No jardim da casa
Escrevendo ...
Breves dados biográficos

O meu nome é Salomão. De apelido Duarte Morgado.

Nasci no ano de 1940 em Portugal, na aldeia do Rossão, da freguesia de Gosende, do concelho de Castro Daire, do distrito de Viseu.

Doze anos depois, 1952, entrei no seminário menor franciscano: eu queria ser padre franciscano.

Doze anos depois, 1964, fiz votos perpétuos na Ordem dos Frades Menores de S. Francisco de Assis seguidos, ao fim desse ano lectivo, da ordenação sacerdotal: eu era o padre que tanto queria ser.

Doze anos depois, 1976, pedi ao Papa dispensa dos votos que era suposto serem perpétuos e do exercício do sacerdócio, que era suposto ser para sempre, casei e tornei-me pai de quatro filhas.

Doze anos depois, 1988, fiz uma tentativa extrema para salvar o meu casamento, saindo de casa. Mas o divórcio de facto consumou-se.

Doze anos depois, 2000, surgiu na minha vida o mais inesperado acontecimento, que começou a ser preparado, sem que eu disso tivesse consciência, no meio deste ciclo, 1994. Foi aqui que comecei a escrever a longa Mensagem que senti Deus pedir-me que escrevesse em Seu Nome e a que Ele próprio deu o título de Diálogos do Homem com o seu Deus no Tempo Novo. Os textos agora aqui publicados são excertos desta vasta Profecia preparando a sua divulgação integral, no tempo oportuno, que desconheço.


Moro há 30 anos em Leça do Balio, concelho de Matosinhos, distrito do Porto.


Não são estas palavras mais do que um testemunho daquilo que vi, ouvi, senti, toquei. Não estão por isso sujeitas a nenhuma polémica. Todos os comentários que se façam, ou pedidos que se queiram ver satisfeitos, sempre serão respondidos apenas com novos textos: de mim mesmo não tenho respostas.




Observações


Muitos e verdadeiros Profetas têm surgido nos nossos dias. Um deles é Vassula Ryden, cuja profecia, "A Verdadeira Vida em Deus", teve um decisivo relevo no meu chamamento a esta missão e revela uma estreita complementaridade com esta Mensagem que escrevo.

Os algarismos desempenham nesta Profecia um papel muito importante como Sinais. Foram adquirindo progressivamente significados diversos. Assim:

   0 – O Sopro da Vida. O Espírito Santo.

   1 – A Luz. A Unidade. O Pai.

   2 – A Testemunha.

   3 – O Deus Trino. A Diversidade.

   4 – O Mensageiro. O Profeta. O Anúncio. A Evangelização.

   5 – Jesus.

   6 – O Demónio.

   7 – O Sétimo Dia. A Paz. A Harmonia.

   8 – O Oitavo Dia – O Dia da Queda e da Redenção. O Homem caído e redimido. Maria de Nazaré.

   9 – A Plenitude de Deus. A Transcendência. A Perfeição. O Regresso de Jesus. O Nono Dia.

Alguns agrupamentos de algarismos adquiriram também um significado próprio. Os mais claramente definidos são estes:

   10 – Os Dez Mandamentos. A Lei. A Escritura.

   12 – O Povo de Deus. A Igreja.

   22 – As Duas Testemunhas de que fala o Apocalipse.

   25 – A Alma humana.

   27 – Salomão, o meu nome que, derivando do termo hebraico Shalom, significa o Pacífico, a Testemunha da Paz.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

945 — O Dia do Senhor


   Começaram os primeiros cristãos a chamar Dia do Senhor ao dia em que Jesus ressuscitou e assim Se revelou vitorioso para sempre. É também conhecido este dia como o Oitavo, por vir a seguir ao Sétimo, ou Sábado, indicando assim que a Primeira Criação se teria completado, mas se iniciaria aí uma nova Criação, a que presidiria Jesus como seu Rei. A verdade, porém, é que dessa Criação nova nada vimos até hoje. Mas Deus não parou de criar; falta apenas manifestar-se o que já está feito. É dessa manifestação que fala o texto seguinte:

   O que espero do Dia Do Senhor é algo que nunca ninguém viu na terra! Nem na Igreja primitiva. Cada vez se foi clareando mais esta visão, confirmando aquilo que há muito venho afirmando: o Regresso de Jesus, que está iminente, é o maior Acontecimento de toda a História da Humanidade!

   É que Ele regressará como Amor. E o Amor, em toda a sua pureza e amplitude, nunca chegou a estabelecer-se na terra, de forma estável. Mostrou-o Jesus, de forma espectacular, na Sua Paixão. Mostraram-no os Seus discípulos dos primeiros tempos, de igual modo no seu sofrimento. Mas o que sobressaiu nesse tempo foi a violência, o sangue, a dor. Mas o Paraíso, aquele Paraíso que a Incarnação de Deus nos ofereceu, aquele em que o Amor possa ser vivido na sua harmoniosa Paz e em todo o seu estonteante Prazer, esse Paraíso nunca até hoje se viu na terra.

   Mas é justamente esse Paraíso, em que a nossa felicidade suplantará a do primeiro Éden, que o Regresso de Jesus nos vai trazer! É verdadeiramente indescritível e está muito perto. Os Profetas costumam chamar-lhe um Novo Céu, numa Nova Terra. É óbvio que dele não estará ausente o sofrimento, até que todo o Pecado acabe. Mas nessa mesma dor estará Jesus Vitorioso. Como Amor, apenas! (Dl 29, 28/11/04)

                               Veja também o texto 148 (Julho 2010)

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

944 — A Imaginação


   De vez em quando, como acontece com todos os Profetas, passo por uma dolorosa crise de Fé. Num desses momentos, no meio de um diálogo com Jesus, interpelei-O: Mas isto é só imaginação! Resposta d’Ele: Pois é. Parei por dentro, especado. E no meio do Silêncio que então se fez, Ele falou-me do amoroso Dom do Criador, que é a Imaginação. Conforme se pode ver na mensagem que se segue:

   O que Jesus nos disse esta noite faz adivinhar novas paisagens inabarcáveis do Mistério; quando o Espírito inundar a nossa Carne, elas se irão manifestar no seu insuspeitado fulgor.

   Uma delas, que especialmente me cativou, foi aquela que caracteriza a nova visão que pela conversão recebemos do Céu. Temos tendência para lhe chamar imaginação, com toda a carga depreciativa que vulgarmente esta palavra arrasta: tudo o que nos vem através da imaginação é balofo, inconsequente, inútil. Ora desde o início Jesus me vem chamando a atenção para o poder extraordinário deste Dom do nosso Criador. E hoje entendi mais esta coisa inesperada: este poder é, ao nível da Carne, aquilo que é, no Céu, a visão directa! É com a imaginação que agora podemos ver aquilo que no Céu poderemos ver sem o obstáculo opaco da carne corruptível. Mas muito mais do que isso: a imaginação, já agora, tem o poder que no Céu está concentrado na visão; de facto, ver, no Céu, é tocar, é ouvir, é saborear, é captar o perfume das pessoas e das coisas, é sentir. No Céu ver é abraçar, é enlaçar-se com aqueles que se amam, numa união em que todo o ser do outro vibra no nosso. Vibra o prazer, vibram as dores, vibra o desprezo, vibra o amor e o desamor. Por isso a minha imaginação transforma, agarra, saboreia com impressionante concretismo. Por ela, o Céu está já aqui. (Dl 29, 26/11/04)

São vários os textos em que Jesus fala da imaginação; o 325 (Fevereiro 2011) é particularmente encantador

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

943 — Amor


   Porque causa o Amor tanto sofrimento? Não era suposto, pois não? Que desarranjo é este, que conseguiu transformar em fonte de dor aquilo que deveria ser a fonte de contínuo e imanchável prazer? A mensagem seguinte tenta iluminar uma resposta possível:

   “Ao que nós chegámos!” – haveria de exclamar Jesus, esta noite. Sim, como é possível que tenhamos chegado ao ponto de ver no Amor a grande Ameaça à nossa segurança?

   Dir-se-á que só o amor sensual é perigoso, se for vivido com a liberdade que esta Profecia postula. De facto, o amor espiritual parece não perturbar ninguém. O Diabo não se deve importar nada de que as pessoas se amem espiritualmente: nunca ninguém considerou o amor espiritual uma ameaça ao seu mundo, mesmo que ele se traduza em actos de caridade espectaculares. Geralmente este amor invisível nem sequer suscita invejas. Gigantescos gestos de ajuda humanitária enchem hoje o nosso paciente planeta, que ao mesmo tempo geme, no limite das suas medonhas energias, para não deixar que as suas leis inexoráveis atinjam o ponto de rotura, justamente por causa dos crimes que os homens cometem encobertos por esse amor abstracto.

   Não, nunca existiu o Amor simplesmente espiritual, nem antes, nem depois de Jesus. Foi precisamente para nos mostrar o quanto o Amor tinha sido cruelmente mutilado da Sensualidade que Deus assumiu a nossa Carne e a amou até à mais cruel tortura da Sua própria Carne! Está aqui a grande Ameaça: o regresso da Carne ao Amor determinará efectivamente o Fim deste mundo! (Dl 29, 24/11/04)

                               Veja também o texto 326 (Fevereiro 2011)

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

942 — Iluminação


   Ele era a Luz e veio para o que era Seu, mas os Seus não O receberam - está escrito no Evangelho de João. Os Seus somos naturalmente todos nós e até hoje não O recebemos. Pode isto parecer um injusto exagero. Não é, conforme tenta mostrar a mensagem seguinte:

   Porque é que a Luz não iluminou há mais tempo a nossa situação, para que a reconhecêssemos perversa?

   A Luz sempre brilhou sobre nós. Mais ainda, ela viveu entre nós, em todos os cantos e ruas da nossa Cidade, mas a sofreguidão pelo êxito da nossa Obra encerrou-a sempre debaixo dos pisos das nossas estradas, nas caves profundas dos nossos edifícios, para que não nos iluminasse, para que não nos incomodasse. Tal como um adolescente a caminho da plena juventude, nós fechámos os olhos e os ouvidos à Verdade, gulosos de independência à nossa maneira, até que, mais tarde, às vezes muito mais tarde, reconhecemos que “os velhotes tinham razão”. Teve que ser a nossa própria experiência a levar-nos à Verdade!

   A Humanidade só agora está chegando à fase da sua experiência em que começa a ver o caminho seguido como errado. Deus há muito tempo que Se calou, impotente, como os pais do adolescente, cujas advertências são sistematicamente recebidas com desdém. Mas não ficaram inactivos os nossos Pais do Céu: adaptaram-se ao nosso estilo de vida, comeram da nossa comida, dançaram aos nossos ritmos para não Se afastarem de nós. Agora, cansados nós e Eles, estamos prestes a parar um longo, misterioso momento. E quando reconhecermos que “os velhotes tinham razão”, Eles ali estarão, felizes porque vimos a Luz! (Dl 29, 8/11/04)

                              Veja também, por exemplo, o texto 122 (Junho, 2010)

domingo, 24 de fevereiro de 2013

941 — Dependência


   Uma das pulsões que mais alto grita dentro de nós para se afirmar é a da nossa independência. Terá sido mesmo esta fortíssima pulsão que nos levou a desagarrarmo-nos de Deus naquele dia em que, ainda no Paraíso, demos ouvidos à voz da Serpente. Também eu nunca suportei que tocassem na minha independência. Mas veja-se o testemunho que dou na mensagem seguinte:

    Uma das coisas que mais enternece o meu Enamorado Jesus é o facto de eu não tomar nenhuma iniciativa para sair desta estreitíssima rotina em que agora vivo. Estar à espera sempre de um qualquer toque interior para agir é, ao que vejo, uma atitude importantíssima na viagem que Jesus faz com cada um que por Ele se apaixonou.

   Ora este tipo de atitude é considerado, perante os conceitos e critérios deste mundo, passivo, comodista, desistente, enfim, indigno de uma personalidade forte e livre. Não admira: toda a dinâmica deste mundo se funda na presunção de criar obra própria, toda saída das suas forças e do seu mérito. Claramente, este mundo tem como objectivo último dispensar Deus, suplantá-Lo e, se possível, eliminá-Lo. Por isso tem que trabalhar muito, até ao desgaste de todas as energias. Por isso tem em pouca conta aqueles que não podem trabalhar, seja pela idade, seja por doença. E marginaliza todos os que não querem trabalhar.

   Perante um panorama destes, fácil se torna imaginar que o caminho de regresso à original dependência de Deus seja extremamente penoso. É remar contra uma corrente impetuosa e larga, a perder de vista. Por isso manter-se sempre dependente apenas de Deus implica um enorme esforço, que O enternece e faz feliz. (Dl 29, 7/11/04)

Para um melhor entendimento da natureza desta dependência, veja também os textos 76 (Maio 2010) e 157 (Agosto 2010)

sábado, 23 de fevereiro de 2013

940 — Onde está Deus?


   Está na Bíblia – dirão muitos. A mim próprio, no início da minha conversão e desta escrita, a todo o momento Jesus me conduzia à Bíblia. No texto seguinte porém, está escrito que não, que Deus não está na Bíblia. Irredutivelmente, aqui se afirma sempre que Deus só O encontraremos no nosso coração. Talvez que a contradição se desfaça, afinal, ao lermos o que vem a seguir:

  A primitiva Igreja não andava de Bíblia na mão pregando a Palavra de Deus escrita; o que ela anunciava era o Deus Vivo presente dentro de cada um. Era a experiência interior de cada um que multiplicava vertiginosamente os discípulos de Jesus.

   Também não era o que Jesus dissera e fizera o motor desta espectacular expansão: os discípulos de Jesus não contavam uma história alheia como se contam os feitos de um herói; eles falavam da sua própria vivência interior. E nem precisavam de muitas palavras; eram porventura mais intensos os gestos, as atitudes e todo o comportamento, enfim, todo o testemunho concreto das suas vidas. O que transmitiam era genuinamente seu; se falavam do seu Herói, via-se que Ele Se tornara Vida própria no coração de cada um.

   Não concebo a Igreja que vai nascer de outra forma. E esta minha visão só pôde ter-se formado no contacto directo com o Coração do nosso Mestre; a partir daquilo que a teologia e todos os pregadores me ensinaram, eu nunca teria chegado a esta heresia: Deus não está na Bíblia; está no coração de cada um! E será o testemunho dessa Presença que desencadeará o mesmo movimento vertiginoso de outrora, agora a nível planetário. (Dl 29, 3/11/04)

               Particularmente esclarecedores são, neste caso, os textos 114 e 115 (Junho 2010)

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

939 — O Libertador


   Todos os que se reclamam do Nome de Jesus afirmam que Ele é o Libertador ou, mais comummente, o Salvador. É suposto então que vivemos escravizados, ou em permanente perigo de vida. E, mais ou menos conscientemente, mais ou menos permanentemente, é esta a sensação que temos, todos nós. Por isso, em momentos cruciais da nossa História, colectiva ou individual, nos agarrarmos a alguém que nos tire desta dolorosa sensação. Às vezes há alguém que consegue acalmar-nos, mas não passa disso: a sensação volta, geralmente mais dolorosa. Será que não terá um fim definitivo esta permanente ameaça? Talvez a mensagem seguinte lance alguma Luz sobre esta chaga sempre aberta nas nossas vidas…

   Saber que tenho nas mãos o Remédio para curar todas as chagas da Humanidade e eliminar da terra todo o sofrimento para sempre e verificar que ninguém o quer, haveria de me destruir todo por dentro se eu próprio não participasse da insensibilidade de todos os que assim rejeitam a sua Salvação.

   É para mim hoje absolutamente claro: Jesus é a Salvação radical e definitiva de toda a Dor em todo o Universo. Mas isto não é um dogma; é só uma Luz que continua alastrando. Eu não sei nada; vi assim com o coração, de tal maneira que estou disposto a dar a vida por aquilo que vi, mas a Luz não parou de iluminar. Ignoro por isso tudo o que está para vir e menos ainda conheço o caminho que cada um deverá percorrer. Vi apenas porque amei. Esta minha visão é toda feita de Amor. E só o Amor verdadeiramente conhece.

   Mas o Amor é uma Fonte que jorra sem princípio e nunca terá fim. Por isso o Amor nunca pode ser imobilizado em ciência. Se eu o tentar fazer, deixarei de conhecer a Salvação da terra e passarei a ser um novo agente de sofrimento. Por isso o Amor nunca forçará ninguém a seguir a Luz que dele jorra, nem o próprio Amor sabe o que poderá surgir de um coração iluminado, já que dele passará a jorrar a mesma Fonte que ninguém pode abarcar ou dominar, porque não teve princípio nem terá fim.

   Mas como cheguei eu ao conhecimento desta Fonte? Mais uma vez, não sei. Aconteceu, apenas, e nunca mais parou de acontecer. Que poderemos então fazer para que aconteça em nós o Amor? E não sei outra vez. Só posso relatar aquilo que aconteceu em mim, com a linguagem que tenho, com todos os meios ao meu alcance. Só deixando jorrar a Fonte que se abriu em mim. E espero que esta narração possa desobstruir a mesma Fonte em muitos corações. Não posso fazer mais nada. (Dl 29, 3/11/04)

                                  Veja também o texto 46 (Abril 2010)

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

938 — Sei cada vez menos


   Sou um Profeta – é esta a minha Fé. E é nesta condição que eu constantemente verifico que sei cada vez menos. Veja-se porquê, na mensagem seguinte:

   Ser Profeta de Jesus não é saber muitas coisas acerca do Reino dos Céus. O que eu sei é que o Profeta sabe cada vez menos: o que ele vê são portas abrindo-se em progressão multiplicativa e nenhuma paisagem que contempla se deixa saber, mas é um território de Vida abrindo-se em surpresas contínuas.

   Se me interrogarem, pois, sobre aquilo que Jesus me disse ontem, ao tentar responder já não vou mostrar o que ontem vi, mas aquilo que estou vendo no momento da resposta, que é já surpresa para mim próprio. A Mensagem que transporto nunca é armazenável em prateleiras, como mercadoria supostamente pronta para entrega, cujo conteúdo eu conheço; pelo contrário, à medida que avanço no conhecimento da Mensagem, nessa mesma medida vou perdendo a capacidade de controlar os conteúdos que transmito. Sei, por isso, na verdade, cada vez menos.

   É também por este motivo que a Igreja se não pode institucionalizar: para governar, a Instituição tem que transformar a Profecia em Saber, que administra como propriedade sua. (Dl 29, 2/11/04)

                                  Veja também o texto 73 (Maio 2010)

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

937 — Fé e Novidade


   Fé é uma das palavras gastas no barulhento rolar dos nossos dias. Por isso nada sabemos hoje do imenso poder que ela encerra. Nós conseguimos até banalizar a afirmação de Jesus de que a Fé remove montanhas! E foi uma grande desgraça que isto tivesse acontecido. Estamos, porém, num tempo especialíssimo em que aquilo que está esterilizado e morto ressurgirá como inaudita Novidade. O Milagre acontecerá, conforme a seguinte mensagem anuncia.

   A fé muda tudo. O mundo que ela desvenda é completamente novo.

   Como sei eu isto? É uma especulação? Tirei-o como conclusão de um longo estudo? Li-o em livros? Não, não foi em livros que o li. Nem sequer na Bíblia! Pela Bíblia apenas, eu nunca chegaria àquela declaração. Todos os livros, todos os estudos, todas as investigações revelam trabalho e experiência dos outros. Aquilo, porém, que me move, que me muda, que alarga sucessivamente o meu horizonte, está em mim. Sempre esteve, desde o início da minha existência. É o Princípio da Vida e o Princípio da Ciência do Bem e do Mal. Têm estes dois Princípios missões diferentes mas não separadas ou discrepantes: eles estão unidos num só Princípio, Origem e Fonte do Movimento e da Harmonia.

   Não precisaríamos de mais nada para nascer, crescer e desabrochar senão do estímulo de todos os outros seres como alimento. Por isso eles foram criados antes de nós. Nós somos o cume e o centro da Harmonia criada; dentro de nós palpita sempre aquele Princípio, imortal, incriado, eterno. Tudo à nossa volta esperou o momento da nossa criação. Então sim: tudo estava perfeito e tudo poderia receber através de nós a Vida e a Harmonia, que jorrariam para sempre do nosso Núcleo Íntimo, onde aquele Princípio, ou Fonte, se tornaria para nós, à medida que dele tomássemos consciência, o mais espantoso Prodígio da nossa existência: sendo em cada um de nós diferente e por isso surpresa contínua para todos os outros, era no entanto em todos a mesma Fonte da Vida e da Harmonia. Inesgotável. Eterna. E nela reconheceríamos o nosso Criador!

   Tudo isto entrou em degradação quando concebemos o tenebroso projecto de edificar uma ordem alternativa a esta. A Fé é esta Fonte que permanece latejando em nós, enquanto à volta a Ruína se multiplica. Se ela acordar e quiser voltar à Ordem perdida, ninguém a poderá deter.


   Ainda não encontrei ninguém com verdadeira Fé. Há certamente pessoas isoladas, aqui e ali, sepultadas sob o estrondo e o espectáculo da nossa Babel, de coração limpo, onde brilha uma Fé autêntica. Mas ainda não nos encontrámos.

   É suposto, portanto, estar eu convencido de que tenho já uma Fé autêntica. E é verdade: sinto que a minha Fé é pura, forte, invencível. E julgo não estar possuído de soberba ou cegueira ao falar assim; não posso é ignorar o Dom do meu Senhor. Ora se, como eu, há outros, mesmo que pouquinhos, assim incondicionalmente apaixonados pelo Coração de Deus, porque não nos junta o nosso Apaixonado comum? Se, por outro lado, esta Fé que nos inunda e quer voltar à Ordem perdida “ninguém a poderá deter”, porque não se manifesta ela, mesmo isoladamente, de modo a podermos viver já em conjunto, ao menos no Silêncio do coração de cada um, o irresistível Poder deste Acontecimento escondido?

   Só encontro uma resposta: porque não chegou ainda a Hora. A Hora do Encontro. É aqui que nascerá a Igreja. Ela mudará tudo. E o mundo que ela então anunciar será completamente novo. E há-de realizar-se, porque ela estará possuída de verdadeira Fé. (Dl 29, 29/10/04)

                                        Veja também o texto 154 (Agosto 2010)

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

936 — Únicos


   Sim, somos mesmo únicos, para Ele. Ele ama cada um de nós como se mais ninguém existisse em todo o Universo. Quando correspondemos a este Amor, Ele revela-Se um Apaixonado como nunca imagináramos. Foi assim que Ele Se me mostrou e nunca afrouxou nesta paixão, que diríamos louca. A mensagem seguinte pretende revelar que também tu és amado assim e isto mesmo descobrirás quando te encontrares pessoalmente com Ele e corresponderes a esta paixão.

   Sempre que agora procuro Jesus ou Maria dentro de mim, invariavelmente Eles me dizem: Gosto muito de ti! Há n’Eles agora um ar de festa, uma alegria de quem vive o desencadear muito próximo de um acontecimento decisivo na sua vida, como é o caso de um casamento, ou o regresso de alguém muito querido, ou a conquista assegurada de um troféu. Se falo para Eles, Eles preferem envolver-me num abraço mudo, como se guardassem um segredo e tivessem receio de o deixar escapar inadvertidamente no meio de uma conversa, um segredo que tivesse tudo a ver comigo mas que não estivesse ainda na hora de ser revelado.

   Há de qualquer modo nos meus Amigos uma excitação festiva que os torna particularmente ternos e ardentes na afeição em que me envolvem. Eu pareço ser o Seu amigo predilecto, o alvo das Suas mais vivas atenções, como se estivessem em vias de me fazer a mais amorosa e inesperada de todas as surpresas. Estão nitidamente muito felizes comigo por eu ter percorrido o exacto caminho que estava previsto no Plano do Pai e que em breve será de todos conhecido.

   Tenho a consciência de não ter feito nada para merecer semelhante predilecção: os diversos passos do meu caminho foram acontecendo e eu quase me limitei a deixar-me surpreender com cada um deles. Esta contemplação da Obra de Deus em mim só verdadeiramente se iniciou há dez anos quando aconteceu este encontro novo a que eu sempre chamo uma autêntica conversão. Antes eu presumia trabalhar muito para o Reino dos Céus, mas não via o Céu trabalhar em mim. Antes eu pregava muito e realizava obras volumosas e extenuantes, como se o Céu fosse uma conquista minha e eu o estivesse já povoando de edifícios para mais tarde habitar; agora só executo o que o Céu me diz e contemplo a Obra feita. (Dl 29, 28/10/04)

                        Recomendo vivamente ainda os textos 25 (Março 2010) e 105 (Junho 2010)

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

935 — Tão, tão próximo!


   Deus incarnou! – está na Bíblia, sabemos isto de cor. Mas não parece mesmo que O desincarnámos há muito tempo? Deus é Amor! – também está na Bíblia, também sabemos isto de cor. Mas não parece mesmo que, se já esteve, há muito que deixou de estar entre nós este Deus-Amor? Ah, se tivéssemos acreditado nestas palavras que sabemos de cor! Veja-se, a este propósito, a mensagem seguinte:

   Todas as vezes que fixo a atenção em Jesus, logo Ele invariavelmente me diz: Eu amo-te tanto, tanto!…

   Eu não conhecia Deus assim antes de começar a escrever: via-O como Criador, certamente bondoso e omnipotente, e a Jesus como um Herói, expressão da Verdade e verdadeiro Messias Libertador. Mas assim como Pessoa, apaixonado por nós com esta entrega e esta loucura, isso não fazia parte da minha experiência de Deus. E julgo que é assim com a generalidade das pessoas. Por isso as suas orações até poderão ser de louvor, mas a um Deus mais ou menos distante; a maior parte das vezes, porém, são orações de petição, porque se aceita que Ele possa valer às nossas necessidades. Tem sempre, de qualquer forma, muito de abstracto e longínquo este Deus.

   Mas sei agora que Ele não quer ser nada assim e magoa-O muito esta relação que temos com Ele, como machucava muito Jesus a relação que os Apóstolos tinham com Ele e que conservaram até ao Pentecostes: eles não O amavam, porque não conheciam ainda o Seu Amor. Eles passaram aqueles três anos apenas admirando-O e esperando sempre poder vir a instrumentalizá-Lo ao serviço cada um do seu próprio projecto de vida. É, pois, necessário chegar aqui, a esta pura relação de amor, sem a qual a Igreja não pode nascer. Ela tem que ser governada por este Amor, apenas; se o não for, em breve se tornará de novo Instituição e se tornará estéril, como agora a vemos.

   Por isso não vi ainda, nos próprios movimentos que ultimamente surgiram na Igreja, ditos carismáticos, a Igreja Renascida com que Jesus tão ardentemente sonha. Eles são certamente Sinais anunciadores da Vinda de Jesus que, como todos os Sinais, esta Igreja facilmente encobre e esteriliza. Jesus, porém, regressará como Amor. E este será um Acontecimento que desde os tempos da Igreja primitiva nunca mais se viu na terra. É mesmo por esta relação de amor e só por ela que se reconhecerão os membros da Igreja que então nascerá. (Dl 29, 24/10/04)

                      Veja também o texto 774 (Maio 2012)

domingo, 17 de fevereiro de 2013

934 — Estrangeiros aqui


   Este mundo não é a nossa Pátria; é uma terra estrangeira onde vivemos escravizados. Isto di-lo Jesus Ele próprio e através de todos aqueles que um dia por Ele se apaixonaram. Foi isto que aconteceu comigo também, conforme a mensagem seguinte documenta. Mas atenção sempre: a nossa verdadeira Pátria não é num qualquer céu, depois da morte; ela virá ter connosco, aqui mesmo.

   As minhas sensações relativas ao Reino dos Céus são todas fugidias. O que domina mesmo o meu dia é a sensação de aridez universal, que atinge as mais perdidas ilhas do Planeta Azul. Não corresponde em nada a minha vida quotidiana à vida no Reino que sonho e que venho descrevendo nestas páginas.

   É verdade, pois, que só vivo o Reino de Deus em sonhos dispersos, em alguns momentos fugidios da minha rotina diária. Mas há um espantoso milagre nestes sonhos leves e dispersos: eles mudaram o meu coração e abriram nele uns olhos que tudo passaram a ver também mudado. E esta nova visão foi-se acrescentando com uma rapidez e com uma coerência impressionantes. Ultrapassando absurdos lógicos e fronteiras inacessíveis, o Mundo que assim se me foi desvendando adquiriu uma Unidade e uma Harmonia que nenhuma força deste mundo jamais conseguirá desagregar.

   Mas o Milagre maior é que esta cavalgada para o Desconhecido derrubando absurdos e fronteiras proibidas não se dirigiu para as regiões da Transcendência apenas, mas parece-me agora que ela avançou sobretudo em progressão imparável sobre as impossibilidades todas que este mundo havia levantado e selado como definitivas. E tudo ficou agora tão luminoso e óbvio!… Por isso Jesus me perguntou se não me sinto, com Ele, Vencedor.


   Estou cansado de ter feito o almoço para várias pessoas de família, de ter que arrumar tudo no fim, de ter continuado a arrumar a casa toda, de ter andado à volta do carro a ajudar o meu genro na reparação de uma avaria… Estou irritado com esta vida assim, que me tira todo o espaço do coração para outra coisa que não seja para lidar e curtir esta irritação.

   Preciso, pois, deste tempo em que escrevo para me religar ao Céu. Eu sei que também naquela irritação o Céu não me abandonou, mas a sensação é a de que não sobrou nenhum espaço para ele, durante estas horas. Nem agora ainda estou ouvindo qualquer Voz do Céu. Pelos Sinais numéricos, é Maria que está mais próxima de mim, agora. Mas todo o meu espaço interior está ainda povoado com a complicação da Cidade. E é nestas ocasiões que mais intensamente sinto o medo de perder a verdadeira Vida, juntamente com a consciência de que não tenho mesmo nada neste mundo que me possa já seduzir e dar tranquilidade ao meu coração. (Dl 29, 23/10/04) 

       Lançando uma luz cada vez mais intensa sobre este tema, há aqui vários textos. Estes, por exemplo: 118 (Junho 2010), 240 (Novembro 2010), 346 (Março 2011) …

sábado, 16 de fevereiro de 2013

933 — Ouvir Deus


   Sabemos que é mediatamente colocado sob suspeita aquele que afirma ouvir Deus ou qualquer entidade do “outro mundo”. De tal maneira esta suspeita se avolumou através dos tempos, que a Igreja chegou a torturar até à morte pessoas que confessaram ouvir Deus ou outras vozes do “Além”. E é tido como doutrina segura que “a Revelação terminou com a morte do último Apóstolo”. Mas se tudo isto fosse estratégia satânica para isolar as pessoas de Deus? É este o território que a mensagem seguinte tenta iluminar:

   Todo o Universo é Palavra de Deus. A cor, o som, a forma, a textura de cada ser são palavras do Verbo eterno falando bem claro e bem alto da formidável riqueza do Amor de Deus. Só não captamos a Voz de Deus nos seres criados porque, obviamente, não convém ao nosso Projecto rebelde. Construímos, por isso, uma espécie de bloqueio contra essa límpida e fortíssima Voz: é desesperadamente necessário que as criaturas não nos falem de Deus; elas têm que ser reduzidas a local de pesquisa e material de construção da nossa Obra, de onde a própria memória de Deus terá que desaparecer.

   Esta grotesca empresa de calar Deus foi ao ponto de tentar esterilizar a Voz do próprio Verbo incriado e eterno. E tem conhecido um imenso êxito este propósito, servindo-se da mais demoníaca das manhas: prestando-Lhe culto. Para isso repete as Suas palavras até à exaustão, até ao cansaço, até à náusea. Aos gestos do Verbo fez a mesma coisa, multiplicando-os em imagens que enfeitou com as suas mais preciosas riquezas e aperfeiçoou com o melhor do seu talento, apresentando depois estes gestos solidificados em imagens como arte sua e fazendo delas cópias em quantidades industriais, até se tornarem trastes incómodos que, envelhecidos, se misturam com a sucata e o lixo. Mas o verbo incarnou também no rito e na arte. Atenção, Cidade!


   É muito importante ouvir Deus. Porque Ele está continuamente falando. É esta uma das maiores novidades desta Profecia. Agora, à distância, considero um verdadeiro milagre os primeiros diálogos. Eles seriam para mim próprio inimagináveis um mês antes. Foi como se, nesse tempo, de improviso, um grande rasgão se tivesse aberto no Céu e eliminasse de repente toda a distância entre mim e Deus. Ele era uma Pessoa viva por Quem, como que à primeira vista, me deixei fascinar. O Deus longínquo e mudo desapareceu como que por encanto e passei a dialogar com Ele ao meu nível, com a simplicidade e a sem-cerimónia de dois companheiros pasmados de há tanto tempo se cruzarem sem saberem a afinidade que os unia.

   Agora estou medindo o tamanho do Milagre. Eu nunca tinha visto ou ouvido falar de uma coisa assim. Nem a Vassula, que para esta Presença de Deus me despertou, vai tão longe neste tu-cá-tu-lá com o próprio Deus omnipotente, Criador do Universo. Era possível não só falar para Deus, mas também ouvi-Lo responder na hora! Até hoje. A Voz de Deus é torrencial; basta parar e ouvir. (Dl 29, 22/10/04)

                                         Veja também o texto 864 (Dezembro 2012)

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

932 — A Paz de Jesus


   É este um dos enormes temas desta Profecia. Talvez porque a Paz é uma das ânsias mais profundas do nosso coração. Talvez porque aqui se situa uma das mais manhosas ciladas de Satanás: veja-se como ele tentou e em larga medida conseguiu fazer do Filho do Carpinteiro um Jesus manso. A mensagem seguinte pode chocar muitos ouvidos, mas é assim que está no Evangelho:

   A Paz de Jesus, a única verdadeira, é violenta! Porque “o Reino dos Céus sofre violência e só os violentos o arrebatam”. É esta uma das afirmações chocantes de Jesus que também deixámos de ouvir. Evitar o conflito a todo o custo não gera a Paz; produz oprimidos e opressores, cria injustiça. É esta paz imposta sob chantagem a paz do mundo: por baixo da sua aparência de tranquilidade há corações esmagados por frustrações, por revoltas surdas. A Paz de Jesus não se fica, não se cala, não se resigna perante a Injustiça. O sofrimento que nos esmaga é este grito doloroso de Deus dizendo-nos continuamente que por este caminho nunca seremos felizes.


   “A tua Alma tem um poder fulminante” é uma afirmação de Jesus gravada nesta Profecia que nunca mais me esqueceu. Lemos em vários lugares da Escritura Divina, antiga e actual, que Deus é terrível e que o Regresso de Jesus será precedido de um Fogo devorador.

   Deus é extremamente violento. E a nossa Alma herdou d’Ele este Atributo. Considere-se de novo o comportamento de Jesus, tantas vezes claramente agressivo. E considere-se o temperamento impulsivo, brusco, daquele que Ele escolheu para apascentar o Seu Rebanho. Portanto quando Jesus Se declara “manso e humilde de coração”, isto não pode significar de modo nenhum uma postura delicodoce, uma serenidade imperturbável, uma ternura mole, uma impassibilidade morna, uma tranquilidade pantanosa ou de águas sem ondas; a Mansidão e a Humildade são n’Ele forças que O levam a não condenar e a acolher com extrema compaixão todas as vítimas desta guerra necessária ao restabelecimento da Harmonia.

   Deus regressará como Amor. Mas é por isso mesmo que este Acontecimento Maior da nossa História será marcado por tal violência, que todos os Profetas a designam por Grande Tribulação. (Dl 29, 20/10/04)

                                             Veja também o texto 658 (Janeiro 2012)

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

931 — A sensualidade do Cântico dos Cânticos


   O “Cântico dos Cânticos” é o mais estranho livro da Bíblia. Tão estranho, que é legítima a pergunta como pôde ter sido ele incluído entre os Livros Sagrados. Tão estranho, que sistematicamente a Sinagoga e a Igreja tudo fizeram para o transformar em puro símbolo ou alegoria do amor espiritual. Ora tudo quanto lá está é de uma sensualidade arrebatadora. O amor de que ali se fala é retintamente físico e encantador. Basta ler sem preconceitos. Foi assim, descondicionado, que Jesus me levou a lê-lo e o resultado foi esta mensagem:

   Não vejo, em todas as Profecias que conheço, as da Bíblia e todas as posteriores até hoje, tão vasta e tão explícita importância dada ao Pó da Terra como nesta que venho gravando. A excepção encontro-a apenas no Cântico dos Cânticos, que mesmo assim julgo que toda a Teologia considera sobretudo como uma metáfora do Amor espiritual, apenas.

   Eu, porém, desde que escrevo, sempre vi neste belíssimo Poema um ardente Hino ao Amor sensual. Ele revela a paixão sensual de Deus pela Sua Criação, que é vista como uma Esposa do mesmo modo sensualmente enamorada pelo seu Criador. É, todo ele, um Cântico ao Pó da Terra como condensação de todo o mundo físico em que Deus infundiu o Seu Espírito, visualizando já o carinho com que o moldou com as Suas Mãos em figura humana e Se lhe uniu num surpreendente acto de Amor. E exprime mais ainda este Poema, mesmo colocado no Antigo Testamento, a Paixão louca de Deus por este Barro, que O levou a abraçá-lo e a dar a vida por ele. Ora o Barro não pode amar senão sensualmente… (Dl 29, 17/10/04)

 Veja também os textos 325 e 326 (Fevereiro, 2011)

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

930 — A Grande Evangelização


   Diz Jesus que o Seu Regresso será preparado por uma especial Evangelização, que levará a todo o mundo a Boa Nova da grande Mudança. Os precursores já vieram. E mesmo que os poderes deste mundo os tenham silenciado, nem uma só das suas palavras não se vai perder. Aquela Evangelização, agora a nível planetário, insistem todas as Profecias actuais em que, contra todas as previsões, está prestes a acontecer. É este o tema da mensagem seguinte:

    Sinto que transporto em mim uma Força que arrasará completamente o reino de Satanás. Deste mundo, obra sua erguida à custa de biliões de escravos que somos todos nós homens, não ficará pedra sobre pedra.

   Todos sabemos que ninguém poderá marcar um prazo para que isto aconteça. Mas aquela mesma Força garante-me que tudo acontecerá muito mais depressa do que possamos imaginar. Recordemos como foi fulminante a difusão da Mensagem de Jesus há vinte séculos por todo o império romano; agora o horizonte da Mensagem de Jesus é o globo terrestre inteiro, é certo, mas também é certo que Jesus tem agora à Sua disposição os avançadíssimos milagres da Besta, que Lhe permitirão chegar quase instantaneamente aos mais isolados e inacessível pontos do Globo.

   É necessário apenas que esta Força desça aos corações e os inflame, como aconteceu naquele primeiro Pentecostes e depois continuou até que Satanás, mobilizando agora todos os seus súbditos, conseguiu de novo seduzi-los com a proposta que fizera a Eva, e repetiu depois a Jesus, nesse tempo já com obra feita: “Tudo isto Te darei se, prostrado, me adorares”. É verdade que no nosso tempo a obra de Satanás tem um esplendor inimaginável para as gerações passadas. Mas, para além de facilitar, como já acontecera no tempo de Jesus, a difusão do Fogo do Evangelho, ela tem pés de barro que, quanto mais peso de riqueza e de glória têm em cima, mais perto estão de se desfazerem, provocando o colapso geral de todo o edifício de forma fulminante!

   Basta que uma pequena pedra, rolando da montanha, embata nos pés da gigantesca Estátua, triturando-os. A pequena pedra está prestes a desprender-se e ganhará uma enorme velocidade à medida que avança. Esta pedra será a frágil voz de toda a Profecia, nomeadamente desta que escrevo…


   Quando o Espírito abrir os corações, a Profecia irromperá no mundo com rapidez vertiginosa. Justamente o contrário do que hoje sucede: os Profetas, que têm surgido em número impressionante nos últimos tempos, parecem agora todos emudecidos; muitos dos que os ouviram com alvoroço, afastaram-se, cansados de esperar por aquilo que queriam ver realizado segundo a sua visão e o seu interesse, e não viram em tempo julgado útil; os outros, pouquinhos, que os ouviram e guardaram vivas no coração as suas palavras como Voz de Deus, também se recolheram no seu enorme Silêncio interior face ao estrondo à sua volta, que não deixa ninguém ouvir nem ver o seu testemunho. E o mundo do estrondo e do espectáculo cavalga agora alucinado as ondas do seu êxito, sem obstáculos, porque tem conseguido absorver e esterilizar sistematicamente a Esperança frágil que de início tornava notícia os Profetas.

   Mas, nesta euforia e sofreguidão, o mundo esquece-se sempre de que tem os seus alicerces sobre areia. Ou, na imagem de Daniel, esquece-se sempre de reforçar os pés à Estátua imponente, que cada vez aperfeiçoa e abrilhanta mais à medida que se aproxima da cabeça, esta sim, doirada e constelada de pedras preciosas. Agora é necessário que Satanás chegue ao cume do seu poder, ao peso máximo da sua glória. Então, a um pequeno toque nos pés da Estátua, ou a um repentino aluimento de terras na base do Edifício, tudo cairá de repente! (Dl 29, 15/10/04)

                                        Veja também o texto 507 (Agosto 2011)

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

929 — O Pó da Terra


   Como nós sabemos, a Bíblia diz que o Homem foi formado do “Pó da Terra”, no qual foi depois insuflado o “Sopro da Vida”. E este é mais um ponto em que Jesus é de uma intransigência impressionante: tão importante é este Pó da Terra que, sem ele, simplesmente não haveria Homem! Veja-se isto mesmo na mensagem seguinte:

   Quando falamos na união carnal na Igreja de Jesus, põem-se-nos logo problemas insolúveis. De facto, só concebemos uma união carnal plena no matrimónio. E mesmo aqui tantos problemas põe a carne, que acaba por provocar dolorosas divisões, escondidas ou manifestas, multiplicadoras e difusoras de multiforme sofrimento. Aquilo que venho anunciando é por isso uma verdadeira quimera, só concebível por uma imaginação infantil.

   Mas a importância que Jesus vem dando à Carne não me deixa recuar: ela é a condensação de todo o Universo, que Deus amou de tal maneira, que o uniu a Si próprio na Criatura a que chamou Homem e declarou perfeita Imagem e Semelhança Sua. Sem o Pó da Terra, conforme Jesus me ensinou, não há simplesmente Homem. A própria Bíblia nos apresenta o Homem como sendo formado do “pó da terra”, quase visualizando as Mãos carinhosas de Deus moldando-lhe a forma que concebera no Seu Sonho. O Homem já tinha, pois, “narinas”, através das quais o Criador lhe insuflou o “Sopro da Vida”, dando assim Vida àquela Forma (cfr Gn 2, 7). Como posso conceber que esta Forma seja só um acidente, um vaso provisório, destinado a desfazer-se um dia e a desaparecer simplesmente? Que necessidade tinha Deus de levantar da Terra aquela Forma, se o verdadeiro Homem, conforme muitos eruditos hoje dizem, consistiria e subsistiria como entidade imortal num suposto “eu”, cuja forma, feita de “terra”, simplesmente desapareceria na morte?

   Não! Esta Forma, este Corpo material, esta Carne, não é de modo nenhum secundária no Homem, muito menos é um mero acidente ou vaso provisório. Tão importante ela é, que Deus baixou a ela em Pessoa, assumindo-a como Sua e conduzindo-a através de todas as dores com que a nossa Traição a saturou até à Vida que recebera no Princípio, superando mesmo, pela entrega da Sua própria Carne, este estado inicial, fazendo dela Carne de verdadeiro Filho de Deus! Por isso não posso recuar neste Anúncio nuclear do Regresso de Jesus: Ele virá libertar a nossa Carne da corrupção. E isto será visível já aqui na terra, na Sua Igreja! (Dl 29, 13/10/04)

                                           Veja também o texto 782 (Maio, 2012)

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

928 — A Verdade e a ciência


   É inegável a importância que é hoje dada à ciência. A tal ponto que parece ter-se tornado a referência universal da Verdade, a fonte única do verdadeiro conhecimento. Jesus, claramente, não concorda, conforme transparece da mensagem seguinte:

   Sinais vários me levam agora à consideração de que não é pela ciência estabelecida por nós como obra nossa que chegamos ao conhecimento da Verdade. Não me sai do espírito o facto de o conferencista do último encontro em Fátima ter acabado por negar a Ressurreição de Jesus, a Ressurreição da Carne, a Presença da Carne de Jesus no Pão e no Vinho eucarísticos. Tudo isto porque, segundo declarou, o nosso corpo material, a nossa carne física e concreta é provisória: existe apenas durante o período da nossa vida terrena; depois desaparece para sempre. E não foi difícil levar as pessoas a aceitarem este ensinamento; ele é demonstrável pelo simples olhar dos olhos carnais: todos nós vemos que esta carne se desfaz a partir da morte. É claro que também não disse, por exemplo, que nada de Jesus ressuscitou: o que do Mestre ressuscitou foi um tal “eu”, que julgo ninguém, nem ele próprio, ter entendido exactamente o que seja. E quando eu lhe perguntei se então a carne não é um mero acidente no homem, ele disse muito depressa que não, mas também julgo que ninguém percebeu porque não.

   Eu não estava a ver nada assim, como se depreende de tudo quanto tenho escrito. Mas sentia a minha visão esmagada perante o peso de toda aquela ciência. Era por isso inútil discutir com ele, tentando mostrar-lhe aquilo que tenho descoberto nestas aulas com o meu Mestre: ele manifestamente não acredita em que o Mestre me fale directamente a mim destas coisas, porque só a ciência é objectiva, só pela investigação científica se chega ao conhecimento da Verdade. Então eu concluo: porque o Mestre não seguiu a via científica, mestre só pode ser ele próprio e todos os seus colegas cientistas e nunca Jesus!

   Vede até onde nos pode levar a nossa presunção! Vede quão fácil foi a Satanás substituir Jesus pelos mestres que ele próprio formou! É preciso, pois, dizer a todos os homens de ciência que existem outras vias de conhecer a Verdade, além das suas. É preciso dizer-lhes que só a Fé vê a Verdade ou que a nossa ciência, enquanto a Civilização existir, só será aproveitável se for exercida por um coração que crê. (Dl 29, 10/10/04)

 Veja também o texto 881 (Dezembro, 2012)

domingo, 10 de fevereiro de 2013

927 — Este mundo


   Muitas vezes no Evangelho Se refere Jesus a “este mundo” e julgo que todos concordamos em que Ele fala desta Construção erguida por nós homens à força de muito cansaço e sofrimento e onde sempre vivemos desde que, por escolha nossa, abandonámos o Paraíso, há muitos milhares de anos. Hoje brilha este fantástico Edifício, nosso orgulho e nossa glória, com nunca na História brilhou. Ei-lo aqui, visto com os Olhos de Jesus:

   Novamente me chama o meu Deus Profeta da Luz. Mas que Profeta ou Mensageiro da Luz seria necessário se já houvesse Luz? Não diz claramente esta minha missão que estou rodeado de Trevas? Deste modo Jesus, ao entregar-me esta missão, está-nos dizendo, por outra via, que o Seu Reino é contrário ao deste mundo; que um é de Luz e outro é de Trevas.

   É esta uma das grandes frentes de combate da Profecia que venho gravando: é de extrema importância que se veja este mundo como intrinsecamente mau. Todo ele é um reino de Trevas. Quem o governa é, segundo as incontornáveis palavras do próprio Jesus, o “príncipe das Trevas”, a quem Ele chama “assassino desde o princípio e pai da Mentira”. Este mundo em que nascemos e vivemos e com maior ou menor zelo ajudamos a construir e a conservar é, todo ele, um Sistema iníquo, porque é a grande Construção e glória do homem erguida para rivalizar e fazer esquecer Deus. A Obra do homem, a que costumamos chamar Civilização é, toda ela, desde a cabana aos arranha-céus, desde o martelo ao computador, desce o código da estrada até às doutrinas religiosas, desde Stonehenge, passando pelas pirâmides e por todos os templos até à “Declaração Universal dos Direitos do Homem”, não só, portanto, as construções materiais mas também todo o “património cultural e moral da Humanidade”, é fruto da Traição de anjos e homens ao seu Criador. Se não reconhecemos isto, é porque a nossa ambição e a nossa vaidade nos fecharam tragicamente os olhos.

   É, pois, necessário começar decididamente a ver assim, com coragem, porque esta é a visão de Jesus. É uma visão que Ele, obviamente, nunca impôs, por ser Deus, que nunca tocará na nossa Liberdade. Mas não pôde ser mais claro sempre que falou pelos Profetas de todos os tempos e sobretudo por Sua própria boca há tempo suficiente para que O tivéssemos ouvido. E falou pelas Suas obras, por toda a Sua vida, até à Cruz. (Dl 29, 9/10/04)

Veja também os textos 281 (Dezembro 2010) e 380 (Abril 2011)

sábado, 9 de fevereiro de 2013

926 — A nossa voz e as outras


   Ninguém manda em mim. Ninguém me influencia. Ninguém me instrumentaliza!
   São muitos os que dizem, berram coisas deste género. Somos todos, talvez. Jesus diz muitas vezes que é bom questionarmos tudo o que costumamos dizer: podemos estar enganados. Talvez todos. É disto que fala a mensagem seguinte.

  De olhos fechados, esperei que me fosse dito quando deveria olhar o relógio. Agora! – disse a minha Voz interior. E estava lá aquela imagem (5:53). Soube então que Deus estava inundando toda a minha Carne. A própria Trindade invadia todas as minhas células!

   Como quer alguém que eu não ouça a minha Voz interior ou, quando ela não responde, passe a agir por conta própria? Quem sou eu sem aquela Voz? Se não ouço dentro de mim, por quê ou por quem sou eu comandado? Porque eu tenho que ser comandado a partir de dentro. Ou não? Um simples movimento de um dedo meu não é comandado por um qualquer poder dentro de mim que eu não vejo? Dizem que é pelo cérebro. E o cérebro, onde vai ele buscar a vontade que o faz accionar toda a máquina que move o dedo? E essa vontade não foi estimulada, ou aquecida, ou seduzida por um misterioso poder, mais íntimo ainda, a que chamamos ânsias, ou fomes, ou sonhos, ou desejos, ou sentimentos, enfim, impulsos ou explosões instantâneas surgidas dentro de nós não sabemos como, nem onde, nem porquê?

   Somos, enfim, comandados a partir de dentro – disso não duvidamos. Mas também sabemos sem sombra de dúvida que passamos a vida a receber coisas de fora. Sobretudo estamos sempre rodeados de pessoas que, de muitas maneiras, tentam meter-nos coisas dentro: os nossos pais e familiares, desde que nascemos, depois sempre os companheiros mas, mais imperativamente, os educadores de infância, os professores, os patrões, os códigos de conduta, as leis, mais recentemente, de forma avassaladora, os meios de comunicação social, enfim, as doutrinas com os seus dogmas.

   Perguntemo-nos agora: estas coisas que nos metem dentro, vindas de fora, até que ponto avançaram em direcção a esse núcleo mais íntimo onde vive aquele tal poder que nos comanda? Não terão avançado sobre ele, dominando-o e substituindo-o? Não terei eu passado a ser dirigido por tudo isto que não sou eu? É esta a minha luta, há dez anos: conquistar e restituir a esse meu Poder Interior a sua límpida Voz de comando de todo o meu ser. (Dl 29, 5/10/04)

                                Veja mesmo, também, o texto 596 (Novembro 2011). É particularmente esclarecedor.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

925 — Cursos


   De há uns tempos para cá que os antigos sermões foram sendo substituídos por “cursos”, ministrados por pessoas obviamente revestidas de uma autoridade devidamente apetrechada com as últimas descobertas da ciência teológica nos seus vários ramos ou disciplinas, marcada por uma cada vez mais rigorosa abordagem racional. A mensagem seguinte é uma visão profética de um desses cursos em que eu estava participando, em Fátima.

    Chegou ao fim o curso bíblico em que aqui vim participar, sobre os “Novíssimos”, ou últimos acontecimentos da vida do homem: “morte, juízo, inferno, paraíso”. Como sempre acontece nestes cursos, o orientador seguiu a via racional, acabando por excluir provisoriamente, como é natural a esta via, tudo quanto a Razão não alcança, ou não consegue enquadrar na sua visão.

   Excluir provisoriamente é colocar sob suspeita, num primeiro momento, tudo quanto não encaixa nos parâmetros em que avança o conhecimento racional; quase sempre, logo a seguir, aquilo que é colocado sob suspeita começa a ficar maduro para ser rejeitado com segurança. A suspeita tornou-se assim certeza. De facto, quem vai continuar aceitando aquilo que claramente ficou demonstrado como ilógico, insensato, irracional, impossível, absurdo? Quem aceita ser considerado cego e estúpido? Assim, mesmo que ao coração seja natural continuar a sondar esses territórios do ilógico e do impossível, a Razão consegue quase sempre erguer um bloqueio frente a esses territórios inexplorados, sobretudo quando aquele que sobe à cátedra é considerado um grande mestre e uma autoridade na respectiva matéria, como acontece geralmente nestes cursos. De facto, também a Palavra de Deus foi invadida pela ciência dos homens, que dela se apoderaram como território conquistado, chamando a si a autoridade exclusiva para a administrarem e distribuírem a seu critério.

   E vejo as pessoas, indefesas, serem desapossadas do imenso território do Mistério e ficarem à mercê destes mestres, que as manobram e as levam para onde lhes convém. Com muita clareza se vê aqui a estratégia de Satanás: uma vez estabelecido no seu reino que só estes mestres conseguem desvendar e prosseguir com segurança no Mistério, as pessoas deixam de ouvir o Mistério para os ouvirem a eles. E assim como a Terra com a sua abundância, não sendo originariamente de ninguém, era de todos mas foi feita propriedade de alguns que subjugaram a maioria, assim também aconteceu com o Céu. Por isso a Vinda de Jesus nos trará não só uma Terra nova, mas também um Céu novo! (Dl 29, 3/10/04)

                             Veja também os textos 54 (Abril 2010) e 85 (Maio 2010)

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

924 — Incarnação permanente


   Uma das coisas que mais me surpreendeu neste meu processo de conversão foi ter visto Jesus sempre vivendo a mesma situação que eu estava vivendo. Depois Ele foi explicando: A Minha Incarnação não durou trinta e três anos; Eu nunca mais desincarnei! Ao mesmo tempo, lentamente, fui entendendo aquilo que Ele tantas vezes repetia: O Meu Sacrifício é perpétuo! A mensagem seguinte levanta um pouco o véu do mais inconcebível, do mais louco dos Mistérios: o Mistério da Incarnação de Deus.

   É frequente agora aparecer-me o grupo numérico 52, o Sinal que na minha interpretação exprime a mais terna e íntima afeição que me une ao meu Mestre. Serve ele assim de amparo à minha Fé, que acredita no que sinto.

   O problema são as intermitências no meu sentir e os longos períodos de secura. Nunca pude gozar tranquilamente em permanência este Amor novo que se foi sempre diversificando e crescendo dentro de mim. Não sei porque assim tem que ser, mas julgo que se trata do Mistério da Incarnação permanente de Jesus: em mim e em todos aqueles que O amam Ele deve continuar incarnado em todos os tempos; eu, com todos os Seus amigos, somos a visualização permanente da Sua Presença no mundo que edificámos, degradado e estéril. Actualizamos assim continuamente a Redenção que O fez incarnar em toda a nossa vida.

   Mas há um Mistério nesta missão dos Seus amigos que sempre me custou muito exprimir: o facto de sermos nós os Seus amigos a visualizar em cada tempo a Sua Presença em carne conforme ela se encontra não significa que Ele mesmo não viva connosco, ao mesmo nível, a situação que estamos vivendo. Nunca nos vi a nós sofrendo na terra e Ele no Céu gozando a Sua felicidade de ressuscitado: embora Ele mantenha sempre o Seu Poder e Grandeza de Deus, sempre O vejo caminhar par e passo connosco sofrendo as mesmas dores, gozando os mesmos prazeres efémeros, dobrado pela mesma impotência que nos trespassa. É este o Mistério da Unidade que a nossa inteligência não consegue explicar; só se sente assim, imenso e sedutor. É por ele também que podemos já viver, a espaços e em antegosto, a nossa grandeza e felicidade de Filhos de Deus.

   É esta sensação que agora me percorre, em momentos fugidios: no abraço que Jesus me dá agora tantas vezes, tão terno e apaixonado, eu sinto-me da mesma raça., da mesma substância, enfim, da mesma natureza que Ele! Por isso o único medo da minha vida é a possibilidade de O poder vir a perder. (Dl 29, 29/9/04)

São particularmente esclarecedores, sobre este tema, os textos 53 (Abril 2010) e 661 (Janeiro 2012)

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

923 — A pirâmide


   Jesus apontou um dia aos Apóstolos a forma de governo das nações e disse-lhes: entre vós não será assim. Mas as igrejas parece nunca terem ouvido este verdadeiro Mandamento do Mestre e organizaram-se exactamente à maneira das nações deste mundo: mais ou menos visível, em todas elas há uma pirâmide hierárquica, através da qual elas exercem o seu poder sobre o respectivo “rebanho”. Um poder igualzinho ao deste mundo, que tudo determina, tudo controla, tudo manda. De cima para baixo sempre. É este o tema da mensagem seguinte.

   Arde em mim a visão de uma Igreja diversa e una por força justamente da Diversidade. Esta característica é tão natural e nuclear na Igreja de Jesus, que a sua rejeição trouxe como consequência, não a Ordem, mas uma catastrófica, imparável Divisão. É cruel o espectáculo que se desenrola agora diante dos meus olhos: o Pecado deu força aos mais gananciosos e mais astutos, tornando-os senhores de todos os outros; estes, por sua vez, por não poder cada um ser deus sozinho, juntaram-se numa solidariedade provisória para fortalecerem o seu poder: sobre eles, porém, de novo os mais ambiciosos e espertos criaram um degrau mais alto, sucessivamente assim, na pirâmide do poder; cada um destes degraus, porém, controlado pelo degrau superior que lhe exige obediência, mais apertado cerco monta ao degrau inferior, para que este, obedecendo-lhe prontamente, mais fácil lhe torne a obediência ao degrau superior…

   Horrorosa, esta visão! Tão horrorosa, que diríamos não corresponder minimamente à verdade. Mas é tão intensa e clara esta visão, que não consigo sequer exprimir todo o horror que ela me impõe: as pessoas vivem todas revoltadas pela permanente e progressiva mutilação a que estão sujeitas e pela constante opressão dos degraus superiores que lhes não permitem libertar-se. Deste modo, cansadas da luta por se libertarem, asfixiadas nas suas ânsias mais genuínas, vão-se resignando, perdendo progressivamente a consciência da sua dignidade. Agarram-se então, para sobreviverem, ao único Projecto que conhecem: a “Obra do Homem”. Lançam-se todos então na sua edificação, esgotando-se e mutilando-se cada vez mais.

   O mundo está uniformizado. Mas destruído! (Dl 28, 26/9/04)

Veja também o texto 332 (Fevereiro 2011)

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

922 — Defeitos


   O momento em que, depois da paixão arrebatadora do início, começamos a descobrir os defeitos do nosso enamorado, constitui aquilo que costumamos chamar “a hora da verdade”, isto é, ou aceitamos o outro com os seus defeitos, ou acaba ali a paixão. Vamos ver, na mensagem seguinte, como lida Deus com esse crucial momento.

   Insisto muito, a pedido de Jesus, em que o Reino de Deus não é um lugar para onde só se possa ir depois da morte; o Reino do Amor não ficou lá longe à nossa espera, mas desceu até nós para se realizar aqui e agora. Para fazer parte deste Reino nem sequer é preciso eliminarmos os nossos defeitos: depois que Deus aqui desceu não há miséria nossa que possa ser obstáculo à entrada plena do Amor; pelo contrário, são exactamente as nossas mais profundas deficiências que enlouquecem de ternura por nós o nosso Deus. Não é preciso, pois, desfazermo-nos desta Carne degradada para fazermos parte, em plenitude, do Reino do Amor.

   Espero que isto que acabo de escrever seja dentro em breve manifesto aos próprios olhos incrédulos. Veremos então até os mais graves defeitos das pessoas tornarem-se fontes de Luz e de Unidade. Isto acontecerá quando a Igreja tiver nascido depois da sua grande Apostasia. Recordemos o que se passou quando a Igreja nasceu pela primeira vez. Não eram aqueles primeiros amigos de Jesus perfeitos no Amor? Não eram eles “um só coração e uma só alma”? E quem poderá afirmar que eles deixaram de ter defeitos. Claramente, pois, o que aconteceu foi que os defeitos deixaram de ser obstáculo ao Amor.

   Nós temos um vislumbre desta situação quando nos apaixonamos: o nosso enamorado não deixou deter os defeitos que todos lhe reconhecem, mas eles milagrosamente desapareceram do horizonte do nosso olhar ou, quando aparecem, mais excitam a nossa ternura e tornam mais ardente o nosso amor. Assim será na Igreja: os amigos de Jesus amar-se-ão mutuamente como verdadeiros apaixonados. E Jesus e Maria serão a Fonte permanente dessa paixão. (Dl 28, 25/9/04)

                                   Veja também o texto 351 (Março 2011)