Que todos sejam Um - pediu Jesus ao Pai antes de morrer por todos. Mas veja-se aqui o que
nós fizemos deste Sonho do nosso Redentor.
11/10/96
– 9:28:27
Esta imagem relaciona-me com a Senhora no
Nono Dia, mas não sei de que forma, eu nada sei enquanto me não é comunicado
pelo Céu.
– Que tenho eu a ver Contigo, Mãe, no Nono Dia?
– Não sabes o que tens a ver Comigo? Tu és
Meu filho.
– Isso eu sei. Mas também sei que não é isso
que me queres dizer. Como o Teu Filho, Tu nunca me dizes coisas sabidas.
– Escreve, escreve o que te desceu agora ao
coração, não tenhas medo. Quando falas Comigo, Eu não te deixo descer nada de
mau ao coração.
– Senti, ainda de forma fugidia, como um
clarão que brilhasse e logo desaparecesse, que eu sou Tua testemunha perante
todos aqueles que Te não conhecem e que Te não aceitam como sua Mãe. Eu sou o
Dom do Teu Filho aos meus irmãos não católicos para lhes mostrar a sua Mãe.
– E como farás, Meu filhinho?
– Jesus o fará em mim.
– Fazendo assim, procedes bem. Nunca
presumas fazer nada sem te assegurares de que é a Vontade do teu Mestre. Mas
conta-Me os teus desejos, conta!
– Eu queria que eles vissem que os considero
a todos tão importantes como os católicos, que somos todos igualmente
pecadores.
– E isso é importante?
– Isto é o alicerce da união da Igreja de
Jesus. Chama-se Humildade. É aqui que estamos todos já unidos: somos todos
iguais no nosso pecado.
– Estás já dando passos para que isso
aconteça, não estás?
– Acho que sim: ao visitar agora as igrejas
não católicas, eu sinto-os todos tão meus irmãos como os católicos; sinto-nos a
todos tão frágeis e tão sós, como ovelhas desgarradas pelos montes, cada
rebanho muito reduzido ao seu redil e às pastagens à volta, já esgotadas… Mãe,
não pode haver espectáculo mais confrangedor!
– Diz, filhinho. Continua descrevendo o que
vês.
– Vejo cada um dos rebanhos muito agarrado
ao seu redil, como nos montes da minha terra, à volta de grandes aglomerados de
penedos… Nenhum sai dali, a procurar novas pastagens… Parece cada um possuído
de um estranho medo de se desgarrar e de perder, se sair daquele sítio…
– E as ovelhas, como as vês?
– Enfezadas, cabeça pendente, tosando aqui e
ali um raro tufo de erva seca… E os cordeirinhos… Ah, Mãe, os cordeirinhos é
que me metem pena: muito raquíticos, balindo…
– E os pastores?
– Berrando. Sempre berrando. Eles com muitos
cães percorrendo continuamente os limites das suas pastagens, como quem guarda
uma propriedade privada contra qualquer violação por parte do vizinho. E berram
e são às vezes brutos para com as ovelhas…
– E de que vivem as ovelhas e os
cordeirinhos?
– Estes do leite das mães, que é quase
nenhum; as ovelhas, de erva pisada e seca… E quando nova erva rebenta, na
Primavera… Ah, Mãe, não há aqui Primavera nenhuma. Porque a erva mal consegue
romper a superfície, de tão continuamente calcada pelo mesmo rebanho, que não
tem outros sítios para onde ir.
– Mas a igreja católica tem pastagens mais
vastas e suculentas, não?
– Não!! Grande parte da zona das pastagens
está ocupada com palácios para os pastores e grandes redis artificiais para o
rebanho, para mais eficazmente ser guardado, com economia de esforço e de
tempo… Ah, e à volta, em vez da pobre sebe de alguns outros, construiu uma
impressionante muralha, grossa e alta, tocando as nuvens… De resto, quanto a
comida…muita ovelhas deste grande rebanho vivem pior que as dos outros mais
pequenos rebanhos.
– Olha: e que impressão te dão os montes em
que assim vivem todos esses rebanhos?
– Uma completa desolação. Muita poeira no
ar, no Verão, e muita lama por todo o lado, no Inverno… É tão doloroso ver
isto, Mãe…
– Olha, filhinho: se pudesses, o que farias
por essas ovelhinhas e seus cordeirinhos todos?
– Se eu pudesse…ah, se eu pudesse! Mas neste
momento uma onda de impotência me submerge… A sensação é a de que é impossível…
A solução seria levar os pastores a retirar daqui todos estes rebanhos, a abandonar os redis e os
palácios desta enorme desolação… Mas quem me ouvirá? Eles berram todos muito,
eu nunca me conseguiria fazer ouvir. E depois vão olhar para mim e rir-se-me na
cara, que têm muita experiência, que disto sabem eles. Argumentam, com muita
lógica, que sair dali seria a confusão total… Eles costumam empregar uma
palavra muito esquisita: sincretismo. Têm um medo que se pelam do tal
sincretismo, dizem que misturas não dão resultado nenhum e depois…que
misteriosas paisagens poderá haver para além destes montes? – rematam eles com
um mal disfarçado sorriso e troça perante a minha ingenuidade.
– E então, filhote? Tu cruzas os braços?
– Eu não, Mãe! Não posso cruzar os braços
perante as pastagens que vi e de que já me tenho alimentado, fora daqueles
montes sem vida e sem sentido. Então dá-me uma tremura de entusiasmo: havemos
de encontrar uma maneira de fazer sair dali todos aqueles rebanhos, unidos num
imenso rebanho a caminho dos Montes Verdes, além, e dos Vales que para lá deles
se estendem.
– E o que é que poderá unir tão grande
rebanho?
– A mesma fome.
– Mas não é já a mesma a fome de todos eles?
Porque não os une?
– Porque nunca provaram de outra comida, nem
sabem que existe.
– E vês alguma forma de eles provarem da
comida de lá, dos Vales Verdejantes e quererem transferir-se para lá?
– Vejo: levar-lha aos Montes da Desolação em
que se encontram, nem que seja clandestinamente.
– Se o Meu Filho e Eu te pedirmos para
levares desta comida que te temos dado a ti a todos aqueles rebanhos, tu vais?
– Porque perguntas, Mãe? Não sabes que vou,
que esse é todo o meu desejo e o meu sonho?
– E se uma vez descoberto, os pastores te
espancarem e te atiçarem os cães?
– Eu porei pensos nas feridas e voltarei lá,
voltarei sempre até que lá morra, se for da Vossa Vontade.
– E de que valeria a tua morte, se com ela
deixarias de lhes levar comida?
– Talvez que, morrendo, eles se questionem
sobre a origem da comida que lhes levava e queiram vir ver onde ela se
encontra. Foi isto que aconteceu com a morte do Teu Filho. E talvez que aqueles
montes fiquem abandonados. E talvez, daquela colina ali, com o Teu Jesus, Tu
vejas aqueles rebanhos todos, unidos num só fluxo, como um rio, encaminharem-se
para o Vale da Vida!
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