– Comprometedor porquê?
– Porque põe em causa, mais uma vez, o meu ouvido e pode muito bem ser apresentado como prova de que os Diálogos não passam de construção minha, em que as supostas Pessoas do Céu são apenas personagens de ficção e os diálogos que com Elas mantenho são só um artifício literário para exprimir os meus sentimentos e as minhas crenças, como faz qualquer poeta ou romancista.
– Mais uma vez esse tema! E mais uma vez esse teu medo!
– Que posso eu fazer? É uma verdade do meu coração que, conforme está combinado, devo escancarar sempre.
– Sim, pôr à mostra todo o estado da Alma em cada momento é bom: assim fazem as crianças e agora é o tempo de voltar à Luz da Simplicidade, para que toda a escuridão se dissipe. Diz qual foi o engano, desta vez.
– Em 11/8/99, eu digo ter ouvido “Amós três, nove” e depois vou procurar em Oseias, que não tem aquele versículo, e é com base neste engano que aí se desenvolve um longo diálogo com Jesus sobre a continuidade da Revelação para além da Bíblia, com especial destaque, no final do texto, para o nosso tempo, de que se destaca a minha missão.
– Um texto importante, não?
– Julgo que sim: ele revoluciona todo o conceito de Revelação. Mas lá estou eu, de novo, realçado como o rei a quem Jesus entrega hoje o Seu Povo. Não parece, de facto, que toda esta escrita, o que no fundo pretende é realçar-me a mim próprio, num grotesco estendal de vaidade e de ambição?
– Foi até por isso que tu puseste em causa todo o teu ouvido e ficaste sem saber o que fazer!
– Foi.
– Então ocorreu-te emendar…
– Sim: se eu tivesse visto, de facto, em Amós e, por engano, tivesse dito Oseias, aí não teria dificuldade em riscar simplesmente um nome e pôr outro, porque se trataria de uma vulgaríssima troca de palavras. Mas eu não tinha naquele momento comigo a Bíblia, para confirmar. Então fiquei quase angustiado. E se o capítulo terceiro de Amós tem mesmo o versículo nove, mas se eu fui verificar, de facto, em Oseias, cujo capítulo terceiro não chega ao versículo nove?
– Era simples, não? Riscavas Amós e escrevias Oseias.
– Sim, desse modo ficava facilmente eliminado o problema formal. E ninguém dava conta! Mas isso é que eu não fui capaz de fazer.
– Porquê?
– Porque o meu problema não era formal. Eu não tive dúvidas de que ouvi mesmo Amós e não Oseias. Tratava-se pois, de uma suja traição à minha Fé, cujo ouvido sempre nesta Profecia Jesus diz ser de todos o mais apurado e seguro.
– Então não fizeste o que ouviste.
– Não fiz: fui procurar noutro Profeta. Mas aí sim, aí há só uma pura inadvertência, um engano igual a vários outros que há nestas páginas, em qualquer Profeta e até na Bíblia: é nesta deficiência humana que a Voz de Deus sempre incarna.
– Mas espera: neste caso foi sobre uma inadvertência, ou engano, que se fundou toda uma Mensagem de Deus, não?
– Foi, não há dúvida. Mas isso já é procedimento normal de Deus: pouco Lhe importa a base formal em que assenta a Sua Mensagem, contanto que o coração do Profeta esteja inocente. E neste caso não houve maldade: houve mesmo um engano inocente. Por isso o Senhor o potencializou já na altura com aquele texto e agora de novo, confirmando a importância do ouvido da Fé e da inocência do coração.
São 7:58!!
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