E pede-me o Mestre neste momento que
continue por aqui: há-de ser ao sabor do Espírito que os carismas hão-de
florescer na Vinha do Senhor. Nela terão lugar todos os que de coração sincero
invocam e reconhecem Jesus como seu Dono. Eliminadas as heresias e os dogmas, é
esta apenas a condição para se sentar à mesa com o Senhor. Sei que me vêm já
todos os sensatos e prudentes falar de confusão e sincretismo, que assim tudo
ao monte e fé em Deus só pode existir na cabeça de alguém alheio à realidade,
isolado num quarto, fazendo pura construção mental. Mas eu respondo-lhes que
esse alguém é ajoelhado que escreve, embora por vezes sentado sobre os
calcanhares ou tombado de encontro à cama e que acredita cegamente no Mestre e
em tudo quanto Lhe pede. E que não tem medo. De facto, o que tem governado a
Igreja até agora é o medo, porque os seus chefes se julgam os proprietários da
Revelação. Assim a foram reduzindo ao seu tamanho, ou seja, a um cantinho
apenas, tapado por normas e dogmas. E é tão vasto e diversificado o território
do Verde, tão abundantes as pastagens e as fontes do Senhor! Mas os nossos
sábios não se calam ainda. Quem – argumentam eles – se poderá, numa situação
dessas, arvorar em guia, nesta verdadeira Babel? Ninguém! – respondo eu. –
Ninguém será o guia e por isso é que não haverá Babel. Babel é agora, porque
muitos se arvoraram em guias da comunidade dos crentes, carregando-os com o
fardo insuportável da sua própria pequenez.
– Jesus, nosso único Mestre, vem dizer-nos
como se governa a Tua Igreja.
– Deixando o Espírito governá-la.
– Mas os nossos sábios dizem que isso que
disseste são só palavras.
– E são. Que outra coisa, senão palavras,
poderias neste momento escrever? Bem-aventurados aqueles que nas palavras vêem
só frágeis Sinais e por isso lhes passam além, à procura do Coração: só daí
lhes virá a força que transformará todas as palavras em Pão. Só quando comerdes
as Minhas palavras acreditareis em Mim. Quem Me não come nas frágeis palavras
que abundantemente semeio, também nada verá de Mim quando Eu próprio aparecer
no céu, sobre a nuvem…
São 3:36!
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