Quando Jesus diz “este mundo” refere-se ao
mundo construído por nós, a que vulgarmente chamamos a Civilização, com o seu governo, a que chamamos o Sistema. E parece ser este mundo um
dado adquirido e definitivo, como se tivesse passado a fazer parte da nossa
natureza, sem o qual, portanto, não pudéssemos viver. Ninguém ousaria pô-lo
globalmente em causa. Jesus ousa. Jesus rejeita-o em bloco e sem a mínima hesitação
proclama o seu fim, simplesmente: o “fim do mundo” é o fim deste mundo. É o fim da Civilização. Um fim radical: dela “não ficará
pedra sobre pedra”. Mas Jesus não veio para destruir; Ele é A Vida e veio para
restituir a este mundo a Vida, também radicalmente: “para vinho novo, odres novos”
- disse Ele. Tudo Novo! Desde o início. Um Renascimento. É
disto que fala a mensagem seguinte.
É este o Momento por que todos os corações esperam, mesmo que o não
saibam. Será constituído por dois fenómenos extremos, mas que se vão tocar e
unir intimamente: um Fim e um Início, uma Morte e uma Ressurreição! Reparemos,
mais uma vez, no percurso de Jesus, na Sua vida terrena: trinta anos de
Silêncio e três de Anúncio; por fim três dias em que se condensaram e uniram aqueles
dois extremos: um Fim e um Início, uma Morte e uma Ressurreição. Também nesta
perspectiva a vida de Jesus é paradigmática: A Sua Segunda Vinda está seguindo
estes mesmos passos. O tempo do Silêncio está a chegar ao fim. E, tal como há
vinte séculos, Jesus percorrerá todas as ruas da Cidade atraindo todos os
olhares, prendendo todas as atenções. Esta pregação será uma tão grande Luz,
que ditará o Fim irreversível do Reino das Trevas e o nascimento definitivo do
Reino da Verdade.
…
Se atentarmos de novo, agora bem fixamente, naquilo que ficou escrito de
Jesus na Bíblia, verificaremos que este Homem não deixa, de facto, pedra sobre
pedra no Sistema que as nossas mãos edificaram para nos governar. Vede se Ele
deixa de pé alguma norma moral ou religiosa da própria Escritura anterior a Si.
Vede se Ele não subverte igualmente todas as normas morais e religiosas dos
próprios Profetas posteriores a Si. Vede como os próprios Mandamentos da Lei
Antiga Ele os sublimou num só e vede se podereis chamar a este Único Mandamento
– o do Amor – uma norma! Vede se as mais respeitáveis leis da Igreja que Ele
próprio fundou Ele não as dissolveu nesse Único Mandamento, libertando-nos
delas! É espantoso isto que neste momento verifico: a Sua vida terrena
aparece-nos muito mais liberta da Lei do que as próprias Profecias posteriores
a Ele, muito mais amarradas à contingência do tempo respectivo, inclusivamente
as mais recentes!
…
O Jesus que Se nos revela nos
Evangelhos é muito mais radical na Novidade que anunciou do que qualquer um dos
Seus Profetas, não só anteriores, mas até posteriores a Si. De tal maneira que
os Profetas, ao deixarem gravado um caminho pedagógico para Jesus, não apontam
um Jesus futuro que supostamente se revelaria de forma gradual, mas apontam
sempre o Jesus histórico que viveu num tempo datável, aquele de que todos nós
temos notícia, há aproximadamente dois mil anos!
É espantoso como em escassos três anos Jesus desmontou todo o Sistema
que a nossa Carne, supostamente autónoma em relação a Deus, tinha levantado e
haveria de levantar nos séculos futuros. Trinta anos demorou Ele a assumir toda
a Lei, para em três anos a dissolver na liberdade absoluta do Mandamento do
Amor! Vede se fica alguma pedra sobre outra pedra no edifício da Ordem deste
mundo! (Dl 28, 23/5/04)
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