Deus mora no Céu, dizemos nós. E imaginamos o Céu para cima, lá muito
alto, num lugar inacessível a nós que habitamos aqui em baixo e onde poderão
entrar apenas aqueles que, depois de mortos, se apresentarem diante de Deus
impecáveis. E se não fosse nada assim? E se o Céu fosse aqui mesmo onde nós
vivemos ainda em carne e ainda durante a nossa vida terena nele pudéssemos
entrar? E se, afinal, Deus morasse aqui mesmo, junto de nós? É disto que fala a
mensagem seguinte.
São estas as perguntas que eu faço, às vezes. E a resposta vai-me
aparecendo, lentamente, no coração: Não vamos a lado nenhum; não vamos sair
mais daqui. Porque era exactamente aqui que a Incarnação se dirigia. O Plano de
Deus para nos salvar nunca foi tirar-nos daqui, como se este fosse um lugar
maldito que Ele quisesse abandonar, deixando-o para sempre devastado,
inabitável. Era precisamente o contrário: a Terra, com a Carne que dela
recebemos, haveria de ser para sempre o mais amado lugar do Universo, que o
Criador haveria de transformar num inebriante Jardim, onde doravante haveriam
de nascer aqueles que para sempre chamaria Seus Filhos. Ele assumiu-nos toda a
matéria e toda a carne para habitar no meio de nós para sempre.
Por isso várias vezes nestas páginas Jesus insiste em que nunca mais
desincarnou. E há um motivo particular que O faz desfalecer de encanto e
ternura pela Terra: é que Maria, Sua Mãe e Sua verdadeira Loucura de Amor, é
natural daqui, viveu aqui todo o processo de Purificação logo a partir do
Pecado, até que Se tornou a Obra-prima do Amor de Deus Trino e Lhe enlouqueceu
o Coração.
– Gravo o que me está surgindo dentro do peito, Jesus?
– Sim, escreve.
– Deus amou de tal maneira a nossa Carne, que a ela fez baixar todo o
Céu e nela estabeleceu a Sua Morada para sempre! Vês que estou tremendo, Jesus?
E a Transcendência de Deus?
– Não escreveste já que a Transcendência de Deus está no Seu
Transcendente Amor? Porque tens medo?
…
Mais uma vez o Céu rompeu o Silêncio e no meio de intenso júbilo Jesus
veio gravar em todas as rochas da Terra, para sempre, a Boa Nova do Seu
Regresso: Deus estabeleceu na nossa Carne a Sua Morada para sempre!
Era este o Objectivo final da Sua Incarnação: deificar a nossa Carne que
Lhe fugira, ao ponto de a desposar e vir habitar com ela no próprio lugar da
sua habitação. Por isso quando eu, alarmado, pergunto a Jesus como fica, então,
a Transcendência de Deus, Ele responde com desarmante simplicidade: a
Transcendência de Deus está no Seu Amor. E não houve nenhum momento da Sua
Existência eterna em que Ele tivesse manifestado mais transcendente Amor do que
neste Prodígio louco de transformar a Carne traidora do Homem na mais sedutora
das noivas para o Seu Coração de Senhor dos mundos.
E o Prodígio torna-se mais visível quando consideramos que Ele fez tudo
isto sem beliscar sequer a nossa Liberdade: Ele levou a nossa Carne a dizer, em
toda a sua liberdade, o mesmo “FAÇA-SE” que Ele dissera na primeira Criação.
Imaginemos a Loucura de Deus quando ouviu Maria dizer aquela palavra!
…
Jesus está muito feliz: abraça-me, chama-me de vez em quando querido
Profeta, diz às vezes Meu amor! Parece estar em festa o Céu inteiro.
Mas esta Festa é ainda oculta aos nossos olhos, não chegou ainda a Hora
de ela se tornar pública, escancarada aos próprios olhos da carne. A Boa Nova,
porém, já está escrita: Jesus incarnou para vir buscar a nossa Carne e ao
entregar-lhe na morte a sua própria Carne aconteceu um prodígio que para Ele
próprio foi uma inebriante Surpresa preparada pelo Pai e pelo Espírito. É uma
situação nova para Deus: a Dor do Filho, inundando com a Sua Carne e o Seu
Sangue a nossa Carne que no Início Lhe fugira, tão estreita união estabeleceu
entre Deus e Homem, que cada uma das Três Pessoas da Trindade, surpreendendo as
Outras, levou Deus a ultrapassar as Suas mais amorosas expectativas. E o Seu
Encanto fê-Lo estabelecer na Terra o Céu!
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