Acreditei e levantei-me. Mas agora, depois da carta do M. O., acredito com reservas. O que não é fé verdadeira. Aliás quase evito pôr-me à escuta. Não há dúvida: a carta do M. O. traumatizou-me. Só Jesus me pode curar, levantando de novo e robustecendo a minha fé. A verdade é que eu espero. E rodeio o meu Senhor, de cabeça caída, pedindo-Lhe: vá lá, trata de mim. Se eu fosse bebé, diria “tem do-dói!” A minha fé tem um dói-dói! Até porque a “mensagem linda” não é propriamente uma surpresa, para já. Abri a Bíblia numa gravura e logo desconfio, quando assim acontece, que o Livro abriu ali por causa da gravura. Mas, com determinação, disse: porque não aqui? E olhei onde apontava o dedo que fazia mais pressão. O dedo apontava exactamente para a expressão “vida eterna”, o final do v. 25, e por isso comecei a ler o 26: “Se alguém quiser servir-Me, que me siga; e, onde Eu estiver, ali estará também o Meu servidor”. Penso, então, que devo citar também o v. 25, que diz: “Quem ama a sua vida, perdê-la-á…” Assim:
Jo 12, 25-28
– É a ti que se refere, Salomão, não tenhas medo.
Mas agora tenho mesmo medo e não sei que hei-de fazer! Ponho tudo em causa. Excepto que Jesus é meu amigo e está presente. O v. 28 diz assim, em continuação da fala de Jesus: “ ‘Pai, glorifica o Teu Nome.’ Então veio uma voz do céu que dizia: ‘Já O glorifiquei e tornarei a glorificá-Lo’.” A Voz refere-se a Jesus. Aplicar as mesmas palavras a mim próprio ou é uma enorme Dádiva, ou é um enorme sacrilégio. Aliás a ideia de sacrilégio foi avançada pelo M. O. e não me sai da cabeça. Não me angustia, porque no fundo eu sei que não fiz sacrilégio nenhum. Não podia ter feito. Porquê? Sempre pelo mesmo motivo: eu gosto muito-muito-muito do meu Jesus. É impossível que amando assim se possa ser sacrílego. Poder-se-ia dizer que este amor é ou pode ser falso. Mas dentro de mim, tudo geme e protesta, dizendo: Não é! Não é! Sem saber bem explicar porquê. Como a criança que fica indefesa perante uma acusação falsa, porque só sente a injustiça, mas não tem argumentos para a rebater. O M. O. aconselha-me a ir a um psiquiatra, mas o psiquiatra, por mais límpido que estivesse nestas páginas o meu amor a Jesus, diria sempre que estou “afectado”, que é qualquer fixação doentia, qualquer espécie de transferência ou compensação… ele haveria de arranjar qualquer palavrão para esmagar o meu amor a Jesus.
São 5:24! Esta insistência no 4!…
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