Jo 8, 1-11
Não percebi: é o episódio da mulher adúltera.
– Deita-te e amanhã saberás o significado.
É tão insistente dentro de mim esta Voz, que tenho que a registar. Vou obedecer-Lhe, deitando-me. […]
São 0:56 no momento em que olho o relógio. Eu tinha-me já deitado. Mas achei que devia registar a hora, não sei porquê. Mas o 6 causa-me alguma perturbação. Seriam 0:55 se não tivesse que tactear no escuro o interruptor da luz. E mais uma vez me deito sem absoluta paz. É talvez isto que me faz olhar de novo o relógio: 1:03. Rezo:
– Sê a minha Paz, Jesus. Eu creio em Ti!
São 1:05.
– 16:21 MB
– Jesus, reconstrói-me a mim, para que eu possa reconstruir a Tua Igreja segundo a Tua Vontade.
Mas aqui o que me domina o espírito é a leitura de hoje de madrugada (mulher adúltera). Peço a Jesus que me fale, que me faça arrepiar caminho sem olhar para a direita nem para a esquerda. E a primeira coisa que me ocorreu foi olhar as horas. Eram 16:21: o Pai, mais uma vez e agora insistentemente: 1…1! O Pai olhando e protegendo, no mundo da Besta (6), a sua Testemunha (2). Mas há um impulso em mim para abrir de novo o Livro. Vou abrir, às 16:33!:
Tudo isto é louco! E então, das duas, uma: ou o M. O. tem razão em dizer que eu estou gravemente doente, ou a missão que Jesus me está entregando é verdadeiramente inaudita!
Como quer o meu Jesus que eu me atreva a aceitar a segunda hipótese? O mais natural, segundo a lógica em que estou embebido e em que fui educado, é que tudo isto seja apenas produto de uma mente delirante!!!
Mais uma vez não me atrevo sequer a formular qualquer pergunta, porque, fosse qual fosse a resposta, seria esmagadora.
O meu estado de alma seria literalmente insuportável neste momento se eu não estivesse certo, pelo menos, disto: Deus ama-me! Por isso, mesmo que este seja um momento de falta de fé, de desmedida ambição apenas, mesmo que este momento constitua um verdadeiro sacrilégio, eu sei que o Amor que Deus me tem é sempre maior, desmesuradamente maior, incompreensivelmente maior que o meu pecado, por mais grave que ele seja! Mas, no meio destas trevas e desta dor e deste medo, anda uma Luz, que intermitentemente me diz: o nosso Deus é o Deus do impossível! E anda também uma firme vontade de nunca O abandonar, mesmo que toda esta torrente de incompreensíveis Graças fosse pura vaidade minha e eu, humilhado, de rabo entre as pernas, tivesse que ir ocupar o buraco mais escondido da Terra, logo que, dali, em silêncio, eu pudesse assistir ao triunfo do meu Jesus!
A verdade é que Jesus me tem praticamente monopolizado a atenção.
– Porque te convém! – diz, muito rápida, uma voz em mim. – Encostando-te a Jesus facilmente serás objecto de louvor e de glória. Jesus serve assim para alimentar a tua megalomania!
Meu Deus! donde veio esta voz? – pergunto eu aqui dentro, sem me atrever a dirigir a Jesus esta pergunta.
– Do Demónio! – responde…
Tenho medo de escrever “Jesus” mas Ele insiste:
– Não tenhas medo. Fui Eu!
Tremo todo, aflito, inseguro, como Pedro sobre as águas. E pergunto:
– Mas então, se foi o Demónio, ele está contra si próprio! Não seria mais demoníaco deixar-me ficar convencido de que és Tu que monopolizas a minha atenção?
– Não. Porque é verdade. E o demónio odeia a Verdade. Por isso A contraria sempre, às cegas, mesmo que isso o prejudique.
São 17:44. Anuncia! Anuncia! É o que me dizem, mais uma vez, os algarismos, perante a Presença do Pai (1) em Sua Plenitude (7)!
– Jesus, tira-me daqui! – rezo.
[1] Leça do Balio, nos arredores do Porto, onde resido, na casa onde sempre viveu a minha esposa.
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