Gostamos muito de coisas definidas, isto é, com limites rigorosos. Para
quê? Para controlarmos a todo o custo a Vida. Por isso dos grandes Carismas da
História fazemos doutrinas e das doutrinas fazemos obra nossa, evidentemente
esterilizada, para a podermos controlar e, o que é a máxima perversão, vestimos-lhe
a capa do carismático líder para darmos autoridade e dignidade ao nosso
escondido crime contra a Vida.
28/4/96
– 10:57
Jesus
levou-me já a ver uma das Suas maneiras de ensinar. Ela tem a característica da
vida: vem em ondas. Como as do mar. Como as das estações do ano. Nunca é a
mesma a altura, nem a forma, nem a água de cada onda do mar. Nunca é a mesma a
onda de cada Primavera: ela eleva-se mais ou menos, conforme o esplendor de
cada Verão; e afunda-se mais, ou menos, no Inverno, conforme o balanço que lhe
dá cada Outono. No entanto é sempre onda aquilo que do mar vimos vir ao nosso
encontro, reconhecemos sempre na força e no colorido que rebenta perante os
nossos olhos outra vez a Primavera. Mas Jesus ensina largando o Mistério quando
com ele ficamos deslumbrados, para uma nova sede fazer nascer no nosso
coração.E então volta. Ao mesmo Mistério, mas nunca à mesma Água, à mesma Cor
do mesmo Mistério! Só nós, míseros cegos, é que julgamos arrumar cada assunto,
esgotar cada mistério, avançando “sistematicamente”. Pomos então em cada
assunto, em cada mistério, um carimbo e um rótulo e dizemos: Esta matéria já
esta “definida”; isto é dogma. Então, aquilo que era Primavera desfazendo-se em
frutos no Verão, adormecendo-nos saciados no Outono e criando no Inverno uma
funda sede de nova Primavera, passou a ser um gigantesco e robusto monumento de
pedra vistosamente revestido de mármore brilhando em matizes vários. Mas no
sítio onde esse mastodonte assentou, mais nenhuma Primavera poderá acontecer. E
é como se nesse imenso templo levantado pela mão do homem, orgulho e
propriedade sua, vivessem agora os filhos de Deus aprisionados, definhando por
falta de pão fresco, de ar e de luz.
Por isso Jesus ensina: os Meus Mistérios
deverão permanecer Mistérios! Escreveu-o várias vezes através da Sua
“secretariazinha” Vassula. E assim volta o Mestre agora à Escritura, como é Seu
jeito, ensinando a quem tiver ouvidos para ouvir, coração para entender: a
Escritura não é um monumento de palavras estratificáveis e definíveis em
proposições verbais unívocas, em dogmas. Nunca mais “Roma locuta, causa finita” (“falou Roma, acabou a questão”). Roma será serva do
Mistério.
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