– E querias libertar-te desse receio?
– Queria sentir-me tão preso a Ti que todo o receio de Te perder desaparecesse de mim. Este receio vem-me da fragilidade do meu amor. Que posso fazer para que ele aumente?
– Basta que acredites no Amor que te tenho.
– E com que Fé devo acreditar, Mestre? Eu acredito no Teu Amor com toda a Fé que encontro em mim em cada momento.
– Que estavas a fazer agora mesmo?
– A concentrar-me, a ver se Te ouvia.
– E ouviste-Me, não? Pelo menos ouviste-Me fazer-te aquela pergunta…
– Ouvi com o meu ouvido: ouvi com toda a Fé que tenho.
– Foi então também só pela Fé que captaste a Minha pergunta e é também só pela Fé que Me estás pondo na boca estas próprias palavras que justamente neste momento escreves!?
– Sim. Não tenho mais nada com que possa contactar Contigo, senão com esta Fé: nela se concentram e se esgotam todas as minhas capacidades de contactar Contigo. Não vejo mais nenhuma forma de o fazer, já que me não deste a audição interior, nem o arrebatamento místico, nem sequer, neste momento, a emoção de um amor sensível.
– Em que consiste, então, a tua Fé?
– Acho que é só numa resistente esperança de Te encontrar por este caminho.
– Então se a tua Fé consiste na pura esperança de Me encontrares, as palavras que pões na Minha boca não são uma realidade que ouves; são antes uma esperança de as ouvires!
– Pois são, Mestre. Acho que as palavras que Tu aqui falas são só uma esperança minha de que as fales!
– É então, na verdade, só a tua esperança que escreves!
– Não Te sei responder, Mestre. É certo que me sinto todo reduzido a esperança, muitas vezes, quando escrevo. Mas sinto que esta esperança é uma realidade consistente e forte e que esta força és Tu.
– Então quando fala a tua esperança, sou Eu que falo!?
– Isso, Mestre, é isso!
– Então as palavras da tua esperança que pões na Minha boca são realmente Minhas!
– São, Mestre, são realmente Tuas.
– Está na hora de escreveres Esperança com maiúscula, não?
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