No jardim da casa
Escrevendo ...
Breves dados biográficos

O meu nome é Salomão. De apelido Duarte Morgado.

Nasci no ano de 1940 em Portugal, na aldeia do Rossão, da freguesia de Gosende, do concelho de Castro Daire, do distrito de Viseu.

Doze anos depois, 1952, entrei no seminário menor franciscano: eu queria ser padre franciscano.

Doze anos depois, 1964, fiz votos perpétuos na Ordem dos Frades Menores de S. Francisco de Assis seguidos, ao fim desse ano lectivo, da ordenação sacerdotal: eu era o padre que tanto queria ser.

Doze anos depois, 1976, pedi ao Papa dispensa dos votos que era suposto serem perpétuos e do exercício do sacerdócio, que era suposto ser para sempre, casei e tornei-me pai de quatro filhas.

Doze anos depois, 1988, fiz uma tentativa extrema para salvar o meu casamento, saindo de casa. Mas o divórcio de facto consumou-se.

Doze anos depois, 2000, surgiu na minha vida o mais inesperado acontecimento, que começou a ser preparado, sem que eu disso tivesse consciência, no meio deste ciclo, 1994. Foi aqui que comecei a escrever a longa Mensagem que senti Deus pedir-me que escrevesse em Seu Nome e a que Ele próprio deu o título de Diálogos do Homem com o seu Deus no Tempo Novo. Os textos agora aqui publicados são excertos desta vasta Profecia preparando a sua divulgação integral, no tempo oportuno, que desconheço.


Moro há 30 anos em Leça do Balio, concelho de Matosinhos, distrito do Porto.


Não são estas palavras mais do que um testemunho daquilo que vi, ouvi, senti, toquei. Não estão por isso sujeitas a nenhuma polémica. Todos os comentários que se façam, ou pedidos que se queiram ver satisfeitos, sempre serão respondidos apenas com novos textos: de mim mesmo não tenho respostas.




Observações


Muitos e verdadeiros Profetas têm surgido nos nossos dias. Um deles é Vassula Ryden, cuja profecia, "A Verdadeira Vida em Deus", teve um decisivo relevo no meu chamamento a esta missão e revela uma estreita complementaridade com esta Mensagem que escrevo.

Os algarismos desempenham nesta Profecia um papel muito importante como Sinais. Foram adquirindo progressivamente significados diversos. Assim:

   0 – O Sopro da Vida. O Espírito Santo.

   1 – A Luz. A Unidade. O Pai.

   2 – A Testemunha.

   3 – O Deus Trino. A Diversidade.

   4 – O Mensageiro. O Profeta. O Anúncio. A Evangelização.

   5 – Jesus.

   6 – O Demónio.

   7 – O Sétimo Dia. A Paz. A Harmonia.

   8 – O Oitavo Dia – O Dia da Queda e da Redenção. O Homem caído e redimido. Maria de Nazaré.

   9 – A Plenitude de Deus. A Transcendência. A Perfeição. O Regresso de Jesus. O Nono Dia.

Alguns agrupamentos de algarismos adquiriram também um significado próprio. Os mais claramente definidos são estes:

   10 – Os Dez Mandamentos. A Lei. A Escritura.

   12 – O Povo de Deus. A Igreja.

   22 – As Duas Testemunhas de que fala o Apocalipse.

   25 – A Alma humana.

   27 – Salomão, o meu nome que, derivando do termo hebraico Shalom, significa o Pacífico, a Testemunha da Paz.

terça-feira, 31 de julho de 2012

854 Ᾱ Alguma coisa tremenda terá que acontecer aqui

           11:36:43
   A imagem que geralmente os Profetas transmitem é a de alguém clamando num deserto. E não os imaginamos certamente gritando a sua mensagem frente a dunas de areia e a penhascos despidos de toda a verdura; sabemos muito bem de que Deserto se trata: o que nós vemos é ouvidos moucos e corações insensíveis. É a nossa própria experiência que no-lo diz: há um Deserto feito de pessoas que não nos ouvem, que não nos entendem, que não se preocupam connosco, que nos usam, que passam por nós como um rolo compressor cilindrando os nossos mais vivos sentimentos, que se cruzam connosco a grande velocidade, agredindo-nos como uma tempestade de areia. De um deserto de areia sai-se; deste, o da insensibilidade dos corações, é impossível sair.
   Então construímos abrigos, instalamo-nos o mais confortavelmente que podemos dentro desses pequenos oásis artificiais. Sair daí, só com muito cuidado. Os Profetas são dos poucos que saem para as dunas lá fora, dispostos a enfrentar a agressão das tempestades. E daí clamam, avisam, insistem. Denunciam. Anunciam. No meio da euforia espalhafatosa, falam de falsidade. No meio de esperas resignadas, falam de Esperança. No meio da Devastação, falam de Vida pujante. No meio do Desamor, falam de Amor – Amor fiel, Amor louco. No meio da Aspereza, falam de Ternura. Até que caem para o lado, chorando, sem forças para mais. Porque o Torvelinho passa, desaustinado, e ninguém ouve nada. Isto tem que parar. Alguma coisa tremenda terá que acontecer aqui…

segunda-feira, 30 de julho de 2012

853 — Fico destroçado quando me falam do valor literário destes textos

14/12/09 7:01
   Maria, os Sinais falam-me da Paz, do Espírito e da Luz. E deste modo me apontam o Mundo dos nossos Sonhos, cuja Manifestação tanto nos tarda, tanto, tanto!…
   Mas não desististe de esperar esse Dia, pois não?
   Às vezes é difícil manter-me firme, à espera…
   Conta, conta o facto que assim te fez aflorar esses sentimentos.
   Escolhi há dias um texto.
   Escollhemos há dias um texto…
   Sim, pois, desculpa. Um texto para enviar para o boletim da associação de padres casados a que pertenço. E li-o ontem a duas das minhas filhas que almoçaram comigo. Era sobre o Natal. Ao fim, a mais nova apenas disse que o texto não traz nada de novo – que a festa das luzes e das prendas fez esquecer completamente Jesus. Que está é literariamente muito bem escrito. E o facto de estar em diálogo – é um diálogo Contigo! – não questiona as pessoas? – perguntei. Que não, de maneira nenhuma; é apenas um recurso estilístico. Imaginação, apenas? Sim, claro, exactamente como os diálogos criados por qualquer romancista ou dramaturgo.
   E tu?
   Tentei não acusar o choque que aquele comentário me provocou. Mas foi como se caísse, desfeito, no chão.
   E todos os textos até hoje aqui escritos igualmente no chão, reduzidos a pó!?
   Pois… Tu sabes como fico destroçado quando me falam do valor literário destes textos.
   E porquê? Não valem nada, literariamente?
   Nunca fiz nada para que as pessoas reparassem no brilho da minha obra.
   A obra é tua?
   É esse o problema: a arte literária que porventura aqui haja é vista pelas pessoas como obra minha. Nunca a expressão da Mensagem é vista como obra de Deus. Ora, se a única coisa que destacam é a minha obra, como chegarão à mensagem?
   E que mensagem querias tu que elas captassem, naquele texto?
   Desde logo, a possibilidade real de um autêntico diálogo com Deus e com todas os habitantes do Céu. Depois o texto diz que Jesus está vivo e crescendo por baixo do espalhafato dos festejos natalícios; que por trás destes festejos o mundo está reduzido a um deserto gelado; que apesar disso Jesus insiste em nascer neste mundo da Ausência, porque veio buscar o que estava perdido e nos ama loucamente; que o Espírito vai reunir os pouquinhos que O sentem nascer e vai fazer deles uma Avalanche de Luz. E aquela minha filha não viu nada disto!
   Mas a tua filha é uma jovem, sem nenhuma formação teológica. Talvez que os teus colegas, a quem desta vez é dirigido, tenham uma reacção diferente, não?
   Não faço ideia. Também já um deles uma vez me gabou o valor literário e ficou-se por aí. Esse até me devolveu o livro!
   Pobre menino! Já não esperas então mesmo nada deste mundo!?
   Pelos resultados obtidos até agora… Não, Maria, não!… Ninguém vê o Tesouro aqui escondido!
   Então para que mandas tu o texto para o boletim?
   Porque não sei quando o Espírito virá desencadear a Hora. E porque Te senti junto de mim incentivando-me a mandá-lo…
   São 9:21!

domingo, 29 de julho de 2012

852 — O Fim não é a Catástrofe universal

            11:29:29
   É estranho o ponto aonde vai ter a mensagem da vigília. Dir-se-á que é feito ali um apelo a que se apresse a Catástrofe. Mas todos os que leram desde o princípio estes Diálogos sabem qual é a meta a que eles se dirigem: a sua visão do Fim é tudo o que há de mais contrário a uma Catástrofe universal, em que toda a vida pereça. Por mais frequentes que sejam os queixumes do Profeta, por mais vasto e permanente que seja o Deserto em que vive, sempre sobre todos os cenários se realça uma imensa Vaga de Vida saída das entranhas da Terra e alimentada pelo Céu, sempre crescendo, até desaguar, triunfante, no Paraíso de novo, superior em Força e Beleza ao primeiro.
   Mas sempre se disse aqui também que aquela Vaga continuamente vem avisando, no seu avanço, que as Torres que erguemos não têm consistência de alicerces, nem se conseguem renovar a si mesmas, que a Vida tem mil vezes mais força que a Morte e que o estrondo sucessivo da nossa Obra caindo vai um dia desembocar num redondel sem saída, numa Angústia tal que, apesar de tanto sofrimento, ainda se não tinha experimentado em toda a Historia. Isto está-o dizendo hoje, com voz mais veemente e aflita que nunca, aquela Vaga. Porque ninguém ouviu os seus avisos. Agora são os nossos próprios homens de ciência, os mais directos responsáveis pela revolta dos elementos feridos na sua Harmonia, que não conseguem esconder, no tom alarmado das suas declarações, a iminência da Catástrofe. Chegam mesmo a sussurrar para os mais atentos que ela é já inevitável. Mas não seriam até necessários os cientistas: como Jesus naquele tempo, também hoje quem está atento aos Sinais vê que o avanço para o Calvário é já irreversível. Então o que tem que ser feito que se faça depresssa!…

sábado, 28 de julho de 2012

851 — O que temos a fazer, que o façamos depressa

13/12/09 7:35
   Ah, Maria, nós fomos feitos para sermos felizes! Todos, sem excepção. E também todas as outras criaturas, acarinhadas e protegidas por nós, seriam totalmente felizes! Que distância vai deste Paraíso para a realidade que temos! E isto há tantos séculos, tantos milénios! Já basta, meu Amor, não achas?
   Todos acham, Salomão, todos acham que é tempo de sermos felizes. É tempo há muito tempo…
   Que enigma, não é, Maria? Todos os seres clamam por felicidade, procuram-na todo o tempo e a roda do tempo rola sem que se veja a felicidade aproximar-se sequer!
   A ti, Meu amor, já uns olhos novos se te abriram, já o Enigma está desfeito diante de ti. Tu já sabes porque assim estamos e como podemos sair daqui.
   Sim, sim, eu sei tudo isso, mas o Enigma continua diante de mim. Porque não vêem as pessoas que a nossa Obra não nos traz a felicidade, depois de tantos milénios de contínuas tentativas para o conseguir? Porque não vemos que estamos sendo usados por um Monstro que nos enganou?
   Porque os nossos olhos estão bem fechados e o Monstro nunca dorme, não achas?
   Nunca dorme? Ele não é Deus!
   Mas é espirito puro. Não está condicionado pelo peso da matéria. É gigantesco e é ágil e instantâneo como pensamento. Ele consegue, por isso, em todo o seu vastíssimo Imperio, detectar o mínimo sinal de perigo para o seu reino.
   Espera… Não serás agora Tu que estás a tirar das nossas costas toda a responsabilidade?
   Não, não estou a tirar a nossa; estou só a por às costas do Diabo a responsabilidade que ele tem e que ninguém lhe atribui.
   Ah, Maria, quanto avançámos já neste tão tenebroso território! O Diabo, no início desta escrita, era só uma presença do meu tamanho, era só um olho vigiando como se estivesse todo concentrado em mim; agora é um Dragão com um tamanho descomunal e com um tremendo poder! E lembrar-me eu de que antes daquele início o Diabo nem sequer fazia parte das minhas preocupações! Era como se não existisse!
   Vês? Foi exatamente isso que ele conseguiu de todos nós: que não déssemos pela sua existência.
   Por isso ele cresceu e tomou conta de tudo impunemente!
   Cresceu?
   Tudo o que Deus faz nunca fica igual nem minga; sempre cresce foi isto que Jesus me ensinou.
   Cresce mesmo para o lado do Mal?
   Cresce sempre, seja qual for o caminho que escolha foi assim que entendi.
   Então nunca nos vamos ver livres do senhor das Trevas!?
   Sucede que também nós homens crescemos sempre. Está à vista a gigantesca Obra que erguemos.
   Pior! Então agora é que será mesmo impossível abrirmos os olhos…
   É que também crescemos em sofrimento, em cansaço, em frustração. Estamos à beira da Desilusão total.
   Então já não vale a pena impedir nada!?
   Não; o que temos a fazer, que o façamos depressa.
   São 9:24!!

sexta-feira, 27 de julho de 2012

850 — O Tabu perfeito

           11:37:26
   Falo de Sexo, aparece o Diabo! E muito provavelmente eu serei um dia associado ao Diabo por muitos dos que me lerem e por outros que através destes tenham ouvido falar de mim. E não pelas grandes heresias teológicas que porventura aqui descubram, mas por uma coisa muito mais simples, que só muito indiretamente tem a ver com o Dogma: o Sexo. A Teologia Dogmática julgo que nem fala dele. E mesmo a Teologia Moral, que tantas páginas encerra sobre a Sensualidade e as suas implicações nas relações humanas, ao aproximar-se do Sexo pára, eriça-se e afasta-se sussurrando coisas, com um ar estranho, entre arrepiado e curioso…
   O Tabu perfeito! Parece até que o Santo Temor que inundava o coração dos nossos progenitores primordiais, ao contemplarem as duas Árvores especiais do Paraíso, foi transferido para este outro centro. E de Temor Santo se fez Medo. Isto é, enquanto as Árvores se deixavam contemplar e nos poderíamos inebriar com a sua beleza, uma vez violado o seu Mistério ao apropriarmo-nos do seu fruto, a fonte da nossa felicidade, que as havia de substituir, construiu uma muralha à sua volta, artilhou-se com todo o tipo de armas, e nas vigias, em cada esquina, colocou espectros assustadores. E a nova situação tornou-se, esta sim, friamente cínica. Ela proclama: Agora tudo é nosso! Mas acrescenta: A felicidade, no entanto, só será servida a quem e como eu quiser! E ninguém mais soube ao certo quem seria este “eu”; só ficámos a saber que não é já o Senhor nosso e daquelas Árvores, que a Vida e a Harmonia começaram a perder a força, e que ali, naquele novo centro estava agora a nossa felicidade. Aprisionada. Agressiva. Discriminatória…

quinta-feira, 26 de julho de 2012

849 — O significado das duas Árvores especiais do Paraíso

12/12/09 8:10
   O Amor deveria ser sempre ardente, não concordas, Maria?
   Em vez de ardente, ias escrever outra coisa…
   Escaldante.
   E porque não usaste essa palavra?
   Tem uma conotação exclusivamente sexual…
   Mas tu vens dando ao sexo uma importância que se diria nuclear, no Amor…
    Ah, Maria, às vezes gostaria de ter uma visão que abarcasse todo o Mistério ao mesmo tempo…
   Para distinguires o nuclear do periférico?
   Para ver o lugar de todas as coisas na Harmonia. Para ver a Vida e a Harmonia juntas no Amor universal.
   Achas que o Amor é feito dessas duas Forças?
   Elas são as duas Árvores que Deus colocou no nosso antigo Paraíso, de cujo fruto não poderíamos comer, porque era necessário que elas transcendessem sempre a nossa condição de criaturas. Havia uma fronteira a manter: nós éramos só Imagem, só Semelhança de Deus.
   Ainda não te sentes muito confortável com aquela proibição…
   Eu já vi que não era uma proibição; era só uma informação… À primeira vista, a situação parece ter, de facto, algo de cínico: Deus colocara ali aquelas duas Árvores, certamente com os mais apetitosos frutos – e ao mesmo tempo impedia-nos de os comer! A nossa lógica, revestida de dignidade moral, diz-nos que das duas, uma: ou Deus não punha ali as Árvores ou, se ali as exibia, não nos poderia proibir de chegar a elas, como a todas as outras e comer dos seus frutos. É muito difícil explicar porque fez Deus isto.
   Explicar. Mas entender, tu já entendeste!?
   Tu sabes que agora eu só vejo nas Decisões de Deus Amor puro.
   E em que consistiu o Amor, naquela Decisão de colocar as Árvores no Paraíso?
   Consistiu na revelação da Verdade inteira, sem nenhuma reserva. Tenho escrito que Deus é ingénuo e esta Ingenuidade é dos Atributos que mais me espanta e mais aproxima Deus de nós. Ele transforma o Amor de Deus numa Ternura infinita, numa doação indescritível. Com aquelas duas Árvores Deus escancarou-Se literalmente perante nós. Ele mostrou-nos a própria Fonte da nossa Felicidade. Disse-nos que a nossa natureza era feita de uma substância que não comportaria aqueles frutos. Podia ocultar-nos isto? Podia. Mas a Liberdade que nos deu não seria plena.
   Isto é, o Homem deveria ser o que era por livre escolha e não por ignorância de uma parte substancial da Realidade!?
   Sim!… A Felicidade do Homem enquanto criatura era plena, mas deveria ser escolhida e aceite sem condicionalismos de nenhuma espécie. Para isso o Homem precisava de ter a visão da Existência toda! Não é esmagadora, Maria, a Ingenuidade de Deus?
   Se nós tivéssemos esta Ingenuidade, o nosso amor seria sempre ardente?
   E até escaldante!… Agora que Deus e Homem, Espírito e Carne se tornaram Um só, nada me admiraria se o Sexo passasse a estar no Núcleo, no Coração da Existência, irrigando com as suas pulsões vigorosas todo o Corpo do Ser com uma Sensualidade inebriante!
   São 10:22!?


quarta-feira, 25 de julho de 2012

848 — Um só Sinal de Unidade: Pedro

           - 19:41:37

   É sobre a Paz que se refundará a Igreja de Jesus - disse-o Ele próprio um dia, solenemente, nestas páginas e havia-o dito muito antes quando inspirou o meu pai terreno a marcar-me com este nome que transporto.

  Nada na nossa vida acontece por acaso. Vemos isto quando os novos olhos se nos abrem. Há-de verificá-lo cada um em si próprio, à medida que começar a ouvir o murmúrio da sua Alma: em tudo o que nos aconteceu há uma marca do Dedo sábio e misericordioso de Deus. Mesmo quando fizemos asneira, asneira autêntica, objectiva. É que nós mandamos na nossa vontade, mas não mandamos no Plano de Deus: a partir do próprio momento em que fazemos a asneira, ela passa a ser material que Deus manipula segundo o Seu Olhar misericordioso, inserindo-a no Seu Plano a nosso respeito. Se e quando mais tarde finalmente o ouvirmos, verificaremos que até a nossa maldade foi estendida diante de nós, com enternecedora delicadeza, como prancha para subirmos para o navio que nos levará a porto seguro.

   O cuidado especialíssimo que Jesus manifesta para com o Seu Pedro não o torna maior que qualquer um dos outros discípulos: o Mestre precisa apenas de assim gritar a todo o mundo que não quer senão um Sinal de Unidade no Seu Rebanho.

terça-feira, 24 de julho de 2012

847 — O cuidado de Jesus com a Fé de Pedro

            - 12:32:05/6

   Esta imagem diz-me que o Dragão tudo fará, mobilizando todo o seu poderio acumulado até hoje, para substituir Jesus e o Espírito na Igreja de Deus. E mais me acrescenta neste momento a imagem que todo o embate desta guerra se centrará na Testemunha de Deus.

   E devo registar que estou pensando em Pedro como aquela Testemunha. Sei, porém, que com ele estarão ou outros Apóstolos desses agitados tempos que os Profetas chamam os últimos, formando um só coração vivo, suportando o embate. Mas foi a mim pessoalmente que Jesus me fez sentir esta noite, em sensação muito concreta, aquela situação. A névoa pesando, densa, sobre mim e envolvendo-me todo, um silêncio opressivo entrecortado de corrosivos risos de troça, uma enorme dificuldade em ouvir Jesus - tudo isto prefigura uma situação muito real que dentro em breve viverei. Eu pessoalmente, como Pedro. De facto, eu não tinha mais ninguém comigo, no acontecimento que Jesus me fez viver nesta vigília.

   É estranho o cuidado que Jesus põe no fortalecimento da Fé do Seu Pedro: ele, ele pessoalmente, ele, mesmo que ninguém mais esteja com ele, terá que ser um rochedo vasto e firme, sobre o qual se erga, sólida, imparável, a Igreja de Jesus.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

846 — O inamovível lugar de Pedro

24/2/00 - 2:12

   Numa leitura directa, estes Sinais dizem-me que sou Testemunha da Igreja.

   - E que quer isto dizer, Mestre? Fala comigo, que estou de coração oprimido pela secura… Vê há quanto tempo estou parado.

   - Descreve, o mais exactamente possível, a tua situação interior.

   - É como um território de névoa, onde nada de definido se consegue ver e onde por isso também os passos são travados. É todo um clima mole, em que só apetece dormir…

   - Mas há pensamentos que vêm e vão…

   - Sim, pensamentos vagabundos, apenas, mas nenhum sentimento, a não ser esta mágoa, meia embotada também, de nada sentir. Vês como não consigo captar nenhuma palavra Tua?

   - É só de Mim que tens dificuldade em captar a Voz?

   - Há outras vozes e imagens, mas muito fugidias também… Esta névoa é densa… Pareço estar num pântano…

   - E que mais gostarias de ouvir neste momento?

   - Que através desta situação estou sendo moldado à Tua perfeita Imagem.

   - E o que pode estar a ser moldado em ti com semelhante material?

   - Várias coisas: a Paciência, a Esperança, a Humildade, o Discernimento…

   - E isso são características de alguém que deva ser Testemunha da Minha Igreja?

   - Certamente.

   - Há alguma coisa de comum entre aquelas características?

   - Parecem remeter todas para segurança, solidez…

   - Também o Discernimento tem a ver com solidez?

   - Pois tem: se não houver um discernimento agudo das situações, instala-se a insegurança.

   - E porque é que esta situação que estás vivendo te pode dar o Discernimento?

   - Porque é uma situação difícil, exactamente contrária à claridade, à definição. Nela sou obrigado a procurar, com paciência, com esperança, com humildade, a Luz. Em situações assim olha-se muito para dentro, à procura de qualquer coisa de nítido.

   - E que ouviste, para além da Minha Voz?

   - Com maior nitidez que o habitual ouvi, a espaços, uma gargalhada estridente, de troça.

   - E como passaste a ouvir a Minha Voz, que de início tanto te custava ouvir?

   - Esperando, com paciência.

   - No meio de gargalhadas de escárnio?

   - Sim, Mestre.

   - No meio de um silêncio enevoado e pesado?

   - Sim, um silêncio opressivo.

   - Escreve agora as palavras que aprendeste noutros tempos e que desde o início te bailam no espírito.

   - “Onde está Pedro, aí está a Igreja”.

   - Então nunca saias do teu lugar, mesmo que à tua volta haja só um silêncio opressivo, cortado por gargalhadas de escárnio.

   São 4:53.

domingo, 22 de julho de 2012

845 — Eu quero ser de novo puro Homem


            -  9:20:56

   Parece teologia abstracta, teórica, aquilo que ultimamente escrevi sobre a nossa natureza e a natureza de Jesus. Mas não é. Nunca é abstracto, nem teórico o que escrevo. Tudo jorra para o papel a partir da fonte da minha Alma, penosamente desentulhada muitas vezes pelo coração, cada vez mais robusto, cada vez mais dilatado.
   É, pois, na busca sedenta da minha unidade que mais recentemente tenho avançado, porque justamente me sinto dividido entre o meu Barro que ainda e sempre teima em colar-se ao chão, e o meu Espírito que está tentando invadi-lo através das pulsações fortes do meu coração libertado, enfim, da opressão da Cidade. E a minha ânsia máxima é que o Espírito tome inteira posse do meu Barro, vivificando-o completamente, para que eu regresse, enfim, à minha genuína natureza de Homem.

   Eu quero ser de novo puro Homem!

   Mas quando isto desejo já não me contento em ser o Homem-criatura das Origens; eu quero mais, muito mais: eu quero ser o Homem das Origens escolhendo ser Filho de Deus! Eu quero ser um Homem Filho de Deus.

   Mas como? Para que eu seja um Homem Filho de Deus, um Homem verdadeiramente Filho natural de Deus, não é necessário que Deus seja verdadeiro Homem? Se Deus não existir antes de mim como Homem, como pode a minha humanidade nascer d’Ele?

   - Jesus, vem escrever comigo a mais louca heresia de todas quantas me fizeste escrever.

   - E queres escrevê-la?
   - Já agora… Mostra-nos mais um pouco da loucura da Misericórdia de Deus.

   - É só mais um pouco do Mistério do Amor o que desejas escrever?

   - Sim, é só mais um pouco: o Mistério do Amor amplia-se sempre como Mistério à medida que se revela.

  - Ao escreveres a heresia de que falas, ampliou-se diante de ti o Mistério do Amor?

  - É isso mesmo, Mestre: Deus será sempre mais fundo Mistério para mim.

  - E que região do Mistério de Deus atinge a tua heresia?

   - O Mistério do Homem.

   - O Mistério do Homem faz parte do Mistério de Deus?
   - Todos os Mistérios fazem parte do Mistério de Deus. Mas o Mistério do Homem, está-me aparecendo agora tão grande, tão fundamental em Deus!…

   - É aí que se situa a tua heresia?
   - Não queres dizer nossa heresia, Mestre?

   - Quero, Meu filhinho. Diz nossa.

   - Acho que já está escrita a heresia!…

   - Ai já? Onde?
   - Tu disseste “filhinho”!

   - Sim. E depois?

   - Tu disseste assim que a Tua natureza é a de um Homem que gerou outro Homem!

   - Eu sou Deus verdadeiro?

   - És.

   - Então também tu és Deus verdadeiro!?

   - Sou.