Mas o Pai, do alto do Céu, tem sempre sobre nós o Seu Olhar atento. Se Lho permitirmos, Ele dirige esses momentos de mais violenta opressão exterior para a edificação dos pilares em que se firma a Construção nova dentro de nós. São esse pilares a Fé e a Esperança. Nunca, pois, as desgraças nos farão verdadeiro mal; fazem só doer, obviamente, porque retirar-nos da situação comum a todos os nossos semelhantes, isso Deus nunca fará, a não ser por morte ou por um qualquer excepcional milagre, por um muito particular motivo e sempre com carácter pontual; levar alguém a viver entre os seus semelhantes como que passeando-se pelo meio deles, imune à desgraça e à dor, isso é situação completamente inconcebível no Plano de Deus, porque Ele próprio nunca assim viveu desde que o Pecado existe; antes Se fez carne, para mais ainda Se conformar com a desgraça e a dor comum à nossa condição humana.
Deus permite, portanto, que as desgraças nos aconteçam, mesmo depois de O termos recebido no nosso coração com verdadeira entrega de apaixonados. Muitas vezes é justamente a partir daqui que as desgraças se tornam mais frequentes na nossa vida. Mas nunca porque Deus as envie propositadamente; muito menos se poderá pensar que possa ser Ele o seu autor. Trata.se apenas desta naturalíssima consequência de nos termos tornado Luz: as Trevas vão reagir, odiando-nos de forma directa e obviamente mais assanhada. Acontece, porém, dentro de nós, um fenómeno novo: passamos a sentir-nos seguros e protegidos para além do que em cada momento a nossa visão alcança. As forças que assim nos dão esta sensação de segurança são justamente a Fé e a Esperança. A Fé está sempre dizendo que Deus nos ama sem quebras; a Esperança diz-nos nesses momentos que o Bem sempre triunfará sobre o Mal.
E é tão forte esta sensação de segurança, que às vezes nos assusta: começamos a pensar que possa andar aqui metido o Tentador, infiltrando em nós manhosamente a presunção. Mas o Céu logo acorre, fazendo brilhar sobre nós a Luz do Discernimento. E mais uma vez temos a experiência do indefectível Amor de Deus, sempre próximo e apaixonado. Apenas insiste em que nos mantenhamos vigilantes.
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