– Purifica o meu amor, Jesus! Faz de mim um instrumento da Tua Ira e da Tua Justiça se Te apraz, mas que, tanto uma como outra, sejam expressão do Teu Amor! Eu quero é ser instrumento da Tua Paz! Ensina-me a amar! Se possível como Tu amas! Sempre na totalidade de quanto o meu ser puder comportar! Eu quero ser amor só. Sem mistura. Estou agora vendo: amar-Te a Ti é fácil: Tu és abstracto[1] e bom! Mas os homens, com os seus defeitos e maldades! Com a sua presença concreta reagindo no momento, agredindo no momento! Vem ensinar-me como se amam todos os homens sem excepção e sem mistura! Só um coração enorme pode amar assim: dá-me um coração enorme! Vem e toma o meu coração, para que ele ame como Tu queres!
Noto neste momento que estou elaborando a minha oração, de modo a não dizer asneiras “teológicas” e assim não chocar os eventuais leitores!
– Jesus, como se faz para tirar isto daqui?
– Não faças nada: deixa-Me fazer a Mim.
– “Deixar” o que é?
– Apenas pedir e acreditar.
– Aumenta a minha fé.
– Estou aumentando.
– Fortalece a minha fé.
– Estou fortalecendo.
– Abandonando-Me assim?
– Não me abandonou o meu Pai também assim?
– Mas Tu eras inocente!
Não me vem resposta nenhuma de Jesus. Fico eu só, dominado pela minha impotência. Nenhuma luz. À minha volta só os trambolhos das minhas deficiências, da minha vaidade, da minha ambição. Apenas dentro de mim uma teimosa fé ou esperança ou paciência… não sei como lhe chamar… uma planta mirrada, mas resistindo na sua aridez, na sua solidão, sem sol, sem água, apenas esperando, esperando sempre, agarrada com força à terra, donde lhe vem o fio de seiva que a mantém viva.
Jesus, desta vez, deu-me mesmo aquilo que me prometeu: deixar-me participar na Sua Paixão. São 5:33. Até dos algarismos desconfio agora, os algarismos com que Jesus tantos sinais me fez! Foram precisamente aqueles algarismos que no início me acordaram para a realidade da Presença de Deus em mim! O 5, o Sinal do meu Jesus crucificado e glorificado e o 3, Sinal da Presença, aqui, em mim, na Terra, do Deus Trino! Vou deitar-me apenas com a Paz daquela planta que espera e sabe que, se não for da terra onde se agarra, de mais lado nenhum lhe virá a seiva vivificadora.
MV
Na confeitaria. Quando dei por mim, tinha a VVD aberta na pág. 254 (Roma, 9/8/88). E neste preciso momento, ao escrever a data, não pude deixar de reparar que a Vassula está em Roma! Mas a minha atenção prendeu-se, ao baixar os olhos sobre o livro, nas palavras escritas naquela página: “Meu filho, honra o teu Deus e trava a justa batalha; repara o mal com o bem… Escolhi-te entre aqueles que repararão o mal com o amor”. É certo que estas palavras são dirigidas ao P. James mas, tal como as Palavras da Bíblia, elas valem por si, independentemente daqueles a quem foram dirigidas: uma vez pronunciadas, elas são universais. Não sei quem me ensinou isto, mas sei que é assim. A Palavra de Deus, uma vez incarnada, torna-se linguagem universal, para toda a humanidade, para todos os tempos. Não se refere mais a tal ou tal Profeta determinado, a tal ou a tal rei específico, a tal ou a tal povo concreto, a tal ou a tal pessoa individualizada: é aplicável hoje, com a mesma concretude (saiu-me assim a palavra e assim fica), àquele ou àqueles que, de coração puro, andarem à escuta das Palavras do Senhor, desejarem ardentemente ouvir a Voz do seu Deus. Como fez Francisco de Assis. Como faz a Vassula. E eu acredito que também para mim são todas as palavras que procuro de coração sincero e que elas são, em cada momento, aquelas que o dedo aponta, que o olhar fixa. Por mais
[1] Abstracto, aqui, significa apenas invisível aos olhos físicos. Na verdade, Jesus não tem nada de abstracto, mas sempre Se me revela como autêntica Pessoa, perfeitamente individualizada e concreta.
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