– Aqui estou, Senhora. Deixa que o Teu encanto me invada e vem falar comigo. Há tanto tempo Te não ouço…
– Mas Eu tenho-te ouvido sempre com muita atenção.
– Então diz-me: estás contente comigo?
– Tu és o Meu filhinho muito querido que eu estou vendo crescer de dia para dia.
– Mas eu sinto-me parado… Não acontece nada… O que vejo em mim é sempre a mesma incapacidade numa rotina em que nada muda. Até a impressão destes Diálogos decorre tão lenta… Tu desapareceste…
– Olha, filhinho: desaparece das árvores a vida, no Inverno?
– Não; elas continuam vivas.
– E como continuariam vivas, se nada nelas acontecesse?
– Ah! Mas que Inverno tão longo o meu, Mãe!
– Ouve: embora nu na superfície, não te sentes inundado de água na raiz?
– Eu tenho escrito sempre…
– E é só palha seca o que escreves?
– Não! No momento da escrita quase sempre tudo é lento e penoso, mas quando releio, mais tarde, o que escrevo, parece-me, de facto, água viva! Muito frequentemente aqui volto agora para beber e continuar assim caminhando, neste Deserto.
– Lembra-te então dos trinta anos da vida do Meu Filho, em que “nada aconteceu”, senão a “rotina” diária…
– Ah! Eu estou escrevendo o Evangelho desses trinta anos do Teu Filho?
– Não to disse Eu já? Continua, filhinho, a escrever o Evangelho desses longos trinta anos de rotina, que ninguém conhece e são tão importantes como os três últimos anos da Sua vida. A Mensagem da Incarnação de Deus não se resume a estes três últimos anos.
– Ah! A vida de Jesus é toda por igual Palavra incarnada que é preciso ouvir?
– Sim. Escreve, Profeta querido do Meu Jesus, a Palavra Incarnada que ninguém conhece. Todos falam dos curtos anos em que Ele foi célebre, mas ninguém se lembra dos longos anos em que Ele era, como biliões de vós, apenas o “filho do carpinteiro”.
São 3:05.
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