Todos a procuram. É a ânsia nuclear do nosso coração. Por isso a
procuramos para já, para hoje, muito nervosamente - e só conseguimos uma felicidade
passageira, de vez em quando. Esquecemos sempre que, neste mundo que
fabricámos, não existe felicidade sem dor, se ambicionarmos uma felicidade
sólida, permanente, indestrutível.
Ninguém me conseguirá tirar a minha
felicidade! Porque ela não depende de acontecimentos exteriores a mim: a
Felicidade é o grande acontecimento dentro de mim. Nasceu no âmago da minha
alma e lá ninguém pode tocar, porque lá eu sou Mistério. A partir daí a
Felicidade vem avançando como um caudaloso rio em direcção à superfície,
acordando para a felicidade as minhas células todas. E mesmo que uma lança me
trespasse o coração, a minha felicidade não será atingida, porque é Deus;
antes, derramando-se, se espalhará pela ruas da Cidade, a começar pelas mãos do
carrasco.
Eu, aquele que aí venho, sou imortal!
– Espírito Santo, meu querido Senhor: se me
não encharcas as células de humildade antes que a Tua Água as invada, eu
desfaço-me de encontro à primeira esquina. Mas se assim primeiro as
calafetares, cada uma das minhas células será um vaso despejando a Tua Água no
exacto sítio onde há sede. E Tu serás em mim, querido Senhor, o grande
Escândalo contra o qual se esmagará e no qual será engolida toda a construção
da Cidade. Avança em mim, querido Rio de Deus, que vens do Grande Mar e ao
Grande Mar regressas! Já suporto mal as paredes do meu peito: avança e
derruba-as, desfaz este andaime, que já vejo pronta a obra que em mim o Teu
Jesus fez.
– Só mais um pouco, Meu menino. Mas olha: se
te arrombo as paredes do peito, como poderão ver em ti um irmão aqueles que as
têm tão grossas e robustas? Mais um pouco. Só mais um pouco agora, e do teu
peito jorrará a Minha Fonte. Todo o que dela beber, virará fonte e onde era
Cidade será um jardim.
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