Jesus não fundou nenhuma Instituição: chamou Apóstolos, que enviou a
testemunhar o que tinham visto e ouvido da Sua boca - apóstolo significa enviado, e mais nada;
escolheu ainda Simão, a quem chamou Pedra, ou Rocha, para significar que só a
firmeza da sua Fé o haveria de distinguir, a fim de que vigiasse e conduzisse o
Seu Rebanho a pastagens sempre suculentas. E mais nada. O que fizemos da
Igreja, para além disto, é tudo obra nossa. E fizemo-lo para que o Rebanho passasse
a ouvir a voz da nossa rebelde conveniência e deixasse de ouvir a Voz do único,
do bom Pastor, directamente, distintamente…
22/4/96 – 2:39
Considera-se nas igrejas o pastor, o padre,
como o único canal através do qual Deus fala. Isto é, a instituição, apenas, se
ouve, abafando qualquer outra voz. E neste passo ouço, muito fortes, as
palavras do Senhor tantas vezes repetidas através da Vassula: Baixai a vossa
voz para poderdes ouvir a Minha!
E de repente uma interrogação me encheu e
abalou o espírito: de que modo se há-de fazer ouvir a Voz de Jesus na Igreja
refundada, depois da Grande Tribulação? Ele o dirá, certamente. Mas porque para
aqui me conduziu, sinto que já agora Ele quer deixar escritos os Princípios que
devem guiar o Seu Rebanho renascido.
– Aqui tens a Tua caneta, Mestre. Escreve.
Diz-nos como se poderá fazer ouvir sempre e só a Tua Voz quando o Dilúvio tiver
derrubado todas as tribunas e todas as cátedras em que a asfixiámos para que só
a nossa voz fosse ouvida pelo Teu Povo. Escreve, Mestre, a Tua Vontade… Porque
está o Demónio confundindo-me assim o espírito e bloqueando-me a mão?
– Porque o que vou escrever é a morte do seu
reino.
– Escreve então, Senhor, Senhor único de
toda a terra, Senhor único de todos os corações. Diz como Te poderemos ouvir
sempre a Ti só.
– Amando-me como Eu vos amei.
– Sim, Mestre. Mas através de quem nos
falarás?
– De quem Me amar como Eu vos amei.
– Então pronto, Mestre: como chegaremos ao
Teu Amor?
– Rezando e vigiando. Se rezardes, Eu virei
a vós. Se vigiardes, o Meu Espírito não passará adiante e fará em vós a Sua
Morada.
– Ah! Se o Teu Espírito morar em nós,
ouvir-Te-emos sempre?
– Sim. Na Igreja que Eu vos venho trazer não
haverá mais cátedras; a Minha Cátedra será o coração de cada um dos Meus
discípulos e a Minha Voz sairá quente de todos os corações e será a Voz do
Amor.
– Sim. Mas olha, Jesus… Não me leves a mal
que insista: como queres que as coisas funcionem no concreto?… Tu sabes que nós
temos a mania de institucionalizar logo tudo. Como fazemos para não criarmos
uma nova máquina institucional que de novo estrangule o Teu Espírito?
– Rezando e vigiando.
– Sim, mas no concreto, Mestre?…
– Rezando e vigiando.
– Pronto, Mestre. Mas quem transmitirá, nas
assembleias, a Tua Palavra?
– Eu.
– Mestre, meu encantador Mestre, Tu não
estás querendo concretizar.
– Estou, estou.
– Mas…
– Concreto sou Eu só.
– Pois és, Mestre. Estás tão próximo, és tão
de carne como a minha, que até me esqueço de que o Teu Nome do Céu é
Aquele-Que-É.
– Jesus é o Meu Nome do Céu também. Escreve
o Meu novo Nome.
– Paz. Príncipe da Paz.
Fenómeno estranho: Jesus parou, com o Seu
costumado sorriso sereno. Mas logo aquele inconfundível sorriso foi distorcido,
virando um esgar irritante. Intimei o Demónio a sair daqui. Jesus pôs-me então
a Mão na cabeça, no Seu costumado jeito de abençoar e acariciar, que sempre me
dá tanta Paz. Mas o Demónio distorceu também este Gesto de Jesus, tornando-o
ridículo. O Demónio parece desesperado. Suspiro, neste preciso momento. E este
meu novo Sinal confirma-me a verdade do que acabo de escrever.
– Jesus, meu Príncipe, dá-me a Tua Paz.
– Sim, recebe a Minha Paz, que já conheces,
não conheces, Meu amigo?
– Sim, aquela que grava no nosso coração a
Tua Cruz e consome o nosso corpo como fogo!… E que gravaste no meu nome! Mas
diz-me, Mestre: porque mudaste de assunto?
– Eu não mudei de assunto.
– Estávamos a falar de como ouvir sempre e
só a Tua Voz na Igreja renascida…
– A Minha Igreja será refundada sobre a Paz.
– Sim, e…?
– E a Paz é estar cada um no lugar que o Pai
para ele sonhou.
– Sim, e…?
– E só na Paz se pode ouvir a Minha Voz.
– Então, Mestre, sempre há lugares marcados,
na Tua Igreja!
– Cada um tem o seu lugar. Ninguém nasce sem
um lugar na Casa do Meu Pai.
– Desculpa, Jesus, acho que ainda não
entendi: como se ouvirá a Tua Voz na Casa da Paz?
– Contando cada um ao seu irmão as
Maravilhas do lugar que ocupa e aquelas que do seu lugar se avistam. A Minha
Voz serão os corações todos contando a História do Amor.
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