O
intuitivo evangelista João diz que Jesus é o Verbo - Aquele que fala. Sempre, portanto, que
Deus nos falou, foi por Jesus que o fez. Mesmo antes da Sua Incarnação. Se não estivermos
n’Ele ao falarmos de e com Deus, serão ocas as nossas palavras - os nossos sermões e as nossas orações.
25/4/96 – 2:42
Estou pronto, Senhor! Quando me envias? – é
esta sempre a resposta que dou perante aqueles Sinais. Ardo às vezes de
impaciência, outras vezes quase desfaleço: o que escrevo não tem nenhuma
hipótese de sair deste quarto sem um
espectacular milagre; sem um milagre, eu dificilmente terei um público que me
ouça. No entanto, o Senhor insiste: Anuncia! Anuncia! Isto praticamente desde o
início, desde que reconheço o Desejo do Senhor nos Sinais. Julguei até logo que
estivesse iminente a minha saída para as ruas e praças. Via-me já na televisão
e na rádio e nas bocas do mundo. Estava até disposto a abandonar as aulas e o
ordenado, para me meter aos caminhos por onde o Mestre me enviasse.
Mas o Mestre é que conhece o Plano do Pai e
reduziu-me a caneta escrevendo. Soube então que há várias maneiras de anunciar.
A última foi esta: rezar no silêncio do coração é uma misteriosa forma de
anunciar até aos confins da terra o Evangelho; é até a mais eficaz! É que Jesus
é o único evangelizador. Posso eu desdobrar-me em três, em vinte, percorrer
todos os caminhos do meu país, possuir o dom de falar, de modo a seduzir
multidões, posso até fazer prodígios: se eu não rezar, tudo isto será oco e de
efeito nulo – o Reino de Deus não avançou um passo! Ao contrário, se eu for
gago, se eu for mesmo mudo, se eu for paralítico, mas rezar sempre, sem nunca
desfalecer, eu terei o poder de Anúncio do próprio Jesus e farei com que o Seu
Reino desça do Céu e chegue aos confins da terra!
Só Jesus revela o Pai. Só por Ele se abre
aos homens o Mistério de Deus. Foi já Jesus que ficou gravado a fogo nas Tábuas
do Sinai e nos corações dos israelitas nesse Dia! Foi já Jesus que falou nos
Profetas todos do Testamento Antigo. Nunca ninguém conheceu Deus senão por
Jesus. E Jesus fala em toda a carne que O recebe. Não fala naquele que Lhe
reproduz as palavras, mas naquele que reza. Enquanto as palavras de Jesus não
forem oração em nós, seremos sempre só um címbalo que tange, irritando
porventura os ouvidos dos transeuntes. Mas se eu-mudo, eu-paralítico comer as
palavras de Jesus…
– Diz Tu, Mãezinha, diz o que acontece.
– Porque não disseste tu?
– Porque só pressinto e não encontro
palavras ainda.
– Tenta dizer o teu pressentimento com as
palavras que encontrares.
– Sinto que se eu-paralítico rezar aqui,
posso curar uma alma na China.
– Porquê, Meu filho?
– Porque também a minha unha do pé e a minha
sobrancelha fazem parte do mesmo corpo.
– E…?
– E se uma unha me for pisada, e se um pêlo
da minha sobrancelha me for arrancado, todo o meu corpo sente.
– Estarias disposto a rezar apenas, no
silêncio deste quarto, até ao fim da tua vida?
– Ficaria muito grato ao meu Senhor por
isso, se soubesse que era essa a Sua Vontade.
– E renunciavas ao anúncio público com que
sempre sonhaste?
– Renunciava, feliz, Mãe, se fosse esse o
Desejo do meu Mestre: eu até estou gostando cada vez menos de falar…
– Ah sim?
– As pessoas pegam nas palavras e fazem
delas um muro para que a Verdade lhes não entre no coração.
– Para quem escreves então, Meu pequenino?
– Não sei. Mas confesso-Te, Mãe, que queria
que milhões de pessoas lessem estas palavras…
– Para fazerem delas o tal muro…?
– Se forem lidas no silêncio, talvez seja
mais difícil levantar-se o muro… Se não tiverem
interlocutor, as pessoas não discutem: as discussões matam sempre a
Palavra do Teu e meu Jesus.
– Jesus é para ouvir e calar?
– Isso.
– Lembras-te das discussões do Meu Filho com
os fariseus e doutores da lei?
– Sim, Mãe. Que me queres dizer?
– Viste a muralha que elas criaram?
– Pois…. Discussões criam sempre muros… Onde
queres chegar, Mãe?
– À Cruz do Meu Jesus.
– Ah!
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