Parece até uma obsessão: Deus não deixa perder nada daquilo que um dia
veio à Existência. Tratando-se então do Homem, Ele vai até à loucura, até à
morte, na tentativa de que ele Lhe volte a Casa, de onde pelo Pecado se
afastou, iniciando aí um caminho de perdição, em que ainda se mantém,
teimosamente. Não esqueçamos no entanto nunca que o Pecado do Homem consistiu na
rejeição de Deus presente em si através do Sopro da Vida, sem o Qual voltaria a
ser pura carne, morrendo assim como Homem. O que se perdeu no Homem foi, pois,
a Carne, que Jesus veio buscar. A mensagem seguinte ilumina mais intensamente
esta obsessão de Deus.
Ora o Homem era o encanto supremo do Criador porque nele estava
condensada toda a Criação, vivificada pelo Seu próprio Espírito, numa Unidade
perfeita. Não podemos, pois, imaginar sequer a Dor de Deus ao ver-nos assim
privados da Sua Luz e da Sua Vida e entregues, por opção própria, ao Seu
Inimigo. Nós éramos todo o Universo tornado consciente da sua grandeza e do
Amor do seu Criador que lhe circulava, vivificante, em todo o corpo. Pelo nosso
Conhecimento da Criação e do Criador, nós éramos, pois, os senhores de toda a
Existência criada, que haveríamos de acarinhar e guardar em todo o esplendor da
sua beleza, de coração preso ao Criador pelo Dom que nos concedera. Não, não
éramos servos; éramos o Encanto do Coração amoroso do nosso Criador.
Pelo Pecado, toda esta relação amorosa se desfez. Poderemos então
calcular qual será a loucura do Coração de Deus ao reencontrar a nossa Carne
perdida erguendo para Ele os braços indefesos e moribundos, querendo
reencontrar a Harmonia antiga? A sofreguidão com que Ele Se abraçará a nós! A
Festa que Ele fará em todo o Céu! Não disse Jesus que haverá maior alegria no
Céu por um só de nós que ergue assim para Deus os braços impotentes, do que por
noventa e nove de nós que já estavam na Sua companhia? Tão grande é a loucura
de Deus pelo reencontro deste Seu Universo perdido, que o meterá no Seu Coração
e lhe dará a Sua própria Natureza, fazendo dele Filho! E Enamorado perpétuo!
Veja também os textos 83 (Maio
2010) e 482 (Julho 2011
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