivamente até o exacto valor simbólico dos textos…

   – Tudo o que está nos textos da Escritura é só semente.

  – Ah! Todos os elementos concretos, todos os factos, mesmo os históricos, não são mais que símbolos!?

   – Sim. Sementes. As coisas e os factos tornam-se, na Escritura, Luz semeada.

   – Enterrada, até que germine?

   – Sim. As coisas e os factos tornaram-se símbolos universais na Escritura.

   – Isto é, sementes perenes, germinando em cada tempo, em cada geração, até ao fim dos tempos?

   – Sim, Salomão. São Luz enterrada, ansiando por germinar e se tornar árvore frondosa.

  – Ah! Então acabas neste momento de me dar um exemplo de que me estás curando os olhos progressivamente, de que me estás conduzindo à visão clara, de que eu não tenho razão de queixa?

   – Faz os teus trabalhos da escola.

                15:59

   Acabo de reler a espectacular revelação do meu Jesus sobre o valor simbólico dos textos bíblicos, escrita hoje de manhã. Tão clara, tão nítida! Os objectos, os factos, as atitudes, os acontecimentos – tudo na Escritura, é símbolo, é semente! Não só aquilo que já nasceu símbolo, como por exemplo o Paraíso, a Torre de Babel ou o Presépio; mesmo aquilo que é objecto, facto, atitude, comportamento estrita e comprovadamente histórico, mesmo isto passa a símbolo a partir do momento em que começa a fazer parte da Escritura. Os Actos dos Apóstolos, por exemplo, admitindo mesmo a sua total e comprovada autenticidade histórica, deixam de valer como realidade histórica objectiva e passam a ser Sinais indicando em cada tempo, para cada alma, para a Igreja, para cada povo, o Caminho, até ao fim dos tempos. Mais do que Sinais:  aquilo que foi realidade e facto acabado, aquilo que foi árvore e fruto virou na Escritura Semente viva, produzindo primaveras individuais e colectivas, dando flor e fruto em todo o verão e virando novamente Semente, sempre assim até ao fim dos tempos. Poderia dizer assim por estas outras palavras: o que aconteceu há dois mil anos não me interessa absolutamente nada se não acontecer de novo hoje em cada alma, em cada tribo, em cada língua, em cada povo! É este o Mistério da Revelação de Deus.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

999 — Profecia falsa e Profecia verdadeira


   Foi lentamente mas com muita determinação que Jesus me foi revelando a minha vocação, de que logo de início me foi claro fazer parte o escrever. Eu seria, então, um Profeta, condição de que só posso ter conhecimento pela Fé. Mas vejam-se as provas a que ela teve que ser sujeita:

31/1/95 15:27

   Na bouça. Um desejo insistente de abrir a Bíblia. Foi o que fiz. O dedo apontou exactamente isto:

          “Ai dos profetas insensatos que seguem a própria inspiração sem nada verem”.

   A primeira ideia que me veio é que esta palavra me assenta perfeitamente a mim e então eu devo rasgar já tudo quanto escrevi, porque lhe tenho dado a importância de uma profecia, seguindo a minha própria inspiração sem nada ver. Mas li depois até ao fim do capítulo e voltei ao início. Trata-se de
 
                       Ez 13
 
  Paro, confuso, mas não angustiado. Rezo. E neste preciso momento acabo de estabelecer uma relação deste texto com o que escrevi de manhã na marca da Vassula: o assunto, longamente examinado, foi o da Profecia do Antigo e do Novo Testamento. E chego à conclusão de que Jesus quer, através deste texto, que eu continue e aprofunde – sempre com o coração! – o fenómeno da Profecia. De facto, aqui o Senhor ilumina a falsa profecia caracterizando-a. Assim, o falso profeta:

   · é insensato;

   · segue a própria inspiração;    

   · nada vê;

   · tem visões disparatadas;

   · não faz senão profecias mentirosas, na medida em que diz “Oráculo do Senhor” quando o Senhor o não ouviu;

   · espera a realização da sua própria palavra.

   Até aqui, eu encaixo perfeitamente no quadro. Qualquer pessoa, lendo o que escrevo, dirá, sem pestanejar: eis um típico falso profeta! É fácil, com efeito, atribuir-me insensatez, concluir que eu sigo a minha própria inspiração, verificar, tendo-me a mim próprio como testemunha, que eu nada vejo, considerar disparatadas as visões que eu refiro nos escritos, constatar que eu estou continuamente a atribuir a Deus “oráculos”, isto é, sentenças, afirmações de toda a espécie, quando não tenho uma única prova de que Deus me enviou, demonstrar finalmente que eu, não transmitindo palavras de Deus, espero a realização da minha própria palavra! Eu sou um falso profeta – é a conclusão, inapelável, que qualquer pessoa daqui pode tirar!

   E agora? Mais uma vez, só Jesus me pode iluminar. É que eu não acho que deva rasgar estes escritos. Vais dir-me-ão logo tentar segurar-te, agarrar-te a qualquer coisa, para conseguires inverter a situação farás tudo menos admitires que és um falso profeta! Que faço, então? Rasgar estes escritos já, seria uma atitude sensata? Se houver uma única hipótese de estes escritos virem de Deus, não será temerário, não será mesmo um enorme pecado rasgá-los? É que, se eles tiverem vindo de Deus, eu terei rasgado uma autêntica profecia!

   Que faço eu, aqui sozinho, nesta bouça, aqui sozinho neste mundo, sem nada ouvir, sem nada ver do Deus em nome do Qual ouso falar? Eu, de facto, desde que comecei a escrever em Setembro passado, nada vi de nítido, nem sequer como a visão da Luz naquela Páscoa de 1965, nada ouvi que se me impusesse sem sombra de dúvida – como foi a visão da Luz pela clareza e precisão de palavras; eu só vejo e ouço pela Fé! um tipo de visão e de audição que não sei precisar nem de qualquer forma explicar. A única forma que eu até hoje encontrei para esclarecer o que seja esta visão e audição pela Fé, é esta: as coisas “vêm”-me e eu acredito, porque amo muito Jesus e me sinto amado por Ele o que nada explica, nada esclarece! E se alguém me objectar que isto é pura treta, eu fico sem resposta absolutamente nenhuma.

   Como saio daqui, eu que não tenho ninguém que me tire as minhas dúvidas, a não ser o próprio Deus que não vejo nem ouço e de Quem só sei ainda aqui também pela Fé, apenas! que está presente em mim da mesma forma como está presente em todos os homens de toda a terra? Então apresento timidamente, em desespero de causa, perante os olhos e os corações incrédulos dos meus ouvintes à roda, o último argumento que me resta: os Sinais de Deus. E começo por apresentar este de agora mesmo: o Senhor fez-me abrir o Livro da Sua Palavra isto todos aceitam! em Ezequiel e fez-me apontar com extrema precisão aquele versículo 3 do capítulo 13 (Nem sequer digo, por vergonha, que vejo naquela repetição do 3 e na presença do 1 um novo Sinal do meu Deus) e ouço toda a gente rebentar numa gargalhada: exactamente esse versículo condena-te sem apelo nem agravo como falso profeta!

   Que resta de mim? Apenas isto: mesmo admitindo que os meus ouvintes têm razão, o meu Deus, que assim com tanta precisão me mostra o meu pecado, é mesmo muito meu Amigo! E mais: sendo assim Amigo, de certeza que me não está condenando!

   Pronto, já deste a volta! dirão todos. E eu daqui me vou, sem mais um único argumento, outra vez sozinho com o meu Senhor. Que disso ninguém duvida! está sempre presente. Estou agora ligando, já sem os meus incrédulos ouvintes, sozinhinho com o meu Deus, o Mistério da Profecia ao Mistério da Unidade, ao Mistério da Presença.
   Caramba! E é exultando cá dentro de alegria e é de novo dominado pelo Encanto do meu Mestre que eu pergunto: porque me fez Ele abrir agora a Bíblia, trocando o Livro das vigílias pelo do dia (Vassula)? Inspiração falsa? O que seria, então, inspiração verdadeira? O melhor é eu desistir de provar o que quer que seja e deixar essa tarefa ao meu Jesus: Ele faz isso nas calmas.