Às vezes leio trechos destes Escritos e não sei o que pensar… Por exemplo o que esta noite escrevi sobre o Arcanjo Miguel: parece tão infantil… Mas tem acontecido já que, outras vezes, esses mesmos trechos me aparecem como os de mais clara e mais pura Luz de Deus. Sinto, de facto, que grandes coisas está operando em mim Aquele que tudo pode e tudo vê.
Mas ninguém se julgue inferior a mim. Todo o ser e todo o movimento de qualquer um de vós, meus irmãos, pode igualmente ser clara e pura Luz de Deus. A única diferença é que eu escrevo o que em mim Deus está operando e possivelmente a vós não pediu Ele que o escrevêsseis. Não quer no entanto isso dizer que a vossa Luz brilhe menos forte ou seja mais efémera que a minha: o próprio Jesus, conforme Ele mesmo já mo fez notar, nada escreveu durante toda a Sua vida terrena, pelo menos que tivesse permanecido na História. E veja-se como as Suas palavras e as Suas atitudes ficaram gravadas para sempre nos livros e nos corações.
Também aqui, portanto, o Reino dos Céus nada tem a ver com este mundo. Por isso procurai, meus irmãos, sempre o que não vedes: aí encontrareis a vossa verdadeira grandeza e é ela que vos revelará a inconcebível tacanhez do mundo visível em que como cidadãos nos movimentamos. Vereis, por exemplo, a competição desenfreada e permanente, a todos os níveis, aparecer-vos diante dos olhos como uma monstruosa máquina assassina: aos que triunfam, mutila-os exagerando-lhes o tamanho; aos que fracassam, mutila-os, amputando-os do seu tamanho natural. Ouvi contar que um certo carrasco colocava todas as suas vítimas na mesma cama. Aos que eram curtos, esticava-os; aos que eram compridos, serrava-os. Tinham é que ficar todos do tamanho da cama. É assim que faz a Cidade: estabelece padrões e a eles sujeita todos os cidadãos, indiscriminadamente. É claro que só triunfam aqueles que se revelarem exactamente à medida do padrão. Mas nem esses deixam de ser mutilados. Talvez sejam precisamente esses os que mais profundamente são atingidos pela lógica assassina da Cidade: ao tornarem-se modelos, quase sempre endeusados, deixaram de poder ser o que a sua própria identidade continuamente lhes grita que sejam.
No Reino dos Céus não é assim. Ninguém é modelo de ninguém. Cada um é único e todos vivem continuamente a sua própria Plenitude.
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