Act 28, 1-10
O dedo apontou de forma muito precisa este texto. Há um tremor dentro de mim, feito de uma esperança muito viva, eu quase diria uma certeza: Jesus vai curar o Gaspar! É que o texto refere vários milagres operados através de Paulo. Já ontem o texto que o Senhor me deu era de Paulo e afirmava, preto no branco, que Jesus vence a morte! Não pode ser acaso! Há uma alegria estranha dentro de mim: o Gaspar foi curado, o Gaspar vai ficar bom!
E se não ficar? – anda dentro de mim esta interrogação. Se não ficar, qual é o problema? É porque a Vontade do Pai é que ele morra[1]. E eu continuarei acreditando firmemente que o nosso Jesus pode tudo e que o defeito está sempre em mim. Que se passaria com os apóstolos, por quem se operavam curas na Igreja primitiva? Que sentiria Paulo? Quando, como refere o texto, as pessoas verificaram que a víbora enroscada no seu braço, o não mordeu, “mudaram de opinião e começaram a dizer que ele era um deus”. O que se sente num caso destes? Como é possível não sentir vaidade, quando as pessoas assim nos rodeiam e admiram? Só pode ser pela consciência de que, como Paulo testemunhou, “já não sou eu que vivo; é Cristo que vive em mim”!
Não estou aqui, eu, certamente. Senão nem sequer me preocupava com estas coisas. Só aí chegarei quando tiver a simplicidade das crianças que vêem as coisas acontecer e não as atribuem a si próprias: é a “magia” de que se sentem rodeadas que as faz aparecer.
Hoje é o dia dos Reis Magos e acordei a pensar nisso. Preguiçosamente, mantive-me na cama e foi com dificuldade que ajoelhei, apesar de ter dormido, desta vez, seis horas seguidas. Nestas ocasiões penso que estou a ficar preguiçoso e me está faltando a alegria e a prontidão doutros tempos. Mas há em mim sempre também uma confiança em que Deus, não sendo mesquinho, nem ligará a isto, e me continuará a moldar, sem desfalecer, até à completa restauração da Sua Imagem em mim. Por isso me apetece dizer-Lhe agora esta oração:
– Deus Pai Omnipotente e Bom, eu creio que Tu me amas muito, muito, acima de toda a compreensão humana. Olha, por isso, cá para baixo, para o reboliço em que vivemos e tem pena de nós. Ofendemos-Te muito, é certo, mas também é certo que nascemos já aqui neste monturo e nos é muito difícil olhar o Céu que Tu queres semear na Terra através do Teu Filho, Jesus, nosso Irmão querido. Fala, por isso, de novo, por Teu Filho, à nossa geração, como falaste no tempo em que o Teu Verbo viveu entre nós incarnado e, porventura mais ainda, no tempo da Igreja Primitiva. Envia-nos outra vez Jesus com os Sinais e o Poder que os primitivos cristãos testemunharam. O nosso mundo precisa muito do Teu Filho, fruto da nossa Carne por incompreensível Amor Teu, outra vez vivo e forte entre nós, pela acção misteriosa do Teu Espírito. Que o Consolador encharque de novo a Terra, ainda que para isso tenha que vir como Tempestade que derrube tudo aquilo que é obra das nossas mãos pecadoras. Pai, venha a nós, enfim, o Teu Reino. Pai, seja feita a Tua Vontade na Terra exactamente como ela é feita no Céu! E não nos deixes, querido Pai, cair nas garras do Tentador, que tantos estragos tem feito. Amen.
[1] O Gaspar viria a morrer, efectivamente, passados uns três meses, na manhã do Domingo de Páscoa! Vi sempre neste facto um Sinal de que Jesus me tinha ouvido: o Gaspar está entre os vivos!
Sem comentários:
Enviar um comentário