Nunca contemplaremos suficientemente o Mistério da Incarnação. O que
Deus fez por nós é de uma loucura inimaginável.
3/5/96 – 5:11
O que sobre tudo se realça agora é a rudeza
e incapacidade do meu ser. Mesmo assim atrevo-me a meter conversa com o Mestre
e registarei fielmente as Suas palavras, mesmo que as não sinta.
– Explica-me isto, Jesus: eu posso ouvir e
registar fielmente as Tuas palavras sem sequer as sentir?
– Que poderá o ser humano sentir, de Deus,
na carne?
– Estamos muito longe de Deus, não estamos?
– Todos. Não há um justo, nem um sequer.
– Mas tens alguns amigos…
– Tenho. Os Meus amigos são aqueles que Me
deixam assumir-lhes a rudeza e a deficiência e a distância para onde fugiram.
– Tu estás em mim, mesmo nesta absoluta
distância de Deus?
– Em Mim eliminou o Pai toda a distância de
Deus. Quem Me receber verá a sua própria disformidade construir o Meu Reino.
Nele far-Me-ei bruto, deficiente, incapaz.
– Isso é uma heresia, Mestre! Ultrapassa a
heresia, Jesus, abrindo-nos mais o Mistério da Tua Incarnação.
– É assim como disse. Acreditai em que Eu
incarnei. Os Meus Mistérios tornaram-se grandiosos monumentos de pedra
espalhados pelo Deserto: os viajantes admiram-nos de longe, os transeuntes
tocam-lhes, uns com reverência, outros com desprezo, mas Eles, os Meus
Mistérios, mantêm-se mudos. Acreditar nos Meus Mistérios é transportá-los no
coração.
– Ensina-me o que é transportar no coração o
Mistério da Tua Incarnação, Mestre. Se ele estivesse aqui dentro, eu não me
sentiria esmagado? Como se compreende esta frieza?
– E sabes porventura a frieza que Eu sinto
incarnado em vós?
– Sentir o Mistério da Incarnação é
sentir-Te frio e disforme em mim?
– Sim. É acreditar na Minha Presença em toda
a dimensão da vossa carne.
– Dimensão…minúscula, Mestre!
– Eu sou o Deus da mais pequenina partícula
de matéria criada. Deixai-Me apenas viver em vós. Dai-Me também as vossas células
mortas. Os Meus amigos são aqueles que Me deixam
restaurar neles a Nossa Imagem. Para isso preciso até das vossas células
mortas.
– Incarnar, no Plano do Pai, é descer
sempre, sempre, até ao mais profundo dos Infernos?
– Sim. É passar por toda a deficiência, até
à absoluta frieza da Morte.
– Deixa-me sentir-Te frio e deficiente em
mim, meu inexplicável Amor!
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