A
grande Dádiva que recebemos de Deus quando correspondemos ao Seu Amor é a nossa
reconstrução segundo o Seu Sonho, uma vez que o Pecado em que nascemos nos
distorceu gravemente a natureza original. Desejamos então ardentemente que
toda a Criação volte ao que era quando
Ele a concebeu e executou, até ao Sétimo Dia.
2/5/96
– 9:22:27
O
Senhor está-me enchendo de Prendas, com uma ternura louca, quase diria
excessiva. Parece não ligar nadinha às minhas asneiras, às minhas deficiências,
à minha geral disformidade. Parece estar até, em ritmo acelerado, absorvendo
isso tudo na Construção nova que está levantando em mim. Mas a essa sim, a essa
Reprodução de Si próprio Ele está ligando de forma tão loucamente apaixonada,
que parece descontrolar-Se: salta à sua volta de felicidade e age como se não
suportasse o tempo que falta ainda para que este novo ser fique perfeito!
Quanto a mim, só o invólucro da carne me
impede de Lhe responder com a mesma louca paixão: vou daqui do café para a rua
e logo a rua me distrai do que se passa dentro. Como eu desejava que não
houvesse café nem rua e só com o verde sensual da Natureza o meu corpo
contactasse directamente, como o dos animais roçando-se nas folhagens, como o
das aves bebendo o vento e o azul do céu, como o dos peixes do mar
permanentemente excitados pelo atrito ondeante das águas. Apetece-me rezar
assim: Criador, põe os homens outra vez nus! Põe a Natureza como estava! Que as
mãos do homem não voltem a fabricar mais nada, nem sequer um cinturão de folhas
de figueira para lhe encobrir o sexo! Que as mãos dos homens voltem a servir
apenas para acariciar tudo aquilo em que toquem, seja homem, seja leão, seja
víbora, seja rochedo, seja água, seja estrela! Sim, porque se a Natureza voltar
a ser o que era, nós-homens poderemos subir, subir até tocar as estrelas! Põe a
Natureza como estava, Criador!
Estou-me considerando objecto de especial
predilecção de Deus, eu sei. E que tem isso de mal? Sim, que mal há em
sentir-me amado como se o meu Apaixonado Se tivesse esquecido de todos os
outros homens? No amor puro não há ambição, nem soberba, nem ciúme, nem inveja.
O Ciúme de que Deus fala tantas vezes, gentes, não é o ciúme mau que exclui um
coração de outro coração; é o Ciúme que exclui dos corações tudo aquilo que não
é Amor. As ruas, por exemplo. Os cafés, por exemplo. As roupas, por exemplo. O
medo das víboras, por exemplo. A ideia de que só com aviões conseguiremos voar,
por exemplo. A convicção de que só com escafandros e submarinos conseguiremos
viajar pelo fundo do mar, por exemplo. Deus tem é Ciúme dessas coisas, sim. E
eu só não me pus ainda nu, porque a Cidade me metia no manicómio e lá não há Natureza!
Sem comentários:
Enviar um comentário