Havia certamente no tempo histórico de Jesus fariseus bons. O apóstolo
Paulo era um deles. Mas Jesus foi implacável na denúncia da hipocrisia dos
fariseus como um poder instalado. Outro tanto acontece na mensagem seguinte com
os sacerdotes. Que ninguém, pois, se escandalize…
8/5/96 - 2:59
Ontem ao deitar apareceu em mim um desejo
estranho de abrir a Bíblia, coisa que me parece já não fazer há muito tempo.
Ouvi então: “Êxodo vinte e nove, treze”. E penso agora que esta citação pode
ter relação com a mensagem dos algarismos. Destaco, pois, agora:
Ex 29, 13
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“Tomarás toda a gordura que cobre as
entranhas, a membrana do fígado, os dois rins com a gordura que os envolve e
queimarás tudo sobre o altar”.
É claro que eu não entendo e pareceram-me
estas palavras tão situadas no tempo, que nenhuma relação lhes vi com o mundo
em que vivo e com a minha própria situação interior. Mas eu aprendi já que cada
palavra que está na Escritura é semente que, se cair em terra boa, poderá dar
uma árvore com frutos com milhares de sementes. Acontece mesmo serem justamente
as sementes mais estranhas aquelas que mais nos surpreendem com o sabor e a
abundância dos seus frutos.
- Mestre, retira daqui a voz do Maligno que
me perturba e fala Tu só, com a Tua Voz serena e quente, guiando-me no Mistério
que me está ainda fechado. Que me queres com estas palavras tão estranhas ao
nosso tempo?
- Diz o que aconteceu quando a elas te
levei.
- Tive vontade de fechar a Bíblia.
- Porquê?
- Porque me pareceu nada terem a ver comigo
aquelas palavras.
- E porque não fechaste a Bíblia?
- Porque logo senti que Te ofendia,
desprezando assim o Dom que acabavas de me trazer.
- Mesmo sendo uma prenda sem valor para ti?
- Não sou eu que tenho que julgar do valor
das prendas que me dás.
- Ai não? És obrigado a gostar de todas?
- Sou obrigado a saber já que as palavras
são só o papel em que vêm embrulhadas as Tuas prendas e que por isso Te ofendo
profundamente quando Te rejeito uma prenda, só porque não gosto do papel que a
embrulha, para mais sabendo, como sei, que nada ofereces de insignificante, sem
um qualquer insuspeitado valor.
- Então foste à procura do contexto…
- Sim. Faz parte do ritual da consagração
dos sacerdotes da Aliança Antiga.
- Que sentes quando te falo de sacerdotes?
- Um peso.
- Um peso?
- Como hei-de dizer, Mestre? Um problema
monstro.
- Porquê?
- Parece-me que foi aquilo em que mais Te
ofendemos nestes séculos todos, depois que instituímos na Tua Igreja os
sacerdotes.
- Queres explicar porquê?
- Porque Tu nunca falaste de sacerdotes.
- Falei, sim, uma vez.
- Não Te vou perguntar quando, porque já no
coração mo disseste: falaste com a Tua Cruz.
- Porque te fala a Minha Cruz de sacerdócio?
- Porque ali estás Tu, como Vítima.
- Que tem a ver sacerdote com vítima?
- Sacerdote é aquele que oferece ao Céu os
dons da terra, imolando-os.
- No caso que te indiquei…
- Era um novilho.
- Porque falei Eu de sacerdócio só com o
silêncio da Minha Cruz, sabes?
- Estou tentando entender…
- Não precisas de forçar muito a cabeça.
Ouve com o coração.
- Fala então nele. Fala forte. Não Te estou
ouvindo…
- Porque será?
- É sempre o Demónio que nos impede de Te
ouvir.
- Neste caso terá ele alguma razão especial
para te bloquear a Minha Voz?
- Oh sim! Os sacerdotes são a face mais
visível do seu disfarce, na Tua Igreja.
- Como assim?
- Com eles desvirtuou ele a Tua Cruz.
- Como assim?
- Colocando-os entre o Povo e a Tua Cruz.
- Tirando a vista à Minha Cruz?
- Isso. Os sacerdotes começaram a vestir-se
com vestes preciosas….
- Simbólicas, não?
- Todo o símbolo deve conduzir a Deus e não
encobri-Lo.
- Os sacerdotes encobrem Deus?
- Encobrem. São uns grandes trambolhos entre
o Povo e a Tua Cruz.
- Porque não disseste entre o Povo e Deus?
- Porque os vi sobretudo retirando toda a
Força à Tua Cruz.
- Onde está a Força da Minha Cruz?
- Em estares nu, coroado de espinhos,
jorrando sangue, morrendo abandonado pelos Teus amigos e mesmo por Deus Teu
Pai.
- E os sacerdotes…
- São tudo o que há de mais contrário a
isto.
- Não será tanto assim…
- É, Jesus, é. É assim. Eles vestem longos e
largos e vistosos paramentos e Tu, por trás deles, estás nu! Eles põem na
cabeça altas e preciosas mitras e Tu, por trás deles, tens na cabeça enterrada
uma coroa de espinhos! Eles fazem gestos majestosos e Tu contorces-Te com
dores, atrás deles. Eles jorram muitas palavras, cultas e finas palavras e Tu,
atrás deles, jorras sangue!
- Estamos assim chegados ao Silêncio da
Minha Cruz.
- Sim, Mestre. O Teu Sacerdócio não fala;
vê-se. Foi por isso que escolheste como altar uma cruz: para que fosses
levantado da terra, bem alto; para ali se dirigiu toda a tua vida; foi a última
imagem que os homens viram de Ti, sobre a terra.
- Meu Salomão, estás cansado, não estás?
- Nem por isso: hoje escrevo quase de
rajada, não sei porquê.
- Porque também é de rajada que soprará o
Meu Espírito sobre a Minha Igreja…
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