— 10:21:17
— Irrompe em mim, Jesus! Deixa explodir a tensão que acumulas em mim há tanto tempo! Deixa-me ser vulcão enfim liberto do âmago da terra, ou barragem enfim cedendo à pressão das águas que me vêm de dentro, da misteriosa Fonte que Tu conheces, sempre jorrando água abundante, mas que até agora não saiu dos gigantescos reservatórios em que se esconde! Eu espero o tempo que for preciso, Tu sabes, eu não quero atrapalhar de forma nenhuma o Plano do Pai. Eu fico aqui a vida toda segurando-Te a cabeça assim só contra o meu peito, se for preciso. Mas esta ciclópica tensão que se acumula dentro de mim Tu a conheces certamente melhor do que eu e sabes que ela me está forçando todos os sucessivos limites em que se vai encerrando, porque ela se avoluma sempre e cada limite que se lhe arromba dá só passagem para outro limite mais largo, forçando-o também, e assim tenho vivido sempre à espera de que este enorme tumulto de águas, ou de fogo, ou de ternura, não distingo, se liberte enfim e invada a superfície do Teu querido Planeta Azul coberto de cinza, e o lave!… Estou-Te contemplando este rosto moribundo e sei que por trás dele, no Teu Coração que quase não ouço, está este Sonho intacto, tanto mais vivo quanto mais esgotado de vida se encontra o Teu Corpo… Ah, meu teimoso, louco Amigo, acho que é por causa desta Tua teima que eu gosto tanto de Ti! E é por nunca teres moderado o Teu Sonho que a gente começa também a acreditar nele! É verdade, nunca Te vimos reduzir o Teu Sonho para o tornares mais realizável… Nunca Te tornaste razoável, apesar da pressão de toda a gente, até dos Teus mais próximos amigos, desde há dois mil anos, meu querido Louco, meu frágil Amor! É verdade: mal ressuscitaste do primeiro Inferno, logo Te começaram a pedir que Te tornasses razoável e Tu, aflito, voltaste a pegar na Tua Cruz para tentares dizer que o Teu Sonho estava de pé e que era possível realizá-lo assim puro como ele era… Então voltaste de novo a ficar cada vez mais sozinho com o Teu Sonho…e com a Tua Cruz… E agora aqui estás, caído no meu regaço, meu inocente Sonhador! Não Te vejo neste rosto tão frágil e tão sereno o mínimo Sinal de quereres desistir! Ninguém entende onde queres chegar com este absurdo, mas eu acho que adivinho: foi justamente o Teu Sonho que andaste semeando na terra assim sozinho arrastando a Tua Cruz, há dois mil anos; Tu acreditas em que todas estas sementes do Teu Sonho, regadas de sofrimento, estão vivas, enterradas, esperando o seu tempo de germinar; aposto que este momentâneo ar sereno do Teu rosto inocente é porque estás vendo já com o Coração estas sementes germinando ao mesmo tempo por toda a terra… Tu estás vendo o Espírito pairando, inchado de Raiva e Ternura, sobre o Teu querido Planeta Azul, a toda a volta, à espera só de um aceno do Pai desencadeando a Hora! A Hora de entregares o Teu espírito de novo, neste segundo Inferno, muito mais largo e fundo que o primeiro: quando o Espírito receber a Tua última respiração, um misterioso, fascinante e terrível Silêncio se fará sobre toda da terra. E mesmo os que não Te conheceram passarão a acreditar no Teu Sonho!
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