– Nós, no Céu, nunca nos atropelamos uns aos outros. Nunca há uma vozearia confusa neste Lugar, a que tu já chamaste a Catedral do Silêncio. As vozes que ouvimos são sempre personalizadas e bem distintas.
– Nunca falam dois ao mesmo tempo?
– Não há tempo aqui, como tu sabes.
– Mas há tempo aqui, no Vale de Lágrimas, que Tu conheces. Quando várias vozes destas aqui se Te dirigem ao mesmo tempo, tu ouves uma de cada vez?
– Ouço-as todas no momento em que saem dos respectivos corações.
– Então ouve-las todas ao mesmo tempo!?
– O tempo, aqui, não existe; há só vozes que falam. E cada voz Nós a ouvimos como se as outras não existissem. Aqui não há confusão de nenhuma espécie: os corações têm espaço para todas as vozes que se lhes dirigem e atendem sempre cada uma delas como se fosse única.
– Então a nossa capacidade aqui na terra é menos que uma sombra do poder que em nós vai morar quando estivermos no Céu!?
– É claro, pequerrucho: no Céu todos são Filhos do Rei.
– E da Rainha, não?
– Sim, é claro: da Rainha também.
– Então…pois…está visto: Tu não tens dificuldade nenhuma em ouvir-nos a todos, não importa a hora em que falemos Contigo!
– Assim é, Meu menino. Sabes agora porque Me sentiste calada durante um mais longo tempo?
– Porque o meu coração esteve ocupado em atender as outras Vozes.
– E Eu tive que Me calar?
– Tu conheces a nossa limitação: nós só conseguimos ouvir uma voz de cada vez.
– Então fixa: quando falais com o Céu, ninguém aqui fica aborrecido por ficar calado.
Sem comentários:
Enviar um comentário