15/9/97 — 2:20
— Eu sei que Te custa muito andar, Mestre, mas se não vieres comigo eu também não vou conseguir dar mais nem um passo.
— Vamos, então… Que sentiste agora mesmo?
— Que isto já não pode durar muito: Tu estás no limite das Tuas forças.
— Como medes tu as Minhas forças?
— É por mim que as calculo: tudo o que digo de Ti, sinto-o em mim.
— Eu tenho as tuas medidas?
— Não: sou eu que vou ganhando as Tuas.
— E são muito curtas as medidas, neste momento, não são? Não conseguimos andar…
— Há uma medida que se está alargando, Mestre!…
— Qual é?
— A do Teu Amor em mim.
— Onde notaste o teu amor alargando-se?
— No “nós”! Juntaste-nos tanto, Mestre, que agora, sem dar conta, verifico que estou sempre dizendo “nós”!…
— Só dizendo?
— As palavras que escrevo tentam sempre traduzir com a precisão possível o que se passa dentro de mim. O “nós” está acontecendo dentro de mim!
— Onde estamos então nós, agora?
— Aqui os dois nesta imensidão solitária e seca, sem conseguirmos dar passos firmes, interrogando o Pai se ainda falta muito.
— Também Eu não sei onde é o fim do Deserto?
— Ah, Mestre, o Teu Coração está-me dizendo que não… Só o Pai o sabe.
— Vá, deixa sair agora essa sombra que te tolda o coração.
— Estou com medo de me esquecer de que Tu és O Santo. Estás tão próximo de mim, tão igual…
— Igual em quê?
— Na fragilidade, na incapacidade, no sofrimento…
— Também no sofrimento somos iguais?
— Aí é que está o meu medo: Tu tens uma capacidade de sofrer infinitamente maior do que a minha.
— Então porque escreveste que somos iguais no sofrimento?
— Não sei… Senti assim. Mas deve ser só porque julgo estar chegando ao meu limite, como Tu estás chegando ao Teu limite.
— Eu também tenho um limite?
— Tens: o da Justiça. Mas ainda a Vossa Justiça, Trindade Altíssima, é Amor, apenas. A Vossa Justiça traz sempre na Ira, misturada, a Compaixão e por isso se desloca sempre para mais longe. Por isso o Pai vai adiando a Hora da Decisão até ao limite do suportável, isto é, a barreira a partir da qual a própria Justiça de Deus viraria injustiça.
— E tu, Meu pequenino, vais esperar aqui Comigo a Decisão do Pai?
— Vou, Mestre!
— Até ao limite do suportável?
— Sim, meu Amigo: é essa toda a minha ânsia.
— Que te falta então para seres igual a Mim no sofrimento?
— Falta-me tudo… Falta-me um coração igual ao Teu, que nunca poderei ter.
– Que te dizem os algarismos do início desta vigília?
— Que nas Duas Testemunhas está o Espírito Santo.
— E não chamaste já ao Espírito Santo o Coração de Deus?
— Chamei.
— Atenta outra vez no percurso das Duas Testemunhas descrito no Apocalipse: que coração precisam elas de ter?
— Ah! O Coração de Deus!?
São 4:35.
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