No jardim da casa
Escrevendo ...
Breves dados biográficos

O meu nome é Salomão. De apelido Duarte Morgado.

Nasci no ano de 1940 em Portugal, na aldeia do Rossão, da freguesia de Gosende, do concelho de Castro Daire, do distrito de Viseu.

Doze anos depois, 1952, entrei no seminário menor franciscano: eu queria ser padre franciscano.

Doze anos depois, 1964, fiz votos perpétuos na Ordem dos Frades Menores de S. Francisco de Assis seguidos, ao fim desse ano lectivo, da ordenação sacerdotal: eu era o padre que tanto queria ser.

Doze anos depois, 1976, pedi ao Papa dispensa dos votos que era suposto serem perpétuos e do exercício do sacerdócio, que era suposto ser para sempre, casei e tornei-me pai de quatro filhas.

Doze anos depois, 1988, fiz uma tentativa extrema para salvar o meu casamento, saindo de casa. Mas o divórcio de facto consumou-se.

Doze anos depois, 2000, surgiu na minha vida o mais inesperado acontecimento, que começou a ser preparado, sem que eu disso tivesse consciência, no meio deste ciclo, 1994. Foi aqui que comecei a escrever a longa Mensagem que senti Deus pedir-me que escrevesse em Seu Nome e a que Ele próprio deu o título de Diálogos do Homem com o seu Deus no Tempo Novo. Os textos agora aqui publicados são excertos desta vasta Profecia preparando a sua divulgação integral, no tempo oportuno, que desconheço.


Moro há 30 anos em Leça do Balio, concelho de Matosinhos, distrito do Porto.


Não são estas palavras mais do que um testemunho daquilo que vi, ouvi, senti, toquei. Não estão por isso sujeitas a nenhuma polémica. Todos os comentários que se façam, ou pedidos que se queiram ver satisfeitos, sempre serão respondidos apenas com novos textos: de mim mesmo não tenho respostas.




Observações


Muitos e verdadeiros Profetas têm surgido nos nossos dias. Um deles é Vassula Ryden, cuja profecia, "A Verdadeira Vida em Deus", teve um decisivo relevo no meu chamamento a esta missão e revela uma estreita complementaridade com esta Mensagem que escrevo.

Os algarismos desempenham nesta Profecia um papel muito importante como Sinais. Foram adquirindo progressivamente significados diversos. Assim:

   0 – O Sopro da Vida. O Espírito Santo.

   1 – A Luz. A Unidade. O Pai.

   2 – A Testemunha.

   3 – O Deus Trino. A Diversidade.

   4 – O Mensageiro. O Profeta. O Anúncio. A Evangelização.

   5 – Jesus.

   6 – O Demónio.

   7 – O Sétimo Dia. A Paz. A Harmonia.

   8 – O Oitavo Dia – O Dia da Queda e da Redenção. O Homem caído e redimido. Maria de Nazaré.

   9 – A Plenitude de Deus. A Transcendência. A Perfeição. O Regresso de Jesus. O Nono Dia.

Alguns agrupamentos de algarismos adquiriram também um significado próprio. Os mais claramente definidos são estes:

   10 – Os Dez Mandamentos. A Lei. A Escritura.

   12 – O Povo de Deus. A Igreja.

   22 – As Duas Testemunhas de que fala o Apocalipse.

   25 – A Alma humana.

   27 – Salomão, o meu nome que, derivando do termo hebraico Shalom, significa o Pacífico, a Testemunha da Paz.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

550 — Uma longa oração ao Espírito, o nosso Rio Interior

            9:02

    Vem, Espírito do meu Senhor, vivificar a minha carne, para que ela toda, desde o mais imperceptível gesto até à palavra mais gritada, desde o núcleo mais são até às zonas mais apodrecidas, se torne Testemunha dócil e eficaz do Regresso do Senhor Jesus. Tu és omnipotente: mesmo aqueles gestos e aquelas palavras que estão ainda amarradas à minha mais funda incapacidade eu Te peço que as tornes Sinal eficaz da Tua Omnisciência em mim! Se assim convier ao meu Mestre, que esta carne continue perante os olhos do mundo trôpega e desajeitada como está, até ao fim da minha vida terrena; mas que então cada gesto trôpego, cada palavra desajeitada revele, em toda a possível profundidade, o Amor incarnado do nosso Deus! Mais Te peço neste momento e creio que me veio de Ti este desejo: vivifica a minha carne desde que ela foi concebida no seio da minha mãe terrena! Eu sei que Tu podes fazer isto que Te peço, meu eterno Senhor do Impossível! Se Tu quiseres, toda a maldade do mundo, desde as Origens, a poderás transformar em Seiva restauradora da carne toda da Humanidade e reconstrutora da Criação arruinada por causa do Pecado. Se eu, aqui neste café, neste pontinho invisível do gigantesco Universo, nesta leveza sem peso no conjunto das medonhas energias cósmicas, to pedir, de forma que Te surpreenda, Tu podes avançar pela podridão toda que o homem acumulou desde aquele dia trágico da conversa de Eva com a Serpente e fazer dela fertilizante do Homem Novo que Jesus está para nos trazer neste Seu Regresso. Tu, meu subtil e gigantesco Coração de todas as coisas, podes, se eu To pedir, fazer com que esta camada de maldade e dor que desde Adão nos recobre e asfixia, se converta em Ternura de Deus nosso Pai caindo como orvalho sobre a terra. Tu podes fazer com que hoje seja apenas Primavera, a Primavera que nunca houve desde que Eva mordeu aquele fruto. Porque diz-me, meu querido Rio Interior se não é verdade o que vou escrever: quando vieste, naquele Pentecostes primeiro, a Primavera que deveria surgir e desabrochar no Verão, não a enterrámos nós debaixo dos mausoléus das nossas obras?

549 — Lembra-te dos trinta anos da vida de Jesus em que nada aconteceu

9/1/97 1:10

   Abri os olhos com a convicção interior de que era a Senhora que me estava acordando. Uma convicção tão forte como são fortes as certezas nos sonhos aliás acredito que tenha sido mesmo um sonho que eu estava tendo. Só sei que me levantei mais rápido porque era a Senhora que mo estava pedindo.

   Aqui estou, Senhora. Deixa que o Teu encanto me invada e vem falar comigo. Há tanto tempo Te não ouço…

   Mas Eu tenho-te ouvido sempre com muita atenção.

   Então diz-me: estás contente comigo?

   Tu és o Meu filhinho muito querido que eu estou vendo crescer de dia para dia.

   Mas eu sinto-me parado… Não acontece nada… O que vejo em mim é sempre a mesma incapacidade numa rotina em que nada muda. Até a impressão destes Diálogos decorre tão lenta… Tu desapareceste…

   Olha, filhinho: desaparece das árvores a vida, no Inverno?

   Não; elas continuam vivas.

   E como continuariam vivas, se nada nelas acontecesse?

   Ah! Mas que Inverno tão longo o meu, Mãe!

   Ouve: embora nu na superfície, não te sentes inundado de água na raiz?

   Eu tenho escrito sempre…

   E é só palha seca o que escreves?

   Não! No momento da escrita quase sempre tudo é lento e penoso, mas quando releio, mais tarde, o que escrevo, parece-me, de facto, água viva! Muito frequentemente aqui volto agora para beber e continuar assim caminhando, neste Deserto.

   Lembra-te então dos trinta anos da vida do Meu Filho, em que “nada aconteceu”, senão a “rotina” diária…

   Ah! Eu estou escrevendo o Evangelho desses trinta anos do Teu Filho?

   Não to disse Eu já? Continua, filhinho, a escrever o Evangelho desses longos trinta anos de rotina, que ninguém conhece e são tão importantes como os três últimos anos da Sua vida. A Mensagem da Incarnação de Deus não se resume a estes três últimos anos.

   Ah! A vida de Jesus é toda por igual Palavra incarnada que é preciso ouvir?

   Sim. Escreve, Profeta querido do Meu Jesus, a Palavra Incarnada que ninguém conhece. Todos falam dos curtos anos em que Ele foi célebre, mas ninguém se lembra dos longos anos em que Ele era, como biliões de vós, apenas o “filho do carpinteiro”.

   São 3:05.

548 — O ouvido da Esperança

           9:53:13

    Não tenho nada neste momento a seduzir-me de forma especial no Teu Mistério, Mestre. Mas talvez por isso precise de falar Contigo: tenho receio de me afastar de Ti, um receio de que me não consigo libertar.

   E querias libertar-te desse receio?

   Queria sentir-me tão preso a Ti que todo o receio de Te perder desaparecesse de mim. Este receio vem-me da fragilidade do meu amor. Que posso fazer para que ele aumente?

   Basta que acredites no Amor que te tenho.

   E com que Fé devo acreditar, Mestre? Eu acredito no Teu Amor com toda a Fé que encontro em mim em cada momento.

   Que estavas a fazer agora mesmo?

   A concentrar-me, a ver se Te ouvia.

   E ouviste-Me, não? Pelo menos ouviste-Me fazer-te aquela pergunta…

   Ouvi com o meu ouvido: ouvi com toda a Fé que tenho.

   Foi então também só pela Fé que captaste a Minha pergunta e é também só pela Fé que Me estás pondo na boca estas próprias palavras que justamente neste momento escreves!?

   Sim. Não tenho mais nada com que possa contactar Contigo, senão com esta Fé: nela se concentram e se esgotam todas as minhas capacidades de contactar Contigo. Não vejo mais nenhuma forma de o fazer, já que me não deste a audição interior, nem o arrebatamento místico, nem sequer, neste momento, a emoção de um amor sensível.

   Em que consiste, então, a tua Fé?

   Acho que é só numa resistente esperança de Te encontrar por este caminho.

   Então se a tua Fé consiste na pura esperança de Me encontrares, as palavras que pões na Minha boca não são uma realidade que ouves; são antes uma esperança de as ouvires!

   Pois são, Mestre. Acho que as palavras que Tu aqui falas são só uma esperança minha de que as fales!

   É então, na verdade, só a tua esperança que escreves!

   Não Te sei responder, Mestre. É certo que me sinto todo reduzido a esperança, muitas vezes, quando escrevo. Mas sinto que esta esperança é uma realidade consistente e forte e que esta força és Tu.

   Então quando fala a tua esperança, sou Eu que falo!?

   Isso, Mestre, é isso!

   Então as palavras da tua esperança que pões na Minha boca são realmente Minhas!

   São, Mestre, são realmente Tuas.

   Está na hora de escreveres Esperança com maiúscula, não?

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

547 — Nada de novo nos traz Jesus hoje

8/1/97 4:17

    Anuncia a Paz! ouço eu naqueles Sinais. Mas da Paz o que poderei eu anunciar ainda, que não tenha sido já revelado? Nada de novo nos traz Jesus hoje – é Ele próprio que o afirma. Ele vem apenas derramar sobre nós o Espírito Santo como nunca na História. E o Espírito nos ensinará tudo o que estava já revelado. Nem sequer por altura da Sua Primeira Vinda foi dado aos homens nada de novo, a não ser a amplitude do amor de Deus, que, essa, o homem não tinha visto ainda o homem estava muito longe de imaginar e ver Deus pregado numa cruz, morrendo! Este total absurdo foi a única Novidade que Jesus nos trouxe. Por isso ele chamou novo ao Seu Mandamento: “Que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei” (Jo 15, 12 – cfr I Jo 2, 8).

   Assim o Espírito, que Jesus nos está já enviando agora por ocasião deste Seu Regresso, mais não é do que a Memória da Sua Palavra. Mais não é e é tudo! Na verdade, o que falta é só passar-nos para o coração aquilo que nos foi já revelado e temos entre nós, mas que o nosso coração não quis até agora receber. Tão entre nós está toda a Revelação de Deus, tão no meio de nós vive, que é Pessoa em tudo igual a nós. Chama-se Jesus, esse grande desconhecido entre aqueles mesmos que se dizem Seus discípulos! Nova será, por isso, apenas a entrada de Jesus, de novo, nos corações. E isso é obra do Consolador, esta misteriosa Promessa do Pai. Quando Ele vier e está já descendo! ficaremos suspensos pela Surpresa: Deus é nosso Irmão em tudo e já aqui estava! Será esta a grande Novidade que não terá fim, porque este nosso Irmão nos conduzirá pelo inesgotável Mistério de Deus. E esta Novidade permanente no nosso coração espantado chamar-se-á o Rio da Paz!

    São 6:18.

546 — O “nós” estava já nos primeiros diálogos

            9:04:07

    O Espírito vem trazer-me, através deste Sinal, a Paz, e abençoa o Regresso do Senhor que anuncio e registo nestas páginas. E sempre assim faz o Céu quando na terra um filho de Deus treme de insegurança. Gentes, não tenhais medo: mesmo que a vossa Fé tenha só a consistência de um caule de trigo, se a não deixardes morrer, o Céu sempre a manterá levantada ao alto, vigorosa, até que cumpra a sua missão: sustentar e alimentar a espiga, até ao seu amadurecer pleno, em muitos grãos perfeitos!

   Vede o ânimo que assim nestes Sinais o Mestre me trouxe. Mas vede mais ainda o que esta noite, ao fim da vigília, o Senhor colocou diante dos meus olhos através do Seu querido profeta Vassula: “Nunca te faltarei; agarra-te a Mim; lembra-te de que Eu sou o teu Educador. Nós?” (16/8/89). E, como o Profeta, eu poderia responder: “Sim, Senhor, para sempre”. Sinto que o “nós” está sendo construído em mim de forma lenta, mas sólida, este “nós” inexplicável que eu estou vendo agora já nos primeiros Diálogos, aquelas ridículas conversas de apaixonados. Ridículas para o mundo e para mim próprio, agora que as releio. Acanho-me todo ao pensar que o Mestre possa querer vê-los publicados, eu que na altura julgava que eram justamente aqueles “Diálogos” que Ele queria ver na rua imediatamente, se possível na própria hora em que estavam sendo registados! Como estava cego! Mas era esta uma cegueira de amor, uma daquelas cegueiras em que aos apaixonados parece impossível que não se veja no outro a perfeição total que cada um vê, em que todas as palavras e gestos trocados têm um valor absoluto e incorruptível. E têm. E por isso sinto que o Mestre tem por eles um carinho especial. Mas quanto a pô-los na rua, aguardo o Seu Desejo.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

545 — Diálogo com Maria sobre a Fé e a dúvida

7/1/97 1:28

    Dum confuso sonho ao acordar apenas retenho que várias pessoas queriam escrever comigo um diálogo com a Senhora… E ao ver aqueles Sinais, logo o 8 se me realçou, e junto dele o 2, pedindo-me que dê testemunho da nossa Mãe. Mas como? Como dou testemunho daquilo que não vejo, nem ouço, e neste momento até nem sinto? Tal como me pediam as personagens do meu sonho, só me resta entrar em diálogo com a minha Mãe: é impossível que Ela me deixe neste estado e me não esclareça tudo.

   Que se passa, Mãe? Vem falar comigo. Não vês como estou vacilando de novo, eu diria mais que nunca? Vem, que tenho saudades do Teu colo e não compreendo ainda porque tão pouco espaço me tem sido dado para Ti no meu coração. Diz-me: que é feito do Teu Encanto, que me abalava todo o ser?

   Olá, Meu filhinho! Porque estás assim triste? Nada se perdeu daquilo que te foi dado pelo nosso Pai.

   Onde está, então, o Teu Encanto?

   Está crescendo!… E não saiu do mesmo lugar onde estava, aí dentro; antes se está enraizando fundo na tua alma.

   Mas porque o não sinto crescer para cima, para fora?

   Porque não chegou ainda a Primavera.

   E porque está assim a minha Fé vacilando, tremendo toda, até aos fundamentos do meu ser?

   Porque os terramotos são necessários: lembram as convulsões do parto das Origens e agitam todas as raízes, provocando-as ao avanço para mais fundo, criando-lhes novos espaços.

   O meu Reconstrutor está-Se ocupando agora das minhas raízes?

   Sossega: o teu Jesus não pára.

   Eu sei, Mãe. Só tenho medo de parar eu, de interromper, de qualquer forma, a obra do meu querido Artista do Amor. Vê como é fundo o abalo que me percorre: até já me passou pelo espírito que Ele nunca sequer a começou, que tudo isto não passa de um enorme vazio que eu vou preenchendo com palha, palha inútil, destinada ao fogo. Olha a que dura prova está sendo sujeita a minha Fé! Se eu não sinto sequer o Teu Encanto! Porquê isto agora, Mãezinha? Se não vens dar ânimo ao meu coração, eu vou sofrer muito. Esta via da Fé é muito dura de percorrer…

   Ouve, Meu tolinho: não sabes que o Pai do Céu tudo vê? Não viste como ele abandonou o próprio Filho na hora do Seu maior sofrimento?

   E Tu, Mãezinha, Tu nessa hora que sentias? Não Te passou a Ti também pelo espírito que tudo não terá sido apenas um grande equívoco, que terminava ali, no total fracasso?

   Todas as vossas dores passaram por Mim, nessa hora.

   Esta também, a da Fé vacilando assim?

   Essa também, Meu filhinho. Aquela foi a hora mais absurda de toda a história do Universo: os seus próprios fundamentos foram abalados e com eles tremeu a própria Fé do Filho de Deus! Como não havia, por momentos, de parecer desmoronar-se tudo em Mim?

   E isso não é falta de Fé, Mãe?

   Não: é só um caminho que ela precisa de percorrer. É a hora de descer aos Infernos. Sem esta hora, não haveria Ressurreição.

   Olha, Mãe, diz-me: que sonho era aquele, ao acordar?

   Aqueles todos que queriam dialogar Comigo são de facto milhões, que estão precisando da Minha ajuda. Virá o tempo em que eles não te largarão, para que os ajudes, também tu, a falar Comigo. Eles precisam da tua Fé.

   São 3:51.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

544 — Só este Amigo me acompanhou sempre, duvidando como eu

6/1/97 4:25

   Havemos de ultrapassar isto, Mestre, havemos de vencer! assim rezava eu ao acordar. “Isto” são as gigantescas ondas de dúvida que me querem esmagar agora de novo ao rever as primeiras páginas destes Diálogos. Parecem-me banais, ridículas. Envergonho-me delas. Como pude eu reduzir Deus até àquele ponto? Que dimensão divina podem ter aquelas páginas que eu atribuo, inteirinhas, ao Espírito Santo, o mesmo Espírito que sustenta e amplia os mundos?

   Mas era assim que eu rezava ao acordar, eu rezava no plural: Havemos de ultrapassar, de vencer… Não consigo já evitar que a minha Fé me traga Jesus para junto de mim, exactamente para a situação em que me encontro. De tal maneira que eu ia mais longe e a minha oração aos ouvidos de muitos tornava-se sacrílega: Jesus, vem ser as minhas dúvidas! Vem duvidar comigo! Não tenho, de facto, mais ninguém para arrastar comigo este peso, senão só o meu Companheiro deste infindável Deserto. Se não for Ele a amparar-me, eu paro de escrever, eu paro de viver, eu morro aqui. Não tenho nenhum interesse já por aquilo que fui deixando. Não vejo ainda nenhum Sinal da Terra que procuro. Ninguém veio comigo, assim de carne e osso como eu. Só este Amigo me acompanhou sempre, mas nunca Se quis materializar diante dos meus olhos. Não é verdade! responde-me Ele, docemente, tão dentro de mim, tão próximo do meu coração, que os dois corações parecem fundir-se num só! E eu tenho que Lhe dar razão, a esta perfeitamente indescritível Presença em mim, junto de mim, ao meu lado, à minha frente, sempre no sítio certo onde é preciso estar para sentir comigo, para me levantar quando desfaleço, para me incitar a prosseguir e quase O vejo e ouço: Anda! Não tenhas medo! Eu sei o caminho: é por aqui. Tu vais conseguir! Assim tão próximo Ele Se me fez sempre, que é quase uma ingratidão dizer que Ele não é de carne e osso como eu. Tão como eu, tão um só coração comigo, que não me quer ouvir chamar ingratidão a esta minha incapacidade de O ver! Não sei explicar: é como se esta incapacidade fosse d’Ele, também verdadeiramente d’Ele! Ele faz-Se tudo em mim. Até a minha incapacidade! Meus senhores doutores, não sei como vos hei-de explicar melhor, não sei como me hei-de desenvencilhar perante vós daquela minha oração sacrílega, mas de que Ele gostou muito tenho a certeza de que gostou, este meu Companheiro, o mesmo Jesus que vós examinais de todos os lados, em livros, em conferências, em debates. Eu peço-Lhe para Ele ser as minhas dúvidas, sim, para Ele duvidar comigo! Alguma vez vos apareceu diante dos olhos uma oração destas? Pois eu sei que Ele ficou feliz quando assim me exprimi diante d’Ele e logo executou o que Lhe pedi: carregou comigo, exactamente ao meu nível, todo aquele peso, passou-o mesmo mais para as costas d’Ele, como alguém apaixonado que só não tira o peso todo do outro para ele se não sentir incapaz. E como senti eu esta atitude do meu Companheiro? Em forma de prazer físico. Tão longo, tão intenso, que quase me custava suportá-lo!

   São 6:30.

domingo, 25 de setembro de 2011

543 — A partilha do Pão e do Vinho

           10:44

    Esta imagem determinou que escrevesse. Aproxima-se, porém a hora da Missa. Desejava, por isso, saber se deveria ficar aqui rescrevendo, ou se deveria participar na celebração. Isto quer dizer, para já, que Jesus destruiu, em mim, todo o poder da lei: ficar aqui escrevendo pode ter tanta importância como ir ouvir a Sua Palavra ou mesmo participar no Pão eucarístico que me seria dado na Missa. Importante é sempre estar onde o Seu Plano a nosso respeito nos quer: não há nenhuma norma que se possa sobrepor a esta liberdade no Espírito! É Ele que deve comandar inteiramente os nossos passos. É Ele que deve ser todo o nosso coração em cada momento.

   Mas houve neste caso um elemento novo que me fez manter-me agarrado a este registo: o Mestre não me indicou o Seu Desejo, mas perguntou-me pelo meu! Isto é, Ele disse-me que o Seu Desejo era, também desta vez, executar o meu. Disse-mo de forma muito clara, mas que eu não saberei exprimir: foi dentro de mim que mo disse, através de uma intensa Luz, quando me preparava para abrir o profeta Vassula, pedindo-Lhe que através dela mo dissesse. Foi neste momento que Ele me manteve o livro fechado e daquela forma especial me fez conhecer o Seu Desejo.

   Mas continuava ainda o meu problema por resolver, porque eu hesitava e não sabia dizer-Lhe qual era o meu desejo: se por um lado havia em mim uma ânsia latente de partilhar o Pão eucarístico…

   Partilhar com quem? – interrompe Jesus, inesperadamente, neste preciso momento.

   E uma súbita consciência de uma realidade que já conhecia, me desceu de repente ao coração: o Pão e o Vinho da Ceia de Jesus perdem todo o seu sentido se não forem partilhados! E o Mestre, vencendo a minha hesitação, quis que ficassem sublinhadas aquelas exactas palavras que sublinhei. De facto, aquele Pão é Corpo Seu entregue, aquele Vinho é Sangue Seu derramado por todos nós que os recebemos. Prendeu-me, no entanto, a súbita sensação de que esta partilha tinha que ser necessariamente não só com Jesus que assim nos daria a Sua Carne e o Seu Sangue para que se tornassem nossos, mas do mesmo modo com todos aqueles que estão ali ao meu lado recebendo o mesmo Pão e o mesmo Vinho! Como se também o meu corpo e o meu sangue devessem ser entregues por cada um dos meus irmãos que ali comigo recebem aquele Pão e aquele Vinho!

   E neste momento me está dizendo Jesus, sob esta forma especial de contactar comigo, esta coisa estranha: as Suas palavras “Fazei isto em memória de Mim” devem ser entendidas no seu sentido profundo… Assim: a palavra “memória”, na boca de Jesus, não tem o significado vulgar de simples recordação desprovida de qualquer realidade concreta e presente; fazer uma coisa “em memória” de Jesus é ser agora e aqui o que Ele foi quando viveu em carne entre nós! Entendo agora, de surpresa, o que Jesus quer significar quando à Vassula dita muitas vezes esta misteriosa declaração: Eu não venho trazer nada de novo, agora; Eu venho apenas ser a Memória da Minha Palavra! Isto é, Ele vem apenas convidar-nos a ser, n’Ele, a Palavra que Ele é desde toda a eternidade, Palavra incarnada e viva em todos os momentos da História dos homens. Também o meu corpo e o meu sangue terão que ser hoje em verdade entregues para a vida do mundo. Por isso nenhum sentido tem a Ceia do Senhor, se eu nada tiver a ver com aqueles que estão ali ao meu lado recebendo comigo o Corpo e o Sangue do Senhor. A Palavra não estará ali incarnada, se cada um não partilhar com o outro o seu corpo e o seu sangue, isto é, se o amor que ali nos une não for o de Jesus, aquele justamente que constitui o Mandamento Novo – o Amor até ao corpo entregue e ao sangue derramado, o Amor Maior, Aquele que dá a vida pelo amigo.

   Compreendo assim como deve ofender o nosso Redentor o transformar-se a Sua Ceia num rito vazio! E compreendo também a Sua admirável Pedagogia que assim me satisfez os dois desejos que tinha: estar na Missa ficando aqui escrevendo!

sábado, 24 de setembro de 2011

542 — As objecções da minha filha a estes Dialogos

5/1/97 1:53

    São já 3:42! Mas não foi desta vez o sono que tomou conta de mim durante todo este tempo. Nem sequer foi aquele estado de absoluta aridez que me não deixa vir ao espírito nenhuma palavra durante longos tempos. Também não estive divagando, como outras vezes sucede, incapaz de apanhar o carreiro por onde seria suposto dever eu caminhar. Nada disto me impediu de escrever. Eu estive, desta vez, bem desperto e de coração quente. E também o corpo participou neste estado de lucidez e sensibilidade. Dele partiram mesmo todos os impulsos que me acordaram todo o ser. É que, pela primeira vez a esta hora, o meu Companheiro de caminhada me esteve deixando gozar uma interminável felicidade sensual. A ponto de momentaneamente eu ter julgado que hoje Ele me dispensaria da escrita!

   Mestre, que caminhos tão estranhos são os que me destinaste! Quem os vai aceitar como Dom Teu?

   O Meu Reino não é deste mundo. Por isso tens razão: quem Me não seguir, nada do que te dou aceitará como Dom Meu.

   Ainda ontem a minha filha, que está contactando com estes textos ao passá-los a computador, me pôs imensas objecções, todas cheias de razão e de lógica… Embora ela mas apresentasse com todo o cuidado em me não magoar, Tu sabes como me abalou.

   – Rebateste alguma das objecções que ela te apresentou?

   Não. Disse-lhe que tudo aquilo era verdade, que ela tinha muita razão.

   Queres apresentar uma das objecções, uma qualquer?

   Ela diz que as pessoas mais chegadas a mim, os meus mais próximos familiares, me vão olhar como alguém meio louco ou doente. Embora eu já o soubesse, foi esta a observação que mais me chocou.

   – E que lhe respondeste?

   Que já estou contando com isso, porque é a vulgar reacção perante acontecimentos semelhantes.

   E nem o facto de estares contando com essa atitude das pessoas evitou que ficasses chocado?

   Uma coisa é eu saber ou imaginar o que me vai acontecer e outra coisa é viver o próprio acontecimento. Acho que vou sofrer muito, Mestre.

    Tu sabes há muito, Meu amigo, que assim vai ser assim foi com o teu Mestre. Mas Eu conheço o teu coração e estou-o preparando na medida em que te dou a conhecer o Meu. Não tenhas medo. Mas gostaria que reproduzisses ainda aquela outra objecção da tua filha…

   Sim, já sei a qual Te referes… Ela diz que, no caso da Vassula, as linguagens são diferentes: a Tua linguagem é diferente da dela, enquanto que nestes Diálogos Tu falas exactamente a minha linguagem, que ela diz conhecer e conhece de facto muito bem. Não se distingue diz ela quando sou eu e quando és Tu que falas.

   E tu que lhe respondeste?

   Só lhe pude dar razão. A carta do M.O. dizia a mesma coisa: quando Tu falas, sou outra vez eu que falo. E também esta observação me está doendo, porque antevejo nela um dos grandes motivos, talvez o principal, para a rejeição desta Tua Mensagem.

   E como te imaginas respondendo às pessoas quando chegar a hora?

   Gostava que fosses Tu a responder-lhes.

   Com que linguagem Me imaginas respondendo-lhes?

   Ah! Certamente com a linguagem delas, para que Te entendam.

   E vês-Me respondendo a todas as pessoas?

   Talvez, mas não da mesma maneira. Àqueles que vierem a Ti de coração duro de soberba, responderás de forma que vendo não vejam e ouvindo não entendam; aos outros, àqueles que Te vierem procurar nesta Mensagem de coração sincero, falarás, com a Tua habitual ternura, exactamente a linguagem deles.

   São 4:51.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

541 — A passagem de ano e o biombo – as metas de Deus e as nossas

4/1/97 5:32

    Jesus, já são 7:03! Vê bem como eu Te fujo!

   Que fizeste até agora?

   Dormitei, sobretudo divaguei por assuntos vários…

   Refere um desses assuntos.

   O fenómeno da rotação da terra e consequentemente o facto de as pessoas terem festejado a passagem do ano a horas diferentes…

   E no entanto todos à meia noite?

   Isso. Não sei porquê, intrigou-me este facto.

   E achas que essa curiosidade não veio de Mim e que o tempo em que assim estiveste matutando não o passaste Comigo?

   Eu pensei que não, mas agora que perguntas…

   Refere outro assunto em que tenhas matutado.

   Estive a pensar como haveria de resolver o problema mecânico para recolher o biombo em construção que vai tapar a boca do palco.

   E isso é problema teu?

   É. Se eu não pensar nele, o serralheiro, a quem não interessam minimamente os problemas cénicos, vai resolvê-lo mal e criar outros problemas.

   E pensas então que esse assunto Me não interessa a Mim, nem ao Reino dos Céus?

   Pensei. Mas agora que perguntas…

   Estás mudando de opinião?

   Passei a não ter opinião. Agora a minha preocupação é descobrir a Tua. Estou ansioso por saber o que vais Tu responder a isto. Em relação a tudo quanto há, a única coisa que me interessa é saber a Tua opinião.

   Já que partilhaste Comigo estes problemas, vamos então pensar neles em conjunto?

   Vamos, Mestre! Tu alinhas? Que bom!

   A que estiveste já comparando a meia noite da passagem do ano?

   A uma meta a que as pessoas sucessivamente vão chegando.

   No caso vulgar da chegada a uma meta, os sucessivos atletas festejam todos a chegada?

   Não: só o primeiro. Os outros, embora em graus diferentes conforme a distância do primeiro, ficam frustrados: o sonho de todos eles era serem o primeiro.

   No caso da passagem do ano chegam todos à meta?

   Chegam. Todos ao mesmo tempo.

   E festejam todos?

   Festejam. A festa é colectiva.

   Sabes qual é a diferença?

   É que no caso dos atletas, são eles que correm para a meta e tudo depende das suas forças; no caso da passagem do ano és Tu que fazes sucessivamente deslocar a meta até às pessoas: elas não têm mais que fazer, senão esperar por ela!

   E ficam tristes os que celebram a passagem do ano depois de outros a terem já celebrado?

   Não! Ninguém pensa nisso! Esse facto contribui, pelo contrário, para universalizar a festa: ela vai estendendo-se a todo o globo durante vinte e quatro horas, que todos prolongam pela noite dentro!

   Então que diferença há entre as Minhas metas e as vossas?

   As Tuas vêm ter connosco ao sítio onde estamos e não há primeiros, nem segundos, nem terceiros, nem últimos, nem desclassificados – as Tuas metas chegam a todos e a festa é colectiva; quanto às nossas, é o que se sabe: frustrações e ressentimentos roendo as almas, energias gastas sem frutos, lutas e divisões cavando mais funda solidão e dor entre os homens.

   Olha: o que estivemos a ver sobre a rotação da terra e a passagem do ano foi uma divagação inútil?

   Não! Quando tu tomas conta das coisas, elas viram todas remédio que nos cura a partir de dentro.

   Mas este assunto era um assunto teu, não era?

   Era. Mas resultaria infrutífero, se Tu não tivesses pegado nele.

   Não o rejeitei, então!?

   Viu-se que não: Tu sempre assumes o que nós levamos para o encontro Contigo.

   E a do biombo para o palco? Também se poderá desta tua preocupação tirar algum fruto?

   Pode, certamente. Só não sei ainda qual. Diz-me como posso tirar eu fruto desta minha preocupação.

   Não estás a ver já um primeiro fruto?

   Levou-me a questionar-Te sobre a bondade ou inutilidade daquelas coisas que faço na escola e em geral daquilo que nós construímos nesta nossa Cidade.

   Para já, que estás vendo no biombo?

   Que é mais um trambolho a dar-me que fazer.

   E também um motivo de glória para ti: vai ficar bonito e tem a tua marca.

   Agora é que Tu me encravaste, Mestre! Pois é. No caso da passagem do ano és Tu que nos trazes a meia-noite; neste caso, não vejo onde estejas Tu metido, para que a glória possa ser Tua: tudo o que fazemos com as nossas mãos destrói o que Tu fizeste.

   Mas olha: não disseste tu que Eu assumo tudo aquilo que trazeis para o encontro Comigo?

   Disse e sei por experiência que é verdade: Tu pegas em tudo o que nós Te levamos e se não for agradável para Ti, Tu dás-lhe a volta.

   Não dou, não! Com que direito faria Eu isso? Não estaria Eu a ofender gravemente quem assim Me trouxe uma coisa e Eu lha mudasse noutra?

   Ah, Mestre, espantoso Deus! Sempre esse Teu respeito pela nossa Liberdade!

   Eu nunca retiro aquilo que uma vez dou.

   Então sobre o biombo…

   Que pretendes fazer dele?

   Proteger o palco, para que ele possa ser um espaço permanente de exposições. O biombo é em acrílico, é transparente e…

   Dás-Me o biombo?

   É para já! Pega! É Teu!

   E deixas-Me fazer dele o que Eu quiser?

   Deixo. Se não Te servir para nada, não me importo que o desfaças.

   São 9:01.


           19:51:10

   “João catorze, nove” assim ouço, na minha saudade de beber de novo da fonte da Escritura. Não sei que fruto irá dar esta semente: a minha preocupação é apenas ser terra fértil; se o não for, também a árvore e o fruto serão raquíticos. Mas como se é terra fértil? – continuo eu ainda e sempre interrogando por entre a visão da minha disformidade que sempre está presente. E sinto o Mestre responder-me sempre que, se eu Lhe oferecer tudo o que sou em cada momento, mesmo que me sinta apenas uma ruína incapaz de qualquer movimento construtivo, como neste momento, Ele tudo aproveitará para fertilizar a terra, de modo a que a semente germine com a impetuosidade da verdadeira Vida.

   Eis, pois, a semente:

                                                 Jo 14, 9

 “Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco e não Me conheces, Filipe? Quem Me vê, vê o Pai. Como é que tu dizes: Mostra-nos o Pai?

   Todo um Mistério de Deus se me abre nesta semente. Não sei se Jesus, conforme por vezes faz, ma vai deixar germinando na lentidão do tempo. Eu vou aguardar: o Mestre faz tudo perfeito.