No jardim da casa
Escrevendo ...
Breves dados biográficos

O meu nome é Salomão. De apelido Duarte Morgado.

Nasci no ano de 1940 em Portugal, na aldeia do Rossão, da freguesia de Gosende, do concelho de Castro Daire, do distrito de Viseu.

Doze anos depois, 1952, entrei no seminário menor franciscano: eu queria ser padre franciscano.

Doze anos depois, 1964, fiz votos perpétuos na Ordem dos Frades Menores de S. Francisco de Assis seguidos, ao fim desse ano lectivo, da ordenação sacerdotal: eu era o padre que tanto queria ser.

Doze anos depois, 1976, pedi ao Papa dispensa dos votos que era suposto serem perpétuos e do exercício do sacerdócio, que era suposto ser para sempre, casei e tornei-me pai de quatro filhas.

Doze anos depois, 1988, fiz uma tentativa extrema para salvar o meu casamento, saindo de casa. Mas o divórcio de facto consumou-se.

Doze anos depois, 2000, surgiu na minha vida o mais inesperado acontecimento, que começou a ser preparado, sem que eu disso tivesse consciência, no meio deste ciclo, 1994. Foi aqui que comecei a escrever a longa Mensagem que senti Deus pedir-me que escrevesse em Seu Nome e a que Ele próprio deu o título de Diálogos do Homem com o seu Deus no Tempo Novo. Os textos agora aqui publicados são excertos desta vasta Profecia preparando a sua divulgação integral, no tempo oportuno, que desconheço.


Moro há 30 anos em Leça do Balio, concelho de Matosinhos, distrito do Porto.


Não são estas palavras mais do que um testemunho daquilo que vi, ouvi, senti, toquei. Não estão por isso sujeitas a nenhuma polémica. Todos os comentários que se façam, ou pedidos que se queiram ver satisfeitos, sempre serão respondidos apenas com novos textos: de mim mesmo não tenho respostas.




Observações


Muitos e verdadeiros Profetas têm surgido nos nossos dias. Um deles é Vassula Ryden, cuja profecia, "A Verdadeira Vida em Deus", teve um decisivo relevo no meu chamamento a esta missão e revela uma estreita complementaridade com esta Mensagem que escrevo.

Os algarismos desempenham nesta Profecia um papel muito importante como Sinais. Foram adquirindo progressivamente significados diversos. Assim:

   0 – O Sopro da Vida. O Espírito Santo.

   1 – A Luz. A Unidade. O Pai.

   2 – A Testemunha.

   3 – O Deus Trino. A Diversidade.

   4 – O Mensageiro. O Profeta. O Anúncio. A Evangelização.

   5 – Jesus.

   6 – O Demónio.

   7 – O Sétimo Dia. A Paz. A Harmonia.

   8 – O Oitavo Dia – O Dia da Queda e da Redenção. O Homem caído e redimido. Maria de Nazaré.

   9 – A Plenitude de Deus. A Transcendência. A Perfeição. O Regresso de Jesus. O Nono Dia.

Alguns agrupamentos de algarismos adquiriram também um significado próprio. Os mais claramente definidos são estes:

   10 – Os Dez Mandamentos. A Lei. A Escritura.

   12 – O Povo de Deus. A Igreja.

   22 – As Duas Testemunhas de que fala o Apocalipse.

   25 – A Alma humana.

   27 – Salomão, o meu nome que, derivando do termo hebraico Shalom, significa o Pacífico, a Testemunha da Paz.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

917 — Maria


   Todos nós concordaremos em que não será nada fácil para Jesus suportar o facto de a Sua própria Mãe se ter tornado um factor de divisão na Sua Igreja. Não sei se também por isso mesmo, nunca na minha vida Maria adquiriu especial relevo até ao momento deste meu encontro pessoal com Jesus, que coincidiu com o início desta escrita. A partir daqui não tardou Jesus em aproximar progressivamente dos meus olhos esta nossa pequenina Irmã de Nazaré, até fazer d’Ela, no meu coração, Encanto puro. A mensagem seguinte é só um leve vislumbre deste encantador Mistério:

    Quando Maria é proclamada Rainha da Paz, isso não significa que a Sua Presença harmonize a Luz com as Trevas, o Bem com o Mal. Também Ela desinstala do pretenso equilíbrio em que queremos o Céu, mas não estamos resolvidos a deixar o Inferno. Também Ela provoca a guerra. Ela, a clemente, a doce, a pura Virgem Maria.

   O que Maria tem é o Seu específico, o Seu inconfundível Carisma feminino. Ela é feminina no Corpo, feminina no Coração, feminina em toda a Sua maneira de agir. Tem tudo o que de mais encantador podemos imaginar numa mulher. A Sua doçura nunca é piegas, lamechas, enjoativa. O Seu agir nunca é mole, permissivo, deixa-pra-lá. Todas as Suas expressões e gestos são de uma vivacidade fascinante. A Sua Força está toda nesta Sua feminilidade que nos subjuga de puro Encanto. Por isso Ela é omnipotente. Mas esta omnipotência tem uma característica arrebatadora: é leve, é frágil. Mesmo quando é “terrível como um exército em ordem de batalha”, é o poder esmagador desta fragilidade que A torna terrível: ninguém Lhe consegue resistir. Por isso no imenso mar impotente das nossas palavras não encontrei melhor forma de caracterizar o Encanto desta Rainha senão chamando-Lhe Fragilidade Omnipotente.

   E é esta uma forma tipicamente Sua de desinstalar as pessoas e de as lançar na luta por um Mundo que nada tem a ver com este. Ela leva ao extremo o Mandamento do Seu Filho e Senhor e Enamorado: Ela vence as pessoas amando-as desta forma irresistível. Sei que há muita gente servindo-se d’Ela para se instalar mais confortavelmente neste mundo governado por Satanás. Não admira: ao longo da História nós servimo-nos do próprio Evangelho, do próprio Deus para cometermos horrores. Mas trata-se, neste caso, de corações ainda inteiramente mergulhados nas Trevas. Sabemos mesmo como alguns, aceitando Jesus, rejeitam qualquer veneração da Sua Mãe! Mas o Espírito virá tocar os corações. E quando eles se abrirem, a nossa frágil Irmã de Nazaré arrasará o reino satânico. (Dl 28, 17/9/04)

 Veja também  o surpreendente texto 419 (Maio 2011)

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

916 — Um só Pastor


   Conhecemos certamente muito bem estas palavras de Jesus: Há só um Pai e vós sois todos irmãos. Há só um Mestre; Eu sou o vosso Mestre. Há um só Pastor; Eu sou o bom Pastor. Olhamos no entanto para as várias igrejas e aquilo que nos dá nas vistas a nós e a todo o mundo é, em todas elas, sem excepção, uma organização solidamente alicerçada e mantida por muitos pais, ou padres, por muitos mestres, por muitos pastores, todo um conjunto de pessoas que se destacam da grande massa dos membros comuns e anónimos e que tudo mandam, tudo sabem, tudo controlam e dirigem na respectiva organização. Seguramente, portanto, não foi isto que Jesus quis, não é isto que Ele quer. E não desiste do Seu Sonho, por mais argumentos que amontoemos para Lho não realizarmos. Ora ouça-se:

    Admitimos facilmente que uma pequena família possa ser governada pelo Amor, apenas. Admitimos até que uma pequena comunidade possa ser governada exclusivamente pelo Amor. Mas já nos custa muito mais imaginar a Igreja inteira, composta de milhões de pessoas, sem chefes, sem nenhuma hierarquia, governada toda exclusivamente pelo Amor.

   Tem que haver referências – dizemos nós. Tem que haver pelo menos pessoas que sirvam de exemplo, que coordenem uma actividade conjunta, que decidam coisas práticas. Tem que haver pelo menos alguém para quem as pessoas olhem, em caso de dúvida. Nós precisamos de referências visíveis que ao menos nos sirvam de Sinal apontando o Caminho – insistimos. Nós temos carne, caramba! – rematamos nós, sinceramente convencidos da nossa sensatez.

   E quem sou eu para ver mais do que vós, meus irmãos? Também eu procuro e creio no que vou encontrando, apenas. E agora de repente julgo ter visto justamente aqui a resposta para as nossas tão oportunas e sinceras interrogações: referências e sinais para os outros são sempre e só todos aqueles que procuram e crêem no que vão encontrando!

   De facto o Ensinamento de Jesus é muito claro e insistente neste ponto: ninguém possui toda a Verdade – a Verdade é Ele, apenas, e é o Espírito que nos vai conduzindo para a Verdade total. Nós somos todos peregrinos e caminhantes. Somos Abel, sempre andando à mercê da fome e da sede do Rebanho inteiro. E há só um pastor deste Rebanho: Ele mesmo, o próprio Jesus.

   Não sei que mais vos possa dizer, meus irmãos. Não posso ir para além da Luz que em cada momento a mesma Luz me vai mostrando. E que podemos, afinal, fazer todos nós senão seguir em cada momento a Luz que descer ao nosso coração em resposta às nossas interrogações? O que eu sei, e sabemos nós todos do Evangelho, é que a Luz não vem deste ou daquele, por mais santo que todos o considerem, mas está sempre e só no nosso Redentor Jesus. Não posso, de modo nenhum, afastar-me deste Ensinamento, que Jesus mantém hoje, em todos os Seus Profetas.

   Mas a Sua Luz vai avançando sempre. E à medida que avança transforma aqueles que a recebem igualmente em Luz. E sabemos que, tornados Luz, nos tornamos Amor. Deste modo, também, obviamente, os nossos companheiros de cada momento nos podem tocar com os raios da Luz que receberam. Por isso Jesus diz que onde se reunirem dois ou três, Ele mesmo estará no meio deles. O que importa, então, é que, ao reunirem-se, cada um deixe brilhar perante os outros a sua Luz. É esta a forma mais natural de orar: dar testemunho das “maravilhas de Deus” que Jesus for revelando em cada um. Deste modo a mesma e única Luz brilha em toda a Igreja e também se detectam as zonas tenebrosas. É preciso deixar o Espírito agir.


   Se vivermos tensos procurando a Face do Senhor, até uma criança pode ser o nosso guia num
momento em que se tenha instalado uma dolorosa dúvida no nosso coração. Importa, pois, para o governo da Igreja, apenas que uns dos outros ouçamos as “maravilhas de Deus”: elas próprias orientarão os corações sem os violentar.

   Quem diz ouvir, diz ver, diz captar com qualquer um dos cinco sentidos. A Luz de Deus pode ver-se em simples gestos, em simples atitudes, no comportamento geral de alguém. Pode saborear-se, cheirar-se, tactear-se no abraço sensual a uma criança, a um corpo amado. E tenhamos em conta que na Igreja Refundada nada em nós será excluído do Amor total – obviamente também a Carne nele participará na plenitude da sua capacidade de sentir.

   Deste modo, não precisamos mais de um “magistério oficial”. É que não haverá mais doutrina nenhuma a definir e a defender: a Luz que nos virá de cada um será tão diversificada e tão clara, que nenhum sábio será capaz de a “sistematizar”, nem ninguém que tenha os olhos abertos pela Luz necessitará de semelhante trabalho. Importa, pois, que de modo algum se institucionalizem os Carismas individuais; antes se favoreçam. E assim nunca a Igreja se tornará numa sempre mortífera Instituição. (Dl 28, 14/9/04)

 São muitos, aqui, os textos que poderiam complementar este; o 134 (Julho 2010) e o 575 (Outubro 2011) são particularmente oportunos.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

915 — Sem Yahveh, nada é


   J.N.S.R. - Je-Ne-Suis-Rien - Eu-Não-Sou-Nada foi o nome adoptado pela francesa Fernanda Navarro para assinar a Profecia “Testemunhas da Cruz”, que em Seu Nome Jesus lhe pediu que escrevesse. Esta é a sensação mais inesperada e profunda que, logo no início, passa a dominar os convertidos: não ser nada. Há uma consciência imediata de que tudo neles é exclusiva obra de Deus, que, de si próprios, só têm a deficiência e a maldade para Lhe apresentar. É esta uma visão intuitiva, que radica naquilo que a seguinte mensagem tenta transmitir.

 
   Está escrito: “Sem Mim, nada podeis fazer”. Esta palavra poderia ter sido pronunciada logo depois do Pecado pelo Coração do Senhor Yahveh despedaçado de dor, enquanto o homem se afastava do Paraíso, obstinado na sua Traição.

   E nunca até hoje o homem quis ouvir esta advertência do seu Criador.

   Porque o homem, de olhos esgazeados presos ao satânico Projecto que lhe prometia ser sábio como Deus, ser criador como Deus, ser deus como Deus, logo se pôs a executar o megalómano e insensato Projecto. E nele trabalha desalmadamente, sem parança, até hoje, num absurdo desgaste de todas as suas energias. O resultado deste seu empreendimento começa agora a tornar-se tragicamente visível: a Civilização está esmagando e desarmonizando a Natureza, a ponto de esta, ferida nas suas leis inamovíveis e inexoráveis, estar já dando claríssimos sinais de uma revolta global iminente.

   Só ouvindo agora finalmente aquela palavra do nosso amoroso Criador, tão luminosa como a própria Verdade, será possível evitar a medonha Catástrofe. E, se não formos a tempo de a evitar, só será possível renascer da consumada Tragédia ouvindo então aquele dorido aviso actualizado por Jesus, Deus-Connosco, quando veio assumir a nossa tenebrosa Loucura. (Dl 28, 13/9/04)

 Veja também o texto 39 (Março 2010)

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

914 — O Projecto


   Dizem os nossos sábios, e estamos vendo nós todos, que este nosso mundo se transformou numa “aldeia global” e que cada vez mais indícios se amontoam de que virá a ter um governo único, com um Projecto também único. E nada mais lógico: estava assim previsto na cabeça da Serpente quando, ainda no Paraíso, ela se aproximou de Eva, esta se aproximou de Adão já com o fruto na mão pronto a comer, e os dois decidiram alinhar no tremendo e fascinante Projecto de substituir Deus. É incontornável considerar este momento, se quisermos entender o que se passa connosco. É dele que fala a mensagem seguinte:

   O nosso mundo interior é olhado sempre com desconfiança pela Ordem estabelecida desde há muito em toda a terra, controlada, com sabemos, pelo “príncipe deste mundo”. Aqui o que é respeitado não é aquilo que vem de dentro, mas aquilo que o próprio Sistema estabeleceu como bem e como mal. É preciso, de facto, recordar continuamente que o Pecado consistiu em ter o Diabo levado o homem a comer o fruto da Árvore-da-Ciência-do-Bem-e-do-Mal. Isto é, o Diabo conseguiu do homem a adesão ao seu projecto de construir um mundo em que quem determinaria o que é bem e o que é mal deixaria de ser Deus e passaria a ser ele, Satanás, transmitindo ao homem a ilusão de que seria ele, o homem, o detentor desse poder, com o qual construiria o seu próprio reino, que governaria como deus.

   Pura ilusão, de facto: nem esse poder o homem assim conquistou; o satânico Projecto nasceu mesmo na mente de Lúcifer e o homem tornou-se nada mais que o seu servidor, consumindo todas as forças que lhe restaram na sua execução; a central de comando deste monstruoso reino nunca esteve no homem, mas sempre pertenceu à Serpente que abordou Eva no Paraíso. É esta uma outra palavra de Jesus que é preciso ouvir agora de novo, definitivamente: Satanás é o “príncipe deste mundo” e como tal “assassino desde o princípio e pai da Mentira”.

   Muita atenção, portanto. É preciso ter bem presente que o Sistema em que nascemos e crescemos montou um verdadeiro dique à volta da nossa intimidade, para que ela não possa manifestar-se: se ela jorrar, livre, de dentro, o Sistema sabe que será irremediavelmente destruído. É que o Diabo não conseguiu levar o homem a comer o fruto da Árvore-da-Vida – a Vida continua, pura, ondeando prisioneira dentro de nós! Por isso, sempre que duvido dos Sinais vindos desse meu mundo interior, Jesus Se apressa a fazer-me os carinhosos Sinais da Sua Paz.


   Mais uma vez o Céu, no Sinal do meu nome, vem dizer que me ama. Mas eu não fiz nada de especial; pelo contrário, deixei-me ir ao sabor do impulso de cada momento, sem fazer nenhum esforço para me ligar de forma supostamente directa ao Céu. Não fiz nenhuma oração para além dos tempos que costumo ocupar com a audição directa do núcleo central da minha Alma, que são quase sempre os momentos em que escrevo. Apenas, ao olhar o relógio, quase sempre os algarismos se tornam Sinais do carinho do Céu protegendo-me e dando-me coragem para me manter sempre assim, atento apenas ao mundo interior de cada momento.

   Mas esta é uma situação estranha do ponto de vista dos nossos hábitos morais e religiosos e por isso me coloca em permanente tensão, solicitando de mim uma redobrada vigilância e um ouvido particularmente atento. Sinto, no entanto, que deverá ser esta sempre a atitude da Igreja no seu todo: ela deve saber esperar pela hora oportuna para cada passo que deva dar a caminho da Luz. O Espírito é o seu único Guia. (Dl 28, 12/9/04)

 Particularmente esclarecedor é, aqui, o texto 475, complementado com o 476 (Julho 2011)

domingo, 27 de janeiro de 2013

913 — Um intrigante Silêncio


   Desde o início de Dezembro passado, os excertos dos “Diálogos do Homem com o seu Deus no Tempo Novo” aqui publicados foram escritos durante 2004, ano em que, inesperadamente, os meus Interlocutores, a quem eu chamo os meus Amigos do Céu, suspenderam o diálogo comigo, mas não a Sua Presença. Ainda hoje estou sem saber exatamente porquê; só sei que assim foi necessário e foi bom. Estas mensagens dialogadas, que são bem a imagem de marca desta Profecia, foram retomadas nos fins daquele mesmo ano de 2004, mantendo-se até hoje. Quando regressaram, o “clima” passou a ser bem diferente: exaltante, festivo, como se no Céu tivesse sido tomada, enfim, uma Decisão que implicasse a mais profunda e determinante Viragem histórica. É este o tema da mensagem seguinte:

   – Era tão mais fácil conversar Contigo, Jesus… Não pode ser ainda?

   Jesus responde, sim. Responde com um abraço tão ardente, tão frenético, que parece querer meter-me todo dentro de Si! Compreendo que, se é assim tão grande a Sua alegria, Ele não possa nem sequer falar, como também não falamos nós aqui na terra quando uma felicidade louca toma posse de nós. E é assim que Os sinto agora, os meus Amigos do Céu. É como se vivessem todos, juntamente com os anjos e os Santos, um Momento especialíssimo na História da Criação.

   Sempre escrevi que esta Segunda Vinda de Jesus marcará definitivamente a História do Homem e do Universo, dando um sentido novo a todo o Passado e inaugurando um Futuro que a terra nunca conheceu. É natural, pois, que a excitação seja a maior de sempre, no Céu. Trata-se, efectivamente, do Momento da Ressurreição da Carne. E o que é a Ressurreição da Carne senão o Regresso do Espírito à Carne humana e ao Universo inteiro inundado pelo Corpo e Sangue de Jesus? Não admira, pois, que este seja também o momento da Grande Batalha da Serpente contra os Profetas da Luz.


   É impressionante a leveza com que escrevo. Há muito que deixei de me preocupar com as deficiências da linguagem. E, o que é mais surpreendente, não faço nenhum tipo de preparação para a escrita, não faço sequer uma breve oração; escrevo só como quem redige uma carta que não exige especial responsabilidade. Não tenho agora nenhum medo de errar: eu confio naturalmente, com a leveza ou inconsciência da criança, em que coisas lindas vão ficar escritas e em que todas elas vêm de Deus. Portanto, a responsabilidade do que fica escrito nem sequer é minha; é de Deus!…

   É assim que anuncio coisas verdadeiramente decisivas para a nossa História desde o início da Humanidade sem me preocupar com a sua realização, sem para elas anunciar uma data, sem fazer caso das suas consequências. Só tenho uma preocupação: manter-me unido a Jesus, permanecer inteiramente disponível para executar os Seus Desejos, nunca mais O perder. Às vezes nem O sinto sequer; mesmo assim escrevo, e com a mesma leveza da criança eu creio em que vai ficar gravada a Vontade do meu Amigo. Isto é, eu creio em que Jesus me ama. (Dl 28, 8/9/04)

                                                 Veja também o texto 127 (Junho 2010)

sábado, 26 de janeiro de 2013

912 — O milénio


   Nem uma só palavra da Bíblia é oca. E também não há nela livros indecifráveis. O Apocalipse é o melhor exemplo: nenhuma daquelas palavras é oca nem indecifrável. É portanto perfeitamente possível entendermos o que ele diz. Entre muitas outras coisas, revela por exemplo que, depois de uma Grande Tribulação, viveremos mil anos de Paz, num Novo Céu e numa Nova Terra. Porque não tomamos então a sério estas palavras? Porque as colocamos sempre num futuro inatingível? A todos os Profetas mais recentes Jesus lhes tem revelado que este Acontecimento se desencadeará em breve…porque os tempos estão ficando maduros… Talvez então tenhamos andado distraídos, não? Ora ouça-se:

   A Revelação de Deus não terá hora de fecho, no Dia imenso que vai surgir.

   Não é já a primeira vez que anuncio esta boa nova: a Vinda de Jesus é, desta vez, irreversível, definitiva. Dará origem a mil anos de Paz. Mas nem ao fim destes mil anos o Poder e a Glória de Jesus terão desaparecido da terra: tratar-se-á apenas de uma última prova para a fidelidade dos súbditos do Rei, Jesus, e da Rainha, Maria. Depois desta prova, será o Último Julgamento de toda a História. Então o Diabo, a quem fora permitido sair do Inferno para comandar aquela última provação, será lançado para sempre no “lago de fogo e enxofre” (Ap 20, 10) com todos aqueles que tiverem decidido segui-lo. E o dia da Paz, o segundo Sétimo Dia, será então eterno.

   Torna-se assim óbvia a importância fulcral deste Regresso de Jesus. Embora ninguém possa marcar-lhe data ou determinar o ritmo da sua progressão, a Voz infalível de Deus continua avisando de que ele é “iminente”.


   Da primeira vez Jesus veio como Luz para pôr a nu a Mentira de Lúcifer; nesta segunda vez Jesus virá para trazer à nossa Carne o Espírito e deste modo fazer surgir, na plenitude do Tempo, o Homem Novo, sobre uma Terra Nova, sob um Céu Novo.

   O Mundo definitivo só agora se revelará, estável e fecundo; até agora o que vimos foi a revelação da Iniquidade na sua verdadeira natureza de Projecto alternativo á Criação. Mas a execução deste projecto traidor continuou, sem que os homens quisessem parar a sua obra, mesmo comendo continuamente os amargos frutos que produziu. Uma vez desmascarada assim a Impostura, está então o terreno preparado para nele ser semeado o Reino do Amor que era no Princípio e que há-de ser no Fim.

   E, examinados com atenção todos estes anos de trabalho e canseira ao serviço da Mentira, podemos de facto agora verificar que o rumo da História não se alterou: o homem não se converteu. Mas a Luz desceu e não volta ao Céu sem ter cumprido a sua missão. Ah quando ela rasgar a primeira grande brecha na Escuridão! (Dl 28, 3/9/04)

                                                 Veja também o texto 646 (Janeiro 2012)

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

911 — Um Resto


   Os Profetas anteriores a Jesus falam de um Resto - o “Resto de Yahveh” - que, no meio da persistente e devastadora infidelidade do Povo Eleito, sempre permanece fiel ao seu Senhor. O mesmo se verificou depois de Jesus: após o impressionante fenómeno da expansão da Igreja primitiva, tudo voltou ao que era antes de Jesus: sempe só um pequeno Resto Lhe permaneceu verdadeiramente fiel. Conhecemos vários destes, a quem chamamos santos, mas há certamente entre estes outros que nunca foram notícia. Ora este Resto acumulou ao longo da História uma insuspeitada força. É deste poder que fala a mensagem seguinte:

   O Regresso de Jesus é o Regresso definitivo do Espírito à Carne que, mal fora levantada da terra para com Ele formar o Homem, logo O renegou para se entregar ao “Espírito Imundo”.

   Por isso é que este Acontecimento é sem paralelo em toda a História da Humanidade. Trata-se de uma Segunda Formação do Homem!

   Só agora! Desde a Queda Original que isto não acontecia. O que se passou até agora foi uma indescritível Tentativa de Deus para nos mostrar e fazer voltar à nossa Natureza Original. Uma Tentativa regada de lágrimas. Os pouquinhos de nós que O ouviram, depois de um alvoroço inicial, foram-se desfazendo progressivamente num pequeníssimo Resto, como um pouco de fermento que nunca conseguiu levedar a gigantesca massa da Iniquidade. Mesmo quando o próprio Deus Se derramou na nossa Carne, o grande alvoroço inicial se desfez novamente num Resto.

   Mas todos estes Restos se foram juntando à Carne de Deus derramada na nossa. Hoje já todo o mundo actual e toda a História traz nas suas entranhas este explosivo Fermento tornado divino e por isso omnipotente. Um dia, quando menos esperarmos, a Massa dirá SIM e deixar-se-á fermentar. E é a partir de dentro, desse mesmo fenómeno da fermentação, que o Espírito invadirá todo este imenso Corpo. E num Segundo Momento, perante os corações atónitos de todos os habitantes da terra, terá nascido o Novo Homem, que será chamado Filho de Deus!

   Treme-me o peito todo, na expectativa deste Dia. Ele vem sendo preparado desde aquele primeiro momento em que, unidos à astuta e pérfida Serpente, rejeitámos o Espírito ou Sopro da Vida. É portanto um Dia que nunca até hoje se viu sobre a terra. O que até agora se pôde pressentir deste Dia foi só a sua preparação e a sua silenciosa gestação. Agora já lhe vejo a aurora, despontando… Em breve nascerá! (Dl 28, 3/9/04)

 Veja também o texto 186 (Setembro 2010)

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

910 — O Coração


   Nós temos um núcleo interior, um centro único, a que sempre aqui chamo coração. Foi assim que Jesus me ensinou. Não há, portanto, em nós, conforme tantas vezes ouvimos dizer e dizemos, porventura fervorosamente convictos, dois núcleos, duas forças, dois poderes separados, muito menos antagónicos - cabeça e coração, onde estejam sediados, respectivamente, a razão e o sentimento. E a esta misteriosa Fonte única, no centro de nós, tem dado o Mestre aqui uma importância singular. Ora ouça-se:

   Quando chegarmos ao Coração, encontraremos a Paz.

   Como tudo em Deus e na Sua Obra, também o Coração é um Mistério. Tão grande, que lhe devo ter chamado já, talvez, dezenas de nomes. E cada nome designa uma cor, um som, um perfume, um sabor, uma sensação enfim, abrindo uma paisagem inteira. É por isso que eu não consigo definir Coração. É por isso que eu não consigo definir nenhum dos Mistérios a que até hoje fui conduzido. É por isso que é uma horrorosa traição ao Amor do nosso Deus tentarmos reduzir os Seus Mistérios a definições, a proposições doutrinárias, a dogmas.

   Nem as feições físicas de Jesus eu consigo definir ou sequer descrever. Menos ainda, talvez, as de Maria. Os Olhos d’Eles são Mistério, os Lábios d’Eles são Mistério… E até os cabelos d’Eles, no seu ondear, nas formas caprichosas que assumem, no seu colorido, na sua fofidão, são Mistério que não consigo abarcar nunca e portanto nem um só cabelo eu consigo definir. Definir é esterilizar, encaixotar, arrumar. E nada no Mistério fica arrumado quando chegamos ao seu conhecimento; antes continua sempre desabrochado. Nunca os cabelos de Maria os encontrei no mesmo lugar, muito menos imobilizados com laca na mesma onda, como nós fazemos, às vezes. Nunca o nariz de Jesus deixou de me atrair os lábios, num beijo em que vai um pedido meu para que respire em mim e deste modo me inunde com o Seu Espírito…

   Nunca nada neste caminho que estou seguindo deixa de seduzir. E recordemos que a região que agora percorro é a da Carne. Continua seduzindo-me, por exemplo, todo o fenómeno da Sexualidade. Dizem que no Céu acaba o sexo, que tudo fica assexuado! Que horror! O que eu sei é que no Céu tudo, e portanto também o sexo, desabrocha e adquire capacidades inimagináveis!

   Ora esta vitalidade de todo o Mistério, que lhe permite seduzir sempre, tem que ter uma Fonte que nunca se esgote. É a essa Fonte que venho chamando Coração. Nele somos Paz desabrochando. (Dl 28, 30/8/04)

                                                 Veja também o texto 79 (Maio 2010)

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

909 — A Paz e a Espada


   Na última ceia que tomou connosco antes de Se entregar à morte, Jesus declarou, como se nos estivesse deixando o Seu Testamento: “Deixo-vos a Paz. Dou-vos a Minha Paz”. Mas Ele não era um pacifista: é só observar o Seu comportamento naqueles três anos da Sua vida em que foi notícia. Inúmeros conflitos. Alta tensão sempre. E a morte violenta no fim. A mensagem seguinte vai à procura da natureza da Paz que Jesus nos deixou.

    Não é possível restaurar aqui o Paraíso sem uma violenta guerra. Jesus disse-o de uma forma chocante: Não vim à terra trazer a paz, mas a espada! O avanço do Reino dos Céus aqui implica sempre, na mesma proporção deste avanço, a destruição do reino das Trevas que aqui fora implantado desde o início. Não é possível, de modo nenhum, harmonizar estes dois reinos, porque o reino das Trevas só pode ser construído à custa da destruição do Reino da Luz; uma tentativa, por parte do Céu, de harmonizar Luz com Trevas é totalmente impensável, porque isso significaria a legitimação se um crime; o Mal teria conseguido impor-se ao Bem.

   O desaparecimento puro e simples do reino das Trevas é, pois, o resultado final da Acção de Deus neste mundo. Só então a Harmonia será plena, em todo o Universo. Esta luta é mesmo o mais claro Sinal de que o Reino de Deus está invadindo a terra; pelo contrário, quando os discípulos de Jesus deixam de ser incómodos e de criar o conflito, quando começam a ser apaparicados, celebrados como heróis pelos poderes deste mundo, cuidado, Igreja de Deus: é de novo a Mentira que está asfixiando a Verdade! É este um perigo tamanho, que Jesus precisou de provocar o maior escândalo da Sua pregação para o esconjurar e destruir à nascença, radicalmente, quando O quiseram aclamar rei.

   Por isso Jesus proclama que o Seu Sacrifício terá que ser perpétuo, até que de todo desapareça da terra a obra da Rebelião. A profecia da abolição do Sacrifício Perpétuo anunciada por Daniel é sobretudo esta capitulação dos discípulos de Jesus perante a manhosa estratégia do Inimigo que pela lisonja lhes retirou toda a sua força. E quando acrescenta que o Sacrifício Perpétuo será abolido no próprio Santuário, isto significa que no próprio coração da Igreja de Jesus o próprio guardador do Seu Rebanho, que fora escolhido por “amar mais” que os outros, se transformou no próprio Lisonjeador. (Dl 28, 27/8/04)

                                       Veja também o texto 658 (Janeiro 2012)

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

908 — O que estava perdido


   Parece até uma obsessão: Deus não deixa perder nada daquilo que um dia veio à Existência. Tratando-se então do Homem, Ele vai até à loucura, até à morte, na tentativa de que ele Lhe volte a Casa, de onde pelo Pecado se afastou, iniciando aí um caminho de perdição, em que ainda se mantém, teimosamente. Não esqueçamos no entanto nunca que o Pecado do Homem consistiu na rejeição de Deus presente em si através do Sopro da Vida, sem o Qual voltaria a ser pura carne, morrendo assim como Homem. O que se perdeu no Homem foi, pois, a Carne, que Jesus veio buscar. A mensagem seguinte ilumina mais intensamente esta obsessão de Deus.

    A importância que nesta Mensagem Deus dá à Carne é verdadeiramente inaudita. E o motivo torna-se cada vez mais óbvio: Ele veio “buscar o que estava perdido” e foi a nossa Carne que desde o início se perdeu ao permitir que nela o “Espírito Imundo” substituísse o Espírito de Deus. Sem Aquele que a vivificava, ela tornou-se presa fácil do gigantesco Lúcifer e de todos os demónios que o acompanharam na Rebelião.

   Ora o Homem era o encanto supremo do Criador porque nele estava condensada toda a Criação, vivificada pelo Seu próprio Espírito, numa Unidade perfeita. Não podemos, pois, imaginar sequer a Dor de Deus ao ver-nos assim privados da Sua Luz e da Sua Vida e entregues, por opção própria, ao Seu Inimigo. Nós éramos todo o Universo tornado consciente da sua grandeza e do Amor do seu Criador que lhe circulava, vivificante, em todo o corpo. Pelo nosso Conhecimento da Criação e do Criador, nós éramos, pois, os senhores de toda a Existência criada, que haveríamos de acarinhar e guardar em todo o esplendor da sua beleza, de coração preso ao Criador pelo Dom que nos concedera. Não, não éramos servos; éramos o Encanto do Coração amoroso do nosso Criador.

   Pelo Pecado, toda esta relação amorosa se desfez. Poderemos então calcular qual será a loucura do Coração de Deus ao reencontrar a nossa Carne perdida erguendo para Ele os braços indefesos e moribundos, querendo reencontrar a Harmonia antiga? A sofreguidão com que Ele Se abraçará a nós! A Festa que Ele fará em todo o Céu! Não disse Jesus que haverá maior alegria no Céu por um só de nós que ergue assim para Deus os braços impotentes, do que por noventa e nove de nós que já estavam na Sua companhia? Tão grande é a loucura de Deus pelo reencontro deste Seu Universo perdido, que o meterá no Seu Coração e lhe dará a Sua própria Natureza, fazendo dele Filho! E Enamorado perpétuo!
 
                                                Veja também os textos 83 (Maio 2010) e 482 (Julho 2011

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

907 — O Encanto


   Todos nós, ao menos em breves e raros momentos, conhecemos já o puro encanto. Mas se alguém em absoluto o desconhecer e nos perguntar o que é, ficaremos certamente sem palavras. Nestes Diálogos, no entanto, nunca Jesus Se cansa de ir connosco à procura da natureza e da origem de todas as coisas; Ele não quer que nada nos esteja vedado, muito menos proibido. Vede-o, por exemplo, na mensagem seguinte:

   De onde vem o Encanto? Não sabemos. Ele não está seguramente na casca das coisas, senão todos os que têm olhos se encantariam com as mesmas coisas. Mas nem todas as pessoas se encantam com as mesmas coisas e há pessoas que se encantam com coisas que nós detestamos. Parece, assim, óbvio que o Encanto se capta não com os olhos da cara, mas com uns outros olhos quaisquer, que vêem para lá daquilo que está à vista de todos.

   O Encanto é, pois, a nossa especialíssima capacidade de surpreender. Ele é o perfume da nossa Alma revelando-se. Ele é a expressão da nossa essência mais pura. Por isso relacionamos sempre o Encanto com a Inocência – a nossa Alma é Inocência pura. Por isso ela se revela em repentinos clarões, aqui e ali, por entre o estrondo da nossa Babel e a tensão constante em que nela vivemos. É o nosso Pecado que não permite sermos Encanto puro e permanente uns para os outros. De facto, o nosso Projecto rebelde e a sua execução absorve-nos todo o tempo e todas as energias num activismo febril inteiramente absurdo. A fazer arremedos mortos do Encanto vivo que se esconde dentro de nós e que transparece de dentro dos outros, a espaços, como instantâneos raios de Luz. Ah, se não nos tivéssemos lançado nesta Empreitada assassina! Ah, se não tivesse surgido na terra a Mentira!

   Mas agora o que está feito, está feito. Não adianta vivermos de saudades, de ânsias recalcadas, de sonhos em que não acreditamos. Se só abandonando toda esta colossal quantidade de lixo com que sepultámos a nossa Natureza pudermos reencontrar a nossa Alma no seu Encanto original, porque temos medo de iniciar a Viagem? O Caminho já o conhecemos. Jesus percorreu-o até ao fim e mostrou-nos que ele desemboca na nossa Inocência original.



   Maria é o modelo de todo o Encanto. Ela continuamente nos diz que também nós podemos tornar-nos Encanto puro. Basta que fiquemos sem Pecado, como Ela.

   Ora isto é possível. Olhamos à nossa volta, olhamos para dentro de nós e meneamos a cabeça a dizer que não, que não é possível. Mas Jesus não concorda: Ele acena com a cabeça que sim, que é possível. O problema é que nós nunca O levamos a sério, nunca ouvimos o que Ele disse e repete continuamente: Ele veio tirar o Pecado do mundo. Se O recebermos, ficamos com defeitos até à morte, mas sem Pecado. Se acreditarmos n’Ele, se na verdade Lhe dermos o coração, adquirimos a possibilidade de nos tornarmos Filhos de Deus. Isto está escrito e parece que nunca o ouvimos. Ora um Filho de Deus é, obviamente, imaculado. Não tem uma única mancha de Pecado. Se assim não fosse, teria sido inútil o Sacrifício de Jesus.

   E muita atenção, mais uma vez: este poder de nos tornarmos imaculados Filhos de Deus nunca Jesus o colocou depois da nossa morte, num suposto Além. Ele veio habitar entre nós para tirar o Pecado aqui – e não lá. Não somos nós que vamos para o Reino dos Céus; o Reino dos Céus é que vem até nós! (Dl 28, 22/8/04)

                                            Veja também o texto 146 (Julho 2010)

domingo, 20 de janeiro de 2013

906 — Sede perfeitos!


   Enquanto Jesus viveu a Sua vida terrena nunca os Seus contemporâneos, muito menos os Seus conterrâneos O consideraram um homem perfeito. Nem os Seus próprios apóstolos viram nele a perfeição. Pelo contrário, não raras vezes Lhe foram apontadas atitudes insensatas e mesmo pouco recomendáveis. E foi este homem, carregado com as mesmas deficiências que todos nós, que nos deixou este apelo: Sede perfeitos! Para Ele, portanto, não só é possível, mas necessária a perfeição, obviamente não depois da morte, mas neste mundo ainda. Ouçamo-Lo na mensagem seguinte:

    A tentativa de criarmos um homem perfeito sempre falhou. E se hipoteticamente o conseguíssemos, ele seria o mais mutilado dos homens. O que seria um homem supostamente perfeito? Um homem moralmente irrepreensível? E como seria o comportamento de um homem assim? Palavras medidas? Gestos estudados? Sempre muito lavadinho e engomado, pose impecável? Um homem perfeito haveria de ser uma enciclopédia? Teria que saber pintar e tocar piano? E quando esse homem envelhecesse seria um velho perfeito? O que são rugas perfeitas? Se tivesse a doença de Alzeimer ou a de Parkinson teria perdido aí a perfeição? Se porventura um homem destes existisse não seria ele de todo insuportável? Não seria melhor solidificá-lo em pedra e pô-lo em cima de um pedestal, para que deixasse de incomodar pelas ruas os nossos olhos e o nosso coração?

   Ora Jesus pede-nos que sejamos perfeitos. Mas todos sabemos que não era num trambolho daqueles que Ele estava pensando ao fazer-nos aquele pedido. Ele próprio foi tudo menos um homem perfeito segundo os conceitos da nossa moral e da nossa estética. Vede-O no templo chicoteando vendilhões. Vede-O comendo com marginais e prostitutas. Vede-O vociferando contra os fariseus. E vede-O reduzido a um verme pisado até à morte no último dia da Sua vida.

   O que é então ser perfeito? Há-de ser certamente só amar como Ele amou. E para amar assim é preciso incarnar como Ele incarnou. Assumir que somos defeituosos nós e os outros todos e perdoar-nos mutuamente setenta vezes sete, porque até ao fim da vida haveremos de conservar toda a nossa deficiência. É esta capacidade de nos amarmos a nós e a todos os outros tal como estamos que nos transforma em Deus incarnado no nosso tempo. A perfeição está só em amar assim.


  Enquanto a nossa Carne não ressuscitar ou não for repentinamente transfigurada, seremos sempre, nós os amigos de Jesus, pessoas normais como o nosso Mestre. E se e quando passarmos a dar nas vistas por qualquer Dom que num determinado momento Deus activou em nós, nunca o nosso comportamento de pessoas normais se vai alterar, como Jesus não alterou o Seu jeito de viver e de agir nos últimos três anos em que se tornou célebre. Só a sua Força Interior O distinguia.

   Só por esta mesma Força Interior os Seus discípulos se distinguirão das outras pessoas. Serão publicamente aquilo que são privadamente. Nunca passarão a usar uniforme nem a assumir poses estudadas para falar para a televisão. Nunca aceitarão ser proclamados reis de nada nem pertencer a uma qualquer elite social. Nem sequer passarão a “optar preferencialmente pelos pobres”, porque estarão já a assumir-se como uma elite e a dividir os outros em preferidos e não preferidos; antes conviverão com todos indiscriminadamente, sabendo que todos sem excepção são pobres e deficientes e só se afastarão daqueles que expressamente os rejeitarem, sacudindo à saída o pó das suas sandálias. Mesmo assim, não deixarão de amar ninguém. Como o seu Mestre fez.


   Dentre as coisas mais vulgares da vida realçam-se aquelas que a Moral diz serem imperfeições, faltas, pecados. Está a nossa vida cheia de pecados veniais e mortais, segundo a Moral estabelecida na sociedade e abençoada pelas igrejas.

   Ora Jesus veio tirar o Pecado do mundo. Não porque o Mal passe a ser Bem, mas porque, se O aceitarmos na nossa Carne, deixamos de estar sujeitos às leis da Moral ou a quaisquer outras, e tudo faremos a partir da paixão que passou a absorver a nossa vida. Eu passo então apenas a não suportar ferir o meu Apaixonado. Nada me estará proibido; doravante eu faço ou evito as coisas porque amo. Deixo então de ter pecados; só tenho deficiências, que cada vez vejo mais profundas, mas que em vez de ferirem o meu Apaixonado, mais O enternecem.

                                Veja também os textos 393 (Abril 2011) e 777 (Maio 2012)

sábado, 19 de janeiro de 2013

905 — O ciúme


   Todos nós, crianças incluídas, conhecemos a sensação do ciúme. O próprio Deus a conhece: a Bíblia diz que Ele nos ama com ardente ciúme. Uns consideram-no sinal de amor, outros nem tanto. Sabemos todos é que ele nos faz sofrer muito. Uma das características mais salientes destes “Diálogos…” é a busca incessante da origem do nosso sofrimento, condição necessária para passarmos do penso na ferida à sua erradicação definitiva, conforme nos está prometido pela Palavra fiel do nosso Deus. A mensagem seguinte talvez nos possa iluminar, neste propósito.

   No Céu não há, obviamente, o ciúme. O ciúme só existe quando consideramos alguém nossa propriedade privada. Se ninguém pudesse ser propriedade de ninguém, se ninguém pudesse possuir ninguém como propriedade exclusiva, se, enfim, ninguém fosse de ninguém, o mesmo é dizer, se todos fossem de todos, que lugar haveria para o ciúme?

   E efectivamente no Céu todos são de todos. Mas não porque todos se tenham apropriado uns dos outros; cada um é que está ali como uma dádiva para todos os outros. Recordemos que no Céu cada um é Mistério seduzindo, apenas. E tanto pode seduzir um como todos ao mesmo tempo. Mas a sedução que exerce sobre um outro não me tira a mim nada do que é meu; pelo contrário, o sabermos que um outro está sendo seduzido pelo mesmo tesouro de alguém, em vez de nos afastar, aproxima-nos, porque passamos a ter um tesouro em comum. Porque no Céu ninguém é ladrão e o ciúme vem-nos de todos sermos ladrões: nós vimos todos do Pecado e o Pecado consiste em nos apropriarmos em exclusivo daquilo que foi dado a todos; a ambição introduzida em nós pelo Pecado pretende fazer de nós deuses – cada um deus dos outros todos e de tudo quanto existe, obviamente! Vede que frutos poderia dar uma tão cega estupidez!

   Como se explica então aquela afirmação, tão repetida na Bíblia, de que Deus nos ama com ardente ciúme? O Ciúme de Deus deve-se justamente ao facto de Lhe termos roubado tudo quanto Ele tinha posto à disposição de todos, particularmente nós próprios. Sim, nós éramos o enlevo de Deus e fugimos-Lhe, éramos toda a Sua alegria e tirámos-Lha ao afastarmo-nos dos Seus Olhos e do Seu Coração, empinados no nosso orgulho. É claro que Deus tem ciúme de tudo quanto nos rouba e nos afasta do Seu Coração. Só Deus tem motivos para ter ciúme. Quando todos regressarmos à Harmonia, o Seu Ciúme terminará. (Dl 28, 12/8/04)

                                           Veja também os textos 670 e 671 (Janeiro 2012)

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

904 — O governo do Espírito


   Muito dificilmente alguém admitirá que a Igreja de Jesus possa ser governada exclusiva e directamente pelo Espírito. Mas Jesus, nesta Profecia, é de novo de uma intransigência extrema: não poderá mais haver na Sua Igreja uma única lei, um único chefe que tome o Seu lugar na condução dos Seus discípulos. Nem Pedro, obviamente; esse, muito menos, porque será sempre e apenas aquele que “mais ama” o único Pastor, apontando assim sempre e só a única Força que unirá a Igreja: o Amor, este Poder Interior em nós, que outra coisa não é senão a Presença de Jesus, mantida sempre viva pela acção do Espírito Santo. Esta Impossibilidade será desfeita, como todas as outras, se o homem quiser. E vai querer:

    O governo exclusivo do Espírito sobre a Igreja de Jesus criará situações completamente imprevisíveis. E é justamente esta imprevisibilidade que dará à Igreja a sua personalidade única entre os povos, a sua riqueza, o seu encanto, quer para os seus próprios membros, quer para aqueles que a observam de fora.

   Este permanente clima de expectativa pela próxima surpresa é obviamente incompatível com uma qualquer ordem institucional, por mais rudimentar que seja. Por isso ninguém poderá declarar ninguém membro da Igreja, como ninguém poderá excomungar ninguém. Ora isto coloca um problema complicado aos nossos entendimentos moldados pela lógica da Cidade ao longo de milénios: como se evitará o sincretismo, a promiscuidade, a confusão, a anarquia? Efectivamente não concebemos que seja possível evitar estas coisas sem uma “autoridade forte” – uma autoridade humana forte, obviamente.

   Ora não há força maior que a do Espírito: se Ele quiser, desloca uma galáxia inteira do seu lugar para outro lugar. Se Ele quiser, pode secar todos os oceanos da terra num segundo! Mas, de facto, não pode nada contra a vontade do homem! Reparemos então agora nesta coisa óbvia: nenhum homem, nenhuma organização de homens, pode mais do que o omnipotente Espírito de Deus; se o Espírito não pode nada contra a vontade do homem, muito menos o próprio homem! Portanto, se o homem chegou onde chegou, se levantou a Civilização e se provocou este imenso oceano de Dor que conhecemos, isto só foi possível porque foi da vontade do homem. Se o homem quiser o contrário disto, nenhum homem, nenhuma organização de homens, nenhum diabo, nenhum exército infernal poderá alterar a vontade do homem!

   É nisto que se funda toda a Esperança de Deus na realização perfeita do Seu Sonho: o homem vai querer. E se ele quiser, não precisa de nenhuma “autoridade forte” que lhe venha de fora de si mesmo; nenhuma força se poderá opor àquela que lhe virá do seu próprio Espírito! Conhecemos bem o que produziu a “autoridade forte” até hoje; o homem não a vai querer mais e acreditará na Paz que lhe jorrará da própria Alma!

   Jesus vai regressar, porque o homem vai querer que Ele seja o seu Rei! (Dl 28, 6/8/04)

                                  Especialmente esclarecedor é também o texto 96 (Maio 2010)

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

903 — Conversão


   É consensual que uma conversão não acontece num momento, mas é um processo que dura toda a vida. Mas eu falo aqui muitas vezes na minha conversão e marco-lhe uma data: Agosto de 1994. Tinha eu 53 anos. Até aí tinha já um longo historial de vida cristã muito sincera e empenhada: eu nascera numa família de uma sincera e saudável religiosidade, quis ser padre e fui, quis ser frade franciscano e fui, tentei viver o Evangelho sempre muito a sério e foi em nome dessa seriedade que abandonei aquelas instituições e práticas religiosas institucionalizadas, para viver a mais generalizada e vulgar das vidas. Estava a esse tempo passando pelos pesados problemas de uma família numerosa. Mas ouça-se o que então me aconteceu:

    Foi há dez anos. Nesse Agosto aconteceu o encontro mais importante da minha vida! E hoje pergunto-me: como foi possível ter vivido tantos anos sem ter conhecido Jesus? E eu tinha estudado teologia! Eu preguei-Lhe as palavras durante doze anos! Desde criança que ele era o meu Herói!

   Por isso eu chamo a este encontro naquele Agosto uma verdadeira conversão. Foi na verdade uma viragem para o lado contrário: enquanto antes Jesus estava fora de mim, num pedestal que me não permitia chegar-Lhe aos ombros para Lhe dar um abraço, passou, a partir daí, a viver dentro do mim, abalando-me todo o ser a partir do coração; enquanto até esse tempo Ele era uma e certamente a mais importante Referência de todas as minhas obras, deixei depois de ter sequer obras minhas e passou Ele próprio a comandar todos os meus passos e movimentos, dentro e fora de mim; enquanto antes Ele era só o meu Herói, passou depois a ser o meu único Amor!

   As consequências desta viragem foram espectaculares: as minhas prioridades começaram a ser radicalmente outras, as bases da minha segurança começaram a ser fortemente abaladas, todo o meu edifício moral e religioso começou a abrir brechas irreparáveis, a direcção do meu caminho começou a revelar-se completamente errada relativamente às minhas ânsias mais profundas e mais puras e mesmo os grandes ideais que perseguia, enfim, toda a construção antiga, de rombo em rombo, acabou por se desmoronar. E, vinda sempre das entranhas quentes da Terra e do meu coração, como de um mundo completamente desconhecido, começou a erguer-se não mais uma construção feita com materiais mortos, mas uma árvore viva, muitas árvores vivas, montanhas e vales a perder de vista cobertos de verdura, com regatos cantantes e rios impetuosos por toda a paisagem!

   Gentes, encontrar Jesus como Pessoa e apaixonarmo-nos por Ele é uma verdadeira Revolução! (Dl 28, 1/8/04)

                                                   Leia também o texto 114 (Junho 2010)

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

903 — A Vassula e eu


   Com vivo ardor espero que toda a Terra muito em breve leia tão sofregamente como eu li a Profecia da Vassula, a que se refere o cabeçalho deste blogue. Esta senhora, que fará 71 anos no próximo dia 18 e deu já a volta ao mundo anunciando de viva voz as Mensagens que tem escritas em 12 volumes, é porventura o maior Profeta do nosso tempo. Um dia, não muito longe do início desta escrita, abruptamente, vejo-me por Jesus associado a ela numa mesma missão, preanunciada no Apocalipse. É desta missão que fala a mensagem seguinte.

    É espantoso o paralelismo entre a Profecia da Vassula e esta mesma que escrevo. Começam ambas pela mesma ingénua paixão, anunciam o Regresso próximo de Jesus no meio de uma Grande Tribulação porque Ele vem trazer Tudo Novo e chegam agora ambas a uma intimidade matrimonial entre Homem e Deus.

   Há certamente também diferenças notórias, mas elas situam-se não tanto a nível do conteúdo, mas mais ao nível da linguagem e do caminho pedagógico que seguem: enquanto na Vassula a linguagem é mais delicada, harmoniosa e intemporal e as revelações são feitas de forma mais velada, frequentemente simbólica, aqui a linguagem é mais rude, cheia de violentos contrastes, agarrada ao momento que passa e as revelações descem ao terreno da aplicação concreta.

   É esta tendência para uma mais concreta Incarnação do Verbo certamente a responsável pela chocante revelação dos últimos tempos: a união carnal entre Homem e Deus. Tudo estava já na Escritura e tudo está já também na Profecia da Vassula, mas porventura o tempo não estava até agora maduro para aceitar a derrocada de todo o edifício doutrinário erguido desde o Dia do Pecado. Talvez os corações não estivessem ainda preparados para serem iluminados com tão intensa Luz. Talvez que só agora os tempos estejam maduros para que o nosso coração, endurecido pela canseira e pelo cego entusiasmo com que vinha levantando a sua obra, esteja pronto para reconhecer o logro em que caiu. Deus há-de certamente responder um dia a todos os nossos porquês.

   De qualquer modo, eis chegado o Dia do Senhor, bendito e terrível, para abalar e salvar a Terra! (Dl 28, 26/7/04)

 Particularmente esclarecedor relativamente à minha perplexidade e até resistência em aceitar a missão aqui referida é o texto 142 (Julho 2010)

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

902 — Fazer, fazer, fazer!


   Que faziam Adão e Eva antes do dia trágico do Pecado? Que fazia Deus antes de fazer o Universo? Não concebemos de modo nenhum uma vida sem “ter que fazer”. Mas esquecemo-nos sempre de que aquela célebre informação de Deus “Comerás o pão com o suor do teu rosto” é uma consequência directa de termos aceitado a sugestão da Serpente. E também geralmente não advertimos em que o Criador fazia cada coisa com uma só palavra. Portanto este frenesim de fazer não tem nada a ver com a nossa felicidade, parece, nem com a de Deus. Veja o que sobre isto diz a mensagem seguinte.

    Eu sei que tenho muito ainda que anunciar, porque o Mistério é infinito e os nossos olhos estão ainda muito agarrados à casca das coisas, sem estímulos nem capacidade para penetrarem e viajarem pelo Mundo da Luz, que está todo para lá da casca, em direcção ao interior das coisas. Mas também eu trago ainda comigo o peso da Carne endurecida e desvitalizada que a nossa Obra conseguiu como resultado da realização do seu projecto suicida. Por isso é muito penosamente que avanço, a ponto de por vezes quase desfalecer. Muito maior do que o meu esgotamento seria sempre, porém, a dor de desistir: aquilo que comigo se passou já neste Deserto garante-me que vale a pena avançar sempre até ao esgotamento da última palpitação da vida. E o exemplo do meu Mestre assegura-me que é precisamente aí, na morte por esgotamento na procura da Luz, que ficarei enfim liberto para contemplar, sem nenhum entrave, de surpresa em surpresa, a inesgotável e inebriante Beleza de todas as coisas.

   Dizem alguns que a vida no Céu deve ser uma pasmaceira. E a todos nós nos custa imaginar o que será viver sem fazer nada. É, de facto, a azáfama na construção e conservação da nossa Obra que nos preenche o dia inteiro. A palavra de ordem gritada sem cessar em toda a Cidade é fazer, fazer, fazer. Quando alguém pára, logo ouve: Ei! Tu aí! Não tens que fazer?

   E no entanto o que o homem faz o dia todo é desfazer. Desfaz o rochedo para fazer a casa e desfaz a árvore para fazer o móvel. Depois passa a vida a desfazer a sua vida para conservar a casa e o móvel. Não falamos já das dores e do tempo que passa a desfazer a imaginação, a fantasia e os sonhos, para conservar a vida mesquinha e chata que conseguiu com este bota-abaixo.

   E na verdade só a viagem pelo Mistério das coisas activaria todas as nossas capacidades, só a contemplação nos faria felizes e só o sonho nos tornaria criadores.


   Que fará Deus o dia todo? Que fará a eternidade inteira, para ser sempre feliz? Imaginamos que Lhe deverá dar imenso trabalho administrar as medonhas energias cósmicas, desde o Abismo profundo, passando pelo Caos, até às harmoniosas rotas dos mundos, no Espaço infinito. Imaginamos que Lhe traga imensas preocupações o contínuo lidar com as incessantes asneiras que o homem faz diante dos Seus Olhos. Imaginamos que Deus não terá um minuto de descanso para governar tão gigantesco e complexo Universo. Imaginamos que Deus Se sentirá assim completamente realizado ao ter que activar todas as Suas Capacidades omnipotentes, que doutra sorte ficariam inactivas e portanto frustradas. Imaginamos que antes de ter criado o Universo Deus levaria uma vida bastante aborrecida.

   E no entanto o Universo não Lhe faz falta nenhuma – palavras Suas. E no entanto o Universo é só uma leve expressão da indizível Actividade e Felicidade que aconteciam permanentemente em Si mesmo. E no entanto o Universo é só um brinquedo que Ele ofereceu ao Homem quando o viu levantado e vivo diante de Si, ao Sexto Dia da Criação!

                                          Veja também os textos 6 e 7 (Fevereiro 2010)

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

901 — Úteis e inúteis


   Não gostamos nada de que nos chamem inúteis. Não gostamos de ser transformados em instrumentos ao serviço de projectos que não são nossos. Mas ninguém consegue libertar-se da ditadura do útil. A mensagem seguinte tenta encontrar a origem deste tão frequente e pesado desconforto nas nossas vidas.

    O Reino que está desabrochando de surpresa em surpresa diante dos meus olhos é claramente o Reino do Amor. Sobre ele disse-nos Jesus esta noite mais uma coisa inesperada: a utilidade ou a inutilidade são coisas que não existem, pois nada, nem pessoa, nem sequer coisa, aí está ou vive para ser simplesmente utilizado, mas tudo aí vive ou simplesmente está para seduzir.

   De facto, só o homem utiliza. Por isso também só ele declara alguém ou alguma coisa inútil. E vejo agora esta Verdade em mais clara Luz. Ao inserir-se no Projecto diabólico de construir uma alternativa à Criação, e não tendo a capacidade de tirar coisa alguma do Nada, o homem teve necessariamente que lançar mão das criaturas existentes, talhando-as segundo a sua conveniência para ocuparem o lugar que lhes destinou na sua Construção. Mutilou-as assim na sua natureza e esterilizou-as. E ei-las todas reduzidas a blocos mortos ou meros instrumentos sem vida própria, que ele utiliza ou rejeita, conforme servem ou não servem em cada momento a execução do sinistro Projecto. Os seres deixam assim de ser um contínuo Mistério seduzindo, e depressa passam a perder o interesse, tornando-se inúteis. Tudo se torna assim o contrário do Amor.


   Quando Deus nos encarrega de uma qualquer missão, não está a utilizar-nos ao serviço do Seu Plano? Não está, em verdade, a instrumentalizar-nos?

   Se Ele assim fizesse, já o sofrimento teria desaparecido da terra há muito tempo. As nossas deficiências e as nossas dores mantêm-se justamente porque Ele é incapaz de tocar na nossa dignidade, por exemplo transformando-nos em meros instrumentos executores do Seu Plano de Redenção do mundo. Deus não utiliza nada nem ninguém para executar o que quer que seja que não esteja inscrito nas próprias sementes do nosso ser. Quando, pois, Ele entrega a alguém uma missão, está só a despertar uma zona porventura adormecida do seu específico Carisma. Nenhuma missão interrompe, portanto, o fluxo natural da nossa vida, muito menos nos corta ou desvia capacidades, menos ainda torce ou mutila qualquer dos nossos Dons originais. Mesmo quando a missão implica o próprio sacrifício da vida, como foi o caso de Jesus, nada foi imposto de fora, mas partiu de uma opção íntima, ditada pela mesma natureza do Verbo, cuja essência é o Amor puro! (Dl 28, 10/7/04)

                                     Veja também, por exemplo, o texto 482 (Julho 2011)

domingo, 13 de janeiro de 2013

900 — A Morada de Deus


   Deus mora no Céu, dizemos nós. E imaginamos o Céu para cima, lá muito alto, num lugar inacessível a nós que habitamos aqui em baixo e onde poderão entrar apenas aqueles que, depois de mortos, se apresentarem diante de Deus impecáveis. E se não fosse nada assim? E se o Céu fosse aqui mesmo onde nós vivemos ainda em carne e ainda durante a nossa vida terena nele pudéssemos entrar? E se, afinal, Deus morasse aqui mesmo, junto de nós? É disto que fala a mensagem seguinte.

    E agora, depois desta minha descida com Jesus e com Maria à Carne, o que se segue? Para onde vamos agora?

   São estas as perguntas que eu faço, às vezes. E a resposta vai-me aparecendo, lentamente, no coração: Não vamos a lado nenhum; não vamos sair mais daqui. Porque era exactamente aqui que a Incarnação se dirigia. O Plano de Deus para nos salvar nunca foi tirar-nos daqui, como se este fosse um lugar maldito que Ele quisesse abandonar, deixando-o para sempre devastado, inabitável. Era precisamente o contrário: a Terra, com a Carne que dela recebemos, haveria de ser para sempre o mais amado lugar do Universo, que o Criador haveria de transformar num inebriante Jardim, onde doravante haveriam de nascer aqueles que para sempre chamaria Seus Filhos. Ele assumiu-nos toda a matéria e toda a carne para habitar no meio de nós para sempre.

   Por isso várias vezes nestas páginas Jesus insiste em que nunca mais desincarnou. E há um motivo particular que O faz desfalecer de encanto e ternura pela Terra: é que Maria, Sua Mãe e Sua verdadeira Loucura de Amor, é natural daqui, viveu aqui todo o processo de Purificação logo a partir do Pecado, até que Se tornou a Obra-prima do Amor de Deus Trino e Lhe enlouqueceu o Coração.

   – Gravo o que me está surgindo dentro do peito, Jesus?

   – Sim, escreve.

   – Deus amou de tal maneira a nossa Carne, que a ela fez baixar todo o Céu e nela estabeleceu a Sua Morada para sempre! Vês que estou tremendo, Jesus? E a Transcendência de Deus?

   – Não escreveste já que a Transcendência de Deus está no Seu Transcendente Amor? Porque tens medo?


   Mais uma vez o Céu rompeu o Silêncio e no meio de intenso júbilo Jesus veio gravar em todas as rochas da Terra, para sempre, a Boa Nova do Seu Regresso: Deus estabeleceu na nossa Carne a Sua Morada para sempre!

   Era este o Objectivo final da Sua Incarnação: deificar a nossa Carne que Lhe fugira, ao ponto de a desposar e vir habitar com ela no próprio lugar da sua habitação. Por isso quando eu, alarmado, pergunto a Jesus como fica, então, a Transcendência de Deus, Ele responde com desarmante simplicidade: a Transcendência de Deus está no Seu Amor. E não houve nenhum momento da Sua Existência eterna em que Ele tivesse manifestado mais transcendente Amor do que neste Prodígio louco de transformar a Carne traidora do Homem na mais sedutora das noivas para o Seu Coração de Senhor dos mundos.

   E o Prodígio torna-se mais visível quando consideramos que Ele fez tudo isto sem beliscar sequer a nossa Liberdade: Ele levou a nossa Carne a dizer, em toda a sua liberdade, o mesmo “FAÇA-SE” que Ele dissera na primeira Criação. Imaginemos a Loucura de Deus quando ouviu Maria dizer aquela palavra!


   Jesus está muito feliz: abraça-me, chama-me de vez em quando querido Profeta, diz às vezes Meu amor! Parece estar em festa o Céu inteiro.

   Mas esta Festa é ainda oculta aos nossos olhos, não chegou ainda a Hora de ela se tornar pública, escancarada aos próprios olhos da carne. A Boa Nova, porém, já está escrita: Jesus incarnou para vir buscar a nossa Carne e ao entregar-lhe na morte a sua própria Carne aconteceu um prodígio que para Ele próprio foi uma inebriante Surpresa preparada pelo Pai e pelo Espírito. É uma situação nova para Deus: a Dor do Filho, inundando com a Sua Carne e o Seu Sangue a nossa Carne que no Início Lhe fugira, tão estreita união estabeleceu entre Deus e Homem, que cada uma das Três Pessoas da Trindade, surpreendendo as Outras, levou Deus a ultrapassar as Suas mais amorosas expectativas. E o Seu Encanto fê-Lo estabelecer na Terra o Céu!

                                        Veja também o texto 857 (Agosto 2012)