−Também a tua espera por Mim é indiferente?
− De modo nenhum: é uma espera que me faz sofrer justamente porque parece tomar conta de mim, especialmente nesses tempos da pura espera, a indiferença… Duvido às vezes de que esta espera seja da Tua Vontade.
− Dá um exemplo.
− Por exemplo o não rezar o Terço. Não me puxa para o rezar. Às vezes penso que poderá ser esta a causa de se ter ausentado do meu coração o Encanto vivo que a Senhora é para mim.
− Se soubesses que rezando o Terço a afeição sensível à tua Rainha voltaria, rezava-lo?
− É claro que rezava.
− Porque não experimentas então rezá-lo?
− Porque me sinto mal fazendo assim experiências com a minha Fé: tenho a sensação de que estou a fazer testes com o Céu…
− Se o devesses rezar, como terias conhecimento desse dever?
− Já me ensinaste que no Teu Reino não há deveres. Como também não há direitos. No Céu ama-se e o amor não se rege por direitos e deveres, mas pelas surpresas que os corações fazem uns aos outros e até a si próprios. Por isso, se eu passasse a rezar o Terço ou se um dia de repente desse comigo a rezá-lo, isso deveria ser exactamente uma atitude que me deveria acontecer a mim próprio como surpresa.
− Estás então à espera de que dentro de ti surja a surpresa de rezares o Terço?
− Nem sequer estou à espera de vir a rezar o Terço; só estou à espera de ser surpreendido na afeição que sei manter-se dentro de mim pela minha Senhora. Uma dessas surpresas pode eventualmente vir a ser um inesperado desejo de rezar o Terço.
− Não estás assim a dar um mau exemplo aos teus irmãos que já amam ternamente a sua Mãe? Tu sabes que todos eles rezam o Terço, ou pelo menos uma grande maioria…
− Tu deste vários maus exemplos aos Teus compatriotas justamente no âmbito da relação com o Céu. Muitos deles até eram sinceros na sua religiosidade…
− E porque fiz Eu isso?
− Porque era urgentemente necessário centrar a relação com o Céu no coração.
− E rezar o Terço pode afastar do coração?
− Pode, se não for o coração a pedir que o reze.
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