Numa
de todo inesperada revelação, Jesus insiste em que os Seus amigos deverão
chegar ao “nós”, assim tão próximos, tão companheiros, tão Um só, que todas as
diferenças de estatuto, todas as distâncias sejam eliminadas. Mas atenção: este
“nós” não inferioriza Deus; eleva-nos a nós ao mesmo Círculo afectivo em que os
laços que nos unem são a Sedução e a Surpresa.
2/5/96 – 1:54
Jesus tornou-Se agora mais sensível em mim. É como se, do fundo do
Inferno aonde me levou, me estivesse agora levantando, ressuscitado, e esta
ressurreição estivesse vivificando até a minha carne corruptível. Jesus vibra fisicamente em mim: o Encanto que Ele já
era estendeu-se agora ao corpo. Esta união nova, em que me parece ter sido
assumido no próprio Corpo de Jesus e no Seu Corpo me tivesse tornado corpo
cósmico, leva-me a entender com o coração o que significa, no diálogo com Ele,
dizer “nós”. Tanto insiste Ele em que, logo desde o início, a Vassula assim
diga e eu não tinha entendido ainda: achava estranho que tão Companheiro do
homem Se fizesse Deus. Mas vejo agora que, mais do que Companheiro, Ele anseia
por Se fazer Um Só connosco. E esta união é espantosa, inacreditável: Deus
assume em Jesus a nossa própria carne, fazendo-a Sua! Jesus está-me assim não
só no espírito, mas também na carne! Também a minha carne é agora d’Ele!
Por quanto tempo me manterá Jesus neste
enlevo de coração, nesta felicidade que como um fluido me percorre e abala o
corpo? É este o novo Dom do meu Senhor. Tão grande, tão inesperado, que me
sinto de novo nos tempos da primeira paixão. Mas o mundo parece ter atingido o
auge da angústia e vem aí a Grande Tribulação. É chegado já o tempo da
“abominação da desolação” de que fala Daniel e que Jesus cita em Mateus 24, 15.
Por isso o mais natural é que o Mestre me peça que partilhe a Sua Dor e me
torne a dar, intensificada, a aridez de coração. É este um Dom não menor que o
presente, porque é por ele que as nossas chagas são curadas. É natural, sim,
que este seja só um antegosto passageiro da felicidade “insuportável” que me
espera quando o Senhor me tiver absorvido toda a carne no meu corpo
ressuscitado.
– Por isso vá, Jesus, não tenhas medo: põe
às minhas costas o Teu fardo; se tu estiveres por perto, eu aguento. Eu não me
vou esquecer mais do que agora me deste e isso vai-me dar ânimo todas as vezes
que eu estiver desfalecendo. Mas enquanto quiseres que dure esta Tua Prenda,
molda-me com ela um coração terno e põe-na ao serviço da Tua Igreja, da
Humanidade toda. Restaura em nós a sensualidade da Criação. Liberta o Teu Amor
sensual das garras de Satanás que, invejoso porque nunca teve corpo, to reduziu
a uma montanha de podridão. Restaura em
nós, Artista do Amor, a sexualidade, na sua harmonia original. Vinga-te, suplantando
em nós o Sonho original do Pai. Faz do sexo, de novo, “o órgão do amor físico”,
como tantas vezes naquele Setembro de 94 me repetias e eu não entendia! Faz do
sexo o veículo e a expressão, em nós, da felicidade do Universo físico. Que o
amor físico não mais seja coisa roubada que, escondidos, vamos gozar para um
canto escuro, mas Dom oferecido por Ti que em simplicidade de coração gozemos à
luz do dia. Amen.
Sem comentários:
Enviar um comentário