É
porventura a mais chocante revelação destes Diálogos. Foi-o para mim próprio,
sobretudo no início. Mas Jesus avançou, sem marcha-atrás. É importantíssimo
para Ele restaurar o Prazer físico, na sua inebriante força original que
tornava toda a Criação harmoniosamente feliz.
30/4/96 – 1:10
– Amar como Tu amas deve ser uma loucura!
– Porquê?
– Não sei… Fizeste-mo sentir ontem, estou-o
sentindo agora… É uma nova faceta do Amor.
– Como lhe chamarias?
– Doçura.
– Diz esse outro nome.
– Prazer.
– Que prazer?
– Físico.
– Mesmo com as nossas toscas palavras, tenta
caracterizá-Lo melhor um pouco.
– O próprio corpo se sente feliz.
– Como?
– Vibra. Arde.
– É como o prazer da relação sexual?
– É.
– Sem relação sexual?
– Sim.
– Dispensa a relação sexual?
– Dispensa.
– Porquê?
– Acho que a suplanta.
– Porquê?
– Dura mais. Não tem a quebra subsequente ao
orgasmo.
– Como desaparece?
– É substituído pelo encanto.
– E o
encanto…não tem nada de físico?
– Tem. É como se mantivesse viva também a
carne.
– Vamos falar então um pouco do prazer
sexual, vamos?
– Vamos.
– Não sentes acanhamento nenhum?
– Contigo, não; o meu problema são as
pessoas: muitas não podem ouvir falar de sexo.
– Porque será?
– Talvez porque se tornou o carrasco da
alma.
– Como assim?
– A Fonte do Prazer deverias ser Tu.
A atitude de Jesus é inexplicável: escondeu
o rosto nas mãos e pôs-Se às voltas…sem objectivo… Quase O diríamos
descontrolado pela dor. Geme. Deve haver lágrimas também, mas não se vêem,
porque as mãos Lhe tapam o rosto… A imagem está-se esvaindo… O que mais me
impressionou foi o descontrole: havia naquele gemer um misto de raiva e
impotência. Nunca vi Jesus assim: era tudo menos um mestre, muito menos o meu
Mestre sereno, cheio de classe, esperando com uma paciência bem disposta que eu
chegue lá, às diversas paisagens do Mistério. Que pena me meteu! Só me apetecia
ir lá, sentá-Lo nos meus joelhos, apertá-Lo contra o peito e perguntar-Lhe a
razão de tamanha dor. Mas eu até já a adivinho: roubaram-Lhe, conspurcaram-Lhe,
destruíram-Lhe aquilo que Ele tinha de mais retintamente humano para nos dar!
“O Amor é um dom” – li eu de relance, antes
de começar a escrever, na Vassula. Está no dia 14 de Julho de 1993. Nunca, ao
falar no Amor de Deus as pessoas pensam no Amor físico. E o Pai deu-nos Jesus
para que Ele nos restaurasse e nos restituísse também o Amor físico. Não há,
aliás, mais do que um único Amor. Mas a atitude de Jesus há pouco revelou bem o
quanto Lhe dói o terem-Lhe mutilado assim o Amor! Dir-se-ia que nunca O
deixaram amar inteiramente ninguém, porque mesmo os Seus maiores amigos Lhe
negaram o Amor físico, considerando-O pecado!
E é. É, porque Lho roubámos, fugimos com Ele
para o nosso canto e aí Lho desfigurámos, Lho usámos a ponto de Lho deixarmos
apodrecer.E agora só saem dele larvas venenosas espalhando doenças e por isso
só d’Ele nos aproximamos protegidos por preservativos!
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