31/8/97 — 5:32 — Faro
Mais uma vez se realça a minha condição de Testemunha do Mistério de Deus revelado em Jesus. Significativamente, contudo, o sentimento que me perpassa é o de uma inultrapassável fragilidade. A Presença de Deus em mim assemelha-se a uma leve nuvem que ora me envolve, ora paira, ora se afasta, para voltar de novo e por momentos penetrar o meu corpo até me atingir o coração. Pareço-me, de facto, uma criança que tanto ri como logo chora, que em tudo fixa a sua atenção distraída e por isso facilmente se perderá dos pais, se não forem eles a manter a sua atenção vigilante.
É verdade que noto, em relação ao tempo anterior àquele Agosto de há três anos, uma diferença muito grande: nesse tempo eu dependia só de mim e os meus êxitos atribuía-os eu aos meus talentos e ao meu empenhamento; agora é sempre esta sensação de fragilidade e inteira dependência que me domina. E é toda nova a Paz que me inunda, agora. Mas não me conformo com estas tão frequentes incursões infantis para fora das vistas dos meus Pais…
— Jesus, diz-me se vou bem, se é assim que queres, se é assim que tem que ser.
— Porque te admiras de o caminho percorrido Comigo te ter feito criança? Não venho Eu repetindo desde há dois mil anos que é este o caminho do Céu e não há outro?
— Mas não entendo uma coisa, Mestre: porque desapareces Tu, porque desaparece todo o Céu tão facilmente de dentro de mim?
— Não está menos presente o Céu em ti nesses momentos que julgas vazios. Não redobra a atenção dos pais quando o filho criança se afasta deles?
— E posso continuar tranquilo nestes momentos em que me enredo nas solicitações e nas montras da Cidade?
— Não há um alarme que dá sinal em ti quando assim te pareces perdido dos teus Pais?
— Há. E toca bem forte, às vezes!
— É esse o medo que tens – o de te perderes?
— É. É mesmo só esse o medo que me resta na vida: se me sentir bem junto dos meus Pais, de Ti, envolvidos nós todos pelo subtil e doce e omnipotente Espírito, não há medo que me pegue!
— Que estavas sentindo por Mim agora?
— Uma ternura tão intensa….
— Que significa essa ternura?
— Que Te sinto meu Amigo. Que Tu de nada me censuras; só me amas muito.
São 7:20.
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