Foi lentamente mas com muita determinação
que Jesus me foi revelando a minha vocação, de que logo de início me foi claro
fazer parte o escrever. Eu seria, então, um Profeta, condição de que só posso
ter conhecimento pela Fé. Mas vejam-se as provas a que ela teve que ser
sujeita:
31/1/95
– 15:27
Na bouça. Um desejo insistente de abrir a
Bíblia. Foi o que fiz. O dedo apontou exactamente isto:
“Ai dos profetas insensatos que
seguem a própria inspiração sem nada verem”.
A primeira ideia que me veio é que esta
palavra me assenta perfeitamente a mim e então eu devo rasgar já tudo quanto
escrevi, porque lhe tenho dado a importância de uma profecia, seguindo a minha
própria inspiração sem nada ver. Mas li depois até ao fim do capítulo e voltei
ao início. Trata-se de
Ez 13
Paro, confuso, mas não angustiado. Rezo. E
neste preciso momento acabo de estabelecer uma relação deste texto com o que
escrevi de manhã na marca da Vassula: o assunto, longamente examinado, foi o da
Profecia do Antigo e do Novo Testamento. E chego à conclusão de que Jesus quer,
através deste texto, que eu continue e aprofunde – sempre com o coração! – o
fenómeno da Profecia. De facto, aqui o Senhor ilumina a falsa profecia
caracterizando-a. Assim, o falso profeta:
· é insensato;
· segue a própria inspiração;
· nada vê;
· tem visões disparatadas;
· não faz senão profecias mentirosas, na medida em que diz
“Oráculo do Senhor” quando o Senhor o não ouviu;
· espera a realização da sua própria palavra.
Até aqui, eu encaixo perfeitamente no
quadro. Qualquer pessoa, lendo o que escrevo, dirá, sem pestanejar: eis um
típico falso profeta! É fácil, com efeito, atribuir-me insensatez, concluir que
eu sigo a minha própria inspiração, verificar, tendo-me a mim próprio como
testemunha, que eu nada vejo, considerar disparatadas as visões que eu refiro
nos escritos, constatar que eu estou continuamente a atribuir a Deus
“oráculos”, isto é, sentenças, afirmações de toda a espécie, quando não tenho
uma única prova de que Deus me enviou, demonstrar finalmente que eu, não
transmitindo palavras de Deus, espero a realização da minha própria palavra! Eu
sou um falso profeta – é a conclusão, inapelável, que qualquer pessoa daqui
pode tirar!
E agora? Mais uma vez, só Jesus me pode
iluminar. É que eu não acho que deva rasgar estes escritos. Vais – dir-me-ão
logo – tentar segurar-te, agarrar-te a qualquer coisa, para conseguires
inverter a situação – farás tudo menos admitires que és um falso profeta! Que
faço, então? Rasgar estes escritos já, seria uma atitude sensata? Se houver uma
única hipótese de estes escritos virem de Deus, não será temerário, não será
mesmo um enorme pecado rasgá-los? É que, se eles tiverem vindo de Deus, eu
terei rasgado uma autêntica profecia!
Que faço eu, aqui sozinho, nesta bouça, aqui
sozinho neste mundo, sem nada ouvir, sem nada ver do Deus em nome do Qual ouso
falar? Eu, de facto, desde que comecei a escrever em Setembro passado, nada vi
de nítido, nem sequer como a visão da Luz naquela Páscoa de 1965, nada ouvi que
se me impusesse sem sombra de dúvida – como foi a visão da Luz – pela clareza e
precisão de palavras; eu só vejo e ouço pela Fé! – um tipo de visão e de
audição que não sei precisar nem de qualquer forma explicar. A única forma que
eu até hoje encontrei para esclarecer o que seja esta visão e audição pela Fé,
é esta: as coisas “vêm”-me e eu acredito, porque amo muito Jesus e me sinto
amado por Ele – o que nada explica, nada esclarece! E se alguém me objectar que
isto é pura treta, eu fico sem resposta absolutamente nenhuma.
Como saio daqui, eu que não tenho ninguém
que me tire as minhas dúvidas, a não ser o próprio Deus que não vejo nem ouço e
de Quem só sei – ainda aqui também pela Fé, apenas! – que está presente em mim
da mesma forma como está presente em todos os homens de toda a terra? Então
apresento timidamente, em desespero de causa, perante os olhos e os corações
incrédulos dos meus ouvintes à roda, o último argumento que me resta: os Sinais
de Deus. E começo por apresentar este de agora mesmo: o Senhor fez-me abrir o
Livro da Sua Palavra – isto todos aceitam! – em Ezequiel e fez-me apontar com
extrema precisão aquele versículo 3 do capítulo 13 (Nem sequer digo, por
vergonha, que vejo naquela repetição do 3 e na presença do 1 um novo Sinal do
meu Deus) e ouço toda a gente rebentar numa gargalhada: exactamente esse
versículo condena-te sem apelo nem agravo como falso profeta!
Que resta de mim? Apenas isto: mesmo
admitindo que os meus ouvintes têm razão, o meu Deus, que assim com tanta
precisão me mostra o meu pecado, é mesmo muito meu Amigo! E mais: sendo assim
Amigo, de certeza que me não está condenando!
Pronto, já deste a volta! – dirão todos. E
eu daqui me vou, sem mais um único argumento, outra vez sozinho com o meu
Senhor. Que – disso ninguém duvida! – está sempre presente. Estou agora
ligando, já sem os meus incrédulos ouvintes, sozinhinho com o meu Deus, o
Mistério da Profecia ao Mistério da Unidade, ao Mistério da Presença.
Caramba! E
é exultando cá dentro de alegria e é de novo dominado pelo Encanto do meu
Mestre que eu pergunto: porque me fez Ele abrir agora a Bíblia, trocando o
Livro das vigílias pelo do dia (Vassula)? Inspiração falsa? O que seria, então,
inspiração verdadeira? O melhor é eu desistir de provar o que quer que seja e
deixar essa tarefa ao meu Jesus: Ele faz isso nas calmas.