Paulo chama a Jesus o “Primogénito de toda a criatura” (Col 1,15) e a esta proclamação, a que a Teologia não tem dado especial relevo,
dá-se aqui uma interpretação e uma importância singulares. Veja porquê.
Mas Ele é a Pessoa da Trindade Santíssima em Quem subiste todo o mundo
material e em Quem vivem unidos harmoniosamente criatura e Criador. Porque a
criação do Universo foi progredindo até ao seu cume, no Sexto Dia, quando Deus
criou o Homem. Mas este Homem, feito da matéria toda do Universo e do Espírito
de Deus, foi criado segundo um Modelo já existente. Este Modelo de Homem era o
Verbo, a Segunda Pessoa da Trindade, o Filho do Pai Eterno. Quando Deus decidiu
criar o Universo, Ele criou primeiro um Modelo para Si mesmo e pediu ao Filho
que o assumisse como Seu. E em tal unidade e harmonia vivia o Filho com este
Seu Corpo material que, sendo eterno com o Pai, o Filho bem se pode dizer que é
o “Primogénito de toda a criatura”!
O Homem foi, pois, criado à Imagem e Semelhança de Deus também segundo o
corpo. Havia, portanto, já antes do Pecado, uma relação muito estreita e
harmoniosa não só da Criação com o Homem, mas deste com Deus. O Homem conhecia
Deus não porque O visse lá no Alto, no Seu trono de Senhor de toda a
Existência, mas porque com Ele convivia numa autêntica relação de partilha de
todo o ser.
Mas a tragédia do Pecado fez incarnar Deus: O Modelo fez-se Cópia, em
todas as fases do seu processo de desagregação que então se iniciou. E aquilo
que no Homem era um conhecimento intuitivo de Deus, passou a ser um
conhecimento tão íntimo, que basta agora conhecer-se a si mesmo para conhecer
Deus! (Dl 28, 25/6/04)
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