Aqui, no Deserto que fabricámos, em vez de Silêncio há um contínuo
Estrondo. Por isso não conseguimos ouvir a Música verdadeira.
12/5/96 – 4:11
– Não consigo concentrar-me, Jesus. Também
nada tenho no coração, a não ser este desejo de que venhas. Já são 5:11. Porque
me fizeste olhar agora o relógio, precisamente uma hora depois que me
acordaste?
– Para te dizer que estou contigo, que nunca
Me vou embora. E para que todos vejam que há uma hora me procuras.
– Sem Te encontrar!
– Quem Me procura, já Me encontrou.
– Assim vagueando? Assim com esta anarquia
no coração?
– É justamente onde Eu Me encontro. Onde
querias encontrar-Me?
– No silêncio de um bosque, sozinhos os
dois, sei lá… Aqui neste quarto, no silêncio.
– Onde está ele, o silêncio, neste Deserto
em que caminhamos?
– Não é feito de silêncio, o Deserto?
– Vê: onde o tens?
– De facto, Mestre, de manhã até à noite,
todo o dia está preenchido de agitação e estrondo! Não há um bosque tranquilo.
– Não reparaste ainda que o nosso Deserto é
feito de correria e de vozes sem sentido?
– Nós desertificámos o Teu Silêncio?
– Sim. Deus é Silêncio.
– Mas mesmo que o homem não existisse… Na
Natureza há barulhos!…
– São pura música exprimindo o Silêncio onde
mora Deus.
– Uma trovoada, por exemplo…
– É pura música cantando o Poder silencioso
de Deus.
– Nem palavras há, no Céu?
– Há. No Céu, toda a Palavra sou Eu.
– Ah! Mas então…
– Sempre que falo, crio.
– E as criaturas que assim crias…
– São expressões do Silêncio de Deus, Onde
se comunica vendo.
– E toda a vida que nasce….
– É só música exprimindo a Visão de Deus.
– E o ruído das explosões que formam as
galáxias, lá longe?
– Se soubésseis que portentosas são essas
expressões do Silêncio-que-vê!
– É como se o Amor de Deus fosse daquele
tamanho e a Sua intensidade correspondesse ao estrondo daquela explosão?
– Sim. E tudo isso é só uma pequenina imagem
do que se passa no Silêncio de Deus.
– A explosão de uma estrela é só um compasso
na Sinfonia do Universo?
– Sim. É só uma vibração do Amor Silencioso
de Deus.
– A gente não pode sentir o Amor de Deus
aqui, pois não?
– Não. O Demónio conseguiu abafar a música
do Céu com o ruído da sua Cidade.
– Então como há-de ser, Mestre? Como Te
conheceremos?
– Seguindo os Meus passos. Eu conheço sítios
onde se pode ouvir um pouquinho do Silêncio de Deus e da Sua Música. Criarei
então no vosso coração uma tal saudade de ver Deus, que só por essa saudade o
Céu descerá à terra.
– Enquanto aqui andarmos só poderemos ter
saudades do Céu?
– Sim. Mas esse desejo do Céu fará cessar
toda a azáfama e todo o estrondo da Cidade. Então ouvir-se-á na terra a Música
do Silêncio.
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