No jardim da casa
Escrevendo ...
Breves dados biográficos

O meu nome é Salomão. De apelido Duarte Morgado.

Nasci no ano de 1940 em Portugal, na aldeia do Rossão, da freguesia de Gosende, do concelho de Castro Daire, do distrito de Viseu.

Doze anos depois, 1952, entrei no seminário menor franciscano: eu queria ser padre franciscano.

Doze anos depois, 1964, fiz votos perpétuos na Ordem dos Frades Menores de S. Francisco de Assis seguidos, ao fim desse ano lectivo, da ordenação sacerdotal: eu era o padre que tanto queria ser.

Doze anos depois, 1976, pedi ao Papa dispensa dos votos que era suposto serem perpétuos e do exercício do sacerdócio, que era suposto ser para sempre, casei e tornei-me pai de quatro filhas.

Doze anos depois, 1988, fiz uma tentativa extrema para salvar o meu casamento, saindo de casa. Mas o divórcio de facto consumou-se.

Doze anos depois, 2000, surgiu na minha vida o mais inesperado acontecimento, que começou a ser preparado, sem que eu disso tivesse consciência, no meio deste ciclo, 1994. Foi aqui que comecei a escrever a longa Mensagem que senti Deus pedir-me que escrevesse em Seu Nome e a que Ele próprio deu o título de Diálogos do Homem com o seu Deus no Tempo Novo. Os textos agora aqui publicados são excertos desta vasta Profecia preparando a sua divulgação integral, no tempo oportuno, que desconheço.


Moro há 30 anos em Leça do Balio, concelho de Matosinhos, distrito do Porto.


Não são estas palavras mais do que um testemunho daquilo que vi, ouvi, senti, toquei. Não estão por isso sujeitas a nenhuma polémica. Todos os comentários que se façam, ou pedidos que se queiram ver satisfeitos, sempre serão respondidos apenas com novos textos: de mim mesmo não tenho respostas.




Observações


Muitos e verdadeiros Profetas têm surgido nos nossos dias. Um deles é Vassula Ryden, cuja profecia, "A Verdadeira Vida em Deus", teve um decisivo relevo no meu chamamento a esta missão e revela uma estreita complementaridade com esta Mensagem que escrevo.

Os algarismos desempenham nesta Profecia um papel muito importante como Sinais. Foram adquirindo progressivamente significados diversos. Assim:

   0 – O Sopro da Vida. O Espírito Santo.

   1 – A Luz. A Unidade. O Pai.

   2 – A Testemunha.

   3 – O Deus Trino. A Diversidade.

   4 – O Mensageiro. O Profeta. O Anúncio. A Evangelização.

   5 – Jesus.

   6 – O Demónio.

   7 – O Sétimo Dia. A Paz. A Harmonia.

   8 – O Oitavo Dia – O Dia da Queda e da Redenção. O Homem caído e redimido. Maria de Nazaré.

   9 – A Plenitude de Deus. A Transcendência. A Perfeição. O Regresso de Jesus. O Nono Dia.

Alguns agrupamentos de algarismos adquiriram também um significado próprio. Os mais claramente definidos são estes:

   10 – Os Dez Mandamentos. A Lei. A Escritura.

   12 – O Povo de Deus. A Igreja.

   22 – As Duas Testemunhas de que fala o Apocalipse.

   25 – A Alma humana.

   27 – Salomão, o meu nome que, derivando do termo hebraico Shalom, significa o Pacífico, a Testemunha da Paz.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

1243 — Deserto


   Esta palavra é das presenças mais frequentes destes Diálogos. E há para este facto uma explicação simples: é que todos nós vivemos no Deserto, o verdadeiro, o da aridez, da secura, da esterilidade, da solidão - e também do Silêncio fecundo. Para verificar que assim é, basta que se nos abram os olhos, coisa bem difícil, conforme se tem visto.

6/7/96 4:34

   É de novo aridez e indiferença dentro de mim. Só tenho outra vez os mudos Sinais do meu Deus. Os mudos, apenas. Porque o Prazer, que de tão vivo parecia ter voz, esse calou-se também. Dura muito pouco tempo o Céu, aqui no Deserto. Como se, gozando-o, nos atrasássemos, retidos num qualquer oásis. É forçoso voltar ao caminho, que o tempo urge e aquela montanha além, depois da qual é a Terra Prometida, afinal não está tão perto como parecia… Atenção que o deserto, por ser tudo tão igual, engana: tem miragens de vez em quando, cria ilusões, às vezes… A Casa do Pai é mesmo muito longe, porque muito longe a sedução da Cidade nos levou.

   Por isso atenção todos vós que procurais o Senhor: Ele está ao alcance da mão, sim, basta que uma pequena fibra do nosso coração se mova para Ele, mas todo o Seu Dom, depois, é caminhar. Somos em verdade “peregrinos e estrangeiros” neste mundo, porque a grande maravilha do Dom da Conversão é esta: pouco a pouco, espantados, verificamos que os nossos olhos estavam cobertos de escamas, porque as sentimos cair e aclarear-se-nos a visão. Então, devagar, este mundo que julgávamos colorido e sólido, começa a empalidecer e a desintegrar-se e em breve temos diante de nós a amarelidão barrenta de um deserto infindável. Mas o nosso Deus fez-Se já nessa altura Companheiro caminhando ao nosso lado. E a primeira coisa que Lhe descobrimos é uma estranha e gostosa tranquilidade: Ele parece conhecer muito bem esta imensidão desértica e nasce em nós um sentimento novo que nunca julgávamos pudesse existir em relação a Deus: a Ternura. E quanto mais caminhamos, mais o Coração deste nosso Companheiro se vai abrindo. Quando damos conta, Deus parece todo reduzido a Coração e também nós nos parece termos vindo a perder a cabeça e a sermos inteiramente comandados pelo coração. E assim, pela via do coração, começando pela Ternura, tudo no nosso Companheiro se agiganta de forma espectacular, até à dimensão de Deus que desistimos de entender e passamos simplesmente a amar.

    Por isso aceito o Deserto com a sua dor e o seu silêncio, porque é nestas duas dimensões do Deserto que se reconstrói o nosso ser divino.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

1242 — Caos


   A Árvore de onde Eva tirou o fruto que a perdeu poderia também ser chamada a Árvore do discernimento, ou Árvore da Harmonia. Foi por isso que a nossa vida se transformou tão frequentemente num caos, que a espaços se instala também dentro de nós. Como poderemos fazer do nosso caos interior Harmonia?

5/7/96 19:34

    Somos tão frágeis! Ainda há tão pouco tempo  todo o meu ser era harmonia e paz e já hoje, desde a vigília, o que está no meu coração parece a imagem do caos. Tudo o que escrevo me parece sem sentido e sem interesse, de cada pequeno acontecimento Satanás faz um problema, estilhaçando-me a unidade do coração. Nitidamente ele quer-me levar à revolta e ao descontrole, o seu terreno favorito, acenando depois com as suas soluções, sempre geradoras de uma nova desarmonia. Por fim diz que não é demónio nenhum que faz estas coisas, que Satanás até nem existe e tudo se deve a fenómenos bio-psíquicos perfeitamente vulgares. E nada mais nos resta senão remoer solitariamente a nossa impotência, ou alienarmo-nos em qualquer divertimento ou droga, ou procurarmos soluções “científicas” na medicina ou na psicologia.

   Nestas situações, eu espero pelo meu Senhor. Ele sempre virá. Sei mais uma outra coisa: até estas situações de caos Ele está controlando – Ele é o Senhor do Caos! Se n’Ele confiarmos, Ele repete em nós os primórdios da Criação, e do Caos molda a Harmonia. As titânicas energias do Cosmos obedecem docilmente a qualquer imperceptível gesto do seu Criador. Quanto mais Lhe obedecerão os pequenos caos que o Diabo monta para nos apanhar nas suas armadilhas!

   Eu espero. Espero agindo. E nenhuma acção mais intensa poderemos desenvolver do que esta: orar!

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

1241 — Vácuo


   A sensação de vácuo, de vazio interior, julgo que acontece a todos nós, às vezes. Mas o Mestre Jesus ensinou-me que o absoluto vazio não existe em lugar nenhum do Universo. Também então dentro de nós o vazio absoluto é impossível. Mas a palavra vaidade é isso mesmo que significa, na sua origem: vazio. Uma doença de que só o Espírito nos consegue libertar.

5/7/96 2:01

   Desta vez é que não há mesmo nada no meu coração que eu possa exprimir, a não ser sede. Nem sequer é a sede própria de um terreno árido; é a sede de um vácuo. Desta vez nem vagueando eu andei: no meu espírito não havia nada, nem assuntos, nem imagens; só, bem no centro do ser, este vácuo. E agora? Os minutos passam… Já são 2:58. E ao ver ali os Sinais de Jesus e de Maria, o vácuo alarga-se. Todo ele é agora uma grande sede – a sede da ausência…É o contrário de ontem a plenitude da Presença do meu Deus Humano. Creio saber que um vácuo assim tende a provocar uma implosão e todo o invólucro se desfará violentamente.

   – Espírito do Senhor, implode em mim, de modo que todo o invólucro desapareça no meu ser. Eu não queria que houvesse fora e dentro em mim, mas que eu fosse transparente e toda a minha intimidade fosses Tu. Deste modo, mesmo transparente, ninguém me poderia esquadrinhar, banalizando-me, mas quanto mais para o meu interior caminhasse, mais lhe revelaria a Tua Infinitude. Eu queria revelar Deus, só, sem nada que O encobrisse ou dificultasse a Sua visão. Sinto que não posso pedir-Te isto, meu Senhor: nem Jesus assim foi! Havia n’Ele também a carne opaca a envolvê-Lo… Mas também Ele desejou certamente que fosse assim. Por isso toda a carne se Lhe fez, na sua disformidade humana, Revelação de Deus. A Sua Voz incendiava, o Seu Gesto curava, o Seu Olhar arrancava lágrimas aos corações. Ele foi toda a transparência de Deus possível em carne humana: só a cegueira dos homens impediu que vissem o próprio Coração de Deus que és Tu, meu Senhor. Não, certamente não Te posso pedir tanto. Mas o Teu Jesus disse um dia, profetizando o nosso tempo: “Vereis prodígios ainda maiores”. E eu não posso deixar de acreditar nesta Palavra de Deus meu Irmão, o Teu Jesus: eu acredito em tudo o que Ele disse. É por isso que me atrevo a pedir-Te: faz que cada palavra, cada gesto, cada olhar meu deixem transparecer o Coração do nosso Pai do Céu, o Coração do nosso Irmão Deus, Jesus. Deixa que eu Te mostre, límpido, Coração de Deus e de todas as coisas! Olha, meu Senhor: se eu disse asneira, se eu fui longe demais, foi por certo justamente devido ao vácuo em que me tornei todo, cá dentro. Sou, portanto, todo vaidade. Mas por isso mesmo: aproveita agora e invade-me violentamente, por implosão, reduzindo a poeira todas as paredes do meu orgulho. Bem hajas por me teres feito ver, por dentro: sou só um vácuo envolvido por grossas paredes de orgulho. Vem, pois, ser tudo em mim, meu Amor!

 

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

1240 — Todo o Céu veio ver


   A partir do texto 1200, as mensagens são retiradas do sétimo volume destes “Diálogos do Homem com o seu Deus no Tempo Novo”. Sempre tendo em fundo o Deserto por nós fabricado, continua a revelação dos mais insuspeitados Mistérios…

   Sabemos que a Mãe de Jesus, Maria de Nazaré, é um dos grandes factores de divisão na Igreja de Jesus. A forma como Maria se me revela faz-me mais pena ainda de que assim continue sendo…

3/7/96 10:07/8

   Vem, minha Rainha linda, vem passear comigo pelo Mistério do Prazer que o Teu Filho me está revelando como um Mistério tão delicado, que eu até tenho medo de o pisar. Vem ensinar-me onde devo pôr os pés.

   Se os teus pés forem de criança, podes pô-los em qualquer lado, podes correr à vontade pelo Vale do Prazer, Meu pequenino.

   E eu tenho pés de menino, Mãezinha?

   Gosto muito dos teus pezinhos.

   Não vês também as patorras de monstro que eu às vezes vejo?

   Sim, vejo as tuas patorras de monstro, às vezes…

   Então, Mãe, como consegues lidar com as minhas patorras de monstro?

   Sei que elas estão fornecendo material para fazer os teus pezinhos de menino.

   E quem está fazendo os meus pezinhos?

   Quem faz os pezinhos dos bebés? Quem dá agilidade e encanto aos pezinhos das crianças pequeninas?

   Quase me apetece dizer que és Tu.

   Porque não dizes?

   Então digo: todo o encanto dos nossos pés de criança correndo pelo Mistério do Prazer és Tu! Pronto, já disse, Mamã! É heresia, não é?

   É. Mas deixa estar a heresia. É só mais uma.

   Pois, Mãe! Desde que ficou escrita a Cruz, todas as heresias podem ficar escritas, não podem?

   Todas as heresias que os Meus pequeninos todos descobrirem nos seus passeios por todos os Mistérios, devem ficar escritas: elas são as portas que dão para novos Mistérios.

   Só os Pequeninos podem dizer heresias, não podem?

   Sim, só os Pequeninos.

   Como Tu, não é, Mãe?

   Sim…

   O Pai do Céu deixa-te dizer as heresias que Tu quiseres, não deixa,…Majestade?

   Porque disseste “Majestade” agora e há pouco disseste “Mamã”?

   Não sei, saiu-me assim… Tu és a minha Mamã Majestade!

   Ah!

   Jesus deve chamar-Te Mamã Majestade, não chama?

  

   A nossa jovem Rainha deu uma risada tão aberta e ao mesmo tempo tão quente e doce, que todo o Céu veio ver o que foi.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

1239 — O judeu Jesus


   Veja-se aonde me conduziu o Mestre a propósito da minha visita à sinagoga judaica do Porto.

2/7/96 9:35
 
    Como Me encanta a tua pequenez! Como amo os pequeninos!                                                                                                                                                                                                                                                                                        
   Ser pequenino é também sentir-se incapaz?
   Como as crianças.
   Encanta-Te que estendamos para Ti os bracitos frágeis a pedir ajuda, como nos encanta a nós esta imagem dos nossos filhos pequeninos?
   Sim. Se não vos fizerdes pequeninos, nunca encantareis o Meu Coração.
   E não entraremos nele?
   Não. Recusar ser criança é recusar o Meu Coração.

   Entrar no Teu Coração é entrar no Teu Reino?

   É. O Meu Reino é Amor.

   Então ajuda-me, Mestre. Utiliza as melhores palavras que houver no meu vocabulário.

   Vamos, Meu pequenino, vamos lá. Passaste ontem pela sinagoga judaica, no Porto, não passaste?

   Passei.

   Para quê?

   Nem sei bem. O povo judeu empolga-me.

   Porquê?

   Por ser teimoso.

   Em que teima ele?

   Na sua unidade.

   E que mais?

   Nas suas tradições.

   E o que há, nas suas tradições, que assim o amarre?

   És Tu.

   Eu, Jesus de Nazaré?

   Sim, Tu, Jesus de Nazaré. Só que eles não sabem.

   Como sou Eu, se eles Me rejeitaram?

   O que os amarra às suas tradições é o saberem que Deus Se revelou a eles, como povo, em linguagem humana. Deus revelou-Se a eles falando hebraico. Este Deus que assim Se faz linguagem humana és Tu, Jesus nascido em Nazaré, judeu da Galileia, de uma moça judia chamada Maria.

   Porque não Me aceitaram eles então?

   Porque se tinham afastado dos Profetas, onde Tu estavas, e se agarraram à Lei, de que retiraram a Profecia. A Lei sem a Profecia é só barro, sem o Sopro da Vida! Por isso, quando o Teu Barro se levantou entre eles, animado do Sopro da Vida, não Te reconheceram.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

1238 — Duas direcções


   O Caminho…sou Eu - disse Jesus. E Ele seguiu sempre uma mesma direcção: incarnar cada vez mais fundo, até à perseguição e à dor extrema. O Caminho é tentar sempre amar como Ele ama. Não há outra direcção que nos conduza à Liberdade.

1/7/96 19:26

   Porquê, Jesus, me aparece hoje tantas vezes o Sinal da Besta?

   Porque ela existe.

   Porque me dizes isso, Mestre, a mim que, conforme Tu sabes, acredito na sua existência?

   Acreditas como?

   Não sei dizer… Vejo os estragos que faz, no mundo, na minha família, em mim…

   Como vês?

   Não sei…À medida que caminho para o Teu Coração, mais longe de Ti se me afigura o mundo.

   O que é estar longe de Mim?

   Parece tão óbvio…

   Tenta dizer o óbvio.

   Estar longe de Ti é caminhar em direcção contrária a Ti.

   Para onde caminho Eu?

   Em direcção contrária ao mundo.

   Onde Me levou a Minha direcção?

   À Cruz

   Estás a caminhar em direcção à Minha Cruz?

   Não sei, Mestre, não sei! Sinto-me só feliz porque Tu me estás escancarando o Teu Coração. Parece que nada sofro agora: só estou feliz, muito feliz.

   E vês a Minha Cruz?

   Vejo, Jesus, vejo.

   Onde está ela?

   Precisamente na felicidade que me estás deixando gozar agora.

   Como assim?

   Serei condenado à Tua Cruz por ser assim feliz.

   Quem te condenará?

   Quem for na direcção contrária à minha.

   Porquê?

   Porque a infelicidade não suporta a felicidade.

   Então quanto mais feliz, mais perseguido?

   Isso mesmo, Mestre! O verdadeiro ódio nasce do choque com o verdadeiro Amor.

   Dá, dá esse exemplo que tens em mente.

   O ódio de Caim nasceu da felicidade de Abel.

   As vossas guerras nascem da felicidade de alguém?

    Acho que as nossas guerras são já o nosso ódio alimentando-se, apenas: só de ódio ele se pode alimentar.

   Então diz-Me de novo: foi a Minha felicidade que Me levou à Cruz?

   Foi. O sentires-Te Filho de Deus deveria fazer-Te loucamente feliz. Tudo o que fizeste foi uma loucura que só uma felicidade louca poderia alimentar.

   Não era da Besta que estávamos falando?

   Era. É justamente na mais bela seara que o Demónio semeia o seu joio.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

1237 — O Corpo de Deus


   Sem o “Pó da Terra” ou sem o “Sopro da Vida”, não haveria simplesmente Homem – assim me diz muitas vezes Jesus, nestes Diálogos. É, portanto, intrinsecamente necessário ao Homem o pó da terra, ou carne, ou corpo – a sua materialidade, enfim. E Deus? Será Ele concebível sem a dimensão material?

1/7/96 3:35

   Quando me vens libertar das palavras, Mestre?

   Regista essa sensação.

   Impotência para escrever a Tua resposta.

   Que toda a gente conhece, não é?

   Tu estás sempre para além do que toda a gente conhece.

   Que estás sentindo agora?

   Um impulso muito forte, de afeição por Vós os Dois – Tu e a Senhora.

   Prazer?

   Como queres que diga com estas palavras que tenho?

   Com outras muito menos, porque ninguém te entenderia. Diz com as palavras que tens: foi Prazer o que sentiste?

   Acho que sim.

   Diz com outras palavras.

   Uma onda de felicidade dentro de mim.

   Felicidade física?

   Sim, sim. Acho que para nós, homens, não há felicidade que não seja física.

   Porquê?

   Porque somos inconcebíveis sem corpo.

   “Para nós, homens” – disseste tu. E para Deus?

   Para Deus também não há felicidade que não seja física.

   Ah sim? Porquê?

   Porque Deus é inconcebível sem Corpo!

   Senti que todo o Céu se levantou, num imenso clamor. Como se todo ele aqui tivesse estado, a assistir a este diálogo, tenso, à espera daquele desfecho: “Deus é inconcebível sem Corpo”. Senti que Jesus ficou muito feliz: olhou o Seu Pai, depois a Sua Mãe, perante o clamor de alegria de todo o Céu. Todos olham agora especialmente a Senhora e vê-se que Ela é agora o Encanto do Pai e de Jesus e de todos os anjos e santos. Como se todo o Céu Lhe agradecesse o ter-Lhe dado Jesus, o Deus-com-Corpo, a Maravilha Suprema revelada a toda a criatura. É indizível o Encanto desta Rainha, que eu vejo frágil, diria que tem dezoito anos, está de pé, não sei que vestido tem, mas é muito lindo, a atitude, sobretudo a expressão do rosto, é de enleio e acanhamento, mas nada de definido Lhe distingo no rosto, porque o Seu Encanto me encandeia.

   E este Encanto da Senhora, o Encanto todo deste Céu aqui reunido costumamos chamá-lo nós Espírito Santo!

   Até tenho receio de chamar de novo Jesus ao diálogo…. Ele está ali tão feliz!… Não, não consigo incomodá-Lo agora. Parece que não tem olhos para mais ninguém senão para a Sua Rainha e o Seu Olhar é de puro agradecimento. Um cântico se eleva agora de todo o Céu, feito não sei de quê, mas tem Ternura e é fundo e é suave e é portentoso como se viesse do Universo inteiro.

   Porque Deus é inconcebível sem Corpo!

   Não, não vou chamar o Mestre agora para me explicar tudo o resto que eu queria saber. Mas o Espírito, este Permanente Milagre de Deus, está lá como se não estivesse aqui e está aqui como se não estivesse lá. E é Ele que me diz que este júbilo dos santos no Céu se deve também à esperança da Ressurreição dos seus corpos, que se avizinha. E diz-me que os anjos cantam o desejo de ter corpo. E que a grande raiva do Diabo é justamente por não ter corpo e foi por isso que ele me dificultou quanto pôde a fixação deste texto.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

1236 — O Mestre


   O Mestre tinha-me indicado uma pequena passagem do grande Profeta do nosso tempo, Vassula… Veja-se aqui a Sua originalíssima forma de ensinar.

30/6/96 1:14

   Jesus continua calado, caminhando. É bem a expressão do Amor concreto e puro, que sente antes de nós e connosco as nossas dores. Tenho que Lhe tocar no braço, que Ele parece ter-Se concentrado todo dentro de Si.

   Olha, Mestre, vamos àquele texto, até para Te distraíres, para aliviares um pouco a Tua tensão…

   Que foi? Ah, sim… Vamos lá.

   A frase, Mestre. A segunda.

   A primeira já está?

   A da Noite? Não sei, Mestre. Tu é que sabes.. Chamaste-lhe Mistério… Provavelmente não está.

   Sim. O Mistério da Noite! Não está. Nunca está. Mas basta por agora o que nele viste.

   Vamos então agora à segunda?

   Podemos ir, podemos ir.

   Então, Mestre? Como fazemos?

   Ahn? Desculpa…

   Vais tão preocupado, meu doce Amigo… Eu que Te posso fazer?

   Deixa lá. Isto passa. Vamos à frase.

   E como faço?

   Sintetiza, talvez…

   O Profeta diz que Tu lhe lançaste o Teu véu sobre os seus olhos para que ele dependesse inteiramente de Ti. Tu tens um véu, Mestre?

   Tenho.

   Jesus sorriu.

   Para quê? Que fazes com ele?

   Ponho-o nos olhos das pessoas.

   Mas isso… Como queres então que elas gostem de Ti?

   É mesmo para elas gostarem de Mim.

   É para jogar à cabra-cega?  

   Isso. Pode ser.

   E qual é a Tua ideia?

   Que elas, não vendo o que se passa à volta, aprendam a procurar sem ver.

   Mas isso… Os resultados não devem ser famosos, pois não?

   Pois não. Muitas desistem.

   Porque não mudas de jogo?

   Tenho outros. Mas dão menos resultado ainda: se as pessoas não deixarem de ver com os olhos, não aprendem a procurar com o coração.

   Cá está, Mestre! Sempre o coração!

   Pois… Tem que ser.

   Olha, Mestre: e quem diz olhos, diz ouvidos e diz tacto e diz gosto e diz olfato, não é? A Tua cabra-cega pretende eliminar os sentidos todos, não é?

   Não, não pretende eliminar; pretende curar os sentidos todos.

   Mas tem que os “desligar”.

   Sim, tem que começar por aí.

   Como um dos nossos aparelhos eléctricos: é preciso desligá-lo para o consertar, não é?

   Isso… Pode ser… como os aparelhos, sim.

   Então o aparelho fica inteiramente nas Tuas Mãos, é isso?

   Se as pessoas fossem aparelhos…

   Ah! Nem desligar-se elas deixam, não é?

   Pois….

   Com um safanãozito…talvez…

   Com safanões, alguns desligam-se, mas outros ligam-se mais ainda.

   Pobre Mestre! Consertar homens deve ser horrível!

   Não Me queres ajudar?

   Já sei: tenho que me desligar diante deles, fico totalmente dependente de Ti, Tu consertas-me, eles vêem-me consertado e vão querer também ser consertados! É isto?

   É, Meu amorzinho, é.

   Então força, Mestre: desliga, desamarra, desmancha, faz de conta que tens um brinquedo nas Tuas Mãos! Tal como diz o Profeta: “…e seja como um brinquedo na Tua Mão poderosa”! Ah, se as pessoas soubessem o que é ser manipulado pela Tua Mão poderosa! Não sei como fazes: consertados por Ti, suplantas o brinquedo original.

   Como sabes?

   De vez em quando ligas, para experimentar e a gente nota… Parece que Te sentimos o Coração na ponta dos dedos: onde tocas, a peça morta fica carne viva!

   Mas olha: relê a frase seguinte.

   Pois. “E, a partir de então, eu tornei-me um exílio, por Tua causa”.

    Está zangado Comigo, o Profeta?

   Não, não está. Está apenas constatando uma realidade.

   Mas parece magoado…

   Não, não está magoado: está só ardendo na ânsia de que o ligues de vez, no Teu Reino.