- Maria, o triunfo de Jesus vai abrir-nos um horizonte nunca sonhado por nós, não vai?
- A que horizonte te referes particularmente agora?
- Àquele que ultrapassa a morte carnal.
- Sentes que Jesus virá escancarar essa fronteira, quando regressar?
- Sim, mas não para ficarmos a saber o que se passa por lá: a fronteira da morte, se nos for aberta, vai-nos inundar com o seu Mistério, por onde continuaremos crescendo.
- O que é crescer?
- É seduzir e deixar-se seduzir. É por este processo que a Vida cresce. É o processo do Amor.
- O Além então não será mais um enigma, ou um tabu, ou um papão!?
- Não: todas essas coisas são próprias de um reino de má consciência, carregado de medos, inseguro; o Reino dos Céus, que Jesus virá inaugurar na terra, avançará por territórios que sempre foram seus e os povos que os habitam vão reconhecer o seu verdadeiro Rei.
- E é por isso que a fronteira da morte será derrubada!?
- Sim: a morte será recebida com alegria, como passagem necessária para a Vida eterna.
- Se a morte não será mais uma fronteira em que a vida acaba, o que estará para além dela deixará então de ser um tabu intimidatório, para se tornar uma Sedução aberta aos nossos corações?
- Assim estou vendo, Companheira! Não ficaremos a saber o que por lá se passa para o irmos gozar depois da morte, mas esse ilimitado território será já nosso, envolvendo-nos numa sedução tão intensa, que tudo faremos com alegria para nele crescermos.
- Inclusivamente morrer!?
- Sobretudo morrer.
- O que é morrer?
- É desmontar toda a construção que estava sufocando a Vida.
- Não é então apenas um momento - o momento do “último suspiro”!?
- Esse momento é certamente importante e decisivo. Mas ele não é um momento isolado; é apenas o fim de um processo, todo ele jubilosamente aceite, mercê da sedução que a Vida exercerá sobre nós.
- Morrer deixará de ser doloroso?
- Já não sei; deixará certamente de ser uma fatalidade pura.
São 8:31!?
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