Parece, a uma primeira leitura, estar o texto da vigília em contradição com vários outros que já escrevi: este parece perpetuar a morte e todos os outros apontam o fim da morte como a meta de todo o processo da nossa Redenção.
É que eu nunca tinha parado aqui para ouvir com atenção o que seja isso de “morte eterna”, de que tantas vezes a Igreja tem falado, em conformidade, aliás, com o Evangelho. Existe, portanto, uma morte que nunca terá fim! Por outro lado é igualmente verdade que a plenitude da Harmonia será a vitória definitiva sobre a morte, também esta uma afirmação bem clara da Escritura. O que significa então morrer? E o que será vencer a morte? Se morrer é necessário, conforme disse Jesus, como se explica que a morte seja um inimigo a vencer? Se ela é necessária, não será ela antes um momento importante da Vida? Um momento eterno da Vida eterna?
E ouço agora distintamente uma outra palavra de Jesus: quem se agarrar à sua vida, perde-a; quem se deixar morrer, ganha-a. Assim sendo, o que se desenha agora diante de mim é a visão da essência do Pecado: ele é a recusa em se deixar ir na Onda da Vida para o Fundo. Em contrariar, portanto, o movimento harmonioso da Vida que Deus dera a toda a Criação. Satanás e o homem quiseram estabelecer uma linha da vida desviada daquela em que haviam nascido, porventura sempre descendente, em direcção ao Fundo, ao Nada, ao Viveiro de Todas as Possibilidades, para daí arrancar uma criação alternativa, original. É claro que, se rejeitaram a Força que inverte a direcção da Onda para o Alto, só a Morte restará.
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